segunda-feira, 28 de maio de 2018

Redobre a atenção aos sintomas de infarto nos dias frios


Ficar alerta aos diversos sintomas do infarto é importante porque o ataque cardíaco é uma condição sistêmica, indo muito além do coração.

Infartos mais frequentes no inverno

Seja extremamente vigilante sobre os sintomas de um ataque cardíaco durante os dias mais frios.

Já havia indícios epidemiológicos de que grandes variações de temperatura aumentam a incidências de ataques cardíacos.

Agora, um estudo de grandes proporções feito em Taiwan concluiu que os ataques cardíacos são mais propensos a acontecer quando as temperaturas caem. O alerta é importante porque grande parte da população associa o risco de ataques cardíacos ao calor.

"Nós constatamos que o número de ataques cardíacos (infarto agudo do miocárdio) flutua com as estações do ano, com mais ataques ocorrendo no inverno em comparação com o verão. Os ataques cardíacos aumentaram drasticamente quando a temperatura caiu abaixo de 15 graus Celsius.

"Quando a temperatura cai, as pessoas com alto risco de ataque cardíaco devem ser alertadas para sintomas como dor no peito e falta de ar.

"Os grupos de risco incluem pessoas que tiveram um ataque cardíaco anterior, idosos ou aqueles com fatores de risco, como diabetes, pressão alta, tabagismo, obesidade e estilos de vida sedentários. Ataques cardíacos podem causar a morte repentina, então é essencial procurar urgentemente assistência médica quando ocorrerem os sintomas," resumiu o professor Po-Jui Wu, do Hospital Memorial Kaohsiung Chang Gung, coordenador do estudo.

Aumentos de infarto por grau de temperatura

Quando a temperatura mais baixa do dia ficou entre 15 e 20º C, a incidência relativa de infarto agudo do miocárdio aumentou 0,45% para cada 1º de queda na temperatura.

Quando a temperatura mais baixa do dia estava abaixo de 15º C, cada 1º C de queda na temperatura foi associado a um aumento de 1,6% na incidência relativa de infarto agudo do miocárdio.

Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=redobre-atencao-sintomas-infarto-inverno&id=12802&nl=nlds - Redação do Diário da Saúde - Imagem: Medical University of Vienna

domingo, 27 de maio de 2018

O segredo do emagrecimento

Para perder peso e, acima de tudo, manter a boa forma física, é necessário ter na ponta da língua a resposta para uma pergunta fundamental

Outro dia viajei de avião para Ipatinga, no Vale do Aço em Minas Gerais, por causa de uma aula que daria por lá. Para não perder tempo, aproveitei o voo para montar no computador a apresentação de outra palestra que faria na semana seguinte em Londrina (Paraná). O título dela: “Novas abordagens nutricionais para o emagrecimento”.

Eis que minha vizinha de assento olhou para tela e, de repente, perguntou: “O que você faz?”. Respondi: “Sou professor de nutrição da USP”. Ela devolveu imediatamente: “Poxa, preciso perder uns 7 quilos. O que eu faço?”.

Tenho um costume que aprendi com a minha vó, a Dona Irene, de acreditar que toda conversa é interessante. Fechei meu computador e o guardei na mochila. “Qual seu nome?”, perguntei. Aí descobri que ela se chamava Flávia (nome fictício).

“Então Flavia, comer é um ato influenciado por muitas coisas e principalmente pelo comportamento. A comida nos entrega uma recompensa imediata no instante em que a colocamos na boca. Esse prazer às vezes é usado para compensar um dia cansativo de trabalho, um diálogo difícil que tivemos naquele dia e outras tantas coisas”, introduzi.

Ela me olhou meio desconfiada. Fui adiante: “Para você controlar a ingestão de alimentos, é necessário encontrar uma recompensa mais forte que a da comida. Qual seria essa recompensa que o emagrecimento te daria?”.

Minha expectativa de um longo diálogo se encerrou ali. A Flavia ficou reflexiva e calada. Percebi que, de certa forma, havia sensibilizado minha novíssima amiga a pensar no que realmente a motivaria a comer melhor.

Quando pensamos em emagrecimento, via de regra temos objetivos frágeis diante do prazer de comer. Não dá pra negar: a comida entrega imediatamente uma sensação gostosa. São milhares de aromas, sabores e texturas que explodem na boca. É difícil ganhar disso para “ficar bem no verão” ou “porque alguém me mandou”.

