Mudar os hábitos de toda família é essencial para
ajudar as crianças nesse processo
Todo pai quer o melhor para seu filho, por isso as mudanças
de hábito são tão importantes quando há um diagnóstico de sobrepeso ou mesmo de
obesidade infantil. Mas quando isso acontece, é difícil parar e pensar por onde
começar. O que fazer para ajudar uma criança nessa situação?
Para auxiliar, reunimos dicas de especialistas no
assunto. Confira, abaixo, 8 maneiras de ajudar a criança a perder peso e ganhar
saúde:
1. Reveja seus próprios hábitos
Na maioria dos casos de obesidade infantil, a
família toda costuma estar acima do peso. Isso ocorre não só por uma questão de
genética, mas pelos hábitos da casa. Portanto, antes de pensar em mudar a
alimentação da criança, que tal implementar transformações na sua rotina
primeiro?
"Tudo o que os pais fazem serve de exemplo para
os pequenos, por isso não basta só a criança começar a comer saudável enquanto
os adultos continuam com os antigos hábitos", explica a endocrinologista
Cintia Cercato, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade
e da Síndrome Metabólica (ABESO).
Portanto, embarque nessa jornada de hábitos
saudáveis junto com seu filho.
2. Controle a geladeira e a despensa
Não esqueça que uma criança nunca é responsável por
suas escolhas. "São os pais que compram e preparam os alimentos, que
orientam e conversam com as crianças e seus cuidadores sobre a mudança da
rotina", considera a pediatra Flávia Bello, diretora da HomePed (RJ).
Portanto, que tal dar espaço para mais alimentos
saudáveis na sua casa? "Essa é a base da reeducação alimentar das
crianças. Elas precisam aprender ou reaprender o sabor dos alimentos sem tanta
gordura, sódio ou açúcar", lembra a endocrinologista Cristina Blankenburg,
do Hospital Santa Luzia (DF).
Experimente ter mais frutas e verduras à mão e deixe
os salgadinhos e doces para oportunidades esporádicas. Dessa forma, você insere
mais fibras e vitaminas na alimentação da criança, trazendo saciedade e os
nutrientes que ela precisa para crescer saudável.
Os alimentos calóricos também podem ser ofertados,
mas em quantidades menores e com menos frequência - sempre com a orientação de
um nutricionista. Cortar esses itens de vez pode trazer mais frustação e menos
aceitação para a criança.
3. Coloque limites
Mudar os hábitos da casa de repente pode ser difícil
para a criança inicialmente. Se ela foi acostumada com o chocolate, é pouco
comum ela se contentar com a maça de imediato. No entanto, cabe aos pais
colocar limites nessa situação.
"A criança não toma decisões baseada em
consequências para a sua saúde, não tem consciência dos riscos a longo prazo de
uma alimentação ruim", explica Flávia. Portanto, os pais devem entender
que a responsabilidade pelas escolhas é deles e tentar não ceder às manhas.
Se a criança faz birra, o importante é desestimular
essa atitude. "Não reforce este comportamento, por exemplo, deixando a
criança sozinha no momento da birra e só conversando com ela quando
parar", orienta a psicóloga Ana Rosa Gliber, psicóloga clínica e
responsável por um estudo sobre a personalidade de crianças obesas, realizado
no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
4. Estabeleça horários de refeições
Dentro dos limites explicados acima está a
importância de criar horários para as refeições. Isso faz com que a criança
saiba quando deve comer e incentiva que ela pare de beliscar alimentos ao longo
do dia.
Por mais que, muitas vezes, o hábito de comer entre
as refeições seja um reflexo de uma alimentação pobre em fibras, também pode
ser uma questão de hábito. E ele é muito comum entre pessoas acima do peso.
5. Foque no que será adicionado à dieta
Diversas vezes são os próprios pais que fazem as
crianças darem um valor negativo aos alimentos saudáveis. "Quando você diz
que está deixando o doce para um dia especial porque ele é mais gostoso, você
automaticamente torna a fruta um alimento menos saboroso", considera
Cintia.
Pensando por esse lado, uma boa estratégia é focar
em quantos alimentos novos e gostosos serão inseridos nessa rotina da criança,
em vez de se lamentar pelas guloseimas que deverão ser reduzidas.
Inclusive, porque não incluir seu filho na montagem
do novo cardápio? "Devemos levar as crianças para as compras, mostrar os
alimentos e levá-las para a cozinha para ajudarem no preparo. Tudo isso ensina
a importância da alimentação", ressalta Cristina.
6. Pare de comer vendo TV
Muitas famílias têm o hábito de fazer as refeições
em frente a uma televisão, o que atrapalha bastante o relacionamento com o
alimento, já que nem você e nem a criança prestam atenção no que é levado à boca.
"Distraídos, costumamos ingerir uma maior
quantidade de alimento do que a necessária para ficarmos satisfeitos",
ressalta a pediatra Flávia.
Em vez disso, experimente sentar-se em família e
conversar sobre o dia. Além de trazer uma forma de comer mais saudável, você
pode acabar criando um vínculo maior com a criança.
7. Incentive atividades ao ar livre
Além de comer bem, é importante gastar as calorias
do dia a dia. Hoje, as crianças costumam ficar mais em casa, com seus jogos,
TVs e celulares. "É muito importante reduzir o tempo diante das telas para
no máximo três horas por dia", ressalta a endocrinologista Cintia.
E nada melhor do que afastar a criança do mundo
virtual levando-as para atividades ao ar livre. "Isso cria o hábito de
fazer atividade física, e pessoas que as praticam controlam mais a ansiedade e
o apetite", considera Cristina.
Além disso, a atividade ao ar livre ajuda as
crianças a gastarem as calorias ingeridas nos alimentos, deixando menos margem
para serem estocadas em forma de gordura.
8. Converse com seu filho
O diálogo é uma parte vital na relação entre pais e
filhos, ainda mais em momentos de mudanças como o começo de uma reeducação
alimentar.
"Faça uma conversa de forma lúdica, ajudando
seu filho a entender que hábitos saudáveis fazem parte do dia a dia",
aconselha Cristina.
Para a especialista, é importante nunca demonstrar
pena da criança pelas restrições e, sim, explicar que essas mudanças são para a
vida toda e para o bem dela, reforçando sempre que a mudança de peso vai
influir na saúde da criança.
Flávia indica que crianças mais velhas devem ser
alertadas sobre as consequências negativas do excesso de peso para a saúde, mas
alerta: "É preciso ouvir as questões e angústias trazidas pela criança e
demonstrar afeto, carinho e amor para melhorar a autoestima e confiança dela",
finaliza a especialista.
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