domingo, 19 de setembro de 2021

Automedicação traz riscos à saúde e pode agravar sintomas

A automedicação pode até agravar o problema que deveria resolver

 

Uma caixinha de remédios é item que não falta na maioria das casas brasileiras, mas enquanto alguns profissionais acreditam que a automedicação seja importante, em casos menos graves, para aliviar a pressão sobre os serviços de saúde, ela também pode virar uma armadilha.

 

"É um problema de saúde pública", diz Abrão Cury, clínico geral e líder da Clínica Médica do Hcor. "Pessoas muitas vezes fazem uso inadequado de medicamentos não só em relação ao problema que elas têm, mas também à quantidade".

 

Ele explica que, além de provocar danos ainda mais graves à saúde, o uso não controlado de remédios pode também silenciar sintomas que estão alertando sobre problemas maiores.

 

Cury ainda cita o uso de antibióticos sem recomendação médica, "podendo causar uma piora do quadro infeccioso, se presente, e gerar resistência": "Esse é um dos motivos pelos quais temos um aumento progressivo da resistência a antibióticos".

 

O neurocirurgião Ygor Peçanha Alexim, do ICNE-SP (Instituto de Ciências Neurológicas de São Paulo), chama atenção aos medicamentos vendidos sem receita e, assim, mais acessíveis à população. "Os antiinflamatórios [como ibuprofeno e nimesulida] e corticosteróides [como prednisona e dexametasona] causam efeitos colaterais como insuficiência renal aguda, e úlcera gástrica", alerta.

 

A ivermectina, utilizada para tratar doenças causadas por vermes, pode levar a "uma hepatite medicamentosa fulminante", enquanto a cloroquina altera o funcionamento do coração.

 

A automedicação pode até agravar o problema que deveria resolver. "Uma das causas mais comuns de cefaleia crônica é o abuso de analgésicos. O diagnóstico ocorre quando o paciente tem dor de cabeça por ao menos 15 dias no mês, e usa analgésicos simples ou múltiplos por ao menos 10 dias".

 

Uso consciente "O paciente pode decidir pelo uso de medicamentos que ele já sabe que são adequados para o problema, e já tenham sido recomendados por médicos", orienta Abrão Cury, clínico geral e líder da Clínica Médica do Hcor.

 

Ele admite que, às vezes, escolher as combinações mais efetivas e seguras de remédios pode ser difícil até para profissionais da saúde.

 

E, mesmo com orientação, o paciente ainda pode extrapolar a dose. Páblius Staduto Braga é reumatologista e médico do esporte, e recorda um caso em que prescreveu a um paciente com osteoartrite o uso de um medicamento por cinco dias. No entanto, a pessoa continuou usando o remédio por conta própria, sem contactar o médico –dias depois, voltou ao hospital com dores abdominais e sangramento.

 

Existem ainda as medicações de uso controlado, como psicofármacos e opióides, que mesmo com exigência de receita médica podem ser abusados por quem os usa.

 

Apesar dos riscos existirem para todos, alguns grupos são mais frágeis aos efeitos da automedicação.

 

A dica, em todos os casos, é "sempre fazer contato com um médico quando a dúvida for medicamentos", segundo Braga. "Desta forma, sentirá mais segurança no momento de tomá-lo, e terá garantias maiores de estar utilizado o que for mais correto e seguro".

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/1837338/automedicacao-traz-riscos-a-saude-e-pode-agravar-sintomas - Notícias ao Minuto Brasil - © Shutterstock

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Pessoas ativas respondem melhor à vacina contra covid-19


A pesquisa foi feita com 1.095 voluntários e os que se mantiveram ativos fisicamente apresentaram melhor resposta ao imunizante

 

Manter-se fisicamente ativo pode ser uma estratégia para turbinar a resposta imune induzida por vacinas contra a covid-19. Essa é a conclusão de um estudo feito com 1.095 voluntários por pesquisadores da USP e colaboradores. Os dados foram divulgados segunda-feira, dia 09 de agosto, na plataforma Research Square, ainda sem revisão por pares.

