Estudo aponta ao menos oito áreas que podem ser comprometidas pela infecção e que vão de sequelas cerebrais a dermatológicas
Alta hospitalar, um sopro de esperança para milhões
de brasileiros que conseguiram superar a covid-19 desde que a pandemia começou.
De acordo com o Ministério da Saúde, já são mais de 14 milhões de recuperados,
um número que reflete as altas taxas de contaminação pelo Sars-Cov-2 no país.
Mas o que vem depois que a doença vai embora? As sequelas deixadas pela covid-19
ainda estão sendo estudadas pela ciência e vão muito além das consequências
respiratórias e pulmonares, como fadiga e falta de ar.
Alguns estudos apontam que cerca de 80% dos
pacientes de covid-19 que se recuperam apresentam algum tipo de sintoma até
quatro meses depois da infecção. Para a nefrologista e professora de Clínica
Médica da Universidade Positivo (UP), Mariane Rigo Laverdi, uma das
características mais marcantes da doença é que suas sequelas não se limitam ao
sistema respiratório, mas atingem diversos sistemas. “A sequela pulmonar, que é
a mais conhecida, pode até ser a mais grave, mas não vem sozinha. O paciente
que teve covid sai do hospital muito debilitado, até mesmo desnutrido. Fadiga
intensa, fraqueza e perda de força muscular são comuns por ficar muito tempo em
repouso, o que impacta na redução da funcionalidade do paciente. Sem contar as
sequelas psicológicas, que são muito significativas”, explica.
A “tempestade inflamatória” causada pelo vírus
libera uma série de substâncias que atacam órgãos variados e dificulta a
recuperação. Uma revisão de literatura publicada pela revista Nature apontou
pelo menos oito áreas que podem ser comprometidas pela infecção e que vão de
sequelas cerebrais a dermatológicas. “O paciente sobreviveu ao covid não vai
estar de volta ao trabalho e à sua rotina prévia habitual tão logo saia do
hospital. Ele precisa recuperar sua funcionalidade e isso exige um esforço
multidisciplinar no pós-alta”, afirma Mariane.
Sequelas se espalham por várias partes do organismo
No Brasil, ainda não há estudos que detalhem os
sintomas mais comuns entre os “recuperados”, mas, de acordo com pesquisadores
de universidades da Suécia, Estados Unidos e México, os cinco sintomas de covid
prolongada mais recorrentes são a fadiga (58%), dor de cabeça (44%), problemas
para manter a atenção (27%), queda de cabelo (25%) e falta de ar (24%). Para
chegar a esses resultados, eles avaliaram estudos feitos sobre o tema com 48
mil pacientes.
Além das sequelas mais comuns, há quem desenvolva perda
de olfato e paladar que se prolonga por vários meses, dor no peito, tromboses,
arritmias, tontura, problemas de memória, embolia pulmonar, insuficiência
renal, AVC - e a lista continua. Depressão e ansiedade também fazem parte do
leque de possíveis sequelas. As consequências emocionais de pegar covid-19 são
extensas, como explica Mariane. “Muitas pessoas começam a ter uma nova visão
sobre valores de vida. Isso porque a covid tem uma mortalidade muito alta e os
pacientes passam por essa experiencia muito de perto, ao presenciarem outros
pacientes ao seu redor não sobreviverem, além do isolamento - principalmente de
seus entes queridos - durante o processo mais crítico da doença. Todos esses
fatores influenciam muito o lado psicológico do paciente”, avalia. Daí a
importância de estar atento não só às limitações físicas do paciente no
pós-alta, mas também ao apoio psicológico, afetivo e até psiquiátrico, quando
necessário.
Cada um dos sintomas apresentados deve ser relatado
aos médicos, que farão o encaminhamento para os tratamentos adequados ou para
outros especialistas, quando necessário. “São muitas sequelas, mas o principal
no tratamento de todas elas é permitir que o corpo se restabeleça. É importante
melhorar o aporte nutricional, iniciar imediatamente fisioterapia - tanto
respiratória quanto motora - e ficar atento às questões emocionais. Esses três
pilares precisam caminhar juntos para que o paciente recupere a funcionalidade
prévia ao internamento”, finaliza a médica.
Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/1811274/lista-de-sequelas-de-covid-19-aumenta-a-cada-dia
- © Getty Images - imagem ilustrativa
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