domingo, 21 de julho de 2019

Se você tem tendência à hipertensão, é melhor moderar no café

Café é bom para o coração, mas, em excesso, aumenta a chance de pressão alta em pessoas predispostas.

Predisposição à pressão alta

O hábito de consumir mais de três xícaras de café por dia aumenta em até quatro vezes a chance de indivíduos predispostos à hipertensão apresentarem níveis elevados de pressão arterial.

Não foi observada associação significativa entre a bebida e os níveis de pressão arterial no caso de pessoas que consumiam até três xícaras ao dia.

"Esses achados destacam a importância de moderar o consumo de café para a prevenção da pressão alta, particularmente em indivíduos geneticamente predispostos a este fator de risco cardiovascular," disse a pesquisadora Andreia Machado Miranda, da USP (Universidade de São Paulo).

Foram considerados como pressão arterial elevada valores acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (mmHg). Em um trabalho anterior, Andreia havia observado que o consumo moderado de café (de uma a três xícaras diárias) tem efeito benéfico sobre alguns fatores de risco cardiovascular - particularmente a pressão arterial e os níveis sanguíneos de homocisteína, aminoácido relacionado com o surgimento de alterações nos vasos sanguíneos, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Nessa primeira análise, não foram incluídos os dados genéticos.

"Decidimos, no estudo mais recente, investigar se, em indivíduos que apresentam fatores genéticos que predispõem à hipertensão, o consumo de café teria influência nos níveis de pressão arterial," disse Andreia.

Café e hipertensão

O consumo de café foi dividido em três categorias: menos de uma xícara ao dia; de uma a três; e mais de três xícaras diárias. "Fizemos uma análise de associação desses três fatores: escore genético de risco, consumo de café e valor da pressão arterial. Usando um método estatístico conhecido como regressão logística múltipla, incluímos outras variáveis de ajuste que poderiam influenciar o resultado, como idade, sexo, raça, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, índice de massa corporal, atividade física e uso de medicação anti-hipertensiva", explicou Andreia.

As análises estatísticas mostraram que, à medida que aumentava o escore de risco e a quantidade de café consumida, crescia também a chance de o indivíduo apresentar pressão alta. Nos voluntários com pontuação mais elevada e consumo diário superior a três xícaras, a chance de pressão alta foi quatro vezes maior que a de pessoas sem predisposição genética.

"Como a maior parte da população não tem ideia se é ou não predisposta a desenvolver hipertensão - para isso seria necessário sequenciar e analisar o genoma -, o ideal é que todos façam um consumo moderado de café que, ao que tudo indica, é benéfico à saúde do coração," disse Andreia.


sábado, 20 de julho de 2019

Dormir com alguma fonte de luz ligada pode facilitar ganho de peso


Segundo estudo, a claridade faria o ponteiro da balança subir e sabotaria tentativas de emagrecimento – mesmo que a pessoa pareça dormir normalmente

Dormir com alguma fonte de luz no quarto, em especial da televisão ou de lâmpadas, pode aumentar o risco de sobrepeso e obesidade em mulheres. É o que indica um estudo do National Institute of Environmental Health Sciences, órgão do governo do Estados Unidos, publicado recentemente no respeitado periódico científico JAMA.

A pesquisa avaliou dados sobre forma física, dieta, grau de sedentarismo, padrão de sono e hábitos noturnos de mais de 40 mil mulheres com idades entre 35 e 74 anos. Todas essas informações foram colhidas por meio de questionários e exames físicos aplicados a cada dois ou três anos. Em média, cada participante foi acompanhada por meia década.

Resultado: as voluntárias que caíam no sono com a TV ligada ou com uma lâmpada no quarto acesa estavam 17% mais propensas a ganhar no mínimo cinco quilos durante o período de acompanhamento. Isso quando comparadas com as que repousavam na escuridão total ou com uma máscara sobre os olhos.

Essa relação negativa ocorreu mesmo descartando outros fatores de risco para o desequilíbrio na balança, como inatividade física, sono ruim e alimentação de má qualidade.

Além da lâmpada no próprio quarto, foram consideradas outras fontes de claridade. As “luzes noturnas pequenas”, como os abajures de tomada infantis ou despertadores com display digital, não tiveram o mesmo efeito negativo. Já as externas, a exemplo de postes, outdoors luminosos e lâmpadas da parte de fora da casa, parecem interferir, mas de maneira modesta.

Por que a luz noturna pode engordar
O raciocínio é simples: as luzes artificiais reduziriam a qualidade e o tempo de descanso, o que, por sua vez, favorece o aumento de peso. O curioso é que o trabalho sugeriu que, mesmo quando o padrão de sono parecia intacto, a presença de luzes no quarto continuou associada aos quilos extras.

A hipótese para isso é a de que a iluminação atue em níveis mais profundos do repouso. “A exposição à claridade artificial durante a noite pode alterar hormônios e outros processos biológicos de maneiras que elevam o risco de condições de saúde como a obesidade”, teorizou, em comunicado à imprensa, a bióloga Chandra Jackson, coautora do trabalho.

