Sim, ela rouba horas de sono, prejudica relações afetivas e mina o desempenho
profissional. Mas é possível retomar o controle da própria vida aprendendo a
gerenciá-la
A dor não é uma ilustre desconhecida para a maioria
das pessoas. Apesar da falta de dados estatísticos no Brasil, um estudo
do John Hopkins Medical School, nos Estados Unidos, apontou que 31% das
pessoas do país conviviam com algum tipo de dor. Se a proporção por aqui for
semelhante, teríamos uma legião de 59 milhões de pessoas com o problema.
"A dor é prevalente em mulheres de meia-idade, contudo,
em alguns estudos sobre o tema, essa proporção é igual à de homens. A
prevalência da dor crônica também aumenta com o aumento da idade: entre 45 e 65
anos nas mulheres e 65 a
69 anos nos homens", aponta Durval Campos Kraychete, anestesiologista e
vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).
Há também indícios de que sexo feminino apresenta uma maior
sensibilidade à dor. As razões, entretanto, são inconclusivas. "Ainda Não
sabemos ao certo se estas diferenças realmente existem e, se existem, qual
fator é predominante: diferenças na geração da resposta dolorosa (fator do tipo
biológico) ou no enfrentamento da dor (fator do tipo psicológico e
social)", completa a especialistaMonica Levy Andersen, biomédica da SBED.
Dor aguda X dor crônica
É considerada aguda a dor que dura aproximadamente três meses.
"Geralmente, ela se relaciona à inflamação dos tecidos e cessa com a
cicatrização dos mesmos. É o que acontece em traumatismos ou cirurgias",
diz José Tadeu Tesseroli de Siqueira, cirurgião- dentista e presidente da SBED.
Entretanto, ao persistir após a cicatrização, a dor perde
sua função de "alerta" e torna- se uma doença. "Entre os fatores
de risco para cronificação da dor estão a dor pré, trans ou pós-operatória não
controlada, histórico de dor crônica e genética. Portanto, os dois primeiros
fatores podem ser perfeitamente controláveis se a queixa do paciente for
considerada", complementa.
A dor crônica produz uma série de modificações
neurofisiológicas e funcionais, alterando o sono, o apetite, as relações
sociais e a qualidade de vida. "Isso torna o tratamento o difícil para um
único especialista, motivo pelo qual deve ser tratada por uma equipe
multidisciplinar. Dessa forma, é possível formular planos diagnósticos e
terapêuticos individualizados", defende Irimar de Paula Posso,
anestesiologista da SBED.
Sequelas de dores
Muitos progressos médicos foram realizados no combate à dor nos últimos anos,
impulsionados principalmente pelo aumento da expectativa de vida da população.
Se um adulto brasileiro vivia em média 38,5 anos em 1940, hoje a média é de
73,5 anos. Some a isso o aumento da sobrevivência nos tratamentos contra o
câncer, em acidentes automobilísticos e até em guerras. Em todas
essas situações, há um maior indício de sequelas de dores crônicas entre os
sobreviventes. A seguir, trazemos um plano de gerenciamento da dor para as
cinco áreas que os leitores da VivaSaúde declaram ser as mais comuns:
costas, cabeça, ombro, joelho e quadris. Muitas das nossas sugestões podem ser
utilizadas tanto em dores crônicas quanto em agudas, além de serem aplicáveis
em mais de uma região do corpo. Confira!
CAMINHE COM A SBED
Para conscientizar a população de que é possível viver sem dor com tratamentos
adequados, a SBED promove todas as quintas-feiras e sábados uma caminhada no
Parque Ibirapuera,
em São
Paulo. www.pareador.com.br
DOR NAS COSTAS
Dor aguda:
O tipo mais comum é a lombalgia aguda - aquela pontada que
aparece no final das costas. Sua origem geralmente é músculo- -esquelética,
desencadeada por tensão e má-postura. Nesse caso, o tratamento envolve
anti-inflamatórios, RPG e repouso para que a vilã vá embora em alguns dias. Há
ainda dores provocadas por desvio na coluna (como cifose e lordose) e pelo
deslocamento nos discos de cartilagem que separam as vértebras (hérnia de
disco), cujo tratamento pode envolver cirurgia.