 

O benefício proporcionado pela atividade física foi observado principalmente entre os participantes que se mantinham ativos ao menos 150 minutos por semana e não apresentavam comportamento sedentário, ou seja, não passavam mais de oito horas diárias sentados ou deitados. Considerou-se como “tempo ativo” tanto aquele dedicado aos exercícios e outras atividades de lazer (caminhada, corrida, dança, natação, passear com o cachorro etc.), como também às atividades domésticas (limpar a casa, cuidar do jardim, lavar a roupa na mão), ao trabalho (carregar pesos, realizar consertos) e aos deslocamentos de rotina (andar a pé ou de bicicleta até o trabalho, o supermercado ou a escola, por exemplo). O nível de atividade física foi mensurado por meio de entrevistas telefônicas. Foram considerados “ativos” os voluntários que relataram ao menos 150 minutos de atividades semanais, somando os vários domínios analisados.

 

“Uma pessoa que corre durante uma hora todos os dias e passa o resto do tempo sentada em frente a uma tela é considerada ativa e sedentária ao mesmo tempo. Nós combinamos esses dois conceitos diferentes em nossa análise”, explica Bruno Gualano, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP e primeiro autor do artigo. “Quando olhamos para os dados, percebemos claramente que eles formam uma ‘escadinha’: no alto, com a melhor resposta vacinal, estão os ativos não sedentários. Na sequência, vêm os indivíduos ativos e sedentários. Por último, os inativos e também sedentários”, conta.

 

Todos os participantes da pesquisa foram imunizados com a CoronaVac entre fevereiro e março de 2021. Amostras de sangue para análise foram coletadas logo após a aplicação da segunda dose, bem como 28 e 69 dias depois. A qualidade da resposta vacinal foi avaliada por meio de diversos testes laboratoriais, sendo os principais aqueles que mensuram a produção total de anticorpos contra o sars-cov-2 (IgG total) e a quantidade específica de anticorpos neutralizantes (NAb) – aqueles capazes de impedir a entrada do vírus na célula humana.

 

De acordo com o critério adotado pelos pesquisadores, atingiram a chamada “soroconversão” os voluntários que no exame de IgG total apresentaram pelo menos 15 unidades arbitrárias (UA) de anticorpos por mililitro (mL) de sangue. No caso dos anticorpos neutralizantes, considerou-se uma resposta positiva quando, no ensaio in vitro feito com o plasma sanguíneo, observou-se ao menos 30% de inibição da ligação entre o sars-cov-2 e o receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2, na sigla em inglês) – proteína existente na superfície de algumas células humanas à qual o vírus se conecta para viabilizar a infecção.

 

Análise dos dados

Como informa Gualano, o objetivo primordial do projeto de pesquisa de qual seu artigo é fruto era avaliar a segurança e a efetividade da CoronaVac em portadores de doenças reumáticas autoimunes, entre elas artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, artrite psoriática, vasculite primária e esclerose sistêmica. Grande parte desses pacientes faz uso de medicações que reduzem a atividade do sistema imune e, portanto, uma resposta vacinal mais fraca era esperada.

 

Um primeiro trabalho publicado na Nature Medicine, sob a coordenação da professora  Eloísa Bonfá, da FM, confirmou a segurança da vacina e mostrou que ela induzia uma resposta aceitável, ainda que reduzida, nesse grupo de pacientes (leia mais matéria agência Fapesp).

 

“Neste segundo estudo, buscamos avaliar a hipótese de que um estilo de vida ativo poderia fortalecer a resposta vacinal tanto na população de imunossuprimidos quanto em indivíduos sem doença autoimune. E de fato é isso que nossos dados indicam”, diz Gualano, que coordena um projeto temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) relacionado ao tema.

