Um novo estudo liderado pela da Universidade de
Harvard (EUA) descobriu que a capacidade de fazer flexões pode ser um indicador
de como vai a saúde do seu coração.
Na pesquisa, homens que conseguiam fazer 40 flexões
ou mais em uma única sessão de exercícios tinham uma probabilidade muito menor
de sofrer um ataque cardíaco ou ter outro problema cardiovascular nos próximos
dez anos do que homens que só podiam fazer 10 flexões ou menos.
Como avaliar a saúde do coração se forma confiável e
simples?
Existem alguns testes médicos para avaliar a saúde
do coração, como o teste ergométrico de esforço em uma esteira, bem como exames
cardíacos mais caros e complicados de se interpretar.
Também existem alguns fatores de risco que podem ser
encarados como “possibilidades matemáticas” de ter se problemas do coração,
como informações sobre o peso, perfil de colesterol, histórico de tabagismo e
outros dados de saúde amplos, impessoais e abstratos.
De qualquer forma, os clínicos e pacientes têm
poucas opções para avaliar a saúde cardiovascular e o risco de problemas
futuros de maneira simples, cientificamente válida e personalizada.
Essa lacuna foi o que levou pesquisadores da
Universidade de Harvard, da Universidade de Indiana e de outras instituições a
considerarem a saúde e a boa forma de um grupo de mais de 1.500 bombeiros de
Indiana, nos EUA.
Muitos estudos anteriores já associaram a alta
capacidade aeróbica com um risco reduzido de doença cardíaca, e os
pesquisadores queriam confirmar se o famoso teste da esteira era de fato um bom
preditor de saúde cardíaca.
A pesquisa
Os bombeiros americanos são um bom grupo de
pesquisa, pois precisam passar por exames de saúde todos os anos em uma única
clínica em Indiana. Esses exames incluem avaliações padrão do peso, colesterol,
açúcar no sangue e outros dados de saúde. Eles também completam testes de
estresse submáximo em uma esteira, que estimam sua capacidade atual de
resistência.
Os pesquisadores originalmente estavam mais
interessados nessa medição, acreditando que seriam capazes de quantificar quão
bem o teste de esteira previu futuros problemas cardíacos usando o banco de
dados de informações de saúde dos bombeiros. Poucas mulheres estavam
trabalhando como bombeiras, então apenas homens foram incluídos no estudo.
Os cientistas registraram quaisquer problemas
cardiovasculares relatados ou descobertos pelos médicos da clínica nos 10 anos
após a primeira consulta de cada bombeiro. Os dados sobre problemas cardíacos
eram bastante abrangentes, uma vez que os bombeiros precisavam da aprovação de
seu médico para voltar ao trabalho mesmo depois de apresentaram problemas de
saúde menores.
Flexões: a surpresa
Os pesquisadores planejavam comparar os resultados
do teste de estresse na esteira com problemas cardiovasculares subsequentes.
Então, quase incidentalmente, notaram que mais de
1.100 dos bombeiros também haviam completado testes de flexão durante seus
exames anuais. Esses testes tinham sido analógicos: um funcionário da clínica
contou quantas flexões cada homem podia completar antes que seus braços
cedessem, ou ele chegasse aos 80 e fosse informado de que poderia parar de se
exibir.
Uma vez que tinham esses dados, os pesquisadores
decidiram utilizá-los como um segundo conjunto de informações a ser comparado
com problemas cardíacos posteriores, categorizando os homens por quantas
flexões podiam completar: 0 a 10; 11 a 20; 21 a 30; 31 a 40; e mais de 40.
Para sua surpresa, a capacidade de fazer flexões
mostrou-se um melhor preditor, estatisticamente, de problemas cardíacos futuros
do que os testes de esteira.
Resultados
Homens que conseguiam completar pelo menos 11
flexões tinham menos risco de desenvolver problemas cardíacos na década
seguinte do que aqueles que conseguiam completar menos de 10.
A redução do risco era impressionante no nível mais
alto de capacidade de fazer flexões: os homens que conseguiam passar das 40
tinham 96% menos risco de problemas cardíacos nos próximos 10 anos do que
aqueles que pararam com 10 ou menos.
Esses resultados sugerem que a capacidade de fazer
flexão pode ser um marcador fácil dos riscos de doenças cardiovasculares, pelo
menos em homens que se parecem com os bombeiros.
Qual a relação?
Claro, o estudo foi observacional. Ou seja, enquanto
pode mostrar que mais flexões estão associadas a menos problemas cardíacos, não
podemos dizer que a força do braço melhora diretamente a saúde do coração ou
que a capacidade de fazer mais flexões diminui o risco de problemas cardíacos
ao longo do tempo.
Os pesquisadores também não sabem nos dizer como
essas duas coisas podem estar ligadas. Mas, conforme explica o Dr. Stefanos
Kales, professor de medicina de Harvard, “a força muscular é um componente da
boa forma física”.
A proficiência em flexão provavelmente também indica
um interesse em uma alimentação saudável, exercícios regulares e peso normal,
todos fatores que podem contribuir para corações mais fortes.
Os detalhes do estudo foram publicados na revista
científica JAMA Network Open. [NYTimes]
Fonte: https://hypescience.com/quantas-flexoes-voce-consegue-fazer-isso-pode-dizer-como-esta-seu-coracao/
- Por Natasha Romanzoti
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