Dor crônica:
Se não administrada a tempo, a dor aguda pode cronificar. Isso significa que os
sinais de dor se tornam independentes no Sistema Nervoso Central, gerando uma
espécie de memória. Por exemplo, alguns pacientes submetidos a cirurgia na
coluna podem apresentar dor crônica após o período de recuperação. Ela pode
ainda ser causada pela degeneração das articulações por desgaste (artrose) ou
de origem autoimune (artrite reumatoide), fibromialgia (síndrome autoimune
caracterizada por dores difusas), ser sequela de câncer ou não ter causa
específica.
Tratamentos
"O tratamento da dor crônica envolve a combinação de fármacos, como
opoides, analgésicos anti-inflamatórios e antidepressivos", explica
Cláudio Correa, coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do
Hospital Nove de Julho. Apesar de causar estranheza, os antidepressivos são uma
poderosa arma contra a dor, uma vez que melhoram a qualidade do sono e a
disposição dos pacientes. "Na fibromialgia, por exemplo,
anti-inflamatórios não são eficientes, já que não há inflamação", destaca
Eduardo Paiva, reumatologista da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Gerenciando a dor em casa
EXERCITE-SE: ALONGAMENTO PARAVERTEBRAL DORSAL
"Deitado de barriga para cima, dobre as duas pernas e abrace os joelhos
contra o peito. Permaneça nesta posição por 20 segundos, repetindo três vezes
ao longo do dia", indica Luis Carlos Onoda Tomikawa, fisiatra do Centro de
Dor do Hospital Nove de Julho (SP).
TÉCNICAS DE RESPIRAÇÃO
Respirar profundamente pelo nariz e espirar pela boca oferta oxigênio para os
tecidos, diminui a ansiedade e pode ajudar a amenizar o impacto da dor.
"Oxigênio é necessário na maioria das reações químicas corporais",
diz o anestesiologista Durval Campos.
COMA MAIS BANANA
A serotonina é um neurotransmissor vinculado à sensação de bem-estar.
"Quando ele se encontra baixo, há um aumento da sensibilidade à dor. Ele
também é fundamental para saúde do sono, o que ajuda no tratamento",
destaca Mariana Froes, nutricionista do Centro Multidisplinar da Dor (RJ). Alimentos
como banana, amêndoas e nozes possuem triptofano, aminoácido precursor da
serotonina. Um estudo filipino, aliás, mostrou que a banana consegue equilibrar
as taxas desse neutrotransmissor. "Há uma queda da serotonina no final da
tarde, momento em que esses alimentos são importantes", acrescenta. A
dica, claro, vale para dores em qualquer região.
No consultório
TÉCNICA DE ALEXANDER
Em um estudo das universidades de Bristol e Southampton, publicado na revista
científica British Medical Journal, 463 pacientes que sofriam de dores crônicas
nas costas foram submetidos a diversos tratamentos. Ao final, aqueles que
haviam passado por sessões da Técnica de Alexander - aulas posturais que
melhoram a relação entre a cabeça e a coluna - apresentaram redução nas crises.
"Geralmente se faz de uma a duas aulas por semana, com duração de 45
minutos cada", orienta Ana Thomaz, professora formada pelo Alexander
Technique Studio em Londres.
QUIROPRAXIA
O quiropraxista manipula vértebras e articulações com as mãos para prevenir e
tratar alterações na coluna. "A quiropraxia devolve a mobilidade da
articulação, diminui a pressão sobre ela e automaticamente a dor, a inflamação
e a tensão dos músculos adjacentes", ensina Ana Paula Facchinato,
coordenadora do curso da Universidade Anhembi Morumbi (SP). São necessárias de
uma a duas sessões por semana até a melhora dos sintomas. Dependendo da
evolução do quadro, as consultas ficam mais espaçadas, podendo ser a cada três
meses.