 

Foram incluídos na análise final 898 pacientes imunossuprimidos. Desses, 494 foram classificados como ativos e 404 como inativos. Além disso, como uma espécie de grupo controle, participaram 197 voluntários sem doença autoimune – 128 ativos e 69 inativos.

 

Um modelo matemático foi usado pelos pesquisadores para compensar possíveis distorções que variáveis como idade, sexo, índice de massa corporal (IMC) e uso de imunossupressores poderiam causar. Isso porque, sabidamente, o funcionamento do sistema imune é diminuído em indivíduos idosos e em usuários de corticoides e outros moduladores imunológicos, assim como possivelmente em obesos.

 

Na comparação ajustada, os pacientes imunossuprimidos fisicamente ativos apresentaram uma chance 1,4 vez maior de atingir a soroconversão.

 

“Dizendo isso de outra forma: para cada dez pacientes inativos que soroconverteram após a segunda dose da vacina, há 14 pacientes fisicamente ativos que atingiram o mesmo resultado”, compara Gualano.

 

“A promoção da atividade física pelos gestores e formuladores de políticas públicas é algo fundamental. É uma intervenção barata, fácil de escalar para toda a população e pode fazer ainda mais diferença no caso de pessoas com sistema imune menos eficiente, como pacientes com doenças autoimunes e idosos”, opina Gualano.

 

O fato de ser fisicamente ativo também foi associado a um aumento de 32% na quantidade de anticorpos contra as regiões “S1” e “S2” da proteína spike (S) – usada pelo vírus para se conectar ao receptor ACE2 e entrar na célula humana.

 

“A atividade neutralizante [NAb] foi, em média, 4,5% maior nos pacientes ativos, mas essa diferença não foi estatisticamente significante”, explica o pesquisador.

 

Já entre os voluntários sem doença autoimune, a chance de soroconversão foi 9,9 vezes maior entre os fisicamente ativos e observou-se um aumento de 26% na quantidade de anticorpos contra a proteína spike. Como o número de voluntários era menor nesse subgrupo, os dados referentes aos anticorpos neutralizantes também não apresentaram significância estatística.

 

“Os resultados nos permitem concluir que a atividade física potencializa a resposta vacinal contra a covid-19 independentemente de fatores como idade, sexo e uso de imunossupressores. Realizar o mínimo de atividade física já produz uma resposta positiva, porém, observamos que quanto mais movimento, melhor. As respostas mais consistentes foram vistas entre os pacientes que realizavam 50 minutos ou mais de atividade física diariamente”, conta Gualano.

 

Estudos anteriores também mostraram que um estilo de vida ativo protege contra o agravamento da Covid-19 e, de modo geral, reduz internações (leia mais em agência Fapesp).

 

“A promoção da atividade física pelos gestores e formuladores de políticas públicas é algo fundamental. É uma intervenção barata, fácil de escalar para toda a população e pode fazer ainda mais diferença no caso de pessoas com sistema imune menos eficiente, como pacientes com doenças autoimunes e idosos”, opina Gualano.

 

Embora só tenham sido avaliados indivíduos imunizados com a CoronaVac, o pesquisador considera “plausível” que o mesmo efeito seja observado com todas as vacinas contra a covid-19 e também contra outras doenças.

 

Booster natural

Evidências da literatura científica dão conta de que uma única sessão de exercícios físicos pode mobilizar bilhões de células responsáveis por fazer a imunovigilância do organismo, “acordando” o sistema imune. São células que percorrem os locais usados como porta de entrada pelos patógenos e, ao detectar uma ameaça, recrutam outras células de defesa para que ataquem o invasor. Quem se exercita regularmente também apresenta níveis mais baixos de inflamação sistêmica e de cortisol (o hormônio do estresse), o que contribui para uma resposta imune adequada.

