As taxas da pressão arterial consideradas saudáveis
ficaram mais rígidas. Mas há remédios contra a hipertensão e causas do problema
que você pode evitar
Não há doença mais democrática que hipertensão. Em
meio a 1 bilhão de vítimas pelo planeta, ela não distingue cor, sexo, religião
ou classe social. “A pressão alta está entre as principais culpadas por
infarto, acidente vascular cerebral, entre outros males”, afirma o
cardiologista Marcus Malachias, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas
Gerais. Ou seja, financia as primeiras causas de morte no Brasil e em boa parte
do mundo.
Fatos tão preocupantes cobram uma medida enérgica. E
foi o que fizeram a Associação Americana do Coração e o Colégio Americano de
Cardiologia ao atualizar as recomendações de diagnóstico e tratamento da
pressão alta. Antes, o sujeito era hipertenso se o aparelhinho mostrasse
números acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (mmHg). Agora, 130 por 80 (o
popular 13 por 8) já é doença, e situações que variam de 120 a 129 por 80 –
antes normais – acionam o sinal amarelo.
“Essa foi a maior ação de prevenção cardiovascular
realizada pelo bem da humanidade”, diz o cardiologista Flavio Fuchs, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mais abaixo, você confere as novas
taxas em detalhes.
Debates à parte – alguns médicos acham os novos
limites muito radicais -, a questão é que flagrar (e controlar) o problema mais
cedo faz diferença. Com mudanças no estilo de vida, é possível domar uma
pressão mais elevada a ponto de impedir ou postergar sua conversão para a
hipertensão – e sem apelar a remédios.
Ajustes na dieta e exercícios derrubam até 20 mmHg.
Parece pouco? “A cada redução de 2 mmHg, o risco de um AVC cai em 10%”, calcula
o cardiologista Luiz Bortolotto, diretor da Sociedade Brasileira de Hipertensão
(SBH).
Como saber se eu tenho pressão alta
Veja como eram e como ficaram as recomendações
americanas para pressão arterial. A última diretriz brasileira já apontava a
mesma tendência
Como ficou nos EUA
Normal – abaixo de 120 por 80
Pré-hipertensão / pressão elevada* – de 120 a 129
por 80 (antes era de 120 por 80 a 139 por 89)
Hipertensão – acima 130 por 80 (antes era acima de
140 por 90)
Como é no Brasil
Normal – abaixo de 120 por 80
Pré-hipertensão / pressão elevada* – de 121 por 81 a
139 por 89
Hipertensão – acima de 140 por 90
*não existe mais o termo “pré-hipertensão” por aqui
Os remédios que combatem a pressão alta
Por mais que as mudanças de estilo de vida sejam
vitais, muitos casos não conseguem escapar dos medicamentos. E não enxergue
essa necessidade como sinal de fracasso.
Eles são prescritos quando a pressão está acima dos
140 por 90 mmHg, ou se o risco cardíaco é elevado (se o paciente é mais velho,
fuma, tem colesterol alto ou diabetes…) ou ainda se as medidas de alimentação,
atividade física e manejo do estresse não trouxeram os resultados esperados
após alguns meses de tentativas. Hoje, 60% dos hipertensos tomam dois ou mais
remédios.
Todas as classes farmacológicas são bastante seguras
e efetivas. “Nós escolhemos o tipo de remédio a ser usado de acordo com as
particularidades de cada um”, explica o cardiologista Heno Lopes, do Instituto
do Coração e da Universidade Nove de Julho, ambos na capital paulista. O
tratamento é contínuo e exige a adesão do paciente: não dá pra se esquecer ou
desistir de tomar os comprimidos.
Existem até aplicativos de celular com lembretes da
hora de usar a medicação. “O controle é a cura da hipertensão”, reflete o
cardiologista Marcelo Sampaio, da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Diuréticos (clortalidona, metolazona…): retiram o
excesso de sódio que está impregnado no organismo. Esse conteúdo é descartado
no xixi.
IECA (captopril, enalapril…): bloqueiam a fabricação
da angiotensina, um hormônio produzido nas glândulas suprarrenais (na parte de
cima dos rins) que contrai os vasos sanguíneos.
BRA (losartana, valsartana…): também atuam na
angiotensina. A diferença é que essas drogas impedem que a substância se ligue
a receptores nas células.
BCC (amlodipina, felodipina…): regulam a ação do
cálcio, mineral que participa ativamente dos movimentos de contração e
dilatação das artérias.
Betabloqueadores (atenolol, nebivolol…): inibem o
aperto dos vasos por onde o sangue transita. Porém, são utilizados somente em
casos mais específicos.
Coquetel para baixar a pressão
E quando os fármacos não dão conta do recado? O
quadro, conhecido por hipertensão resistente, acontece ao não se chegar nos 140
por 90 mmHg nem com três remédios combinados e todas as reformas no estilo de
vida. “Nesse contexto, podemos lançar mão de uma quarta e até uma quinta
medicação para fugir das complicações”, conta Luiz Bortolotto.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/os-novos-limites-para-pressao-alta-e-os-tratamentos-contra-ela/
- Por André Biernath - Foto: Bruno Marçal/SAÚDE é Vital