O estresse é considerado uma parte normal da vida, e todo mundo o experimenta. No entanto, a intensidade, a frequência e a duração são diferentes para cada pessoa. Se os sintomas estiverem causando muito sofrimento, persistindo por mais de duas semanas, e afetando o dia a dia, é necessário consultar um psicólogo e/ou psiquiatra.
“O estresse é uma resposta normal a pressões ou
demandas situacionais, mas pode se tornar prejudicial quando é muito intenso,
persistente e prolongado. Nesses casos, os riscos para a saúde física e mental
aumentam”, explica a psiquiatra Amanda Galvão de Almeida, professora da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
De acordo com ela, todos nós precisamos desenvolver
recursos para manter o estresse no nível fisiológico e funcional, ou seja,
evitar e tratar o estresse excessivo e crônico. “Nesse sentido, praticar o
autocuidado é fundamental”, orienta a psiquiatra.
Algumas maneiras de reduzir e gerenciar o estresse:
• Ter uma dieta saudável e balanceada
• Fazer atividade física regularmente (pelo menos
três vezes por semana)
• Priorizar o tempo de lazer
• Limitar o uso de álcool e de cafeína
• Evitar cigarros e outras drogas
• Cuidar do sono: adotar horários regulares para
dormir e acordar na maioria dos dias, evitar atividades e substâncias
estimulantes à noite – exemplo: uso de cafeína
e muita exposição às telas de TV, celular, computador, etc
• Tentar não ficar “preso” a pensamentos pessimistas
• Identificar e tentar manejar a causa do estresse
excessivo
• Priorizar, organizar e delegar tarefas
• Buscar o apoio de familiares e amigos
• Manter alguma prática meditativa
• Acessar materiais de autoajuda e participar de grupo
de apoio ou programa de gerenciamento de estresse
Cortisol e adrenalina
O estresse resulta da ação de substâncias liberadas no organismo, principalmente cortisol e adrenalina. Essas substâncias fazem a pessoa suar, respirar mais rápido, aumentar a frequência dos batimentos cardíacos e tensionar os músculos. “Essa reação representa um “sistema de alarme” que todos nós temos para uma resposta de “luta ou fuga”, ou seja, é um mecanismo evolutivo de proteção”, explica Dra. Amanda. Ela indica os problemas e queixas mais frequentes na liberação desses hormônios:
• Dores de tensão muscular e dor de cabeça
• Problemas gastrointestinais (alteração do apetite,
náusea)
• Problemas do sistema imunológico (infecções de
repetição, reações tipo “alergia”, sobretudo na pele)
• Problemas do sistema reprodutivo (dificuldade para
engravidar)
• Problemas do sistema cardiovascular (aumento da
tensão arterial, angina/infarto, derrame/AVC)
Sintomas do estresse emocional - a dimensão
emocional é uma das mais afetadas pelo estresse exacerbado Sua gravidade pode
variar de leve a grave. Os sintomas geralmente são: mau humor, nervosismo ou
irritabilidade; medo, apreensão, ansiedade e tensão; pensamentos pessimistas,
desesperançosos e de desamparo; insegurança excessiva ou redução da
autoconfiança; tristeza; preocupação constante ou pensamentos de culpa;
sensação de que a cabeça não para de pensar, e pensamentos e falas acelerados.
Fontes comuns de estresse: ambiente físico - por
exemplo, vizinhança barulhenta ou bairro violento; grandes mudanças na vida que
impactam em efeitos negativos; conflitos de relacionamentos, como o divórcio;
doença, morte e luto.
Fatores que podem piorar o estresse: falta de apoio
social; vários estressores psicossociais ao mesmo tempo, como, por exemplo:
desavença familiar ou profissional, junto com dificuldade financeira ou
problema de saúde; dificuldade em regular ou equilibrar as emoções, e em
tolerar incertezas ou angústias; autoconfiança frágil, ou acreditar que não
pode lidar com fatores estressores; potencializar negativamente o ponto
estressor fazendo-o se sentir impotente, sobrecarregado ou desamparado.
Fatores que podem resultar em estresse intenso:
transtornos ansiosos e depressivos; abuso de substâncias psicoativas, como álcool,
tabaco, cafeína, drogas, medicamentos calmantes; insônia, e sono não reparador.
Como tratar o estresse
De acordo com a psicóloga Sheyna Vasconcellos, o
estresse não tem cura mas tem tratamento. É preciso identificar os eventos
estressores e fazer remanejamentos ou repensar a forma de enfrentá-los. Ela
esclarece que, se o problema está em uma dedicação excessiva a qualquer coisa
que comprometa outros aspectos de prazer na vida, é preciso repensar esse nível
de exposição. “Muitas vezes o estresse está na resposta que damos a esses
eventos. Por exemplo: se o trabalho o estressa, mas você não pode abandoná-lo,
será necessário repensar a forma como se posiciona nesse trabalho. A mesma
coisa com relacionamentos tóxicos, que causam sofrimento psíquico. É necessário
um desmame da relação até a extinção dessa condição”.
O estresse produtivo - o lado bom do estresse
Estudos mostram que tensões estressantes podem
estimular o cérebro e favorecer vários aspectos, tornando, assim, o estresse
como fator produtivo. Sabe aquele mestrado que você precisa concluir, ou os
prazos e metas que precisa cumprir para determinada tarefa? São situações que
envolvem esse estímulo. De acordo com a psicóloga, o estresse é como uma mola
propulsora em algumas condições da vida, que pode desacomodar e nos tirar da
famosa “zona de conforto” e nos precipitar em direção à realização e
concretização de sonhos, porém depende da intensidade da tensão. “O estresse
pode ser produtivo a depender da dose e condições individuais de resposta, e
pode também ser muito nocivo pelos mesmos parâmetros”.
De acordo com Dra. Amanda, as reações agudas de
estresse, desde que com intensidade leve a moderada, e duração de horas a
poucos dias, representa um mecanismo evolutivo de proteção contra ameaças
percebidas. “Na vida contemporânea, certa quantidade de resposta ao estresse é
fisiológica, é funcional”, reforça a psiquiatra.
Estresse pós-traumático - alguns fatores biológicos
e estressores específicos podem predispor as pessoas a problemas sérios
relacionados ao estresse. Por exemplo, se sentir em risco de ser gravemente
ferido ou morto. Desse modo, experiências traumáticas como acidente grave,
situação de guerra, agressão física ou sexual, assalto, epidemia ou desastre
natural são gatilhos importantes para quadros descritos como reação aguda ao
estresse e transtorno de estresse pós-traumático.
Fonte: https://revistaabm.com.br/blog/estresse-saiba-identificar-os-sinais-as-causas-e-como-evitar-1%20
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