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segunda-feira, 8 de março de 2021

Os males da insônia e a importância do tratamento adequado


A insônia pode ser definida como uma dificuldade persistente na iniciação e/ou na manutenção do sono, resultando em prejuízos em sua qualidade e duração; é um quadro complexo, com muitos malefícios à qualidade de vida.

 

A insônia pode ser definida como uma dificuldade persistente na iniciação e/ou na manutenção do sono, resultando em prejuízos em sua qualidade e duração; é um quadro complexo, com muitos malefícios à qualidade de vida. Nesse sentido, a insônia é considerada um problema público de saúde e estimativas apontam que até 30% da população mundial possa ser afetada pela condição. Não obstante, muitas pessoas, infelizmente, ainda enxergam a insônia como um mal “menor”, não dando a devida importância à falta de sono e, dessa forma, não buscando ajuda profissional para tratar o problema. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a insônia afeta, em algum grau, até 40% dos brasileiros, mas poucos procuram assistência profissional.

 

O sono é um processo fundamental para a vida humana e, normalmente, costuma-se pensar, de maneira errônea, que dormir é um processo passivo em que o cérebro entra em um estado de baixa atividade. No entanto, as pesquisas científicas das últimas décadas revelam que o sono é um fenômeno extremamente dinâmico; e que não só compensa o tempo que passamos inconscientes, mas também melhora a eficiência de nossas ações acordados. O ato de dormir se associa com a plasticidade neuronal; e com a forma como certas regiões do nosso cérebro e mecanismos fisiológicos do nosso corpo se recuperam e se adaptam diariamente. O sono influencia a memória, o aprendizado, o humor, a imunidade, a temperatura corporal, entre outros processos.

 

Os males da insônia, por consequência, vinculam-se a maiores riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial sistêmica (popularmente conhecida como “pressão alta”), transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade, irritabilidade excessiva, falta de concentração, problemas de memória, diminuição da imunidade e câncer. De forma geral, a maioria dos casos de insônia são causados por maus hábitos relacionados ao sono e podem ser facilmente tratados; as sequelas da insônia crônica, no entanto, são bem mais difíceis de serem remediadas.

 

O uso excessivo de bebidas estimulantes como café, refrigerantes, energéticos, chimarrão e tereré atrapalha com que se inicie e se mantenha o sono. A cafeína, uma substância encontrada em vários destes produtos, é conhecida pelas suas propriedades estimulantes de diminuir o cansaço e de aumentar o foco. No entanto, o tempo médio para que ela saia do organismo é de, aproximadamente, 16 horas. Isso faz com que o seu consumo possa ocasionar episódios de insônia e diminuir a qualidade geral do sono.

 

A realização de atividades na cama como ver televisão e mexer no celular são práticas comuns, mas que podem dificultar com que o indivíduo consiga relaxar e iniciar o sono. Os ruídos e a luminosidade da televisão, bem como a distração que o celular fornece, atrapalham o adormecimento e podem levar, em longo prazo, a quadros psicológicos em que o indivíduo não relaciona mais a sua cama e o contexto noturno como um momento de descanso. Nessa circunstância, é normal que apareçam casos de ansiedade relacionada ao sono, em que o indivíduo se acha incapaz de dormir; ou tenta excessivamente adormecer e não consegue iniciar o sono, devido ao nervosismo da situação e à preocupação. 

 

O tratamento da insônia pode ser não farmacológico, baseado em hábitos relacionados à “Higiene do Sono” (evitar estimulantes, evitar exercícios físicos perto da hora de dormir, criar uma rotina com horários fixos para o sono, entre outros) e em terapias comportamentais, que ajudam o indivíduo a lidar melhor com a situação por meio de técnicas psicoterápicas. O tratamento farmacológico deve ser feito sempre por profissionais especializados e em situações específicas que, realmente, exijam intervenção medicamentosa. A automedicação para tratar a insônia é um problema grave que pode gerar dependência pela substância, além de interações medicamentosas com outros fármacos e sequelas. A insônia é tratável, mas por profissionais especializados. Caso esteja passando por situações de dificuldade em manter ou iniciar o sono, procure assistência profissional.

 

Fonte: https://revistanovafamilia.com.br/os-males-da-insonia-e-a-importancia-do-tratamento-adequado - Eduardo de Sousa Martins e Silva - Redação - Foto : Reprodução

sábado, 24 de agosto de 2019

Doenças do coração são associadas ao gene da insônia


Uma revisão de estudos indica que a influência das más noites de sono no surgimento de problemas cardiovasculares é explicada por uma alteração genética


Não deve ser a primeira vez que você lê que deixar de dormir prejudica a saúde cardiovascular. Mas, agora, uma revisão de pesquisas publicada no periódico científico Circulation indica que uma variação genética que torna as pessoas suscetíveis à insônia também eleva o risco de problemas cardíacos.

De acordo com a epidemiologista Susanna Larsson, professora do Instituto Karolinska, na Suécia, e líder do levantamento, estudos anteriores já revelaram a relação entre sono e problemas do coração. No entanto, eles não determinavam se a insônia era a causa, a consequência — ou apenas uma coincidência.

Nesse estudo, foram utilizados dados de 1,3 milhão de indivíduos de quatro grandes pesquisas e grupos públicos. Os voluntários poderiam ou não ter enfermidades cardíacas ou sofrido um acidente vascular cerebral (AVC).

Os cientistas utilizaram um método que considera apenas o código genético. Dessa maneira, foi possível investigar a origem da pane no peito sem a interferência de outras variantes, como classe socioeconômica, enfermidades crônicas e estilo de vida.