HIDRODISCECTOMIA
Procedimento é minimamente invasivo, realizado sem anestesia e que não provoca
lesões. Visa evitar que a dor provocada pela hérnia de disco vire crônica.
"Um jato de soro fisiológico sob pressão permite aspirar um disco
degenerado e limpá-lo de substâncias nociceptivas, uma das razões da dor",
resume Eduardo Barreto, presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Rio de
Janeiro (SNC-RJ). [Vale para dor aguda]
O QUE NÃO FAZER
- Evite dobrar a coluna ao pegar algum objeto no chão. O correto é flexionar
apenas os joelhos. Permanecer horas initerruptas sentado à frente do computador
está vetado. "Isso alonga em excesso os tecidos posteriores, empurrando o
disco intervertebral para trás", argumenta Eduardo Barreto, presidente da
Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro (RJ).
- "Uma dieta rica em fritura, carboidratos refinados,
doces e alimentos processados pode aumentar a inflamação do organismo, podendo
piorar o quadro de uma pessoa que já tem dor", lembra Mariana.
- Evite saltos acima de 5 cm. Eles promovem o encurtamento do músculo
posterior da perna e acentuam a lordose.
- Evite carregar peso equivalente a 10% do corpo.
DOR DE CABEÇA
Dor aguda:
Se a dor de cabeça é difusa, leve e dá as caras esporadicamente, não é preciso
grandes preocupações. Em linhas gerais, esses sintomas são provocados por
tensão, má postura ou sono irregular. A melhor forma de tratar o problema é com
repouso, bolsa de gelo e analgésicos comuns, desde que não usados
frequentemente. Seu uso abusivo provoca dependência do organismo e pode levar a
um quadro de dor crônica. Além disso, é preciso mudar os hábitos de vida para
que a dor não volte. Já quando a dor de cabeça é intensa e aparece de repente,
é necessário correr para o médico. "A cefaleia súbita - ou a pior dor de
cabeça da vida do paciente - é sinal de alerta para patologias neurológicas
graves, como acidente vascular cerebral hemorrágico. Nesses casos, deve-se
procurar um serviço de emergência o mais rápido possível", adverte Marcelo
Queiroz, chefe da equipe do Ambulatório de Dor do Hospital São Camilo (SP).
Dor crônica:
Mas há também as dores crônicas, que são aquelas recorrentes. A própria
cefaleia tensional é considerada crônica quando aparece pelo menos 15 dias no
mês. Já a enxaqueca é uma dor latejante que vem acompanhada de enjoos e
intolerância a ruídos e luz. A cefaleia menstrual é provocada pela queda do
hormônio estrógeno durante a menstruação. Completam o quadro a cefaleia em
salvas - dor na região ocular desencadeada por café, cigarro ou alimentos
estimulantes - e a cefaleia da coluna, provocada por tensão cervical ou hérnia
de disco.
Tratamentos
Na dor crônica, o primeiro passo é abandonar o uso de analgésicos para que o
cérebro possa se recuperar. "Medicações preventivas devem ser usadas
diariamente. Elas não eliminam completamente a cefaleia, mas reduz as dores e a
intensidade das crises, tornando-as controláveis", diferencia Marcelo
Queiroz. Para o alívio das crises podem ser prescritos anti-inflamatórios e
medicamentos da classe dos triptanos.
Gerenciando o problema em casa
DURMA BEM
Relaxar ajuda a controlar a dor, sendo assim, evite pensamentos excessivos ou
preocupações nos momentos antes de dormir.
NÃO SE COBRE
"É comum pacientes com enxaqueca terem este padrão", confessa o
médico. Aprender a lidar com as sobrecargas do dia a dia, tanto externas quanto
internas, reduz essa autocobrança.