Que fique claro, isso não foi avaliado por esse levantamento. Na lista de prováveis alterações provocadas pela claridade fora de hora que levariam ao excesso do peso estão:

A supressão na produção de melatonina, o hormônio do sono, que já foi vinculado ao gasto calórico corporal
Um desequilíbrio do ciclo circadiano, nosso relógio biológico
Mudanças no metabolismo e elevação dos níveis de hormônios do estresse

Limitações do estudo
Primeiro, ele só comparou a incidência do ganho de peso entre um grupo de pessoas com um provável fator de risco para o problema – nesse caso, a luz artificial. Nessas situações, não dá para saber se há uma razão escondida por trás dessa associação, entre outras coisas.

Outro ponto é que a investigação considerou apenas mulheres. Então é impossível dizer se o mesmo ocorreria com homens.

Mais trabalhos ajudarão a verificar se diminuir a claridade no quarto durante o sono pode mesmo afastar a obesidade – esse é o primeiro estudo epidemiológico a explorar o tópico.

Ainda assim, os autores estão otimistas. No texto do artigo científico, eles explicam que as duas estratégias mais comuns para prevenir o ganho de peso – ou seja, estimular uma dieta saudável e a prática regular de exercícios – enfrentam problemas de aceitação e até de acesso.

“O estudo destaca o impacto da iluminação à noite e dá às mulheres que dormem com luzes acesas ou com a televisão ligada uma estratégia simples para melhorar a saúde”, explicou, também em comunicado, o epidemiologista Young-Moon Park, autor principal do trabalho.

Ok, apagar um interruptor é mais fácil do que passar meia hora se mexendo, cinco dias na semana. Mas uma coisa não deve excluir a outra, combinado?


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Exercícios físicos podem aliviar dores da menstruação, aponta estudo


Mesmo uma simples caminhada, quando praticada com frequência, reduziria os desconfortos provocados mensalmente pelas cólicas

Cólicas e outras dores menstruais são comuns mesmo em mulheres sem quaisquer doenças ginecológicas. O tratamento padrão envolve tomar remédios analgésicos e deixar a vida social um pouco de lado. Pois uma nova pesquisa indica que exercícios regulares (com exceção dos momentos de crise) podem ajudar a devolver qualidade de vida a quem sofre mês a mês.

O trabalho, feito na Universidade Politécnica de Hong Kong, na China, é o primeiro estudo controlado randomizado a avaliar o efeito da atividade física em diversos campos afetados pelo quadro – o que dá mais confiabilidade aos resultados encontrados.

Participaram da investigação 70 mulheres entre 18 e 43 anos que enfrentavam a dismenorreia primária, termo médico para as dores menstruais. Elas foram divididas em dois grupos:

• Um seguiu a vida normalmente, recorrendo às medidas analgésicas costumeiras quando sofriam com cólicas e afins.
• O outro realizou quatro semanas de treinamento aeróbico em uma esteira elétrica, três vezes por semana. Depois, foi orientado a manter a rotina em casa. Os exercícios eram realizados a partir do último dia do período menstrual até que ela voltasse – na semana em que isso acontecia, elas não suavam a camisa.

Sete meses depois, as voluntárias foram questionadas sobre as dores que experimentavam durante a menstruação. As que treinaram relataram sentir 20% menos dor em comparação à turma que não mudou sua rotina. Elas também disseram alcançar uma maior qualidade de vida e produtividade – quem vive com cólica sabe como elas atrapalham os afazeres cotidianos.

Por que o exercício ajuda
Embora o trabalho não tenha avaliado esse ponto, muitos mecanismos já conhecidos explicam o potencial analgésico da atividade física. Entre os mencionados pelos próprios autores, há a liberação de opioides endógenos. Estamos falando de substâncias como a endorfina, que possui uma atuação semelhante às de medicamentos contra a dor.

A prática esportiva também estimula a produção, nos próprios músculos, de moléculas que atuam contra a inflamação no organismo. E processos inflamatórios exacerbados são ligados a desconfortos no período menstrual.

Agora, vale mencionar que as participantes dos dois grupos estavam liberadas para tomar analgésicos. E os possíveis comprimidos ingeridos durante o ciclo menstrual não foram analisados pelo trabalho. Sendo assim, não dá para cravar que a melhora ocorreu exclusivamente por causa das caminhadas.

Mas, considerando os célebres benefícios do exercício físico para a saúde como um todo, não custa experimentar essa estratégia contra as cólicas.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/exercicios-fisicos-podem-aliviar-dores-da-menstruacao-aponta-estudo/ - Por Chloé Pinheiro - Foto: Eduardo Svezia/SAÚDE é Vital

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Estudiosos apontam técnica para descobrir se alguém está mentindo

Todos nós mentimos em algum ponto de nossas vidas, entretanto, é possível que outros possam identificar quando isso acontece

Desconfiar de outras pessoas é natural. Independente de nossos motivos, muitos de nós tem dificuldades em acreditar no próximo. E segundo um estudo publicado no periódico Consciousness and Cognition, uma forma de ter maior confiança no que o outro diz, é olhando diretamente em seus olhos.

