terça-feira, 28 de abril de 2020

Efeito sanfona também maltrata o coração


O vai e vem na balança não é apenas frustrante: ele aumenta até o risco cardiovascular. Saiba por que isso acontece e como não virar refém da armadilha

Uma das maiores decepções para quem acabou de emagrecer é vivenciar a volta dos quilos perdidos — o popular efeito sanfona, ou ioiô, como alguns preferem. Mas não se deixe enganar com a crença de que esse perde e ganha só abala o emocional e se resolve numa nova tentativa, desta vez definitiva, de eliminar a gordura. A ciência vem decifrando que esse ingrato retorno do peso impacta profundamente a saúde, sobretudo o coração.

Um estudo recém-publicado pela Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, avaliou como a oscilação de peso afeta sete fatores de risco clássicos para os problemas cardiovasculares, conhecidos entre os americanos como Life’s Simple 7. Esse pacote inclui qualidade da dieta, prática de atividade física, tabagismo, níveis de colesterol e pressão…

A pesquisa englobou 485 mulheres, que relataram quantas vezes, além das gestações, perderam e recuperaram pelo menos 4,5 quilos no período de um ano. Constatou-se que 73% das voluntárias tinham experimentado pelo menos um episódio de efeito sanfona na vida e que oito entre cada dez eram menos propensas a ostentar um IMC (índice de massa corporal) considerado saudável no comparativo com as mulheres livres do efeito ioiô.

E o coração com isso? As participantes reféns do vai e vem da balança possuíam as menores pontuações no Life’s Simple 7, o que indica um maior risco de sofrer infarto ou até mesmo AVC.

“Sabemos que o emagrecimento ajuda a controlar a pressão, o colesterol e a glicemia, mas, quando se engorda novamente, esses parâmetros se desregulam e expõem o indivíduo a essas condições”, explica a endocrinologista Maria Teresa Zanella, professora da Universidade Federal de São Paulo.

Outra prova do perigo do efeito sanfona vem da Coreia do Sul, onde estudiosos acompanharam 3 678 cidadãos por 16 anos e detectaram que quem passava pelo perde e ganha de peso estava mais exposto a morrer precocemente por doenças cardiovasculares.

“Esse risco se deve principalmente pelo acúmulo de gordura abdominal, associada à elevação da pressão, ao aumento da glicemia e ao processo inflamatório que leva à formação de placas nas artérias”, esclarece José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

A mesma investigação apontou que o efeito sanfona está ligado a um aumento de 63% na probabilidade de desenvolver diabetes. Segundo o endocrinologista Riobaldo Cintra, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pessoas nessas circunstâncias tendem a apresentar mais resistência à insulina, quadro que pode desembocar no descontrole permanente da glicose e também eleva o risco cardíaco.

Como identificar o efeito sanfona?
Variar até três quilos na balança em um mesmo dia ou no fim de semana não é algo do outro mundo. Pode estar ligado, por exemplo, à retenção de líquidos no corpo. Já o efeito sanfona está relacionado a perda e ganho de peso após uma dieta: o ponteiro da balança baixa durante a restrição alimentar, mas volta a subir quando o processo é interrompido.

“Não existe um consenso sobre a quantidade de quilos envolvidos. Mas, em geral, considera-se uma variação a partir de 5% do peso para cima e para baixo”, explica o endocrinologista Bruno Geloneze, professor da Unicamp.

Conselhos dos experts para evitar o efeito sanfona e se manter saudável
Evite dietas radicais: quanto mais privação calórica houver, mais o corpo vai entrar em modo economia. Por isso, é preferível reduzir apenas em torno de 500 calorias do que seu corpo precisaria normalmente.

Mude seu mindset: não busque uma forma milagrosa de emagrecer a jato depois de anos engordando. O ideal é estabelecer novos hábitos e avaliar como eles sustentam a perda de peso ao longo do tempo.

Invista em proteína magra: o nutriente é essencial para o ganho e a manutenção da massa muscular, que consome calorias. Também propicia mais saciedade. Há fontes animais e vegetais bacanas.

Não se esqueça das fibras: dê preferência a carboidratos integrais, verduras, legumes e frutas. Além de contribuírem para o bom funcionamento do intestino, as fibras mantêm a fome sob controle.