Tem mais: cada prato é diferente para cada pessoa. A alimentação está relacionada com nossa história de vida. A lasanha da Dona Irene é, para mim, a melhor lasanha do mundo. Pouco importa a opinião do Guia Michelin, que não conferiu qualquer estrela para a minha vó. A lasanha da Dona Irene tinha amor, dedicação, afeto, carinho, textura, sabor, aroma… Estava tudo junto e misturado – e os quatro primeiros itens eram dela e não existem mais.

E a Flavia? Bem, ela estava viajando para passar o Dia das Mães com a mãe dela. Imagine o afeto que é compartilhado na forma de alimentos durante a visita de uma filha que mora longe. O significado dessas refeições é muito maior que as calorias, as gorduras, os carboidratos e as proteínas que as compõem.

Aprender a fazer escolhas saudáveis é, antes de tudo, compreender o significado que a história de cada alimento possui pra cada um de nós. E, a partir daí, colocar na boca o que realmente vale a pena. Acho que a Flavia comeu naquele final de semana de uma forma diferente dos outros Dias das Mães.

Pouco antes do desembarque, ela me confidenciou: “Não vou esquecer a sua pergunta”. A conversa não foi longa, mas, como dizia a Dona Irene, toda conversa vale a pena. Pense nisso e descubra por que você quer mesmo emagrecer. Esse é o verdadeiro segredo – e ele é só seu.


Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/o-fim-das-dietas/o-segredo-do-emagrecimento/ - Por Antonio Herbert Lancha Jr. - Foto: Eduardo Svezia/SAÚDE é Vital

sábado, 26 de maio de 2018

Vem aí novidades para tratar e diagnosticar o glaucoma

Em breve, teremos mais alternativas para enfrentar uma das doenças que mais causa perda de visão. Aproveite o Dia de Combate ao Glaucoma para conhecê-las

Na Dia de Combate ao Glaucoma a SBG (Sociedade Brasileira de Glaucoma) anuncia a criação de novas diretrizes para o tratamento e diagnóstico da doença que acomete os olhos e provoca cegueira. O documento abrange as descobertas científicas mais recentes sobre o tema e servirá de guia para a incorporação de novos procedimentos tanto nos planos de saúde quanto na rede pública.

A ideia é também aproveitar a sazonalidade da data para aumentar a conscientização sobre o glaucoma, mal que atinge, estima-se, 3% da população brasileira. “E metade dos portadores não sabe que tem a doença, que só apresenta sintomas quando afeta a visão de maneira irreversível”, explica Wilma Lelis Barboza, oftalmologista presidente da SBG.

Na nova diretriz, que chegará aos oftalmologistas do país e ao site da SBG em junho, um dos principais destaques é justamente uma arma para o acompanhamento da evolução dessa condição. “Estamos falando da tomografia do nervo óptico, que é um exame extremamente útil, usado há mais de dez anos nos consultórios, mas que ainda não está coberto pelos planos de saúde”, conta Wilma.

Outros avanços incluídos no documento envolvem uma técnica cirúrgica feita com lasers. “Tivemos recentemente modificações que diminuem o trauma no olho do paciente e controlam melhor a pressão intraocular, que é a causa do glaucoma”, aponta a oftalmologista.

Mesmo assim, nenhum procedimento dá conta de devolver ao nervo óptico o seu funcionamento normal. Os tratamentos servem basicamente para frear o avanço da enfermidade. Ou seja, os danos são irreversíveis – por isso é importante conhecer bem a doença.

O que é glaucoma
A doença é caracterizada por uma lesão no nervo óptico, responsável por transmitir luzes e cores ao cérebro. A responsável por esse dano costuma ser uma alta na pressão intraocular (PIO), que sobe quando há acúmulo do humor aquoso, fluido presente no olho.

Os fatores que levam a esse acometimento ainda não estão totalmente estabelecidos. O glaucoma e ele pode ocorrer na infância e no início da vida adulta, mas principalmente na terceira idade. “Entre os 60 e 80 anos, a incidência chega a 8%”, destaca Wilma.

Algumas questões, como histórico familiar, ter graus altos de miopia ou doenças crônicas, elevam o risco da encrenca.

O problema é que o aumento da pressão não tem nenhum sintoma exceto as alterações na visão, que demoram para aparecer e, como vimos, não podem ser corrigidas. Em geral, estamos falando de um escurecimento do campo de visão, que vai de fora para dentro.

Por isso, o ideal é fazer exames periódicos no oftalmologista, que deveria medir a pressão intraocular em todas as consultas de rotina – não deixe de perguntar sobre o assunto. Acima dos 40 anos, as visitas a esse especialista devem ser frequentes (anuais ou combinadas com o especialista), mesmo que você não tenha quaisquer problemas para enxergar.

