Reforçadores
"O aumento no consumo de bebidas energéticas pode
representar perigo para a saúde pública, especialmente para os jovens."
Este alerta foi emitido por uma equipe de cientistas
do escritório regional europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Com base em uma revisão da literatura
científica, sugerimos que as preocupações na comunidade científica e entre o
público sobre os potenciais efeitos adversos para a saúde do aumento do consumo
de bebidas energéticas são largamente válidas," escreveram João Breda e
seus colegas na revista Frontiers in Public Health.
As bebidas energéticas são bebidas não alcoólicas
que contêm cafeína, vitaminas e outros ingredientes - por exemplo, taurina,
ginseng e guaraná. Elas são normalmente comercializadas como reforçadores de
energia e para aumentar o desempenho físico e mental.
Riscos das bebidas energéticas
Vários estudos científicos têm sido feitos em todo o
mundo para avaliar as consequências do consumo dessas bebidas, e o que a equipe
da OMS fez foi revisar todos esses estudos em busca de avaliações sobre os
riscos à saúde, as consequências de sua ingestão e as políticas relacionadas
com o consumo das bebidas energéticas.
Os estudos mostraram que parte dos riscos das
bebidas energéticas deve-se aos seus altos níveis de cafeína - as bebidas
energéticas podem ser bebidas rapidamente, ao contrário do café quente, e como
resultado, elas são mais propensas a causar intoxicação por cafeína, afirmam os
pesquisadores.
Os estudos analisados sugerem que a intoxicação por
cafeína pode ter como consequência palpitações cardíacas, hipertensão, náuseas
e vômitos, convulsões, psicose, e, em casos raros, a morte. Nos EUA, Suécia e
Austrália, vários casos foram relatados onde as pessoas morreram de
insuficiência cardíaca ou foram hospitalizadas com crises devido ao consumo
excessivo de bebidas energéticas.
Mais de 70% dos adultos jovens (com idade entre 18 a
29 anos) que consomem bebidas energéticas misturam-nas com álcool, de acordo
com a revisão. Numerosos estudos têm demonstrado que esta prática é mais
arriscada do que beber apenas álcool, possivelmente porque essas bebidas tornam
mais difícil para as pessoas perceberem quando estão ficando bêbadas.
De acordo com o Sistema Nacional de Dados sobre
Envenenamento dos Estados Unidos, entre 2010 e 2011, 4.854 consultas aos
centros de informação sobre envenenamento foram feitas sobre bebidas
energéticas. Quase 40% envolviam a mistura de álcool com bebidas energéticas.
Um estudo semelhante na Austrália demonstrou um crescimento no número de
consultas sobre bebidas energéticas.
"Como as vendas de bebidas energéticas
raramente são regulamentadas por idade, ao contrário do álcool e do tabaco, e
há um potencial efeito negativo comprovado em crianças, há potencial para um
problema de saúde pública no futuro," concluem os autores.
Recomendações para regulamentação das bebidas
energéticas
O grupo de especialistas fez as seguintes sugestões
para minimizar o potencial de danos à saúde gerados pelas bebidas energéticas:
Estabelecer um limite máximo para a quantidade de
cafeína permitida em uma única porção de qualquer bebida, em conformidade com
as evidências científicas disponíveis;
impor restrições de rotulagem e venda de bebidas
energéticas para crianças e adolescentes;
estabelecer padrões obrigatórios para a
comercialização responsável para os jovens pela indústria de bebidas
energéticas;
treinar os profissionais de saúde para que eles
estejam cientes dos riscos e sintomas do consumo de bebidas energéticas;
pacientes com histórico de problemas de dieta e
abuso de substâncias, tanto isoladas quanto combinadas com álcool, devem ser
rastreados para o consumo pesado de bebidas energéticas;
educar o público sobre os riscos de misturar álcool
com bebidas energéticas;
realizar mais pesquisas sobre os potenciais efeitos
adversos das bebidas energéticas, particularmente sobre os jovens.