Médica e colunista reflete sobre o que vem a ser a receita
para viver mais e com prazer e saúde
Você já parou pra pensar que, quando nasceu, um idoso que
tem hoje 75 anos tinha a expectativa de viver apenas até os 45? E que, daqui a
umas três décadas, quem nascer no Brasil terá, em média, uma expectativa de
vida de 86 anos pelo menos? Sim, cada vez estamos vivendo mais, e essa sempre
foi uma busca da humanidade. Ainda na era antes de Cristo, o filósofo romano
Cícero (106-43 a.C.) já dizia que ninguém era tão velho que não podia viver
mais um ano.
Hoje em dia, então, já não podemos imaginar nossa vida
terminando perto dos 50. Quantos sonhos não realizaríamos? Quantas
oportunidades perderíamos? Hoje temos estudantes na faixa dos 60 anos. Temos
gente empreendendo novas conquistas e sonhos durante essa fase chamada velhice.
Sabemos que muitos caminhos levam à longevidade, uma via
hoje mais factível graças aos grandes investimentos na área da saúde, como
expansão do saneamento básico, programas de prevenção e chegada de métodos de
diagnóstico e tratamento sofisticados e precisos. Mas todo mundo tem de fazer
sua parte, preocupando-se com os cuidados com o corpo, o engajamento social, a
manutenção das habilidades cognitivas, o cultivo da fé, da espiritualidade e da
resiliência e a busca por propósitos.
E o novo dilema que se aproxima é: mas até quanto
envelheceremos? Passaremos fácil dos 130 anos? A resposta exata ainda não
temos. Novas tecnologias trazem a esperança de uma vida longa e melhor, porém
sabemos que precisamos “poupar” em termos de saúde para poder “gastar” quando
formos mais velhos. Essa poupança, que deveria ser pensada desde a infância,
contempla em sua receita uma boa alimentação, a prática de atividade física e
outros hábitos que contribuem para um envelhecimento saudável e sustentável.
Aí está um desafio: como conscientizar mais e transpor para
a rotina a necessidade de prevenção e educação em saúde. Não basta falarmos de
terapia gênica, vacina contra colesterol, cirurgia robótica e bioengenharia.
Precisamos nos engajar a cuidar da nossa saúde física e mental, sempre tendo em
vista a reflexão de que mais importante do que envelhecer mais é envelhecer
bem. Envelhecer com independência e qualidade de vida, pelo maior tempo
possível.
Vamos nos espelhar em um exemplo real, as ilhas azuis,
alguns lugares do mundo em que as doenças demoram a aparecer na população. Qual
é o segredo desses povos? Bons hábitos aliados a uma vida social prazerosa.
Parece que a receita está em nossas mãos. Nós decidimos como será. Venha, vamos
juntos chegar bem!
Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/chegue-bem/por-que-precisamos-pensar-de-verdade-na-nossa-longevidade/
- Por Dra. Maisa Kairalla - Ilustração: Joana Velozo/SAÚDE é Vital