Caso o diagnóstico do glaucoma seja feito, o médico costuma receitar primeiro colírios de uso diário, que aliviam a pressão intraocular. Eis aí outra etapa difícil no controle do glaucoma.

“Como ele é assintomático, muitos pacientes abandonam o tratamento, que deve ser contínuo, por desconhecerem a gravidade do quadro”, alerta Wilma. Daí a necessidade de falar mais e mais sobre ele e suas consequências.


Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/vem-ai-novidades-para-tratar-e-diagnosticar-o-glaucoma/ - Por Chloé Pinheiro  - Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Os benefícios da atividade física para quem luta contra o câncer

Além de ajudar a evitar tumores, o exercício é importante durante o tratamento - por vários motivos. Veja as últimas recomendações dos especialistas

Antes da quinta sessão de quimioterapia, a médica da fisioterapeuta Roberta Peres, diagnosticada com câncer de mama aos 27 anos, avisou que trocaria os remédios. É um protocolo comum, que pode reduzir a intensidade de efeitos colaterais. “Mas ela me disse que, entre outros sintomas, eu talvez tivesse dores parecidas com as de um treino forte na academia”, lembra. Após a químio, Roberta definiu seu sofrimento de outro jeito: “Eram como facadas. No dia seguinte, falei que não iria aguentar e meu marido sugeriu caminharmos no parque para eu me distrair. Foi delicioso”.

O desconforto não sumiu, porém diminuiu a ponto de ela repetir a dose na próxima manhã e até trotar um pouco. “Tive câncer, fiz químio… e corri careca”, arremata Roberta, hoje com 29 anos e um perfil no Instagram que estimula outros pacientes a tomarem as rédeas da vida diante da doença. Ao longo das 11 sessões quimioterápicas seguintes (uma por semana), ela continuou dando suas passadas com o aval da doutora e notou ganhos em ânimo, autoestima, força…

“Está evidente que a atividade física ameniza consequências da doença e da terapia”, afirma o oncologista Auro Del Giglio, do Hospital do Coração, em São Paulo. Durante uma palestra que dará no Ganepão, um dos maiores congressos científicos do Brasil, o especialista vai destacar o papel da movimentação contra a fadiga gerada pelo tratamento. “Não há drogas adequadas para enfrentar essa reação adversa. Apenas os exercícios funcionam mesmo”, explica. Soa esquisito dizer que “gastar energia vai gerar energia”, mas é nesse sentido que as evidências científicas andam.

Uma revisão internacional de 34 estudos reuniu dados de 4 366 indivíduos com tumores. Seu resultado é categórico: não importa o tipo da doença, tirar o corpo da cama combate a indisposição. “Eu me poupava nos dias de quimioterapia, porque ficava sonolenta. Só que nos outros já voltava a me exercitar”, conta Roberta. Ela admite que os primeiros passos exigem esforço extra, contudo a sensação de esgotamento se dissipa com o suor.

“Na verdade, a atividade física libera neurotransmissores que trazem prazer e bem-estar”, explica José Cesar Rosa Neto, doutor em fisiologia e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. A malhação ainda freia a degeneração muscular, uma repercussão comum após o diagnóstico que atrapalha tarefas cotidianas e intensifica a canseira.

Não por menos, o brasileiro Daniel Galvão, codiretor do Instituto de Pesquisa em Medicina do Exercício da Universidade Edith Cowan, na Austrália, concentrou-se no potencial de treinos supervisionados com práticas aeróbicas e de flexibilidade e força em 57 homens com câncer de próstata avançado – a doença havia invadido os ossos. Mesmo nesse cenário grave, os participantes expressaram uma melhora nas funções físicas sem desenvolver complicações.

“O estudo tem um enorme impacto, porque indivíduos com metástases ósseas até então eram excluídos de programas de exercício”, raciocina Galvão. Está aí um erro comum: imaginar que o câncer pede cama.

Mais benefícios da atividade física contra o câncer
Sono: a sensação de relaxamento após o esforço físico facilita o adormecer e melhora a qualidade do sono.

Disposição: sacudir a poeira é uma das principais maneiras de afastar a fadiga típica da quimioterapia.

Peso: ao contrário do que se pensa, vítimas do câncer podem engordar. E o exercício queima calorias.

Dor: os incômodos são aplacados com as substâncias analgésicas liberadas pelo esporte.

