Dispositivos móveis estão cada vez mais se tornando
ferramentas de ensino, da pré-escola até a pós-graduação.
Uma recente pesquisa do Pew Research Center, nos
EUA, descobriu que 58% dos professores norte-americanos possuem smartphones –
10% a mais que a média nacional para adultos. Os professores estão abraçando
políticas do tipo “traga seu próprio dispositivo” nas classes e pedindo que as escolas
possuam e ofereçam tablets para seus alunos.
Mas o que esses dispositivos móveis realmente
acrescentam às aulas? Essa tendência tecnológica vai além de conquistar a
atenção dos alunos ou é apenas uma maneira chamativa de alcançar os mesmos
objetivos possíveis com a instrução analógica?
Os benefícios da tecnologia móvel
A pesquisa do Pew Research Center pediu a um grupo
de professores que analisasse o impacto educacional da tecnologia na sala de
aula. Eles descobriram que:
73% dos professores usam tecnologia móvel em suas
salas de aula, seja por meio de sua própria instrução ou permitindo que os
alunos usem dispositivos para completar as tarefas;
Professores de inglês são mais propensos a usar a
tecnologia móvel na sala de aula do que professores de matemática;
47% dos professores concordam fortemente e um
adicional de 44% concordam um pouco que os alunos precisam de cursos de
alfabetização digital para serem bem sucedidos academicamente e além.
Outras pesquisas também viram vantagens. A empresa
PBS Kids, em parceria com o Departamento de Educação dos Estados Unidos,
descobriu que o vocabulário das crianças com idades entre 3 e 7 anos que usavam
o aplicativo “Martha Speaks” melhorou até 31%.
A Universidade Cristã Abilene realizou uma pesquisa
na mesma época em que concluiu que estudantes de matemática que usaram o app
“Estatísticas 1″ viram melhora em suas notas finais. Eles também se sentiram
mais motivados em terminar aulas em dispositivos móveis do que através de
livros didáticos tradicionais.
Além disso, mais um estudo descobriu que 35% dos
alunos do 8º ano se sentiam mais interessados em suas aulas ou atividades
quando usavam tablet, e no geral excederam as expectativas acadêmicas dos
professores ao usar os dispositivos. 54% dos alunos ainda disseram se envolver
mais nas aulas que utilizam tecnologia e 55% disseram que gostariam que seus
professores usassem mais jogos educativos ou simulações para ensinar lições.
Desvantagens
Ao lado dos benefícios, os dispositivos móveis
certamente vêm com a sua quota de complicações. A autoridade do professor, por
exemplo, é uma área que pode ser facilmente posta em causa quando a tecnologia
móvel é permitida em salas de aula.
Existe também a questão do custo. É claro que há um
preço associado com a tecnologia. E, mesmo que as crianças possam trazer seus
próprios dispositivos, ainda vai haver o problema da disparidade – com certeza,
alguns alunos são mais privilegiados do que outros, o que pode causar várias
dificuldades.
Políticas de tecnologia também são mais difíceis de
implementar em aparelhos eletrônicos pessoais do que em dispositivos de
propriedade da escola – esses últimos podem vir com programas pré-instalados
certos e não permitir qualquer atividade que não tenha a ver com o aprendizado.
Um dispositivo que vai para casa com o estudante, no entanto, não pode ter as
mesmas regras.
Há ainda questões de privacidade a se considerar.
Será que queremos terceiros seguindo nossos alunos nos seus percursos de
aprendizagem? E os professores devem ter acesso ao que os alunos fazem em seus
dispositivos móveis quando fora da sala de aula?
Tecnologia móvel nas salas de aula: o que funciona?
Apenas a tecnologia móvel na sala de aula não
garante um aumento da compreensão ou mesmo da atenção dos alunos. Então, quais
tipos de uso da tecnologia móvel fazem mais sentido para o aprendizado?
Em resumo:
E-readers: parte do problema com livros didáticos
tradicionais é que eles ficam rapidamente ultrapassados. E-readers eliminam
esse problema e permitem atualizações em tempo real que são úteis para
estudantes e professores;
Módulos móveis individuais: aplicativos e jogos
educativos são opções que podem ser pensadas individualmente para alunos. Isso
dá a eles uma oportunidade de trabalhar em seu próprio ritmo, tendo tempo extra
nas áreas onde mais precisam;
Programas de resposta em mensagem de texto: sites
que permitem que professores enviem trabalhos de casa ou testes com perguntas
para os alunos através de texto resultam em uma abordagem mais interativa para
o aprendizado. A maioria dos programas que facilitam esta tecnologia permitem
um feedback em tempo real, dando aos alunos a chance de aprender com seus erros
e colocar tudo em contexto. Os alunos também se tornam mais motivados a ir para
a escola e completar uma tarefa quando têm acesso a mensagens de texto de seus
professores;
Aprendizagem em nuvem: usar tecnologia móvel que
está ligada a uma nuvem significa que os alunos podem fazer a transição da
tarefa em sala de aula para a tarefa em casa – ou em qualquer outro lugar –
facilmente, desde que tenham acesso a um smartphone, tablet ou computador. Isso
economiza tempo e melhora a capacidade de organização dos alunos.
Conclusão
A aprendizagem móvel pode de fato fazer uma
diferença positiva na forma como os alunos instruem-se. Quando usada da maneira
correta, tem o potencial de ajudar os alunos a aprender e se engajar mais.
Mas os dispositivos não são a salvação. Professores
competentes são tão necessários quanto a tecnologia na Era da Informação, para
equilibrar as vantagens educacionais móveis com interação saudável a fim de
maximizar o valor de ambos. [Gizmodo]