CAMINHE
Uma pesquisa daUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostrou que
sedentários têm 43% mais chances de ter enxaqueca. "O ideal são exercícios
físicos regulares, aeróbicos, com alongamentos e sem sobrecarregar a
musculatura do pescoço", sugere Marcelo Queiroz. Caminhada e hidroterapia
são boas pedidas. "A frequência semanal deve ser no mínimo três vezes, com
intervalos de 48 horas", orienta Patrick Stump, fisiatra da SBED.
COMA MAIS AVEIA
O magnésio pode ser benéfico porque participa da síntese da serotonina e
funciona como relaxante muscular. A recomendação diária do nutriente é de
aproximadamente 300 mg por dia. Os alimentos campeões em magnésio são a aveia
(200 mg para cada 100 g),
a amêndoa (270 mg para cada 100g) e a semente de girassol (360 mg para 100 g).
No consultório
BOTOX
A aplicação de toxina se mostrou eficaz na prevenção de dores de cabeça em quem
sofre de enxaqueca crônica. "Ela diminui a sensibilização periférica
craniana, que reduz a sensibilização central (cerebral) e, assim, a dor",
descreve Leandro Calia, neurologista e professor da Universidade Santo Amaro
(Unisa). Entretanto, são necessárias aplicações periódicas. "Normalmente,
o efeito começa a declinar entre três e quatro meses", completa Ailton
Melo, neurologista da Universidade Federal da Bahia (UFBA). [Vale para dor
crônica]
MINDFULNESS
É uma técnica de meditação budista que foi aperfeiçoada pela psicologia e visa
aumentar a atenção. Uma recente revisão da literatura realizada pela
pesquisadora Keren Reiner, da Ben Gurion University of the Negev, em Israel,
apontou que a mindfulness ajuda a controlar a dor. "Embora possa haver
mecanismos psicológicos envolvidos, tais como a redução da ansiedade, há também
alterações fisiológicas. Nossa hipótese é que a prática leva a mudanças físicas
que reduzem a sensação de dor", explica Keren. Entretanto, a técnica é
menos eficiente em idosos.
"Possivelmente devido a doenças psíquicas ou uma
redução na capacidade para cumprir com as intervenções", exemplifica
Jonathan Greenberg, da mesma universidade. A mindfulness pode ser utilizada em
dores que afetam diversos membros do corpo.
O QUE NÃO FAZER
- Certos alimentos estão associados às crises de cefaleia, como café,
chocolate, frutas cítricas, nozes, alimentos muito gelados, gordurosos,
condimentados ou ricos em glutamato monossódico. Essa substância se encontra em
salgadinhos, molhos prontos e adoçantes.
- Evite expor-se ao sol.
- Fique longe de perfumes com aromas fortes ou ambientes
recém pintados.
- Evite bebidas alcoólicas.
DOR NO OMBRO
Dor aguda:
"A dor aguda ocorre geralmente após uma lesão, como uma queda. O paciente
pode lembrar o momento exato do início e ela dura algumas semanas. Já a dor
crônica tem um início atraumático e piora progressivamente", sintetiza
Fabio Ravaglia, ortopedista e presidente da ONG Instituto Ortopedia & Saúde
(SP).
Dor crônica:
É mais comum do que a dor a dor aguda. Problemas no manguito rotador - conjunto
de músculos e tendões que estabilizam o ombro - são as principais causas. A
patologia pode ser fruto de inflamação, bursite, tendinite, invasão do nervo
supraescapular, entre outros. "A pessoa com essa lesão sente dor quando o
braço é levantado ou estendido para a lateral do corpo. Movimentos como aqueles
que fazemos para vestir uma blusa ou camiseta também podem ser dolorosos",
completa Fábio.
Há ainda o ombro congelado, apelido para a capsulite
adesiva. Como o próprio nome indica, o movimento do ombro se torna restrito.
"É causada frequentemente por uma lesão. Devido à dor, a pessoa fica
impedida de fazer uso do ombro. Mas a progressão de doenças reumáticas,
diabetes e cirurgia no ombro também podem causar ombro congelado", lista o
médico. Completam a lista a artrose a artrite reumatoide. "Elas provocam
tanto a dor quanto o inchaço na articulação", diferencia.