Regule as guloseimas: não é que elas estejam proibidas para todo o sempre, mas, sobretudo em caso de compulsão alimentar, são um prato cheio para o ganho de peso. Melhor não ter um estoque em casa.

Deixe uma refeição livre: ser regrado alguns dias e desregrado em outros (ou mesmo no fim de semana) vai acarretar quilos extras. Escolha uma refeição na semana para comer o que deseja e busque se conter nas demais.

Mantenha-se ativo sempre: caminhe, corra, nade e faça musculação, ou seja, combine exercícios que queimam calorias com os que fortalecem os músculos. E procure ser ativo no dia a dia. Não adianta malhar de vez em quando.

Tenha apoio profissional: o acompanhamento de médico, nutricionista e educador físico permite individualizar orientações e estabelecer planos para um emagrecimento sustentável.

O que fazer para se manter no peso
Se emagrecer pode ser uma tarefa difícil, manter-se magro é ainda mais desafiador, porque o corpo luta para voltar ao peso original. Não é apenas impressão, não. Estudos mostram que o organismo começa a reagir quando elimina entre 5 e 10% do peso. É uma adaptação biológica para tentar conservar o máximo de energia (inclusive na forma de gordura).

“O corpo diminui a produção de hormônios que tiram o apetite e eleva aqueles que aumentam a fome”, conta Maria Teresa. Daí a necessidade de ajustes na rotina para driblar essa espécie de autossabotagem.

Ainda que a pessoa siga em frente com sua reeducação alimentar, outra pedra pode surgir no caminho: o efeito platô, quando o ponteiro da balança emperra e não baixa.

“Esse é mais um mecanismo de proteção natural, que aciona o metabolismo econômico. Por isso, é importante evitar dietas muito restritivas para o organismo não se ressentir e preservar o novo peso”, ensina o expert em nutrição Antonio Herbert Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. De novo: mudanças no plano dietético e no treino, indicadas por um profissional, ajudam a vencer o platô.

Os especialistas são unânimes em afirmar que, para emagrecer de maneira sustentável e atingir os objetivos propostos, não dá pra se fiar apenas em um regime temporário ou radical. Realinhar a ingestão de certos nutrientes e praticar atividade física no dia a dia costuma ser decisivo. Isso porque ajuda a preservar massa muscular, um dos tecidos do corpo que mais torram calorias.

“Deve-se investir no consumo ideal de proteína, cerca de 1 grama por quilo de peso da pessoa, e em exercícios de força para a manutenção e o ganho de músculos”, orienta a nutróloga Karina Hatano, do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, em São Paulo.

Ainda que a meta seja alcançada, vale ficar de olho em eventuais deslizes, que muitas vezes levam a um ganho de peso rápido. “Mesmo engordar um pouco já é sinal de alerta, inclusive pensando no risco cardíaco”, diz Karina.

De acordo com Lancha Jr., o ideal seria manter-se magro por sete a dez anos para o corpo estabelecer um novo padrão. Por isso, mudanças consistentes na alimentação, como incluir mais vegetais e fontes de proteínas magras, além de regularidade nos exercícios, são um caminho incontornável para emagrecer de forma duradoura.

No planejamento para evitar o efeito sanfona, também é importante rastrear com um profissional a presença de transtornos alimentares, caso da compulsão. “Dependendo do caso, além dos ajustes no estilo de vida, medicamentos são prescritos na fase do emagrecimento e na manutenção do peso”, pontua o médico Marcio Mancini, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

A rota para escapar do efeito ioiô passa por orientação e muita determinação. Mas a cabeça e o coração serão sempre gratos pelo esforço.

A balança emperrou
O efeito platô aparece quando, por mais que se continue fiel ao plano de emagrecimento, o peso não baixa mais que o esperado. Trata-se de um mecanismo do corpo para preservar energia e suas reservas de gordura.

“O problema é que ele vira um estímulo para a pessoa desistir. Sem ver resultados, ela desanima e volta a consumir alimentos em grande quantidade”, diz o professor Lancha Jr., autor do livro O Fim das Dietas (Editora Abril).

