Depois do primeiro grande evento em meio à pandemia de coronavírus (as Olimpíadas), a partir do dia 24 de agosto até o dia 5 de setembro, o Japão recebe os Jogos Paralímpicos de Tóquio, um evento poliesportivo para atletas com deficiência organizado pelo Comitê Paralímpico Internacional (CPI).
Assim como os Jogos Olímpicos, as Paralimpíadas também
tiveram de ser adiadas em um ano em virtude da covid-19. Originalmente, os
Jogos estavam programados para ocorrer entre 25 de agosto e 6 de setembro de
2020. Será a segunda vez que Tóquio sedia os Jogos Paralímpicos, já que
sediaram o evento anteriormente em 1964, na sua segunda edição.
As competições que começam na próxima semana também
não terão público, como já havia sido visto durante as disputas das Olimpíadas,
entre o final de julho e o começo de agosto.
A delegação brasileira
Serão 260 atletas, incluindo atletas sem deficiência
como guias, calheiros, goleiros e timoneiro — 164 homens e 96 mulheres. Esta
será a maior delegação brasileira da história em uma Paralimpíada fora do
Brasil (no Rio de Janeiro, o Brasil garantiu vagas em todas as modalidades por
ser país-sede e contou 286 atletas no total). A modalidade com o maior número
de atletas será o atletismo, com 64 representantes e 18 atletas-guia.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estabeleceu o top 10 como meta. Nos Jogos do Rio, em 2016, foram 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze (72 no total), ficando em oitavo no quadro de medalhas. Pelos cálculos do presidente da entidade, Mizael Conrado, o Brasil deve conquistar entre 60 e 75 medalhas no Japão.
Modalidades
Em Tóquio, serão 22 modalidades (o mesmo número que no
Rio de Janeiro, em 2016), mas com duas alterações em relação às últimas
Paralimpíadas. Duas novas modalidades foram acrescentadas: o parabadminton e o
parataekwondo. Elas substituem o futebol de 7 e a vela (ambos foram retirados
devido ao alcance internacional insuficiente para justificar a permanência). O
Brasil tem participantes em 20 (está fora do basquete de cadeira de rodas e no
rúgbi de cadeira de rodas).
Atletismo
Os atletas são divididos de acordo com funcionalidade
na prática esportiva, para-atletas com deficiência física, e acuidade visual,
para-atletas com deficiência visual. Assim, são divididos em diversas classes
nas provas.
Provas disputadas: 100m, 200m, 400, revezamento
4x400m, revezamento 4x100m, 800m, 1.500m, 5.000m, salto em distância, salto em
altura, salto triplo, maratona, lançamento de disco e club, lançamento de
dardo, arremesso de peso
Basquete em cadeira de rodas
Como o próprio nome já diz, os jogadores ficam
sentados em uma cadeira de rodas enquanto tentar acertar a cesta adversária e
marcar pontos. As dimensões da quadra e a altura da cesta são as mesmas do
basquete olímpico.
Bocha
Todos os jogadores atuam também em cadeiras de rodas.
Eles são divididos conforme o grau de deficiência e da necessidade de auxílio
durante a prática desportiva.
Canoagem
São disputadas apenas três provas de caiaque, que são
divididas de acordo com os graus de deficiência de cada atleta em KL1, KL2 e
KL3, do maior grau de comprometimento para o menor.
Ciclismo (estrada e pista)
São quatro tipos de classes, conforme as deficiências
dos atletas. Isso faz com que exista quatro adaptações nas bicicletas para as
disputas nas Paralimpíadas: as convencionas, as handbikes (atletas com
paraplegia e tetraplegia), os triciclos (atletas com paralisia cerebral) e as
tandem (atletas com deficiência visual e seus guias).
Esgrima em cadeira de rodas
As regras são as mesmas da esgrima olímpica. Os
atletas são divididos em três classes, conforme a limitação dos movimentos do
tronco (de A a C, do menor para o maior).
Futebol de 5
Os jogadores, cegos ou deficientes visuais, que jogam vendados, se guiam através do
barulho da bola e dos sons feitos por um guia que fica atrás das goleiras. O
objetivo, assim como o futebol normal, é assinalar gols.
Goalball
Assim como o futebol de 5, essa modalidade também é
para deficientes visuais. As equipes são divididas em três jogadores de cada
lado, que precisam marcar gols na baliza do adversário, que tem 9m x 1,30m. Os
atletas lançam uma bola com um sino dentro. Dois tempos de 12 minutos, e os
arremessos devem ser rasteiros ou tocarem pelo menos uma vez nas áreas
obrigatórias.