Após a análise, os experts constataram que as alterações no DNA ligadas ao distúrbio do sono também estavam associadas a um risco significativamente maior de desenvolver doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca — e mesmo de sofrer um AVC isquêmico.

No entanto, o trabalho tem uma limitação. Os pesquisadores observaram só a presença do gene da insônia — e não se os portadores dessa alteração de fato possuíam dificuldades para dormir. Isso significa que não foi possível determinar quais participantes realmente passam noites em claro.

De qualquer forma, outras investigações já mostraram a importância do descanso diário. E não é só o coração que agradece!

“É importante identificar a raiz da insônia e tratá-la. Dormir é um comportamento que pode ser mudado por novos hábitos e manutenção do estresse”, recomenda Susanna.




domingo, 17 de abril de 2016

Cinco consequências da falta de sono

Dormir bem é fundamental à saúde física e mental. Saiba quais são os riscos associados às noites mal dormidas.

Especialistas confirmam: dormimos cada vez menos.

“Os problemas de sono constituem uma epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de mais de 45 porcento da população mundial”, diz a Associação Mundial de Medicina do Sono (WASM, na sigla em inglês).

“Dormir bem é um dos três pilares fundamentais para ter uma boa saúde, ao lado de uma dieta equilibrada e exercício regular”, completa a associação em nota informativa.

Para Shirley Cramer, diretora executiva da Sociedade Real de Saúde Pública da Espanha, muitos dizem dormir de quatro a cinco horas por dia, mas isso não é algo de que se gabar.

Cramer diz que a falta de sono possui impactos altamente nocivos na saúde física e mental. “Sabemos, por várias pesquisas, que quem tem privação de sono possui risco muito mais alto de ter doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e depressão.”

Estas são algumas formas pelas quais dormir pouco pode afetar sua saúde:
1. Dieta ruim
“A falta de sono faz com que nos alimentemos pior”, diz Cramer.
De acordo com um estudo do órgão espanhol, mais de um terço das pessoas come mal quando dorme pouco.
O motivo, segundo a especialista, é que nessa situação costumamos comer alimentos pouco saudáveis, e por isso a falta de sono está vinculada ao aumento de peso.
A comunidade científica também associa a falta de sono à obesidade e ao diabetes.
Segundo estudo realizado em 2015 por pesquisadores no Catar, dormir pouco aumenta o apetite e a resistência à insulina.
Dormir bem, afirma a Sociedade Real de Saúde Pública da Espanha, é “essencial para a regulação do metabolismo, sobretudo em crianças, e há evidências da relação entre horas de sono e incidência de obesidade infantil”.
Em resumo, a orientação é “se dormir bem comerá melhor”.

2. Saúde mental afetada
Dormir pouco tem relação com uma variedade de transtornos físicos, mentais e de comportamento.
“A saúde mental é uma questão particular e, de certo modo, é um círculo vicioso: se tem problemas mentais, dorme pouco, e vice-versa. E se sente cada vez pior.”
A privação do sono eleva o risco de transtornos mentais
Para Cramer, buscar ajuda psicológica é “vital” nesses casos. O conselho dela para casos de insônia é buscar tratamentos com medicamentos específicos ou terapia comportamental, que demonstra, diz, ser “altamente eficaz”.
Segundo a organização espanhola Instituto de Medicina do Sono, a falta de sono está associada a problemas psicológicos, depressão e ansiedade.

3. Risco de acidentes
A possibilidade de sofrer acidentes cresce com a ausência de sono.
“Um em cada cinco acidentes tem a ver com a falta de sono”, afirma Cramer.
Órgão de segurança das estradas nos EUA estima que 40 mil pessoas por ano sofram acidentes relacionados à privação de sono no país
Segundo o órgão de segurança de estradas dos EUA (NHTSA, na sigla em inglês), 40 mil pessoas se ferem por ano no país por problemas relacionados à falta de sono, e 1.550 pessoas morrem nesses tipos de acidentes.
Estudo da Harvard Medical School já apontou que 250 mil condutores dormem ao volante por dia nos EUA.
Mas o perigo não está somente nas ruas, diz Cramer, que cita o risco de acidentes domésticos. “Dormir pouco põe em risco nossa saúde em muitos aspectos.”

4. Menor rendimento físico
Dormir bem é importante para ter energia durante o dia.
Trata-se, de fato, de um aspecto fundamental para o funcionamento de nosso cotidiano, apontam especialistas.
Atletas profissionais podem dormir pouco e ainda assim apresentar bom rendimento, mas é fundamental descansar por tempo suficiente após a prática de exercícios.
O sono tem impacto significativo no bem-estar físico e mental porque tem função regenerativa
O problema da falta de sono é o impacto no rendimento físico, pois o corpo precisa de um mínimo de horas de descanso.
“O processo de regeneração de tecidos cerebrais e físicos ocorre à noite. Se não há descanso não há recuperação correta, e isso afeta o rendimento físico e intelectual”, diz Madrid Mateus, coordenador de educação física.
Além disso, praticar exercícios físicos estimula um sono melhor, daí a combinação perfeita entre as atividades.

5. Limitação cognitiva
“Sabemos que a falta de sono ou má qualidade do sono tem grande impacto negativo na saúde, em curto e longo prazo”, afirmam especialistas da WASM.
Os efeitos impactam a capacidade de atenção, a recuperação da memória e a aprendizagem.
“Deveríamos entender o sono do mesmo modo que entendemos outras coisas que beneficiam nossa saúde, como boa dieta e atividade física”, lembra Cramer.
Para a pesquisadora, o ato de dormir bem muitas vezes é subestimado, mas é algo que deveria preocupar a todos. “É uma questão de saúde pública.”