Diversão, estudo, esportes e... muitos problemas. A vida nessa idade é mais difícil do que parece, e nada melhor do que um passo a passo para ajudar esses jovens numa fase cheia de dúvidas e acontecimentos
Eles precisam estudar muito, mas também necessitam de momentos de lazer e distração. A alimentação não fica de fora, e, ainda que os jovens, entre 12 e 18 anos, sejam loucos por hambúrgueres, os legumes e as frutas devem fazer parte da dieta. Autoestima e busca pelo corpo ideal também são parte dessa etapa em que acontece a formação da identidade. Sendo assim, a VivaSaúde elaborou um guia para que você entenda as principais doenças que atingem os adolescentes, além de descobrir as atividades físicas e o cardápio mais indicados.
As doenças mais comuns
Dor de cabeça, cólica forte, tendinite, bulimia, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e gastrite. As dúvidas assolam pais e filhos, e é muito importante saber qual médico consultar em cada situação. Essas ameaças à saúde são frequentemente ignoradas por uma juventude que nem sempre dá a devida importância aos temas relacionados ao corpo e mente. Por isso, muitas vezes, cabe aos progenitores um auxílio redobrado.
Na hora de buscar acompanhamento, o pediatra é preparado para atender crianças e adolescentes. Porém, atualmente, o hebiatra e o endocrinologista pediátrico têm sido mais procurados. No caso das garotas, é comum o surgimento de problemas ginecológicos, como alterações no ciclo menstrual, corrimento ou dores na região pélvica. Além de uma possível gravidez indesejada e os transtornos alimentares. "Independentemente da especialidade, o médico deve ser sensível aos problemas que os jovens enfrentam e estar livre de preconceitos", diz Rita de Cássia Soares, da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Já os garotos apresentam mais problemas relacionados a doenças sexualmente transmissíveis ou uso de drogas. Ambos, entretanto, estão expostos a problemas psiquiátricos. "De maneira geral, os distúrbios mais comuns são os transtornos ansiosos e os depressivos. O transtorno de conduta e os relacionados ao uso de álcool ou entorpecentes ocorrem mais em meninos, enquanto que os alimentares são mais comuns entre as meninas", explica Andreas Stravogiannis, psiquiatra, especialista em infância e adolescência do Hospital 9 de Julho (SP).
Algumas características comuns na juventude, como a irresponsabilidade, a procura da identidade, a rebeldia e a insegurança psicológica são parte desse período crítico do desenvolvimento, tanto fisiológico quanto psicológico. É crucial, então, que aconteça um acompanhamento familiar paralelamente ao profissional. A presença e a compressão dos pais serão decisivas para a formação do caráter do adolescente.
Por dentro da cabeça deles
Para os pais, eles sempre serão os mais bonitos, especiais, os mais inteligentes. Esse excesso de autoestima e adoração pode ser bom durante a infância, quando o mimo faz parte da criação. Mais tarde, no entanto, os filhos se deparam com o mundo e com a competição. Eles nem sempre são os mais belos ou espertos. Problemas de aceitação e confiança passam a ser comuns e chega a hora de se conhecer melhor!
A influência do grupo também é grande, uma vez que o adolescente começa a estabelecer prioridades. De acordo com a psicóloga Cecília Zylberstajn, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), especialista em adolescentes, é importante que eles frequentem cursos extracurriculares, clubes e façam outras atividades. "Assim, serão bonitos em um grupo, engraçados no outro e conseguirão relativizar tais sentimentos. Descobrirão vários aspectos em si mesmos", comenta.
A adolescência é uma fase em que questões existenciais se impõem e a intensidade e o impacto que elas poderão acarretar dependerão de fatores diversos, "como a sua constituição emocional e o meio familiar e social no qual está inserido", garante Andreas Stravogiannis. As pessoas mais próximas poderão perceber mudanças comportamentais, e eventualmente solicitarão os cuidados de algum profissional.
E na hora de comer?
Época de provas na escola, cursinho ou tensão pré-vestibular. Nessa correria toda, como fica a alimentação? Geralmente, eles consomem as chamadas "calorias vazias", presentes em refrigerantes e bolachas, ou pulam refeições e perdem nutrientes signifi cativos para o desenvolvimento do cérebro, o que pode prejudicá-los.
Para evitar tal tipo de situação, é muito importante a supervisão da família. "Não se deve restringir nenhum alimento específico, mas conscientizá-lo sobre o que trará uma vida saudável ou não. Insistir na mudança dos costumes é um desafio possível para os adolescentes, pois ninguém os segura quando isso se torna uma meta de vida", afirma Rita de Cássia.
Bons hábitos alimentares garantem uma vida adulta mais proveitosa e previnem doenças como diabetes, obesidade, hipertensão e infarto. O consumo exagerado de fast food, frituras e doces deve ser evitado e substituído por sucos naturais, frutas, legumes e cereais. "Podem acontecer várias deficiências nutricionais, como o baixo depósito de cálcio nos ossos, com risco maior para osteoporose, e o intestino preso graças à falta de fibras e água na dieta", alerta Lenycia de Cassya Lopes Neri, nutricionista do Ambulatório do Instituto da Criança (HC/FMUSP). O aspecto da comida pode ajudar, e recomenda-se misturar frutas com iogurtes e cereais, ralar legumes no arroz ou fazer sucos que misturam hortaliças, frutas e legumes, adquirindo uma aparência colorida.