 

Como relatam os autores no artigo, há estudos associando a prática de exercícios a uma melhor resposta à vacina contra gripe (vírus H1N1, H3N2 e influenza tipo B), contra o vírus da varicela-zoster e contra a doença pneumocócica.

 

“Nossos achados já eram esperados, pois a atividade física sabidamente fortalece o sistema imune. De qualquer forma, seria importante confirmá-los em um estudo controlado e randomizado, no qual um grupo de voluntários seria submetido a um protocolo de exercícios antes do período de vacinação, enquanto outro grupo-controle, composto por indivíduos com características semelhantes, permaneceria inativo”, conta o pesquisador.

 

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/pessoas-ativas-respondem-melhor-a-vacina-contra-a-covid-19/ - Por Karina Toledo/ Agência Fapesp - Arte: Jornal da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Entenda como o diabetes afeta a saúde do seu coração


Condição crônica está relacionada a diversas doenças cardiovasculares, como infarto e AVC

 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), pessoas com diabetes têm o dobro de risco de sofrer um infarto agudo do miocárdio. Estimativas da International Diabetes Federation revelam que até 80% dos pacientes com diabetes ou diabetes melito (tipo 2) morrem justamente em decorrência de complicações relacionadas a problemas cardíacos.

 

Quando trazemos isso para a quantidade de pessoas atingidas, os números assustam e nos ajudam a ter uma dimensão do tamanho do desafio. Uma declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS), em abril deste ano, revela que o número de indivíduos com diabetes quadruplicou nos últimos 40 anos. Hoje, acredita-se que a doença afete cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo. Só no Brasil, segundo a SBD, mais de 13 milhões vivem com esse diagnóstico.

 

O principal alerta aqui é que há grande potencial de crescimento dessas taxas. Projeções da OMS revelam que pode ocorrer aumento da prevalência mundial na ordem de 114% nos próximos 20 anos, levando ao surgimento de 330 milhões novos casos. O Brasil segue essa tendência, figurando entre os dez países com maior número absoluto de indivíduos portadores de diabetes tipo 2.

 

O crescimento acelerado é resultado, em parte, do envelhecimento da população, mas, principalmente, das modificações nos hábitos de vida, além do acesso a tratamentos e medicamentos. O diabetes é uma doença silenciosa que, sem o controle adequado, pode acarretar em uma série de problemas e danos à saúde, entre elas as doenças cardíacas, cegueira, doenças renais, amputações e até a morte. É uma condição pré-existente que aumenta também o risco de infecções oportunistas, como a COVID-19.

 

O que é diabetes?

Para começar, vamos entender, então, do que estamos falando. O diabetes é classificado como uma doença crônica não transmissível (DCNT). Trata-se de uma condição causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio controlado pelo pâncreas que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) - e, assim, regular sua quantidade no sangue, garantindo a manutenção das células do organismo.

 

Em condições normais, quando o nível de glicose no sangue sobe, células especiais liberam a insulina de acordo com as necessidades do momento. A glicose pode ser utilizada como combustível para as atividades do corpo ou fica armazenada como reserva, em forma de gordura. Esse controle mantém em níveis normais a taxa de glicemia no sangue.

 

Para o coração, o aumento desta taxa acarreta em complicações que, em casos mais graves, pode levar à morte. O diabetes é capaz de desencadear infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e entupimentos das artérias, além de formação de aneurismas (dilatação de um vaso sanguíneo). Quando a doença se instala, potencializa ainda outras condições de risco, como a pressão alta e o colesterol elevado.

 

Diabetes e doenças cardiovasculares

Quando o organismo apresenta níveis elevados de glicose no sangue, várias alterações que interferem no sistema cardiovascular podem ocorrer. O principal comprometimento é a doença arterial coronária, que surge em decorrência do processo precoce e acelerado de aterosclerose - formação de placas de gordura na parede das artérias do coração.

