segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

5 tipos de “evidência” científica que você não vai acreditar que são baboseiras

Supostamente a justiça deve ser cega, de modo a não ser perturbada por detalhes superficiais. Ela paira acima de todos, pesando de forma imparcial as acusações contra as evidências, e descobrindo a verdade. Ou pelo menos é como deveria ser em um mundo ideal.
O problema com a máquina da justiça é que tem suas engrenagens emperradas por nós, humanos. E a evidência que parece ser a mais sólida pode acabar se revelando cheia de problemas.

5. Impressões digitais não são cientificamente confiáveis
As digitais parecem ser uma evidência sólida. Elas têm sido usadas desde o século 19 por que, até onde sabemos, elas são únicas, e servem para identificar quem tocou alguma coisa.
O problema é que as digitais podem não ser tão únicas. E mesmo que forem, existem muitas variáveis que podem fazer com que digitais diferentes se pareçam. O primeiro problema é a coleta – dificilmente se obtém uma digital bonitinha, geralmente ela é só parcial, e aí começam os problemas de identificação errada (você pode ter um conjunto de similaridades, e a chance é maior se o criminoso é alguém da tua família).
Mas mesmo que a digital obtida seja razoável, ainda tem o problema do profissional que faz o reconhecimento. Ele pode olhar para a tua foto e decidir que você tem cara de culpado. E digital de culpado também.

4. Registros de celulares são praticamente inúteis
No mundo real, rastrear pessoas pelos telefones tem menos a ver com triangular sinais antes que o assassino desligue, e mais com examinar os registros de ligação durante a fase de investigação.
Torres de transmissão podem rastrear a localização do seu celular dentro de um raio de 3 km. O que pode não ser suficiente para iniciar uma perseguição, mas é mais que suficiente para potencialmente arruinar um álibi.
Só que rastrear o telefone pelas torres é bastante impreciso. O celular nem sempre se conecta com a torre mais próxima, e as torres nem sempre tem o mesmo alcance, e há muita sobreposição.
Com isso, pessoas tem sido presas, principalmente nos Estados Unidos, sob a alegação de que os registros telefônicos colocavam ela “exatamente” em um lugar próximo da cena do crime, poucas horas antes ou depois do crime.

3. Análise de fios de cabelos é muito subjetiva
A análise de fios de cabelos encontrados na cena do crime parece ser uma ciência exata: compare a amostra com uma amostra retirada do suspeito e pronto, mais uma vitória para os nerds do laboratório!
O problema é que comparar amostras de cabelo é altamente subjetivo. Uma análise feita em 2012 sobre 268 casos de condenação baseada em amostras de cabelo descobriu que 95% das comparações tinham falhas graves.
Mesmo o FBI admitiu em 2015 que a grane maioria dos analistas na sua equipe de elite de investigadores forenses exageraram suas descobertas para ajudar os promotores a conseguir condenações – em centenas de casos por 46 estados do EUA, com dezenas dos condenados terminando no corredor da morte.

2. A ciência da investigação de incêndio é basicamente errada
Incêndios criminosos custam bilhões de dólares e ceifam centenas de vidas, anualmente, nos EUA. Os peritos que examinam os restos do incêndio têm um aparato de metodologias complexas e um vasto conhecimento de química, e parecem capazes de descobrir coisas incríveis com os menores indícios.
Só que a vida real é um pouco diferente. A ciência na qual se baseia a análise de cenas de incêndio é muito falha, e baseada em bobagens, em vez de conhecimento científico. Pior, alguns investigadores fazem de tudo para não se atualizar com as descobertas científicas. Um estudo de 2004, feito por pesquisadores da Universidade de Cambridge, estimou que milhares de pessoas foram falsamente condenadas nos últimos 50 anos pelos peritos em incêndios.
Alguns investigadores baseiam seus métodos em uma coleção de regrinhas, alguns tipos de danos ou padrões de queima que eles acham que significam automaticamente um incêndio criminoso. Só que as pesquisas científicas recentes mostram que estes sinais que antes eram tidos como indícios seguros de um incêndio criminoso podem também acontecer durante incêndios acidentais.
Um destes sinais “seguros” é um padrão de rachaduras em vidraças, que está associado à um incêndio que aquece muito rápido, o que pode indicar o uso de um acelerador. Só que foi descoberto que se a janela for resfriada rapidamente, como quando a água da mangueira de incêndio atinge uma vidraça quente, o mesmo padrão de rachaduras aparece.

1. Testemunhas especialistas não são isentas e frequentemente entram em contradição
O sistema judicial americano se baseia muito no testemunho de especialistas. Afinal de contas, eles podem retirar sentido de uma situação complicada, e fazer alguma declaração apoiada na autoridade profissional. Só que eles nem sempre (quase nunca?) dão uma opinião honesta baseada apenas em fatos e na ciência.
E este é um fato tão sabido que o sistema judicial de lá já conta com isto. Se defesa e acusação apresentam seus próprios especialistas, e eles não concordam em alguma coisa, o juiz pode convocar seu próprio especialista para escolher qual dos especialistas deve ser levado em conta.
E os especialistas não respondem por suas afirmações. Eles estão apenas dando sua opinião e se ela estiver errada, bom, estar errado não é crime. E na maioria das vezes os especialistas sequer estão cientes do erro, já que ele é resultado de um viés inconsciente. A opinião do especialista acaba distorcida por que ele acaba tentando agradar a parte que o contratou, e isto geralmente é inconsciente. [Cracked]


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