Doença que atinge 1% da população traz desconfortos
funcionais e sociais
Suar quando se pratica atividade física é normal –
especialmente em dias tão quentes como os que têm feito em todo o país neste
verão. Mas e quando a pessoa sua demais e rotineiramente, a ponto de pingar,
mesmo em situações banais em que a maioria não sua? Isso tem nome: hiperidrose.
“Ela se manifesta em 1% da população. É uma
prevalência alta”, explica Caio Lamunier, dermatologista da Sociedade
Brasileira de Dermatologia e do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Mas muitos
não sabem disso porque aqueles que têm a doença geralmente se escondem, ou
seja, evitam as situações gatilho”.
Segundo o médico, é preciso cuidado para não
confundir a hiperidrose com o simples suor excessivo. “Há um limite bem tênue
entre um suador mais exacerbado e a doença que precisa ser tratada. Esse limite
costuma ser o dano funcional e emocional que traz à pessoa”, diz Lamunier.
Ou seja, se o fato de suar muito e rotineiramente te
leva a mudanças de hábitos, ao afastamento de atividades e ao isolamento, por
exemplo, pode ser sinal de que é preciso tratar o problema. De acordo com o
dermatologista, a hiperidrose não é psicológica, causada pelo nervosismo ou
ansiedade, como a maioria acredita. “É uma doença genética em que há uma
resposta inadequada das glândulas sudoríparas diante de situações gatilho
rotineiras, como calor excessivo, estresse e até mesmo atividades físicas de
baixa intensidade”, diz.
No geral, a hiperidrose começa a se manifestar na
adolescência e, se não for tratada, permanece com a pessoa. Lamunier explica
que o suor exacerbado que começa na vida adulta ou aquele que acontece durante
o sono (suor noturno) não caracterizam a hiperidrose. “Existem outras doenças
que simulam essa situação. Se isso acontece, desconfiamos de outras doenças,
como alguns tipos de câncer”, esclarece.
Diferentes partes do corpo que têm glândulas
sudoríparas podem sofrer com a hiperidrose: axilas, palma das mãos, planta dos
pés, costas e até couro cabeludo. E é possível que aconteça de maneira
localizada ou generalizada – varia caso a caso.
“Quando é nas mãos, por exemplo, a pessoa tem
dificuldade para manusear papéis e pode chegar a molhá-los. Nos pés, causa
micose recorrente e faz com que os calçados escorreguem. O fato é que sempre
traz algum desconforto funcional e social”, resume amunier.
Tratamento
Felizmente, quem sofre com a hiperidrose já pode
contar com uma variedade de tratamentos para minimizar o desconforto e melhorar
a qualidade de vida. A melhor escolha depende das particularidades de cada caso
e deve ser discutida com seu médico.
A seguir, confira as opções disponíveis elencadas
por Fernanda Junqueira, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia, Sociedade Americana de Medicina Estética e especialista pela
Associação Médica Brasileira:
Uso de substâncias tópicas: na forma de creme, é o
tratamento mais acessível financeiramente, mas pode não funcionar para todos os
casos. O médico prescreve fórmulas que podem ser manipuladas de acordo com as
necessidades de cada paciente. Os ativos criam uma barreira que evita a saída
de suor pelos poros. No geral, uma fórmula simples custa a partir de R$ 200.
Toxina botulínica: tem sido a opção de 80% dos
médicos e pacientes atualmente quando se trata de custo-benefício. O médico
aplica a substância com agulha na região afetada e, para minimizar a dor, o
paciente recebe anestesia antes do procedimento. Tem alta eficácia e dura de 10
meses a um ano. Custa entre R$ 2,6 mil e R$ 4 mil, dependendo do profissional.
Ondas de choque: também conhecida como
radiofrequência. É um procedimento para axilas, feito com aparelho no
consultório do dermatologista. Estudos mostram eficácia de até 40%. Requer de
oito a dez sessões e custa de R$ 400 a R$ 800 por sessão, dependendo da região
do país.
Procedimento cirúrgico: tratamento mais invasivo,
que visa cortar nervos para que eles não façam mais a transmissão nervosa para
as glândulas sudoríparas. A recuperação costuma ser rápida mas não é possível
garantir a eficácia, já que o corpo pode encontrar vias alternativas para suar
em outros locais do corpo. Custa a partir de R$ 8 mil.
Fonte: https://boaforma.abril.com.br/fitness/suor-demais-saiba-identificar-a-hiperidrose-e-como-lidar-com-ela/
- Por da Redação
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