Quando
estamos falando de corpo humano, na verdade, não existe regra que sirva para
todos e nem garantias que aquilo que dá certo para a maioria
Um dos grandes desafios de quem trabalha com
alimentação e exercícios físicos é lidar com a enxurrada de desinformação que
promete milagres e, por vezes, coloca a saúde das pessoas em risco. Então, bora
esclarecer alguns mitos e verdades que envolvem esse tema e que ainda despertam
dúvidas:
Qualquer pessoa pode usar suplementos alimentares:
MITO
Por não haver necessidade de receita médica para a
compra, o acesso aos diferentes produtos disponíveis no mercado é muito fácil.
Mas não é porque é possível comprar em qualquer loja e/ou farmácia, que o uso é
totalmente seguro. Pelo contrário, é essencial o acompanhamento de um médico ou
nutricionista capacitado, para que avaliar seu estado de saúde atual, indicar
as melhores e mais seguras marcas e orientar o uso adequado, para que você não
prejudique a sua saúde e também não gaste dinheiro à toa.
Por exemplo, sabemos que no mercado já existiram
produtos emagrecedores que continham efedrina, substância semelhante à
adrenalina e que causa muitos efeitos perigosos à saúde. Alguns produtos têm
adição de maltodextrina, para melhorar a solubilidade, e devem ser evitados por
pacientes diabéticos, por exemplo. Ou outros não têm comprovação científica do
benefício e são vendidos livremente, como os aminoácidos de cadeia ramificada
(os BCAAs), para aumentar massa muscular.
Basta me exercitar frequentemente para atingir os
resultados que eu quero: MITO
Não é tão simples assim. Quando estamos falando de
corpo humano, na verdade, não existe regra que sirva para todos e nem garantias
que aquilo que dá certo para a maioria, vai dar certo para você também. O corpo
humano não é uma máquina, e por mais que nós tenhamos uma alimentação
superequilibrada, pratiquemos atividades físicas bem orientadas e com
comprometimento, cuidemos do nosso sono e da nossa saúde mental, existe um
fator que é extremamente importante e sobre o qual nós não temos controle: a
genética.
Há uma grande variação na resposta ao treinamento
nas diferentes pessoas. O potencial de desenvolvimento de força, velocidade,
resistência, potência e agilidade são muito diferentes entre as pessoas, e
determinados geneticamente. Podemos, sim, melhorar, aumentar nossas capacidades
através de um treinamento bem prescrito, mas mesmo essa melhora tem um teto
limitante. Eu costumo dizer que nós não podemos fabricar um atleta vencedor,
eles já nascem prontos, nós apenas os descobrimos e desenvolvemos seu potencial.
Portanto, alinhe seus objetivos a sua realidade, olhe para seus pais e irmãos e
compreenda qual carga genética que você carrega para não ficar a vida inteira
em busca de um “corpo perfeito” que irá se desenvolver de forma natural.
Fazer exercícios na areia é muito mais desafiador do
que se exercitar na academia: VERDADE
O treino na areia é bastante intenso por conta do
terreno fofo e irregular. A areia exige muito mais esforço da musculatura (até
de camadas mais profundas dos músculos, que são estabilizadores das
articulações e da postura), e os treinos realmente têm mais benefícios se
comparados com a prática indoor: aumentam as habilidades como equilíbrio e
coordenação motora, exigem mais condicionamento cardiorrespiratório, produzem
mais endorfina e serotonina (hormônios que aumentam o bem-estar) e trazem uma
sensação deliciosa de liberdade.
Quanto menos eu comer, mais vou emagrecer: MITO
Nosso corpo precisa de um mínimo de calorias no dia
para manter suas funções adequadamente. Se nós consumirmos calorias
insuficientes para manter essas funções, o organismo entra em estado de alerta,
de risco à sobrevivência, e começa poupar os estoques de gordura e a estocar
ainda mais. Daí se dá aquele famoso emagrecimento falso, no qual perdemos peso
na balança, mas às custas de massa muscular, enquanto que toda a gordura
estocada ainda permanece lá.
Portanto, para que o emagrecimento seja saudável,
mantendo a massa muscular, e seja duradouro, nós não precisamos comer pouco,
precisamos comer certo. Além do que, nosso metabolismo diminui, gastamos menos
energia, ficamos mais cansadas e com menos disposição.
Beterraba ajuda a melhorar o desempenho em esportes
aeróbicos: VERDADE
A beterraba contém uma substância chamada nitrato, e
seu consumo está associado ao aumento da resistência nos exercícios de longa
duração. Após absorvido, o nitrato se transforma em óxido nítrico e ajuda os
vasos sanguíneos a dilatarem, aumentando o aporte de oxigênio e nutrientes para
a musculatura. Esse processo reduz o gasto de energia e melhora a retirada de
toxinas durante o exercício, melhorando a performance.
Shakes podem substituir a refeição: MITO
Mesmo que o produto se venda como "substituto
de refeição", hoje se sabe que nenhum suplemento consegue imitar a
sinergia entre os nutrientes que a natureza nos oferece, e por conta disso, os
nutrientes são muito melhor absorvidos e utilizados quando consumidos em sua
forma integral e natural. Além disso, a mastigação é fundamental para o
processo de saciedade, para a liberação hormonal envolvida na digestão e a
metabolização dos nutrientes e para a adequada resposta de controle de fome.
Portanto, trocar a refeição sólida por shakes não é
nem adequado, nem vantajoso. Nosso organismo é muito mais complexo do que
apenas a contagem de calorias para a perda de peso. Além do que, mesmo que você
consiga resultados satisfatórios (a seu ver) com o uso de suplementos,
lembre-se de que seus resultados só serão mantidos enquanto a estratégia seguir
firme. E é bem complicado viver o resto da vida trocando refeições por
suplementos, não é?
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/donna/fitness/noticia/2019/11/quanto-menos-eu-comer-mais-vou-emagrecer-veja-mitos-e-verdades-sobre-alimentacao-e-perda-de-peso-ck3efwebu00gm01o5zh18i6ar.html
- Raquel Lupion - Chinnapong / stock.adobe.com
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