Tratamentos
Além do uso de anti-inflamatórios e analgésicos, é indicado recorrer à fórmula
RICE para dores agudas. A sigla em inglês significa descanso, imobilização,
gelo e elevação (tipoia). "Para as dores crônicas recomenda-se medicação
analgésica e anti-inflamatória, antiartrítica, fisioterapia, acupuntura e em
alguns casos mais avançados, a cirurgia", informa.
Gerenciando a dor em casa
EXERCITE-SE
Um exercício simples para fortalecer a musculatura do ombro
pode ser feito com uma toalha, ao sair do banho. "Segure as pontas da
toalha, uma em cada mão, para esticá-la. Passe a toalha nas costas, variando as
posições dos braços até enxugar todas as partes das costas", ensina Fábio.
[Vale para dor crônica]
DE OLHO NA POSTURA
A postura influencia pouco nas causas de dores no ombro, mas mesmo assim
merecem atenção. "Entre elas, estão os movimentos repetitivos nas tarefas
do trabalho ou na prática esportiva. Sustentar um peso no alto pelo braço pode
levar a problema no manguito rotador", exemplifica o médico. Evite, ainda,
carregar bolsas pesadas diariamente.
COMA MAIS PEIXES
A ingestão de ômega 3 proporciona melhoras no caso da artrite reumatoide.
Preconiza-se a ingestão de aproximadamente 11 gramas do nutriente
por semana. Isso equivaleria a 1 porção de sardinha a cada dois dia, combinada
a 1 colher (sopa) rasa de linhaça diária e um punhado (20 g) de nozes por semana.
No consultório
CRIOTERAPIA
Estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com pacientes idosos que
conviviam com dor no ombro apontam a eficiência da crioterapia nas sessões de
fisioterapia. A técnica consiste no resfriamento do ombro com gelo ou géis. O
procedimento foi combinado com sessões de estimulação elétrica e alongamentos
diversos. "O gelo alivia a dor da inflamação e influencia na
vasoldilatação", esclarece Marco Antonio Ambrosio, ortopedista do Hospital
Samaritano, de São Paulo (SP).
REFORÇO MUSCULAR
Há vários exercícios que podem ser feitos com pesos, elásticos e bastões ou em barra. Mas o uso de
equipamentos precisa ser acompanhado por um fisioterapeuta.
O QUE NÃO FAZER
- Não controlar a glicemia: aproximadamente metade dos casos de ombro
congelado (capsulite adesiva) ocorre em pacientes diabéticos.
- Evite fazer atividades com o braço levantado, como
trocar cortinas ou lâmpadas.
- O mesmo vale para esportes como tênis, basquete e
vôlei.
- Na hora de dormir, repousar a cabeça sobre os braços
dobrados comprime tendões musculares e pode levar à dor.
DOR NOS JOELHOS
Dor aguda:
O joelho é uma região do corpo bastante vulnerável às dores. Entre os problemas
mais comuns na região estão a inflamação da bursa - bolsa de líquidos que
facilita o atrito entre tendões e ossos - ou dos próprios tendões. Ambas podem
cronificar. Outra dorzinha chata ocorre quando músculos e ligamentos que
sustentam a patela do joelho sofrem alguma alteração, provocando problemas na
cartilagem, que também pode vir a ser recorrente. "Há ainda esportes que
podem provocar lesões nos meniscos e ligamentos. Estas lesões são mais
incapacitantes e normalmente exigem tratamento cirúrgico", acrescenta.
Dor crônica:
A artrite reumatoide a a artrose também podem atingir os joelho. Há ainda a
artrose secundária, que acontece após alguma lesão que alterou a função normal
do joelho.
