Todos gostamos de mágica, da arte do ilusionismo, até de um
simples truque de cartas que as crianças aprendem para surpreender a família
nos almoços de domingo. Essas mágicas utilizam princípios neurocientíficos para
enganar nosso cérebro de maneira que normalmente não podemos controlar
conscientemente. Então, o que exatamente está errado com nosso cérebro? Nada –
ele tem apenas algumas brechas que podem ser aproveitadas por essa arte. Por
exemplo:
10. Foco
O cérebro humano simplesmente não foi projetado para
se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo, e os mágicos se aproveitam ao
máximo disso. Nossa atenção é puxada para uma coisa em particular, conforme diz
a teoria do “mover-holofotes”. Em suma, a teoria alega que a nossa atenção é
como um holofote, com destaque para uma coisa, deixando o que o rodeia no
escuro. Quando um item ou ação está dentro do foco, as partes do cérebro
envolvidas no processamento funcionam de forma mais eficiente, enquanto o que
está em torno nós não prestamos atenção. Isso permite que os mágicos tirem algo
das mangas bem debaixo dos nossos narizes. Se algo estiver chamando mais nossa
atenção, ou seja, estiver sob nosso holofote, nosso cérebro ignora o que ocorre
em volta.
9. Memórias compostas
O “efeito desinformação” ocorre quando a informação nos é dada depois de um evento e nossa memória sobre ele acaba alterada. Confuso? Presta atenção no exemplo: um mágico pede para você escolher uma carta a partir do lado esquerdo do monte e devolvê-la sem lhe dizer qual é. Antes de ele adivinhar sua carta, ele diz algo como: “Você pode escolher qualquer carta que você quiser”. No calor do momento, você vai achar que sim. A verdade é que você só teve a opção de escolher o lado esquerdo, mas os comentários ambíguos do mágico alteram o que você se lembra do truque, deixando-o com uma falsa memória e fazendo a mágica parecer mais incrível do que era.
8. Previsão errada do futuro
Quando você vê uma bola sendo jogada no ar, ela volta para baixo. Você já deve ter visto isso muitas vezes, e seu cérebro sabe que tudo que vai, volta. Na verdade, por causa de algo chamado “memória de previsão de quadro”, nosso cérebro, por vezes, lembra tão bem de certas ações que deixa de prestar muita atenção, pois prevê como elas vão acabar. Quando uma bola é jogada no ar nosso cérebro instantaneamente relembra memórias de eventos semelhantes e produz uma ideia do que vai acontecer a seguir. Isso não significa que ele não possa estar errado. Quando um mágico coloca uma bola em um copo só para fazê-la desaparecer quando a taça for levantada, ficamos chocados porque o que nosso cérebro previa não se concretizou. Nosso cérebro muitas vezes alimenta uma previsão e nos convence de que isso vai acontecer, o que nos deixa ainda mais chocados quando a ação prevista não acontece.
7. Vontade livre
Quando estamos escolhendo uma carta, qualquer carta, raramente escolhemos de forma aleatória. Geralmente o mágico escolhe para nós, só que sem o nosso conhecimento. Em muitos truques de carta, a escolha “forçada” significa que o mágico fez alguma coisa, física ou mental, para nos conduzir a escolher exatamente o que ele queria. Mas o nosso cérebro muitas vezes nega isso, acreditando na livre escolha e omitindo fatos que podem indicar que fomos forçados.
6. Preenchendo os espaços em branco
O truque da “mulher serrada ao meio” é velho o suficiente para que a maioria das pessoas saiba seu segredo. A cabeça que vemos em uma das extremidades da caixa não pertence às pernas que vemos na outra. Mas nosso cérebro insiste e acredita nisso. Por quê? Porque o nosso cérebro não é lá muito inteligente quanto a continuidade. Quando se vê uma cabeça em alinhamento, próximo a um par de pernas, o cérebro utiliza a experiência passada para preencher o espaço em branco e dizer que, obviamente, um tronco existe entre essas duas partes do corpo. Em muitos truques de mágica um objeto está parcialmente coberto, e nosso cérebro usa o que ele pode ver para continuar a imagem e preencher o espaço em branco – exatamente o que o mágico quer.
5. Mudar
Olhe rápido para fora da janela. O que você viu?
Agora olhe de novo. Alguma coisa mudou? Se na primeira vez
tudo o que você viu foi o seu quintal e na segunda vez havia um tigre, bem,
você provavelmente vai notar. Mas e se o pássaro empoleirado na árvore moveu-se
ligeiramente? E se a planta tinha se mexido pelo vento? Nossos cérebros são
suscetíveis a algo chamado de “mudança cega”, o que significa que ele é muito
ruim para detectar pequenas mudanças imediatamente. Não que ele não as veja,
mas ele é treinado para não se preocupar com as mudanças que não vão nos afetar
muito e, como resultado, se não formos muito focados, raramente vamos
registrá-las conscientemente. Obviamente, mágicos podem utilizar isso ao
extremo, e não notamos as pequenas mudanças no que está acontecendo até o foco
seja direcionado.
4. Nosso cérebro tem um ego
Nosso cérebro insiste que temos o livre-arbítrio, e também insiste que está sempre certo. Devido a uma coisa chamada “dissonância cognitiva”, ele tenta racionalizar os eventos, mesmo se isso significar ir contra o que você sentiu ou pensou apenas alguns minutos mais cedo. Nosso cérebro nos forçará a justificar os eventos se eles não ocorrerem como esperávamos. Mágicos apresentam uma realidade que não obedece a ideia de realidade que seu cérebro está acostumado a ver. Isso cria uma dissonância cognitiva e chega a um ponto em que não importa o quanto ele tenta; seu cérebro não consegue racionalizar os eventos vistos. Como o cérebro é usado para racionalizar os eventos depois que eles ocorrem, a mágica cria uma situação que não pode existir e que leva à sensação única de espanto.
3. Vendo e sentindo
Você provavelmente já viu números de ilusões na internet em que você olha fixamente em uma imagem em preto e em seguida olha para uma parede branca para encontrar a imagem que ainda existe em sua visão. Isso é chamado de pós-imagem – quando o cérebro continua vendo algo por um curto período de tempo após esse algo ter se extinguido. Um mágico pode usar este truque quando muda um item de mão
2. Seu cérebro ama coisas novas
De maneira simples, quando o cérebro vê algo novo, rápido e emocionante, não pode evitar de tomar conhecimento. Devido à “captura de atenção exógena”, seu cérebro sempre será atraído para algo novo. Uma pomba voando de forma irregular vai chamar a atenção quase que imediatamente, mas seu cérebro leva pelo menos alguns segundos para processar o evento e avaliar a sua importância. Uma mão curvando-se rapidamente, por exemplo, chama mais atenção do que uma lenta linha reta. Os mágicos sabem disso, por isso usam as ações emocionais de seu cérebro para não te deixar olhar para onde querem.
1. Seu cérebro cai para o encanto
Muitos mágicos usam o humor em seus atos, em uma tentativa de encantar o seu público durante a apresentação. Esse charme e carisma é um efeito químico sobre o cérebro. É possível que o simples ato de rir com os trocadilhos terríveis do mágico libere oxitocina, o “hormônio do amor e do vínculo”, que faz com que os atos de cooperação e interação social o façam se sentir bem. A liberação da oxitocina te deixa menos propenso a ser crítico aos truques que você está assistindo, e ainda mais suscetível a perder as trocas de mão com a atenção atraída para o rosto do mágico. Tudo, até mesmo os trocadilhos terríveis, fazem parte do truque.[Listverse]
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