Como o estudo foi feito
Contato visual é um inibidor natural de mentiras. Para comprovar a teoria, os cientistas realizaram um experimento onde 51 pessoas jogavam um jogo multiplayer de computador. Só que ao invés dos participantes jogarem entre si, eles jogavam com atores.

Antes do jogo iniciar, os participantes eram notificados que poderiam mentir para ganhar a rodada. Então, separados por uma parede de vidro tecnológica que poderia ter seus níveis de opacidade modificados, o game iniciava-se.

Quando algum participante fosse fazer um movimento contra seu oponente, a parede de vidro que os separava ficava transparente, permitindo que houvesse contato visual. Quando isso acontecia, as pessoas não conseguiam mentir para seus adversários.

Conclusões
Jonne Hietanen, autor do estudo, afirma em entrevista ao Bustle que o estudo é o primeiro a comprovar através de experimentos o impacto do contato visual.


quarta-feira, 17 de julho de 2019

Por que você não perde peso quando se exercita?


Um novo estudo liderado pelo Centro de Pesquisa Biomédica Pennington (EUA) finalmente descobriu porque nós nunca perdemos tanto peso quanto deveríamos quando nos exercitamos.

A causa é muito simples, e vai fazer você se sentir idiota.

O pecado da compensação
Fazer exercícios físicos deveria ser, em teoria, algo simples. Gaste energia, queime calorias, emagreça.

Infelizmente, no entanto, diversos estudos científicos (e minha própria experiência) já mostraram que homens e mulheres que começam a se exercitar perdem apenas 30 a 40% do peso que seria esperado com base nas calorias que queimam.

O mistério foi resolvido pelo novo estudo: ao que tudo indica, as pessoas fazem outras pequenas mudanças de estilo de vida quando começam a se exercitar, e estas podem se revelar a pedra no meio do caminho.

O estudo
171 pessoas sedentárias e acima do peso com idades de 18 a 65 anos participaram do estudo. Os pesquisadores mediram seus pesos, taxas metabólicas de repouso, níveis típicos de fome, quantidade de exercício aeróbico e, usando instrumentos complexos, consumo diário de calorias e gasto de energia.

Por fim, todos os participantes também responderam questionários psicológicos sobre seus hábitos de saúde, mas não foram aconselhados a seguir nenhuma dieta específica. Cada um escolhia o que comia por conta própria.

Três grupos aleatórios foram montados em seguida: um, o de controle, continuou sua vida normalmente. Outro passou a se exercitar em esteiras ou bicicletas ergométricas gastando cerca de 8 calorias para cada quilograma de seu peso, ou 700 por semana. O último gastou 20 calorias por quilograma, ou 1.760 por semana.

O estudo durou seis meses, e os pesquisadores monitoraram todas as medidas dos participantes durante todo esse tempo.

Resultados
O grupo de controle, conforme esperado, não perdeu peso. A surpresa foi que os grupos de exercício também não perderam muito. Alguns participantes emagreceram um pouco, mas dois terços do primeiro grupo e 90% do segundo grupo não perderam tanto peso quanto deveriam.

Cientistas que vinham estudando a questão descobriram que isso ocorre porque as pessoas compensam as calorias gastas no exercício fazendo outra coisa, como comendo mais ou se movendo menos, ou ambos. Talvez a taxa metabólica de repouso também diminua quando a pessoa começa a perder peso. Tudo isso atrapalha o emagrecimento.

Então, qual dessas hipóteses é a verdadeira? O novo estudo chegou à conclusão que… o problema é que comemos um pouco mais quando estamos nos exercitando. Nem precisa ser muito – só o suficiente para não alcançar a perda de peso desejada.

Mereço um doce
Os pesquisadores concluíram que os participantes que se exercitavam ingeriam cerca de 90 (no caso do primeiro grupo) e 125 (no caso do segundo) calorias adicionais por dia. Por consequência, perderam menos peso do que o esperado.

A boa notícia é que a taxa metabólica de repouso das pessoas permaneceu a mesma. E aqueles que não comeram mais do que estavam acostumados de fato emagreceram.

A parte mais interessante a ser observada é que as pessoas que compensaram mais as calorias gastas foram aquelas que disseram que ter bons hábitos de saúde dão abertura para outros, bem menos saudáveis.

“São pessoas que pensam que é ok trocar comportamentos. É a ideia de ‘se eu me exercitar agora, mereço esse donut depois’”, explicou Timothy Church, principal autor do novo estudo.

Uma vez que estamos falando de uma pequena diferença – apenas 100 calorias, cerca de quatro mordidas da maioria dos alimentos -, se você realmente quer emagrecer, talvez deva evitar esse donut afinal de contas.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica American Journal of Clinical Nutrition. [NYTimes]