 

Isso porque o diabetes traz mudanças para a função de vários tipos de células, como as endoteliais, as musculares e as plaquetas, além de favorecer a produção de coágulos e elevar o nível de colesterol, formando um número maior de placas de gordura nas artérias coronárias (as responsáveis por irrigar o coração).

 

A hiperglicemia crônica, a dislipidemia (presença de níveis elevados de gordura no sangue) e a resistência à insulina, somados, favorecem a progressão aterosclerótica, elevando o risco de entupimento dos vasos.

 

Para manter-se em pleno funcionamento, o músculo cardíaco necessita de uma demanda constante de sangue. Assim, a obstrução parcial ou total das coronárias pode acarretar no surgimento ou agravamento de fatores de risco ou doenças cardíacas.

 

Entre elas, estão a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial, o aneurisma da aorta (quando a maior artéria do corpo fica enfraquecida, levando a dilatação acentuada deste vaso sanguíneo) e o infarto do miocárdio (a interrupção do fluxo sanguíneo desencadeia o infarto e o processo de necrose da musculatura do coração).

 

Existe ainda a possibilidade de que o mesmo processo que acontece com as coronárias ocorra em outras artérias do corpo. O resultado pode ser a falta de sangue no cérebro, que provoca o AVC, ou a ausência de sangue suficiente nos pés, mãos ou braços, causando a doença vascular periférica.

 

Tipos mais comuns de diabetes

Entre os tipos mais comuns da doença estão o 1 e o 2. Segundo a SBD, o tipo 1 concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença e é causado pela falta ou perda da capacidade do pâncreas em produzir insulina suficiente. É um tipo caracterizado por ser autoimune e genético (uma mutação nos genes). Geralmente, aparece na infância ou adolescência. Pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue.

 

Já o tipo 2 é frequentemente adquirido com o passar dos anos, no geral na fase adulta. Cerca de 90% das pessoas com diabetes apresentam o tipo 2 e é nele que está o maior perigo para os problemas cardiovasculares. Nesses casos, as células adiposas e musculares não conseguem aproveitar completamente o hormônio liberado pelo pâncreas e a glicose passa a ser utilizada de modo ineficaz pelo organismo.

 

Este tipo não apenas potencializa as chances de complicações cardíacas, mas também costuma vir associado aos principais fatores de risco para as doenças que acometem o coração, como obesidade, pressão e colesterol altos.

 

A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionada a hábitos e estilo de vida, envolvendo má alimentação, falta de atividade física regular, sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão arterial e hábitos alimentares inadequados. Seu agravamento pode acarretar no diabetes latente autoimune do adulto (LADA), caracterizado, basicamente, pelo desenvolvimento de um processo autoimune do organismo, que começa a atacar as células do pâncreas.

 

Diabetes gestacional

Na gravidez, o corpo da mãe e o do bebê precisam garantir suas necessidades: o organismo da criança exige uma demanda alta de açúcar para seu desenvolvimento e o corpo da mãe responde com insulina, na tentativa de controlar o excesso da substância no organismo.

 

Além desta batalha, na gestação, outros hormônios são liberados pela placenta e acabam atrapalhando o processo de controle da taxa de glicemia no sangue. Eles forçam o pâncreas materno a trabalhar mais para manter os níveis da substância equilibrados. O problema é que, muitas vezes, nem todo esse esforço é suficiente. O resultado é a sobra de açúcar na corrente sanguínea, a hiperglicemia. É daí que surge o diabetes gestacional.

 

Mesmo sem nunca ter apresentado qualquer tendência ao diabetes, é possível que a mulher veja suas taxas de açúcar subirem durante a gravidez. E se não for devidamente diagnosticado e tratado, o diabetes gestacional pode trazer complicações à saúde da mãe e do bebê, como o ganho de peso excessivo (para ambos), aumento no líquido amniótico, malformações fetais e parto prematuro.