Hipismo
Diferentemente das Olimpíadas, a única modalidade nos
Jogos Paralímpicos é o adestramento. Os atletas podem ter deficiências motoras
ou visuais.
Judô
Apenas deficientes visuais participam da modalidade.
Eles são divididos em três categorias, conforme o grau de comprometimento da
visão (B1, B2 e B3).
Levantamento de peso
Modalidade em que competem atletas que possuem
deficiência nos membros inferiores e/ou com paralisia cerebral. Só é preciso
completar dois dos três movimentos para o levantamento ser validado.
Natação
A modalidade é disputada por atletas que tem
deficiências físico-motoras, visuais ou intelectuais. Eles são divididos em
categorias de acordo com o grau e o tipo de deficiência.
Provas: 50m, 100m, 200m e 400m livre; 50m e 100m
borboleta; 50m peito; 50m e 100m costas; 150m e 200m medley; revezamentos.
Parabadminton
A modalidade é para atletas que tenham deficiência
físico-motora. Eles podem competir em cadeira de rodas ou não.
Parataekwondo
Praticado por atletas com deficiências nos membros
superiores. Ao contrário dos Jogos Olímpicos, não é permitido chutes na cabeça
do adversário.
Remo
A competição é dividida em três categorias: PR1, PR2 e PR3. Dos atletas com maior
comprometimento motor que precisam ser amarrados aos barcos aos que conseguem
deslizar o assento usando os membros inferiores.
Rúgbi em cadeira de rodas
Não existe diferenciação de gênero na disputa da
modalidade. Participam pessoas com
tetraplegia ou deficiências nas quais as sequelas sejam parecidas com a de um
tetraplégico. Os jogos são disputados em
quadras de 15m de largura por 28m de comprimento e têm quatro períodos de oito
minutos.
Tênis de mesa
Disputado por atletas com paralisia cerebral,
amputados e cadeirantes. As competições são divididas entre mesa-tenistas
andantes e cadeirantes, com jogos individuais, em duplas ou por equipes.
Tênis em cadeira de rodas
São divididos nas classes aberta (deficiências nos
membros inferiores) e quad (deficiência em três ou mais membros). A única
diferença para o tênis é que a bola pode quicar na quadra por duas vezes antes
do atleta devolver para o adversário.
Tiro com arco
Disputado por pessoas com amputações, paraplégicos e
tetraplégicos, paralisia cerebral, doenças disfuncionais e progressivas, com
disfunções nas articulações, problemas na coluna e múltiplas deficiências. As
regras seguem o tiro com arco olímpico.
Tiro esportivo
Dividido em quatro provas: pistola de ar e carabina de
10m, pistola de perfuração de 25m e a pistola de 50m. O tiro é praticado por
atletas com deficiência nos membros superiores ou inferiores.
Triatlo
Pode ser praticada por pessoas com variados tipos de
deficiência, como cadeirantes, amputados ou cegos. A prova é dividida em 750m
de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida.
Vôlei sentado
Disputam a modalidade atletas que possuem deficiências
ligadas a locomoção. Seis jogadores de cada lado que necessitam estar em
contato com o solo o tempo todo, exceto durante os deslocamentos. A quadra é
menor, e a rede mais baixa do que o vôlei olímpico.
Os destaques do Brasil
Natação
Daniel tem 24 medalhas paralímpicas
Tóquio ficará marcada para o nadador Daniel Dias: esta
será sua última Paralimpíada. Ele é dono
de 24 medalhas paralímpicas (14 de ouro, 7 de prata e 3 de bronze) e é um dos
maiores vencedores da história do maior evento poliesportivo. Ele terá novos
adversários na sua categoria, pois uma reclassificação na natação paralímpica
colocou a S5, de atletas com menor restrição motora, na sua classe.
Se Daniel é o papa-medalhas, mais um atleta experiente brasileiro vai em busca de subir ao pódio mais vezes. Phelipe Rodrigues vai para a sua quarta Paralimpíada. Ele é dono de cinco pratas e dois bronzes e vai em busca do seu primeiro ouro.
Dois estreantes também aparecem com chances de medalhas. Gabriel Bandeira, de 21 anos, da classe S14, para atletas com deficiência intelectual, fez sua estreia internacional recentemente e surpreendeu com a conquista de seis ouros. Além dele, a paratleta do Grêmio Náutico União Maria Carolina Santiago fez a transição da natação convencional para a paralímpica no fim de 2018 e neste ano bateu o recorde dos 50m livre da classe S12, para atletas com deficiência visual.
