quinta-feira, 22 de julho de 2021

Vocação: Como ajudar os jovens a mirar em uma carreira de forma realista


Cabeça nas estrelas e pés no chão

 

Quando se trata das aspirações profissionais entre os adolescentes, é melhor nas estrelas, para que eles possam talvez pousar na Lua.

 

A verdade é que as estrelas podem ser inatingíveis, então o trabalho dos sonhos do jovem pode permanecer inalcançável, sendo razoável esperar que ele acabe no lugar melhor possível.

 

Este é o conselho do professor Kevin Hoff, da Universidade de Houston (EUA), cujo trabalho está revelando a existência de discrepâncias importantes entre os empregos dos sonhos dos jovens e a realidade profissional.

 

"Quase 50% dos adolescentes aspiravam a carreiras investigativas ou artísticas, que juntas representam apenas 8% do mercado de trabalho," conta ele, salientando que "empregos investigativos" são aqueles no campo das ciências e das pesquisas.

 

O levantamento de Hoff incluiu compilar os níveis de risco de automação, os requisitos educacionais e os interesses vocacionais, ou aspirações de carreira, dos jovens.

 

"Os resultados revelaram que a maioria dos adolescentes aspirava a carreiras com baixo potencial de automação. No entanto, apareceram grandes discrepâncias entre as aspirações dos adolescentes e o número de vagas disponíveis no mercado de trabalho," detalhou o pesquisador.

 

Vocações para meninas e meninos

 

Para as meninas, as aspirações mais populares eram se tornar médicas, veterinárias, professoras e enfermeiras. Ser médica era mais popular no início da adolescência (representando cerca de 12% de todas as aspirações femininas aos 13-15 anos), enquanto ser veterinária, professora ou enfermeira eram mais populares no final da adolescência (16-18 anos).

 

Para os meninos, ser um atleta foi esmagadoramente a aspiração mais popular durante o início da adolescência (respondendo por 22-32% das aspirações masculinas aos 13-15 anos), mas se tornou menos popular no final da adolescência (respondendo por 5-13% dos 16-18 anos).

 

"Tanto homens quanto mulheres mostraram um padrão semelhante de crescente variabilidade em suas aspirações de carreira com a idade, indicando objetivos de carreira mais diversos," disse Hoff.

 

Sonhos versus realidade

 

Na verdade, a realidade pode ter-se imposto. Por exemplo, a maioria dos meninos que queriam ser atletas profissionais aos 13 anos mudaram de ideia aos 18, quando seus talentos esportivos já eram claros, o que os fez aspirar a empregos mais acessíveis.

 

Assim, para Hoff, uma das maneiras mais importantes de ajudar os adolescentes a encontrar metas de carreira ambiciosas, mas realistas, é expondo-as a uma variedade de tipos de carreira que eles não veriam naturalmente em suas vidas diárias.

 

Segundo ele, não se deve desanimar os jovens quanto às suas pretensões, ou mesmo suas ambições, sendo necessário apenas ampliar as possibilidades para que eles tenham um bom plano de backup.

 

"É bom encorajar os estudantes a terem carreiras de prestígio, mas, à medida que envelhecem, os pais, professores ou conselheiros também devem ser verdadeiros com eles e ajudá-los a compreender quantas pessoas realmente trabalham no campo dos seus sonhos e qual a probabilidade de eles conseguirem um trabalho naquela área," disse Hoff.

 

Checagem com artigo científico:

 

Artigo: Dream Jobs and Employment Realities: How Adolescents’ Career Aspirations Compare to Labor Demands and Automation Risks

Autores: Kevin Hoff, Drake Van Egdom, Christopher Napolitano, Alexis Hanna, James Rounds

Publicação: Journal of Career Assessment

DOI: 10.1177/10690727211026183

 

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=vocacao-emprego-voce-quer-versus-emprego-voce-consegue&id=14800%22 - Redação do Diário da Saúde - Imagem: AkshayaPatra Foundation/Pixabay

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Caminhada de 10 minutos reduz morte prematura? Pesquisadores respondem


Estudo revela que andar poucos minutos por dia pode diminuir o risco de doenças do coração e câncer

 

Uma breve caminhada é o suficiente para reduzir a possibilidade de morte por doenças cardiovasculares, infarto ou desenvolvimento de câncer. Isso é o que diz um estudo feito por cientistas que analisou respostas de 90 mil indivíduos.

 

Publicado no British Journal of Sports Medicine, a pesquisa verificou dados de prática de exercícios físicos, coletados nos Estados Unidos, entre 1997 e 2008. Assim, compararam-se os números com a quantidade de mortes registradas durante o ano de 2011.

 

Quando participantes que não praticavam nenhum exercício físico foram comparados àqueles que caminhavam diariamente de 10 minutos a 60 minutos (uma hora), estes últimos apresentaram uma taxa 18% menor de risco de morte.

 

O número fica ainda mais alto para quem fez caminhadas quebradas de 10 minutos, mas que somam de 2h30 a até 5h de atividade física por semana: 31% menos risco de mortalidade. E mais: quem fez no mínimo 25 horas semanais de caminhadas teve esta probabilidade diminuída pela metade.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/fitness/noticias/34621-caminhada-de-10-minutos-reduz-morte-prematura-pesquisadores-respondem - Escrito por Redação Minha Vida

terça-feira, 20 de julho de 2021

Quantos anos um ser humano pode viver? Alguém que já nasceu vai bater o recorde


Homem e mulher mais velhos do mundo

 

O número de pessoas que vivem além dos 100 anos de idade está aumentando há décadas, chegando a quase meio milhão de pessoas em todo o mundo.