Tratamentos
A dor crônica pode exigir opiodes e analgésicos e antidepressivos. Se houver
inflamação, otratamento inclui medicação anti-inflamatória, gelo ou calor
local, fisioterapia e suspensão temporária de exercícios físicos", comenta
Daniel Barros Pereira, ortopedista da Orthomed Center, de Uberlândia (MG). Nem
todos os problemas no joelho podem ser prevenidos, entretanto, algumas dicas
podem ajudar a evitar acidentes e blindar as cartilagens. "Como controle
de peso corporal, exercícios físicos frequentes e moderados e avaliação médica
regular", lista o médico.
Gerenciando o problema em casa
EXERCÍCIO: AGACHAMENTO PARA FORTALECER MUSCULATURA DO
QUADRÍCEPS
Em pé e com as costas retas, coloque o pé direito no centro e mantenha perna
semiflexionada. A perna esquerda fica estendida na parte de atrás. Agache até
os joelhos formarem um ângulo de 90 graus. Levante e repita o movimento. Faça
duas séries de 10 exercícios para cada lado.
ENCONTRE UM HOBBIE
Ler, ouvir música ou descobrir qualquer outro passatempo ajuda a
"enganar" o cérebro e diminui a dor percebida. "O cérebro é o
nosso órgão principal no processamento das dores físicas. Isso pode ser uma
agravante ou um forte aliado", reflete Alexandre Annes Henriques, psiquiatra
e diretor científico da SBED. "Situações de distração costumam ser
agradáveis, e podem liberar substâncias que propiciam um estado de relaxamento.
Esses 'opioides' não necessitam de receita médica e podem reduzir a quantidade
de sinais de dor na medula espinhal", defende.
COMA MAIS ALIMENTOS RICOS EM VITAMINA C
Alimentos com potencial anti-inflamatório podem ajudar em
situações de inflamações crônicas, amenizando a dor. "Os antioxidantes
estão presentes em muitos alimentos ricos em vitamina C - como caju,
acerola e goiaba - e nos flavonoides do chá verde, açaí e morango", lembra
a nutricionista Mariana Froes. A acerola, aliás, é uma campeã em vitamina C: cada 100 gramas da fruta
contém 1,6g do nutriente. O valor está além da ingestão mínima preconizada do
nutriente, que é de 75g para mulheres e 90mg para homens.
No consultório
ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA (TENS)
O estímulo elétrico realizado em sessões de fisioterapia reduz a dor e melhora
a funcionalidade do joelho em casos de osteoartrose, segundo pesquisa da USP.
"Se a dor for aguda, tendo em vista um processo inflamatório, podemos
utilizar a crioterapia (gelo) ou a eletroterapia", completa CarmenIlca de
Almeida Vianna, fisioterapeuta de São Paulo (SP).
PSICOTERAPIA EM GRUPO
Um estudo com portadores de dores crônicas dos psicólogos Daiane Soares Silva,
Luc Vandenbergh e Eliana Porto Rocha, de Goiânia (GO) mostrou benefícios da
terapia em grupo no enfrentamento da dor. "A dor é um sofrimento
individual e solitário. Os pacientes se sentem desamparados e tendem a se
excluir com o tempo. Isso é um estressor que gera mais dor", explica
Daiane. A psicoterapia ainda ajuda a superar o medo da dor e como influenciá-la
indiretamente. "Por exemplo, mudando a maneira de lidar com o estresse
cotidiano e modificando aspectos de seus relacionamentos que causam estresse
desnecessário", indica Luc.
O QUE NÃO FAZER
- "Andar com mochilas pesadas ou qualquer outro tipo de sobrecarga é
contraindicado. "Os joelhos e o quadril são como um caminhão de carga:
quanto mais tempo,menos quilometragem o amortecedor aguenta", brinca o
fisiatra Patrick Stump.
- Não suba escadas altas.
- Evite andar de bicicleta. Em linhas gerais, a
modalidade esta liberada para quem tem lesão na tíbia e no fêmur, mas é
contraindicada para lesões na parte de trás da rótula. "Nos casos
indicados, a altura do celim deve estar correta", lembra o médico.