Nesses casos, nada melhor que a orientação personalizada de um profissional, que vai propor ajustes na alimentação e no treino.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/efeito-sanfona-tambem-maltrata-o-coracao/ - Por Diana Cortez - Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital


segunda-feira, 27 de abril de 2020

Todas as maneiras de matar o coronavírus (até agora)


Cientistas de 74 países estão estudando os pontos fracos do Sars-Cov-2 para descobrir o quanto antes um tratamento eficiente ou desenvolver uma vacina contra a doença. Confira a ficha completa do atual Inimigo Número 1 da humanidade:

Eles têm “espinhos” que podem ser inutilizados
Cada Sars-Cov-2 tem a superfície repleta de “espinhos” ou “spikes”, que na realidade são proteínas que se conectam à parede celular do hospedeiro para introduzir o material genético viral e “sequestrar” as funções celulares para que mais vírus sejam produzidos.
Os vírus se unem à células chamadas humanas ACE2, que são prevalentes nos pulmões e no intestino delgado.
Uma forma de impedir essa conexão entre vírus e célula humana é atrapalhar o funcionamento dessas proteínas com a ação dos anticorpos.

Esses espinhos podem ser usados em vacinas
A solução mais garantida para a humanidade contra esse vírus é o desenvolvimento de uma vacina, para que as populações tenham contato com ele de maneira segura e controlada e possam produzir anticorpos.
Existem dois tipos de vacina: com vírus vivos atenuados e com vírus mortos ou com pedaços dele. O primeiro é contraindicado para pessoas com baixa imunidade, pois há maior risco de causar efeitos adversos. Já a segunda é segura para todos, porém normalmente é necessário fazer várias aplicações para se obter uma resposta duradoura.

Eles são atacados por anticorpos de doadores
Pessoas com idade entre 18 e 69 anos, que pesam mais de 50kg e que tiveram coronavírus e já se recuperaram há pelo menos 14 dias podem doar plasma para pacientes com formas graves da Covid-19. Os anticorpos do doador atacam os vírus no corpo de quem recebe a transfusão.

Eles podem ser enganados
Pesquisas também estão tentando criar moléculas sintéticas que parecem com o ACE2, para enganar o vírus e fazer com que ele grude nessas “iscas” ao invés de se conectar com as células humanas.

Eles são frágeis
Todos os vírus têm uma camada de proteína para proteger sua preciosa carga genética. O coronavírus tem também uma camada extra de moléculas de lipídios. Como o sabonete quebra gordura, esse envelope viral é quebrado e o organismo é destruído. O álcool 70% também tem este feito, mas se a sua mão estiver visualmente suja você deve lavá-la com água e sabão.

Eles podem ser sensíveis a mudança de PH
Você já ouviu falar muito na cloroquina, mas você conhece o mecanismo de ação do medicamento? Ele altera o pH das células humanas, deixando-as mais básicas e menos hospitaleiras para alguns tipos de vírus. Ele também pode reduzir a inflamação de pulmão que mata pacientes com casos mais graves de Covid-19.
O grande problema da cloroquina é que há efeitos colaterais importantes na visão, coração e no fígado, por isso ainda não se sabe com certeza se ele ajuda pacientes da Covid-19 ou se atrapalha. É importante lembrar que você nunca deve se automedicar, especialmente com cloroquina, já que uma dose pequena do medicamento pode ser fatal. [Hemocentro RP, American Chemical Society, OMS, Fundação Oswaldo Cruz,  Wired]


5 motivos para ficar em casa na quarentena:



1 - Não tem Vacina

2 - Não tem remédio seguro para curar o Coronavírus

3 - Não tem vaga em UTI 

4 - Não tem respirador para todos

5 - Não tem teste suficiente de Covid-19


Essa é a realidade do meu, do seu país!

domingo, 26 de abril de 2020

Não é só tosse: 8 sintomas menos conhecidos de coronavírus


Veja quais são as reações menos comuns causadas pelo novo coronavírus

A pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) exige atenção das pessoas especialmente para quadros gripais, como explica a infectologista Anelise Pezzi Alves. As manifestações mais comuns da doença são as respiratórias, como tosse e falta de ar, acompanhados de febre e bastante cansaço.