 

Seus desdobramentos servem ainda como precursores de fatores de risco e doenças que afetam o coração, inclusive o surgimento de pré-diabetes ou diabetes tipo 2 depois da gravidez ou do nascimento.

 

Pré-diabetes

O pré-diabetes se caracteriza quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não tão elevados para caracterizar os tipos 1 ou 2. É um alerta do corpo, que geralmente aparece em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos lipídios. É um sinal importante por ser a única etapa do diabetes que pode ser revertida, prevenindo a evolução da doença e o aparecimento de outras questões associadas.

 

Prevenção e cuidados

Assim como outras doenças crônicas, é possível conviver com o diabetes por meses ou anos até que os sintomas se tornem evidentes ou que as alterações nos níveis de glicose sejam detectadas em um exame de rotina. Porém, a demora no diagnóstico, além de ser perigosa, é uma oportunidade perdida para iniciar os cuidados antes de o problema se agravar. Isso porque, logo no início, as chances de monitorar e reverter ou retardar a evolução do quadro é muito maior.

 

Uma vez com o diagnóstico da doença, o controle glicêmico passa a ser fundamental. E aqui vale um alerta: ter ou não sintomas não deve ser um indicador. Muitos diabéticos acreditam que a falta de sinais indicam que o problema está sob controle. Creem que podem continuar a comer o que quiserem, seguir sem praticar atividades físicas e até mesmo descuidar da medicação, com a possibilidade de aderir ao tratamento e aos cuidados depois. A negligência ou esta demora podem ter desfechos graves, muitas vezes com danos irreversíveis.

 

Assim, seguir as recomendações médicas e realizar a automonitorização desde o início são essenciais para prevenir o surgimento de doenças cardíacas e outras complicações. É importante adotar um estilo de vida com hábitos saudáveis, incluindo alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, controle da pressão e do colesterol, controle de peso e da gordura abdominal, não fumar e reduzir o estresse diário. Em muitos casos, é necessário também o uso de medicamentos, como a metformina e as sulfonilureias, além da utilização da insulina.

 

O fato é que as pessoas não morrem de diabetes, mas sim da falta de controle e por consequências da enfermidade. É possível conviver com a doença, transformando a condição em um motivo extra para cuidar da saúde. Comportamentos saudáveis evitam e ajudam no controle não apenas do diabetes, mas de outras doenças crônicas e fatores de risco para o coração.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/37947-entenda-como-o-diabetes-afeta-a-saude-do-seu-coracao - Escrito por Paulo Chaccur

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Uso excessivo do celular prejudica as relações e a concentração


Em tempos de pandemia e isolamento social, parece que fica ainda mais difícil se distanciar do aparelho celular

 

Estamos cada vez mais conectados. Nosso tempo offline é cada vez menor, seja por necessidades do trabalho, seja porque nos sentimos atraídos pelas redes sociais. E em tempos de pandemia e isolamento social, parece que fica ainda mais difícil se distanciar do aparelho celular.

 

Essa relação, no entanto, pode acabar se tornando prejudicial, e um "detox digital" pode trazer benefícios. Nos últimos tempos, celebridades como as cantoras Lorde, 24, Luísa Sonza, 23, e Karol Conká, 35, contaram que se afastaram do telefone por um período, para fugir dos haters ou simplesmente para retomar o controle do tempo e construir uma relação mais saudável com a internet.

 

Foi mais ou menos isso que buscou a consultora de imagem Mayumi Ichiura: retomar o controle do próprio tempo. Aos 25 anos, ela conta que não estava conseguindo separar a vida pessoal do trabalho e, por isso, resolveu que desligaria o celular e o notebook aos sábados e domingos, durante três meses.

 

"Percebi que mesmo no final de semana eu estava trabalhando", diz. "Minha solução foi desligar o celular, porque eu estava no automático." Ela lembra que, de tão conectada, acabou se distanciando da própria família. "Não percebi tantas coisas que estavam acontecendo ao meu redor, como o crescimento da minha filha", diz ela sobre a criança, de 1 ano e dois meses.