- Aparelhos como o legpress (exercícios de
força para pernas) da academia também estão vetados.
DOR NOS QUADRIS
Dor aguda:
Lesões são a principal causa de dor aguda nos quadris. "Em atletas, é
comum o chamado 'impacto do quadril', situação em que o osso do fêmur colide
contra o osso da bacia. Dores por sobrecarga e inflamações nos tendões também
são frequentes", ilustra Christiano Saliba Uliana, ortopedista
especialista em quadril do Hospital VITA Batel (PR). Ambas podem cronificar.
Dor crônica:
As dores crônicas nos quadris são geralmente provocadas por fibromialgia,
artrite reumatóide ou artrose. "Essa última provoca uma reação inflamatória
na articulação, que é a responsável pela dor. A localização característica é na
região da virilha", ensina o ortopedista. Mas não só. É comum, ainda, a
necrose da cabeça do fêmur. Esse tipo de degeneração é provocado pela falta de
sangue na região. "A causa pode ser o uso de medicamentos corticoides e
pelo alcoolismo", explica o ortopedista Marco Antônio Ambrósio. Há ainda o
fantasma da osteoporose, na qual ocorre perda do mineral cálcio e diminuição da
densidade óssea. A doença deixa os ossos mais vulneráveis às fraturas e,
consequentemente, à dor.
Tratamentos
Quando um trauma leva à dor aguda nos quadris, o melhor remédio é a já
conhecida combinação de repouso, analgésicos, anti-inflamatórios e aplicação de
gelo. Em alguns casos, é necessário encaminhar o paciente para a cirurgia.
Outros métodos eficientes são o ultrassom terapêutico e a estimulação por ondas
de choque. Já a dor crônica pode envolver anti-inflamatórios, analgésicos e
antidepressivos, dependendo da causa.
Gerenciando a dor em casa
TAI CHI CHUAN
A arte marcial, caracterizada por movimentos serenos pode aliviar sintomas de
fibromialgia, conforme apontou um estudo da Tufts University School of
Medicine, dos Estados Unidos. Os pacientes que se exercitaram duas vezes por
semana, durante três meses obtiveram melhora do dor, humor e sono. Os
benefícios se mantiveram por um semestre ao fim do estudo.
EXERCITE-SE
Deite-se com as costas apoiadas. Mantenha uma das pernas flexionadas e a outra
esticada. Eleve a perna esticada e mantenha nesta posição por 20 segundos.
Repita o movimento 10 vezes para cada membro.
CONSUMA MAIS LEITE E DERIVADOS
Para previnir a osteoporose, é recomendada a ingestão de aproximadamente 1200
mg de cálcio, o que equivaleria a 4 copos de leite ou de iogurte por dia. Para
completar, também é necessária aumentar a síntese de vitamina D, qe ajuda a
fixar o mineral no osso. Para isso, basta se expor durante 15 minutos ao sol da
manhã ou do final da tarde.
No consultório
HIDROTERAPIA
Pesquisa do Centro Universitário de Araraquara (Uniara) com jovens com atrite
reumatoide mostrou que a hidroterapia com foco nos membros inferiores aumentou
a amplitude dos movimentos do quadril e amenizou a dor na região. O tratamento
consistiu em duas sessões semanais de uma hora, totalizando 10 sessões.
ACUPUNTURA
Segundo a medicina chinesa, a técnica equilibra a circulação das energias
corpóreas que estariam em "conflito". "À luz da medicina
ocidental, a acupuntura libera neurotransmissores responsáveis pela analgesia e
melhora da ansiedade", traduz o fisiatra Patrick Stump. Pode ser utilizado
em todos os tipos de dores crônicas.
O QUE NÃO FAZER
- Ficar parado. O lema é se exercitar mais, mas sem sobrecarga.
- Passe longe de escadas com degraus altos.
- Exercícios de impacto, como a corrida, também são
contraindicados.
- Na academia, evite máquinas como leg press e mesa
romana não devem ser usadas.