Segundo o infectologista Júlio Henrique Onita, uma pequena parcela dos pacientes (em torno de 5%) responde pela forma mais severa do quadro, em que há a necessidade de um suporte de UTI com intubação e auxílio de ventiladores. A maior parte dos infectados tem a forma leve ou moderada, não havendo a necessidade de irem para a unidade de terapia intensiva.

De fato, esses sintomas podem ter intensidade maior ou menor - o que leva a pessoa a uma condição mais ou menos grave. No entanto, existem outros indicativos que podem apontar para uma infecção de COVID-19. Conheça os sintomas menos conhecidos do novo coronavírus que já foram identificados por especialistas:

Sintomas menos conhecidos de coronavírus

Dores musculares (mialgia)
A mialgia (nome técnico para as dores musculares) também pode ser um sinal que aponta para a COVID-19, principalmente quando acompanhada de outros sintomas gripais, de acordo com Júlio Henrique Onita. Segundo um estudo publicado na revista Science Direct, 77 pacientes de um grupo de 278 foram identificados com mialgia.

Dores de cabeça
Um artigo publicado na revista científica The Lancet analisou 38 pacientes diagnosticados com COVID-19. Entre eles, 3 pessoas apresentaram dores de cabeça como sintoma clínico da doença. Outro estudo de casos na China também mostrou que 20 de 278 pacientes sofreram de dores de cabeça junto com tosse e febre.

Diarréia, náusea e vômito
Diarréia, vômito e náusea também aparentam ser indicativos do novo coronavírus. Um artigo publicado na revista JAMA Network apontou que 13 entre 138 pacientes analisados apresentaram os três sintomas entre um ou dois dias antes do aparecimento de sinais como falta de ar (dispneia) e febre, que são os principais sintomas da COVID-19.
De acordo com uma análise publicada na Wiley Online Library, o receptor viral do coronavírus foi encontrado nas células epiteliais do sistema gastrointestinal dos pacientes. Isso sugere que o SARS-CoV-2 possa efetivamente infectar e se replicar no trato gastrointestinal do indivíduo.

Conjuntivite e secreção ocular
De acordo com um alerta da Academia Americana de Oftalmologia, conjuntivite é potencialmente um sintoma de coronavírus, apesar de raro. Um dos pacientes analisados estava com a condição e apresentou resultado positivo para SARS-CoV-2 na secreção ocular, sugerindo que o vírus seja capaz de infectar os olhos.
Outro estudo, publicado no periódico científico Journal of Virology, analisou outros 30 pacientes. Todos eles apresentavam algum sintoma ocular, incluindo secreção nos olhos, enquanto a conjuntivite foi observada em apenas um caso.

Perda de olfato e paladar
Segundo o Ministério de Saúde da França, a perda de olfato e paladar pode ser mais um indício de coronavírus. Isso por conta de uma irritação provocada no nervo olfatório, que leva os cheiros até o cérebro, causando o quadro conhecido como anosmia.
De acordo com o diretor geral do órgão, todos os casos de anosmáticos isolados e sem causa local ou inflamação tiveram resultado positivo para o novo coronavírus, embora nem todos os pacientes de COVID-19 apresentem esse sintoma.


sábado, 25 de abril de 2020

Quanto exercício é necessário para queimar as calorias de cada alimento


Pesquisa propõe incluir no rótulo de diferentes produtos o tempo necessário de atividade física para compensar as calorias dos produtos

Omundo não para de engordar. Para estimular as pessoas a realizarem melhores escolhas alimentares, a professora de medicina comportamental Amanda Daley, da Universidade Loughborough, na Inglaterra, sugere informar no rótulo o tempo de caminhada e o de corrida exigidos para torrar as calorias que cada comida ou bebida oferece.

É que, ao rever diversos estudos, ela descobriu que a estratégia pode frear abusos. Além disso, outra investigação conduzida por ela já havia apontado que o método previne o ganho de peso.

Afinal, ao saber quantos minutos de exercícios equivalem a determinado produto, muitas vezes a pessoa conclui que se entregar à tentação não compensa. “Acho que é algo que devemos considerar para tentar mudar os comportamentos alimentares”, sugere Amanda.


 (Ilustração: Eduardo Pignata/SAÚDE é Vital)