Desigualdade, hábitos modernos e envelhecimento da
população são destaques no primeiro relatório da Organização Mundial da Saúde
sobre a visão
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou seu
primeiro relatório sobre a visão da população global. A entidade estima que ao
menos 2,2 bilhões de pessoas têm algum déficit nesse departamento. E quase
metade — 1 bilhão de casos — são evitáveis ou passíveis de correção.
Moradores de áreas rurais, famílias de baixa renda,
mulheres, minorias étnicas e populações indígenas são os mais atingidos pela
dificuldade de acesso a tratamentos. No total, 65 milhões de indivíduos estão
cegos ou enxergam muito mal por causa da catarata, que é operável, e 800
milhões sequer conseguem adquirir óculos.
“Isso é inaceitável. A inclusão de atendimento
oftalmológico é uma parte importante da jornada de todos os países em direção à
cobertura universal de saúde”, afirmou, em comunicado à imprensa, Tedros
Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Mas não é só a condição socioeconômica precária que
ameaça a vista.
A miopia está crescendo
Mudanças no estilo de vida são apontadas como
causadoras de problemas como a miopia, que embaça objetos enxergados à
distância. A OMS estima que o número de casos saltará dos 1,95 bilhão atuais
para 3,36 bilhões em 2030.
Segundo a entidade, um dos responsáveis por esse
cenário é a disseminação de atividades que fazem os olhos constantemente se
focarem em objetos muito próximos. Mexer no computador ou no celular, ver TV,
jogar videogame e até ler estão entre essas práticas. Isso porque passar horas
mirando algo de perto pode alterar o mecanismo de acomodação ocular, que é o
ajuste de foco para perto ou longe.
Fora que o uso desse tipo de dispositivo eletrônico
está associado a uma vida mais restrita a ambientes fechados. E a luz solar
ajuda o corpo a produzir substâncias que impedem o crescimento axial do globo
ocular — uma alteração que leva à miopia.
Por isso, a OMS coloca o tempo ao ar livre como uma
estratégia para manter a visão tinindo. Não estamos falando de sair por aí e
encarar diretamente o sol. O relatório da organização defende a utilização de
óculos escuros — até entre crianças — para evitar danos da radiação
ultravioleta.
Problemas da idade
No texto, a entidade destaca o envelhecimento
populacional como outro enorme fator de risco para diversas doenças
oftalmológicas. Em 2030, teremos 1,4 bilhão de pessoas maiores de 60 anos no
mundo — agora são 922 milhões.
Até lá, condições favorecidas pelo avançar dos anos
devem disparar. O glaucoma, maior causa de cegueira irreversível do planeta,
atingirá 76 milhões de indivíduos. A degeneração macular relacionada à idade,
que não cega, mas atrapalha a vida, alcançará quase 196 milhões de idosos. E
cerca de 2 bilhões serão afetados pela presbiopia, a popular vista cansada.
Além dos aspectos biológicos, os autores pontuam que
o pessoal mais velho tende a cuidar menos dos olhos, frequentemente por pensar
que a perda de visão é parte natural do envelhecimento. Só que muitas dessas
encrencas podem ser tratadas, devolvendo a qualidade de vida.
Consultas regulares ao oftalmologista e bons hábitos
ajudam até a impedir que algumas delas apareçam. Em uma reportagem que fizemos
anteriormente, você saberá como cuidar bem dos olhos.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/por-que-22-bilhoes-de-pessoas-nao-enxergam-direito-no-mundo-segundo-oms/
- Por Chloé Pinheiro - Ilustração: Augusto Zambonatto/SAÚDE é Vital
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