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domingo, 7 de julho de 2019

Pouca massa muscular em braços e pernas elevaria risco de morte em idosos


Estudo com população acima de 65 anos mostrou que mortalidade sobe consideravelmente quando faltam músculos nos membros

Avaliar a composição corporal de pessoas com mais de 65 anos – particularmente a massa muscular localizada nos braços e nas pernas (apendicular) – pode ser uma estratégia eficaz para estimar a longevidade, mostrou um estudo feito na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).

Depois de acompanhar um grupo de 839 idosos ao longo de aproximadamente quatro anos, os pesquisadores observaram que o risco de mortalidade geral durante o período foi quase 63 vezes maior entre as mulheres com pouca massa muscular apendicular. Entre os homens que já na primeira avaliação apresentavam baixa porcentagem de músculos nos membros, a chance de morrer foi 11,4 vezes maior.

Resultados da pesquisa, apoiada pela Fapesp, foram divulgados no Journal of Bone and Mineral Research.

“Avaliamos a composição corporal da nossa população, com ênfase na massa muscular apendicular, gordura subcutânea e gordura visceral. Em seguida, buscamos identificar quais desses fatores poderiam predizer a mortalidade nos anos seguintes. A quantidade de massa magra nos membros superiores e inferiores foi o que mais se destacou na análise”, disse Rosa Maria Rodrigues Pereira professora da Disciplina de Reumatologia da FM-USP e coordenadora da pesquisa, à Agência FAPESP.

Os voluntários foram examinados por uma técnica conhecida como densitometria por emissão de raios X de dupla energia (DXA, na sigla em inglês). O equipamento foi adquirido com auxílio da FAPESP durante um projeto anterior coordenado por Pereira, cujo objetivo era avaliar a prevalência de osteoporose e de fraturas em idosos residentes no bairro do Butantã, zona oeste da capital paulista. Em ambos os projetos foi estudada a mesma população acima de 65 anos.

“Selecionamos os voluntários com base nos dados do censo do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. Trata-se de uma amostra representativa da população de idosos do Brasil”, disse Pereira.

Na análise final foram incluídos 323 (39%) homens e 516 mulheres (61%). A frequência de baixa massa muscular nessa amostra foi em torno de 20% em ambos os sexos.

Mal silencioso
A perda generalizada e progressiva de massa muscular associada ao envelhecimento é conhecida como sarcopenia. Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia indicam que a condição chega a afetar 46% dos indivíduos acima de 80 anos.

Principalmente quando combinada à osteoporose, a sarcopenia pode aumentar a vulnerabilidade dos idosos, tornando-os mais propensos a quedas, fraturas e outros traumas físicos. A relação entre baixa densidade mineral óssea no fêmur e mortalidade foi também demostrada em estudos feitos com essa comunidade, publicados em 2016.

O grupo coordenado por Pereira desenvolveu uma equação para determinar, com base nas características da população estudada, quais indivíduos poderiam ser considerados sarcopênicos.

“Pelos critérios mais usados [ajuste da massa muscular apendicular pela altura ao quadrado], a maioria dos indivíduos identificados como sarcopênicos é magra. Como a população que estudamos apresentava, em média, um IMC [índice de massa corporal] mais elevado, ajustamos o cálculo da massa muscular de acordo com a gordura corporal dos voluntários. Aqueles que apresentavam um índice de massa muscular 20% abaixo da média foram classificados como sarcopênicos”, explicou Pereira.

O tema foi abordado pelos pesquisadores da Disciplina de Reumatologia da FM-USP em artigos publicados na revista Osteoporosis International em 2013.

Além do exame de densitometria, também foram realizadas análises de sangue e aplicados questionários para avaliação da dieta, grau de atividade física, consumo de tabaco e álcool e presença de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e dislipidemia.

Após quatro anos de seguimento, 15,8% (132) dos voluntários haviam morrido. Desses, 43,2% por problemas cardiovasculares. O índice de óbito entre os homens foi de 20%, enquanto entre as mulheres foi de 13%.