Atletismo
Petrúcio Ferreira, o homem mais rápido do mundo nos 100m
Os atletas são divididos de acordo com funcionalidade
na prática esportiva. Na classe T47, para atletas com deficiência nos membros
superiores, o Brasil tem o homem mais rápido do mundo. Trata-se de Petrúcio
Ferreira, recordista mundial dos 100m (10s42). Ele ainda ganhou um ouro e duas
pratas nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro (100m, 400m e revezamento 4x100m).
Na mesma categoria e na mesma prova, o país ainda tem Washington Júnior
(vice-campeão mundial em 2019).
Ainda nas pistas e nos gramados do Estádio Nacional de
Tóquio, os brasileiros têm de ficar atentos com Beth Gomes. Atleta mais velha
da delegação, com 56 anos, Beth é a atual recordista mundial do lançamento do
disco na classe F52.
Futebol de 5
Talvez seja o esporte em que o Brasil entre com maior
favoritismo no Japão. A seleção brasileira conquistou o ouro nas quatro vezes
em que a modalidade foi disputada nas Paralimpíadas. O país esteve em quadra 22
vezes e nunca perdeu nenhuma partida na história. O time é comandado por
Ricardinho, gaúcho de Osório, que já foi eleito o melhor jogador do mundo no
esporte.
Judô
Em sua sétima Paralimpíada, Antônio Tenório viveu um
ciclo complicado com a chegada da covid-19 no Brasil. Nos momentos que
antecederam os Jogos, ele teve a doença, ficou 17 dias e teve 80% do pulmão comprometido, mas
conseguiu se recuperar e foi o primeiro atleta brasileiro a ser vacinado no
país. Ele é dono de seis medalhas — quatro ouros, uma prata e um bronze.
Esgrima
Vanderson Chaves
A modalidade tem três gaúchos em busca de uma medalha
no Japão. Jovane Guissone vai para a sua terceira Paralimpíada. Em 2012, ele
foi campeão paralímpico ao derrotar Chik Sum Tam, de Hong Kong. Além dele,
Vanderson Chaves e Mônica Santos representam o Grêmio Náutico União e tentarão
um lugar no pódio.
Bocha
As esperanças de medalha na modalidade ficam por conta
de Maciel Santos, que já nasceu com paralisia cerebral. Aos 36 anos, ele foi
ouro em Londres, em 2012, na prova individual.
E nas modalidades estreantes?
Apesar de ter apenas um brasileiro no parabadminton, o
país tem chance de trazer uma medalha para casa. Vitor Tavares conquistou três
bronzes no Mundial de 2019 e pode beliscar um lugar no pódio no Japão. No
parataekwondo está a campeã mundial em 2019, Débora Menezes, na classe K44
(para amputados de braço).
E os estrangeiros?
Dylan Alcott
(tênis em cadeira de rodas)
O australiano nasceu com um tumor na medula espinhal.
Apesar de conseguir retirá-lo, ficou paraplégico. Isso o obrigou a usar cadeira
de rodas. Antes de virar paratenista, Alcoot foi jogador de basquete de cadeira
de rodas, tendo participado dos Jogos de Pequim, em 2008, e de Londres, em
2012, quando saiu com um ouro e uma prata, respectivamente.
Em 2014, voltou-se ao tênis de cadeira de rodas e
começou sua arrancada para chegar ao topo do ranking mundial (é o atual número
1). Além de dois ouros no Rio de Janeiro (simples e duplas), ele já os quatro
Grands Slams (Wimbledon, Roland Garros, Aberto dos EUA e Aberto da Austrália).
Chega como favorito ao pódio no Japão.
Manasi Joshi (parabadminton)
Na nova modalidade nos Jogos Paralímpicos, a indiana
de 32 anos vai em busca da sua primeira medalha. Ela virou para-atleta depois
de ter sua perna amputada após uma acidente quando voltava para casa do
trabalho em 2011.
Desde 2014, pratica o esporte profissionalmente. Desde
então, tem três medalhas em mundiais da categoria (2015, 2017 e 2019, quando
foi campeã).
Natalia Partyka (mesa-tenista)
A polonesa é uma das estrelas das Paralimpíadas. Dona
de sete medalhas paralímpicas (cinco ouros, uma prata e um bronze), ela estreou
nos Jogos em Sydney, em 2000, com apenas 11 anos, mas subiu ao pódio pela
primeira vez apenas em Atenas, em 2004.
Sem a mão e o antebraço direito, ela também competiu
nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, no Rio de Janeiro, em 2016, e também
em Tóquio, em 2021. Na Inglaterra, ela chegou à terceira rodada.
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/olimpiada/noticia/2021/08/modalidades-presenca-do-brasil-e-possiveis-medalhas-o-guia-das-paralimpiadas-cksj25v4x003m0193ymv66tpm.html
- Philip FONG / AFP - Alexandre Urch / CPB
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