Junto às alterações climáticas da mudança de estação, há o surgimento ou agravamento de quadros relacionados a doenças alérgicas, respiratórias e virais
Nessa época, todavia, o pólen das árvores, flores e
gramíneas viaja mais facilmente no ar e pode trazer consequências negativas à saúde.
Junto às alterações climáticas da mudança de estação, há o surgimento ou
agravamento de quadros relacionados a doenças alérgicas, respiratórias e
virais.
"Os ácaros
são pequenos animais que convivem no meio ambiente que também convivemos. Nesta
época do ano, eles se proliferam com mais facilidade, já que a baixa umidade do
ar propicia que eles permaneçam em dispersão por mais tempo", diz Fátima
Rodrigues Fernandes, coordenadora do departamento de Alergia e Imunologia do
Sabará Hospital Infantil.
A médica esclarece que alergias são as reações
exageradas do sistema imunológico a certas substâncias estranhas ao organismo,
chamadas alérgenos. Dentre estes, estão os ácaros, pólens e pelos de animais.
Uma das mais comuns reações do corpo é a rinite
alérgica, uma inflamação das mucosas nasais. "Ela se manifesta com
espirros, coriza, entupimento ou congestão nasal e muita coceira no
nariz", relata Mauro Karl, alergologista do Hospital Santa Teresa (RJ).
A resposta aos alérgenos também pode aparecer nos
olhos. São os quadros de conjuntivite alérgica, explica o médico, uma
inflamação na mucosa ocular. "É aquele tecido vermelho do olho, que vemos
ao puxar a pálpebra para baixo. O tecido inflama e causa irritação, coceira,
lacrimejamento e uma sensação de incômodo com a luz", diz.
A diferença para outros tipos de conjuntivite, como as causadas por bactérias ou vírus, é que a alérgica costuma atingir os dois olhos simultaneamente. "Ela também não causa aquela secreção purulenta e causa menos dor, tem um incômodo menor que a infecciosa", esclarece Karl.
Segundo o médico, os dois quadros, de rinite e
conjuntivite, podem manifestar-se juntos. Da mesma forma, a rinite alérgica
pode estar associada a quadros de asma, outra doença comum na primavera.
A asma é uma condição respiratória crônica que pode
ser causada ou desencadeada por fatores ambientais como poeira, ácaros, mofo,
pólen e cigarro, conta a médica do Sabará Hospital Infantil. Tosse persistente,
chiado no peito, falta de ar e cansaço são sintomas da doença.
Com a chegada da nova estação, os médicos recomendam
medidas que podem evitar que os alérgenos entrem em contato com as vias
respiratórias. Arejar os ambientes, utilizar capas antialérgicas nos colchões e
travesseiros, limpar a casa adequadamente, sem o uso de vassoura, são exemplos
de ações preventivas.
"Também é preciso diminuir a exposição ao pólen,
que fica na atmosfera principalmente no período da manhã. Para quem já é
alérgico ao pólen, recomenda-se não fazer caminhada em ambientes que tenha
muita vegetação", indica Karl.
O alergologista acrescenta que há ferramentas de
previsão de clima e tempo que, além da temperatura e precipitação, mostram
também a previsão da quantidade de pólen nos locais, como o The Weather
Channel. "Assim como se prevê o clima, é interessante que a pessoa
consulte a ferramenta para ajudar nessa prevenção", diz.
Na primavera, a incidência de quadros infecciosos
causados por vírus aumenta, principalmente entre crianças. A catapora, por
exemplo, é uma doença altamente contagiosa, cuja maior ocorrência se dá no
período de transição entre o inverno e a primavera.
"Os vírus têm uma circulação maior na primavera e
verão, por causa do ambiente seco, da falta de vacinação adequada e do aumento
de número de casos nessa época", explica Raquel Muarrek, infectologista da
Rede D'or.
Além da catapora, que causa lesões avermelhadas na
pele e coceira, outras doenças devem acender o alerta nessa época do ano.
Dentre elas, o sarampo, a rubéola e a caxumba.
O sarampo é um dos quadros mais graves e pode ser
fatal. Seus sintomas incluem febre, tosse, coriza ou congestão nasal, irritação
nos olhos e manchas vermelhas na pele. Por sua vez, a rubéola causa febre baixa
e lesões avermelhadas na pele.
O principal sinal da caxumba é o inchaço das glândulas
salivares, que ficam na região do pescoço, o que gera dificuldade para engolir
e mastigar, além de dor. Todavia, cerca de 30% das infecções não apresentam
inchaço dessa área, o que faz com que as pessoas possam demorar para
identificar a doença.
Todas as doenças citadas são evitadas com vacinação.
"A vacinação de catapora é com a quádrupla viral, com duas doses, que
protege também contra sarampo, rubéola e caxumba", explica a
infectologista da Rede D'or.
Muarrek relembra que, se a pessoa não lembra se tomou
as vacinas, há exames para verificar se tem defesa para aquelas doenças ou a
possibilidade de revacinação. Por isso, é importante consultar um médico.
"A principal conversa em relação às doenças de primavera é: atualize sua
carteira de vacinação", complementa.
Principais doenças relacionadas à estação:
Asma: doença respiratória crônica que causa inflamação
dos brônquios
Sintomas:
Falta de ar
Tosse seca
Chiado no peito
Respiração curta e rápida
Rinite alérgica: doença inflamatória da mucosa do
nariz
Sintomas:
Coceira no nariz, olhos ou garganta
Coriza
Espirros
Congestão nasal
Conjuntivite alérgica: inflamação do olho causada por
um alérgeno, como poeira, ácaro ou pólen
Sintomas:
Coceira nos olhos
Lacrimejamento
Olhos vermelhos e/ou inchados
Sensibilidade à luz
Catapora: doença infecciosa e altamente contagiosa causada pelo vírus Varicela-Zoster
Sintomas:
Lesões (bolhas e erupções)
vermelhas na pele
Coceira
Sarampo: doença infecciosa grave causada pelo vírus do sarampo (Morbillivirus)
Sintomas:
Febre
Tosse
Irritação nos olhos
Coriza ou congestão nasal
Manchas vermelhas na pele
Rubéola: doença infectocontagiosa causada pelo
Rubivirus
Sintomas:
Febre baixa
Lesão avermelhada na pele
Caxumba: doença infectocontagiosa causada pelo vírus
Paramyxovirus
Sintomas:
Aumento das glândulas na região do pescoço
Febre
Dor ao mastigar ou engolir
Perda de apetite
Medidas preventivas:
Estar com a vacinação em dia
Deixar os ambientes ventilados
Lavar roupas de cama e toalhas com frequência
Fazer a limpeza da casa com aspirador de pó ou pano
úmido
Evitar varrer a casa para não levantar a poeira
Evitar exposição à fumaça de cigarro, poeira e
poluição
Utilizar umidificador de ar
Realizar lavagem nasal com soro fisiológico
Fontes: Fátima Rodrigues Fernandes, coordenadora do
departamento de Alergia e Imunologia do Sabará Hospital Infantil; Mauro Karl,
alergologista do Hospital Santa Teresa (RJ); Raquel Muarrek, infectologista da
Rede D'or; Ministério da Saúde.
Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/1846037/chegada-da-primavera-aumenta-risco-de-doencas-alergicas-e-virais
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