 

Mayumi diz que, após se submeter ao detox digital, até sua performance no trabalho melhorou. "Me ajudou a estabelecer metas", afirma. E conta que aprendeu a aproveitar melhor cada momento. "Lembrei que eu gostava de ver séries, ler livros e ficar com a minha família."

 

Segundo uma pesquisa realizada pela Kantar, o Brasil é um dos países em que as pessoas mais passam tempo no celular. De acordo com o levantamento, os brasileiros gastam 4,2 horas por dia no aparelho, em média.

 

A estudante Caroline Coelho, 22, diz que já costumava ficar um ou dois dias sem mexer no aparelho, mas decidiu que faria um detox mais significativo, de um mês, durante o isolamento social. "Eu estava me sentindo cansada de ficar me comunicando com as pessoas através da internet."

 

Caroline conta que no início se sentiu deslocada e chegou a pensar se valeria a pena insistir no detox, mas hoje reconhece os benefícios -ela diz, por exemplo, que se sentiu até mais disposta para fazer outras atividades. "Foi um momento em que comecei a me aproximar mais das artes, uma coisa que sempre gostei muito de fazer", pontua, sobre ter voltado a desenhar.

 

Não existem fórmulas prontas no processo de reeducação digital, e cada um deve buscar os meios que melhor atendam às suas necessidades. A professora e estudante de psicologia Glaucia Sena, 29, por exemplo, dividiu seu detox em duas etapas. Na primeira, que durou 15 dias, ela manteve apenas os aplicativos essenciais em seu aparelho. "Exclui as redes sociais e fiquei apenas com o WhatsApp, porque preciso para trabalhar", conta.

 

Já na segunda etapa, ela agora tenta reduzir o uso do aparelho no dia a dia, deixando o celular fisicamente longe. E conta também com o auxílio de aplicativos que regulam o tempo de uso.

 

A professora usa a expressão "sobrecarga digital" para resumir o cansaço que sentia por passar muito tempo conectada a aparelhos eletrônicos. "O tempo que eu tinha para fazer coisas legais eu ficava na frente do celular", relembra. "Comecei a me sentir preguiçosa e com a vista mais cansada."

Glaucia conta que hoje tenta não mexer no celular nos períodos da tarde e da noite, e aos finais de semana também evita o aparelho, principalmente na sexta e no sábado. Para reduzir o uso, ela também foca em outras atividades, como passear com sua cadela, praticar meditação e exercício físico e cuidar de seu jardim vertical. "A questão do cuidado com as plantas me ajudou."

 

Além disso, a professora diz que voltou a pintar. "Fiz aula de pintura de tecido ainda criança, lá pelos 10, 12 anos. Nessa faixa etária mudei de escola e as dificuldades aumentaram, então precisei priorizar os estudos 'obrigatórios' ,mas a pintura era algo que eu gostava de fazer", relembra.

 

Ela conta ainda que, antes do detox, buscava no celular algo que a preenchesse, e escrever seus sentimentos em um papel também ajudou. "Às vezes não sabemos o que estamos procurando, então escrever colaborou neste sentido."

 

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

O psicólogo e psicanalista Francisco Nogueira, 42, afirma que os aparelhos celulares são desenvolvidos de forma a prender a atenção do usuário. "Existe o termo nomofobia, que é o medo de ficar sem o celular. Uma fobia que acomete aqueles que desenvolvem uma relação de adição com o eletrônico."

 

Pesquisadora de educação digital, Denise Lourenço, 41, acrescenta que as redes sociais e demais aplicativos são "repletos de reforços positivos sutis que desencadeiam liberação de dopamina", neurotransmissor ligado à motivação e ao prazer.