“Fizemos então uma série de análises estatísticas para entender em que os voluntários que morreram se diferenciavam dos que permaneceram vivos. A pergunta do trabalho era: com base na composição corporal medida pela densitometria é possível predizer se a pessoa vai morrer?”, disse Pereira.

Diferenças
De modo geral, os indivíduos que morreram eram mais velhos, faziam menos atividade física, sofriam mais de diabetes e de problemas cardiovasculares. Além disso, no caso das mulheres, apresentavam um índice de massa corporal (IMC) mais baixo. No caso dos homens, possuíammaior chance de sofrer quedas. Todas essas variáveis foram acrescentadas no modelo estatístico e ajustadas para não interferirem no resultado final, que indicaria qual fator da composição corporal estaria associado com o risco de morte.

No caso das mulheres, consideradas as variáveis de ajuste, apenas o índice de massa muscular baixo se mostrou significativo. Já entre os homens, a gordura visceral também foi um fator relevante. A chance de morrer tornava-se duas vezes maior a cada aumento de seis centímetros quadrados na adiposidade abdominal. Curiosamente, um índice mais alto de gordura subcutânea teve efeito protetor para os homens estudados.

“Observamos que nos homens outros parâmetros também influenciaram negativamente a mortalidade, diminuindo do ponto de vista estatístico o peso da massa muscular apendicular. Nas mulheres, por outro lado, a massa muscular se destacou de forma isolada e, por esse motivo, teve maior influência”, disse Pereira.

A perda de massa muscular, que naturalmente ocorre após os 40 anos, pode passar despercebida pelo ganho de peso, também comum após essa idade. Estima-se que, após os 50 anos, entre 1% e 2% da massa muscular seja perdida anualmente. Entre os fatores que podem acelerar o fenômeno estão sedentarismo, dieta pobre em proteínas, doenças crônicas e hospitalização.

Além da importância evidente para a postura, o equilíbrio e o movimento, a musculatura tem outras funções essenciais ao organismo. Ajuda a regular os níveis de glicose no sangue (consome energia durante a contração), a temperatura corporal (o corpo treme quando sentimos frio) e produz mensageiros hormonais, como a mioquinase, que promovem a comunicação com diferentes órgãos e influenciam respostas inflamatórias.

A boa notícia é que a sarcopenia é um problema que pode ser evitado e até mesmo revertido com a prática de exercícios físicos, principalmente musculação. Cuidados com a ingestão de proteínas também são recomendados.

Este conteúdo é da Agência Fapesp.

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/pouca-massa-muscular-em-bracos-e-pernas-elevaria-risco-de-morte-em-idosos/ - Por Karina Toledo (Agência Fapesp) - Ilustração: Matheus Costa/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Quantas flexões você é capaz de fazer pode indicar como vai a saúde do seu coração


Um novo estudo liderado pela da Universidade de Harvard (EUA) descobriu que a capacidade de fazer flexões pode ser um indicador de como vai a saúde do seu coração.

Na pesquisa, homens que conseguiam fazer 40 flexões ou mais em uma única sessão de exercícios tinham uma probabilidade muito menor de sofrer um ataque cardíaco ou ter outro problema cardiovascular nos próximos dez anos do que homens que só podiam fazer 10 flexões ou menos.

Como avaliar a saúde do coração se forma confiável e simples?

Existem alguns testes médicos para avaliar a saúde do coração, como o teste ergométrico de esforço em uma esteira, bem como exames cardíacos mais caros e complicados de se interpretar.

Também existem alguns fatores de risco que podem ser encarados como “possibilidades matemáticas” de ter se problemas do coração, como informações sobre o peso, perfil de colesterol, histórico de tabagismo e outros dados de saúde amplos, impessoais e abstratos.

De qualquer forma, os clínicos e pacientes têm poucas opções para avaliar a saúde cardiovascular e o risco de problemas futuros de maneira simples, cientificamente válida e personalizada.

