Cientistas desenvolvem um teste sanguíneo para
diagnosticar tumores no início, quando a chance de cura é mais alta. E os
primeiros resultados animaram
Pense em um exame de sangue que pode detectar
precocemente o câncer. Mais: em uma única coleta, você já se preveniria contra
diferentes tipos de tumor, alguns dos quais até hoje não contam com esquemas de
rastreamento eficazes.
Pois esse é o potencial de um método desenvolvido
por instituições canadenses, americanas e francesas. E tem dedo brasileiro
nessa história: o trabalho é chefiado pelo imunologista Daniel de Carvalho, do
Princess Margaret Cancer Centre.
Então vamos aos detalhes dessa promessa. Atualmente,
já é possível confirmar o diagnóstico de um ou outro tipo de câncer e
acompanhar suas evoluções com exames de sangue batizados de biópsias líquidas.
Essa técnica basicamente analisa pedacinhos microscópicos da doença (DNA
tumoral, fragmentos de células…) que se desprenderam e caíram na circulação.
No momento, ela é utilizada no Brasil para monitorar
determinados casos de câncer de pulmão, enquanto, nos Estados Unidos, também já
foi aprovada para câncer de mama, intestino e próstata. No entanto, repare que
a biópsia líquida atual ajuda a confirmar os resultados de exames feitos
anteriormente e vigiar o desenvolvimento da enfermidade – não detectá-la nos
primeiros passos.
Por quê? Segundo Daniel de Carvalho, fazer o
diagnóstico precoce por meio de exames de sangue é como encontrar uma agulha no
palheiro. Ora, é necessário reconhecer uma mutação em trechos minúsculos de DNA
tumoral entre bilhões de moléculas circulando no sangue.
“Isso é especialmente difícil nos estágios iniciais,
quando a quantidade de material genético do câncer no sangue é mínima”,
justifica o especialista, em comunicado à imprensa.
A sacada e os resultados
Em vez de rastrear as mutações do DNA tumoral, os
cientistas mapearam outras alterações genéticas típicas da doença (as
alterações epigenéticas). A partir de sistemas de inteligência artificial,
conseguiram reconhecer milhares de modificações específicas para cada tipo de
câncer.
“Essa estratégia basicamente transforma o problema
de ‘uma agulha no palheiro’ em ‘milhares de agulhas no palheiro’. O computador
precisa apenas encontrar algumas para identificar a doença”, explica Carvalho.
Com esse ajuste, os pesquisadores compararam
amostras de sangue de 300 pacientes em tratamento para sete tipos diferentes de
tumor (colorretal, pâncreas, rins, pulmão, mama, bexiga e leucemia) com a de
indivíduos saudáveis.
Para a alegria de todos, esse teste foi altamente eficaz
no diagnóstico precoce. Ele, aliás, conseguiu acusar onde o câncer estava
escondido – não adianta muito saber que você tem o problema se não sabe
exatamente onde ele está para tratá-lo.
O próximo passo é avaliar o método em maiores bancos
de dados, que envolvam ainda mais tipos de câncer. E, depois, realizar estudos
clínicos, com foco na detecção precoce.
Se tudo der certo, estaremos diante de uma revolução
no diagnóstico dessa doença. E, consequentemente, as taxas de cura ao redor do
mundo poderão subir ainda mais.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/um-exame-de-sangue-que-detectaria-precocemente-diferentes-tipos-de-cancer/
- Por Maria Tereza Santos - Foto: Dulla/SAÚDE é Vital
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