 

Segundo ela, o "viciante" é o inesperado -por exemplo, quando alguém publica uma foto em uma rede social e fica na expectativa de que uma pessoa especial possa deixar uma curtida ou um comentário. "É saber que algo pode acontecer, sem saber quando ou se, de fato, vai acontecer", completa Denise.

 

Nogueira afirma que o vício em celular pode prejudicar a qualidade das relações sociais, bem como a capacidade de concentração e o desenvolvimento de pensamentos complexos. "Tudo vai sendo minado por recursos que são imediatos de estímulo de respostas. As pessoas começam a ficar presas nesse tipo de interação", diz.

 

E lembra, ainda, que usar o celular durante a noite prejudica a produção de melatonina, substância ligada ao ciclo biológico de sono e vigília, que no organismo é produzida na ausência de estímulos luminosos. "Há uma piora do sono quando usamos telas à noite, próximo [do horário] de dormir", diz Nogueira.

 

O psicólogo afirma que, em momentos de estresse, algumas pessoas recorrem ao aparelho em busca de uma descarga de tensão imediata. "Quando você fica sem o celular, a dificuldade é aguentar o acúmulo de tensões e problemas complexos. Precisamos ter a capacidade psíquica para suportar [os desafios], e desenvolvemos isso na vida real mesmo." Segundo ele, é necessário avaliar se o uso do aparelho traz algo significativo. "Precisamos realmente não ficar dependentes de nada, seja do que for. A vida é dura, não há existência sem sofrimento."

 

Uma relação positiva com a internet requer reeducação. É o que sugere a pesquisadora Denise. "É urgente repensar a relação que temos com os aplicativos e estabelecer não apenas jejuns regulares, mas estratégias para evitar o vício."

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/1841766/uso-excessivo-do-celular-prejudica-as-relacoes-e-a-concentracao - MARIANA ARRUDAS - Notícias ao Minuto Brasil - © istock

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Quantas horas preciso de dormir? Depende da idade, dizem especialistas


“As necessidades de sono variam ao longo da vida”, sugere psiquiatra

 

Quantas horas preciso de dormir? A resposta não é simples, de acordo com Raj Dasgupta, professor assistente de medicina clínica na divisão de medicina pulmonar, cuidados intensivos e medicina do sono na Keck School of Medicine da University of Southern California, nos Estados Unidos.

 

Em declarações à CNN, o especialista explicou que as necessidades de sono são bastante individualizadas, mas que a recomendação geral, ou seja o ideal,  é dormir entre sete a nove horas por noite.

 

Todavia, essas diretrizes mudam à medida que as pessoas envelhecem. "As necessidades de sono variam ao longo da vida", afirmou também à CNN Christina Chick, pós-doutorada em psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade de Stanford.

 

Adultos

 

A população adulta deve dormir pelo menos sete horas por noite, contudo uma em cada 3 pessoas não o faz, segundo a agência reguladora dos Estados Unidos Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

 

O sono insatisfatório tem sido associado a consequências para a saúde a longo prazo, como maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, demência, ansiedade, depressão e transtorno bipolar, referiu Dasgupta.

 

Crianças e adolescentes

 

No primeiro ano de vida, pode ler-se na CNN, os bebês podem dormir de 17 a 20 horas por dia, de acordo com Dasgupta. Entretanto, bebês entre os 4 e 12 meses precisam pelo menos de 12 a 16 horas de sono.

 

Já as crianças entre 1 e 3 anos devem dormir de 11 a 14 horas, destaca Bhanu Kolla, professor associado de psiquiatria e psicologia da Clínica Mayo. Crianças de 3 a 5 anos necessitam 10 a 13 horas de sono e as de 6 a 12 anos devem dormir de 9 a 12 horas.

 

Os adolescentes devem dormir de oito a 10 horas, mencionou Kolla.

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/1840592/quantas-horas-preciso-de-dormir-depende-da-idade-dizem-especialistas - Notícias ao Minuto Brasil - © Shutterstock