Outro fator que merece atenção é a alimentação na hora e no lugar errados. Devorar um pacote de salgadinhos enquanto assiste ao programa preferido não pode estar associado apenas a esse hábito. Os jovens estão mais sedentários e passam horas em frente à telinha ou ao computador, na maioria das vezes, acompanhados por lanchinhos. Tudo isso contribui para que o organismo não receba adequadamente o estímulo de saciedade e leve ao consumo de quantidades exageradas.
Quando vira um transtorno
Atualmente, vemos desfiles de moda, revistas que expõem curvas perfeitas e novelas que priorizam e cultuam a magreza. Num momento da vida em que se busca a formação da identidade e a aceitação do grupo, o corpo ideal torna-se uma das principais metas ou problemas numa geração composta por números alarmantes de anorexia e bulimia.
Os transtornos alimentares podem causar a morte e ocorrem, na maior parte das vezes, entre as garotas. Para evitar tais casos, Mônica Beyruti, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), recomenda que as instituições de ensino médio e fundamental desenvolvam atividades voltadas para a conscientização da percepção pessoal e social. "Uma das formas em que isso pode ser feito é mediante palestras e plantões de dúvidas, nos quais exista acesso a um 'miniatendimento' individual", completa a especialista.
Um dos contribuintes fundamentais para que os transtornos ganhem popularidade entre as meninas são os blogs. Vários deles, que são a favor da anorexia, cultuam imagens de pessoas excessivamente magras e ensinam a fazer jejum. Os poucos garotos que apresentam distúrbios alimentares têm uma maior prevalência de obesidade pré-mórbida em relação às garotas e passaram a ter o problema por não conseguirem mais conviver com críticas e apelidos relacionados ao excesso de peso.
A mídia e a internet estimulam esse tipo de manifestação, que poderia nem aparecer caso não divulgassem tantas informações ou estipulassem padrões de beleza. "Algumas meninas se inspiram nesses blogs e se tornam anoréxicas purgativas, aquelas que ingerem e vomitam, um grau ainda mais preocupante do distúrbio", alerta Cristiano Nabuco, coordenador da equipe de psicoterapia do ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares e do Grupo de Dependência de Internet, ambos do Instituto de Psiquiatria da FMUSP.
É preciso se exercitar
Correr, dançar, pular. Entre o lúdico e o real, desde criança as brincadeiras e exercícios físicos são parte do desenvolvimento do ser humano. As pessoas precisam dessas atividades para seu bem-estar, e, ainda que tenha início na infância, apenas na adolescência é que as habilidades aparecem e os movimentos se tornam mais elaborados. Nessa fase, a escolha de uma atividade ou de um esporte é essencial para um melhor convívio social e uma vida saudável.
O exercício deve ser feito de maneira adequada, com acompanhamento e avaliação médica. "A manutenção da atividade é válida porque estimula o metabolismo e faz com que o adolescente tenha condições de crescer o máximo que pode", aconselha Arnaldo José Hernandez, chefe do Grupo de Medicina do Esporte e Cirurgia do Joelho, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas (SP), e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME).
Além disso, outro benefício é o controle da obesidade, doença que afeta cada vez mais pessoas jovens e é agravada pelo gasto excessivo de tempo em frente à televisão ou ao videogame, fator que influencia o consumo de alimentos gordurosos e vazios de nutrientes. Se for elaborado um programa de exercícios associado a um acompanhamento nutricional, o domínio do peso será mais eficaz. Um adulto que não foi obeso na adolescência terá mais facilidade para emagrecer.
O coração e os ossos também saem ganhando com tudo isso, já que ocorre uma melhora na frequência cardíaca e na função do miocárdio e do colesterol, além de o sistema ósseo passar a incorporar mais minerais, como o cálcio. "Se a mulher mantiver atividades físicas nesse período, fará uma espécie de poupança de osso, que poderá ser utilizada na vida adulta e após a menopausa, quando a possibilidade de surgir osteoporose aumenta", recomenda Hernandez.
Lembre-se sempre que exercício físico é igual à saúde, relaxamento físico e psíquico. "Além de trazer disposição diária e melhorar muito a postura", acrescenta a pediatra Rita de Cássia. Então, incentive o adolescente a deixar a preguiça para trás, escolher o quanto antes a atividade que mais lhe agrada e, acima de tudo, praticar com prazer e regularidade!
OS PERIGOS PARA A SAÚDE DELES
Conheça agora quais são as principais doenças que atingem os adolescentes. E, o melhor, saiba como prevení-las!
● Alterações menstruais: Acompanhamento de um ginecologista desde a menarca e frequência de exames.
● Corrimento: Evitar o uso de protetor diário de calcinha, já que ele inibe a respiração da região, e não usar calças muito apertadas, principalmente em dias de calor.
● Doenças sexualmente transmissíveis: Uso de preservativo e acompanhamento ginecológico constante.
● Distúrbios psiquiátricos: Bom convívio familiar e social, com atividades variadas além da escola. Recomenda-se que os pais estejam sempre abertos a diálogos e explicações.
● Obesidade: Dieta equilibrada, acompanhamento nutricional e prática de exercícios físicos são atitudes recomendadas.
● Transtornos alimentares: Alimentação saudável, atenção dos pais em relação ao que os filhos consomem e boa compreensão do jovem sobre o seu corpo, para que não se deixe influenciar por sites e programas de televisão.
● Alcoolismo: No caso de fator genético, indica-se um acompanhamento médico. Se não houver casos na ascendência, é importante que ocorram esclarecimentos contínuos dentro de casa a respeito dos males que a bebida pode proporcionar.
Fonte: Revista Viva Saúde - por Fernanda Emmerik