Essa lacuna foi o que levou pesquisadores da Universidade de Harvard, da Universidade de Indiana e de outras instituições a considerarem a saúde e a boa forma de um grupo de mais de 1.500 bombeiros de Indiana, nos EUA.

Muitos estudos anteriores já associaram a alta capacidade aeróbica com um risco reduzido de doença cardíaca, e os pesquisadores queriam confirmar se o famoso teste da esteira era de fato um bom preditor de saúde cardíaca.

A pesquisa
Os bombeiros americanos são um bom grupo de pesquisa, pois precisam passar por exames de saúde todos os anos em uma única clínica em Indiana. Esses exames incluem avaliações padrão do peso, colesterol, açúcar no sangue e outros dados de saúde. Eles também completam testes de estresse submáximo em uma esteira, que estimam sua capacidade atual de resistência.

Os pesquisadores originalmente estavam mais interessados nessa medição, acreditando que seriam capazes de quantificar quão bem o teste de esteira previu futuros problemas cardíacos usando o banco de dados de informações de saúde dos bombeiros. Poucas mulheres estavam trabalhando como bombeiras, então apenas homens foram incluídos no estudo.

Os cientistas registraram quaisquer problemas cardiovasculares relatados ou descobertos pelos médicos da clínica nos 10 anos após a primeira consulta de cada bombeiro. Os dados sobre problemas cardíacos eram bastante abrangentes, uma vez que os bombeiros precisavam da aprovação de seu médico para voltar ao trabalho mesmo depois de apresentaram problemas de saúde menores.

Flexões: a surpresa
Os pesquisadores planejavam comparar os resultados do teste de estresse na esteira com problemas cardiovasculares subsequentes.

Então, quase incidentalmente, notaram que mais de 1.100 dos bombeiros também haviam completado testes de flexão durante seus exames anuais. Esses testes tinham sido analógicos: um funcionário da clínica contou quantas flexões cada homem podia completar antes que seus braços cedessem, ou ele chegasse aos 80 e fosse informado de que poderia parar de se exibir.

Uma vez que tinham esses dados, os pesquisadores decidiram utilizá-los como um segundo conjunto de informações a ser comparado com problemas cardíacos posteriores, categorizando os homens por quantas flexões podiam completar: 0 a 10; 11 a 20; 21 a 30; 31 a 40; e mais de 40.

Para sua surpresa, a capacidade de fazer flexões mostrou-se um melhor preditor, estatisticamente, de problemas cardíacos futuros do que os testes de esteira.

Resultados

Homens que conseguiam completar pelo menos 11 flexões tinham menos risco de desenvolver problemas cardíacos na década seguinte do que aqueles que conseguiam completar menos de 10.

A redução do risco era impressionante no nível mais alto de capacidade de fazer flexões: os homens que conseguiam passar das 40 tinham 96% menos risco de problemas cardíacos nos próximos 10 anos do que aqueles que pararam com 10 ou menos.

Esses resultados sugerem que a capacidade de fazer flexão pode ser um marcador fácil dos riscos de doenças cardiovasculares, pelo menos em homens que se parecem com os bombeiros.

Qual a relação?
Claro, o estudo foi observacional. Ou seja, enquanto pode mostrar que mais flexões estão associadas a menos problemas cardíacos, não podemos dizer que a força do braço melhora diretamente a saúde do coração ou que a capacidade de fazer mais flexões diminui o risco de problemas cardíacos ao longo do tempo.

Os pesquisadores também não sabem nos dizer como essas duas coisas podem estar ligadas. Mas, conforme explica o Dr. Stefanos Kales, professor de medicina de Harvard, “a força muscular é um componente da boa forma física”.

A proficiência em flexão provavelmente também indica um interesse em uma alimentação saudável, exercícios regulares e peso normal, todos fatores que podem contribuir para corações mais fortes.

Os detalhes do estudo foram publicados na revista científica JAMA Network Open. [NYTimes]