Uma caixinha de remédios é item que não falta na
maioria das casas brasileiras, mas enquanto alguns profissionais acreditam que
a automedicação seja importante, em casos menos graves, para aliviar a pressão
sobre os serviços de saúde, ela também pode virar uma armadilha.
"É um problema de saúde pública", diz Abrão
Cury, clínico geral e líder da Clínica Médica do Hcor. "Pessoas muitas
vezes fazem uso inadequado de medicamentos não só em relação ao problema que
elas têm, mas também à quantidade".
Ele explica que, além de provocar danos ainda mais
graves à saúde, o uso não controlado de remédios pode também silenciar sintomas
que estão alertando sobre problemas maiores.
Cury ainda cita o uso de antibióticos sem recomendação
médica, "podendo causar uma piora do quadro infeccioso, se presente, e
gerar resistência": "Esse é um dos motivos pelos quais temos um
aumento progressivo da resistência a antibióticos".
O neurocirurgião Ygor Peçanha Alexim, do ICNE-SP
(Instituto de Ciências Neurológicas de São Paulo), chama atenção aos
medicamentos vendidos sem receita e, assim, mais acessíveis à população.
"Os antiinflamatórios [como ibuprofeno e nimesulida] e corticosteróides
[como prednisona e dexametasona] causam efeitos colaterais como insuficiência
renal aguda, e úlcera gástrica", alerta.
A ivermectina, utilizada para tratar doenças causadas
por vermes, pode levar a "uma hepatite medicamentosa fulminante",
enquanto a cloroquina altera o funcionamento do coração.
A automedicação pode até agravar o problema que
deveria resolver. "Uma das causas mais comuns de cefaleia crônica é o
abuso de analgésicos. O diagnóstico ocorre quando o paciente tem dor de cabeça
por ao menos 15 dias no mês, e usa analgésicos simples ou múltiplos por ao
menos 10 dias".
Uso consciente "O paciente pode decidir pelo uso
de medicamentos que ele já sabe que são adequados para o problema, e já tenham
sido recomendados por médicos", orienta Abrão Cury, clínico geral e líder
da Clínica Médica do Hcor.
Ele admite que, às vezes, escolher as combinações mais
efetivas e seguras de remédios pode ser difícil até para profissionais da
saúde.
E, mesmo com orientação, o paciente ainda pode
extrapolar a dose. Páblius Staduto Braga é reumatologista e médico do esporte,
e recorda um caso em que prescreveu a um paciente com osteoartrite o uso de um
medicamento por cinco dias. No entanto, a pessoa continuou usando o remédio por
conta própria, sem contactar o médico –dias depois, voltou ao hospital com
dores abdominais e sangramento.
Existem ainda as medicações de uso controlado, como
psicofármacos e opióides, que mesmo com exigência de receita médica podem ser
abusados por quem os usa.
Apesar dos riscos existirem para todos, alguns grupos
são mais frágeis aos efeitos da automedicação.
A dica, em todos os casos, é "sempre fazer
contato com um médico quando a dúvida for medicamentos", segundo Braga.
"Desta forma, sentirá mais segurança no momento de tomá-lo, e terá
garantias maiores de estar utilizado o que for mais correto e seguro".
Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/1837338/automedicacao-traz-riscos-a-saude-e-pode-agravar-sintomas
- Notícias ao Minuto Brasil - © Shutterstock
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