Como o exercício ajuda o tratamento em si
Resistir aos solavancos do tratamento é primordial para finalizá-lo. E aqui a malhação ofereceria vantagens. “Embora faltem pesquisas, o bom senso sugere que, se essa prática atenua reações adversas, ajudaria a pessoa a aguentar a estratégia desenhada pelo médico“, reflete Del Giglio.

Um indício de que o argumento bate com a realidade vem de um trabalho da Universidade de Alberta, no Canadá. Divulgado em 2007, ele reuniu 242 mulheres com câncer de mama submetidas à químio. Resultado: 78% das que foram orientadas a fazer musculação seguiram o plano original do doutor sem grandes intercorrências, ante 66% das que ficaram paradas.

Tais dados justificariam a menor taxa de mortalidade associada aos enfermos que suam a camisa após o diagnóstico. Em um levantamento de 2015 publicado no British Journal of Sports Medicine, os mais ativos apresentavam um risco 22% menor de morrer por causa do tumor.

Só considere que, talvez, dados como esse decorram do fato de que os sujeitos com cânceres mais agressivos se mexem menos – não seria o esporte que afasta a doença, e sim o contrário. “De qualquer forma, também existe a teoria de que os exercícios gastam parte da energia que abasteceria o tumor”, explica Sandro Fernandes da Silva, educador físico da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. Fora isso, em experiências no laboratório, o esforço físico estimula o suicídio de células cancerosas e faz o sistema imune reconhecê-las melhor.

A atividade física ainda rechaça transtornos que abreviam a longevidade do pessoal que venceu o câncer. Exemplo: vários dos fármacos empregados lesam o coração. “Quem recebeu quimioterapia na infância às vezes desenvolve insuficiência cardíaca já aos 30 ou 40 anos”, revela Rosa Neto. “Mas o treinamento parece remodelar o órgão e manter seu funcionamento”, completa.

Na Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, pesquisadores recrutaram 100 voluntárias que haviam se tratado recentemente contra o câncer nos seios e colocaram metade para realizar exercícios. Depois de quatro meses, eles perceberam que a turma do agito exibiu quedas em colesterol, pressão e outros marcadores da síndrome metabólica. “Sobreviventes do tumor de mama com essa condição têm maiores índices de mortalidade. Logo, erradicá-la aumentaria a sobrevida”, diz a fisiologista Christina Dieli-Conwright, autora da investigação.

A dificuldade é sair do sedentarismo em um momento tão complicado – até porque o câncer impõe restrições. “No nosso trabalho, um grande desafio foi a falta de confiança das mulheres em movimentar os braços”, recorda-se Christina. Ora, não raro a cirurgia contra o tumor de mama abala as estruturas dos membros superiores.

Roberta, que passou por quatro operações antes de ver sua doença sumir dos radares, é prova disso: “Meu alongamento foi para as cucuias. Aí eu comecei a fazer pilates e ioga, que me ajudaram a recuperar a flexibilidade”. Claro que cada caso demanda cuidados específicos, que exigem supervisão. “Mas todos, ao se exercitarem, deixam de viver só em função do tratamento”, dá o recado. Tem virtude melhor do que essa?

Os exercícios físicos na prática
“As recomendações para pacientes com câncer estão sendo revistas”, adianta o pesquisador Daniel Galvão. Hoje, as diretrizes gerais se assemelham às voltadas ao restante da população – ou seja, pedem para incluir modalidades aeróbicas, musculação e alongamentos por ao menos 150 minutos na semana.

No entanto, há particularidades de acordo com o tipo de tumor, o estágio da doença e as características da pessoa. “Durante o tratamento, devemos focar na segurança, cobrar supervisão e reforçar que não é a hora de apertar o passo”, ressalta o oncologista Antonio Carlos Buzaid, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

Veja, a seguir, táticas para se manter ativo em meio à luta contra o câncer:

O calendário: veja como se sente após uma sessão do tratamento e se exercite nos dias em que os sintomas abrandarem.

A expectativa: concentre-se mais nos benefícios da atividade contra o tumor e menos – bem menos – no desempenho.

Os cuidados: se a doença se espalha para o fêmur, por exemplo, é bom não sobrecarregar a perna. Respeite as limitações impostas pelo médico.

A supervisão: o ideal é programar os treinos junto a educadores físicos e outros profissionais com experiência em oncologia.


Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/os-beneficios-da-atividade-fisica-para-quem-luta-contra-o-cancer/ - Por Theo Ruprecht - Ilustração: Bia Melo/SAÚDE é Vital