 

Há, no entanto, muito menos "supercentenários", pessoas que vivem até os 110 anos ou mais. A pessoa que já viveu por mais tempo, Jeanne Calment, da França, tinha 122 anos quando morreu, em 1997; atualmente, a pessoa mais velha do mundo é Kane Tanaka, do Japão, de 118 anos.

 

Essa longevidade extrema provavelmente continuará a aumentar lentamente até o final deste século, e as estimativas mostram que uma expectativa de vida de 125 anos, ou mesmo 130 anos, é possível.

 

"As pessoas são fascinadas pelos extremos da humanidade, seja ir à Lua, a velocidade com que alguém pode correr nas Olimpíadas ou até mesmo quanto tempo uma pessoa pode viver," comenta o professor Michael Pearce, da Universidade de Washington. "Com este trabalho, quantificamos a probabilidade de acreditarmos que algum indivíduo atingirá várias idades extremas neste século."

 

Recordes da vida humana

 

Enquanto alguns cientistas argumentam que doenças e a deterioração celular básica levam a um limite natural na expectativa de vida humana, outros afirmam que não há limite, como evidenciado por supercentenários que quebraram recordes.

 

Como ninguém sabe o que pesa mais, o normal tem sido os cientistas usarem modelagens estatísticas para calcular os extremos da vida humana.

 

Pearce e seu colega Adrian Raftery adotaram uma abordagem diferente: Eles se perguntaram qual poderia ser a maior expectativa de vida humana em qualquer lugar do mundo até o ano 2100.

 

Usando uma classe de ferramentas estatísticas conhecidas como Bayesianas, eles estimaram que o recorde mundial de 122 anos quase certamente será quebrado neste século, com uma grande probabilidade de pelo menos uma pessoa viver em alguma parte do mundo entre 125 e 132 anos.

 

Longevidade no século 21

 

Para calcular a probabilidade de alguém viver além dos 110 anos, Raftery e Pearce recorreram à atualização mais recente do Banco de Dados Internacional sobre Longevidade, criado pelo Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica (Alemanha). Esse banco de dados rastreia supercentenários de 10 países europeus, além do Canadá, Japão e Estados Unidos.

 

Entre seus resultados estão:

 

Com quase 100% de probabilidade, o recorde atual de idade máxima relatada - 122 anos e 164 dias de Calment - será quebrado.

A probabilidade continua alta de uma pessoa viver mais, até 124 anos (99% de probabilidade) e até 127 anos (68% de probabilidade).

Uma expectativa de vida ainda maior é possível, mas muito menos provável, com uma probabilidade de 13% de alguém viver até os 130 anos.

É "extremamente improvável" que alguém viva até 135 anos neste século.

Mesmo com o crescimento populacional e os avanços na área da saúde, ocorre um achatamento da taxa de mortalidade após uma determinada idade. Em outras palavras, alguém que vive até os 110 anos tem aproximadamente a mesma probabilidade de viver mais um ano que, digamos, alguém que vive até os 114.

 

"Não importa quantos anos eles têm, uma vez que chegam aos 110, eles ainda morrem à mesma taxa," explica Raftery. "Eles superaram todas as várias coisas que a vida lhes jogou, como doenças. Eles morrem por motivos que são um tanto independentes do que afeta os jovens. Este é um grupo muito seleto de pessoas muito robustas."

 

Checagem com artigo científico:

 

Artigo: Probabilistic forecasting of maximum human lifespan by 2100 using Bayesian population projections

Autores: Michael Pearce, Adrian E. Raftery

Publicação: Demographic Research

DOI: 10.4054/DemRes.2021.44.52

 

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=quantos-anos-humano-viver&id=14819 - Redação do Diário da Saúde - Imagem: Deep Longevity Limited

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Como recuperar a saúde dos fios após a queda de cabelo pós-covid


A queda de cabelo pós-covid é uma queixa frequente entre as pessoas que já foram infectadas pelo vírus. Apesar de parecer simples, quando comparado aos outros sintomas da doença, a queda de cabelo assusta e mexa com a autoestima de muitas pessoas. Confira, a seguir, a explicação da dermatologista Dra. Mairam Steffen (CRM 204453 / RQE 78839) sobre as causas da queda pós-covid.

 

O que causa a queda de cabelo pós-covid

Segundo a dermatologista Mairam, a queda de cabelo pós-covid pode ser causada “pelo próprio vírus, pelo estresse da pandemia ou por deficiências vitamínicas”. Essas causas são chamadas de eflúvio telógeno, uma condição caracterizada pelo aumento da queda capilar após algum pico de estresse, como, por exemplo, a perda de algum familiar, uso de medicamentos ou perda significativa de peso.

 

A dermatologista explicou que “a queda de cabelo pós-covid começa a acontecer de forma precoce. Enquanto o eflúvio telógeno normal acontece cerca de 3 a 4 meses após o gatilho, no caso do covid, a queda de cabelo pode ser percebida cerca de 30 a 40 dias após a infecção”. Por fim, Mairam destacou que a perda dos fios “tende a acometer homens e mulheres da mesma forma”, mas as mulheres acabam notando mais por conta da vaidade e cuidado com o cabelo.

 

Além disso, um artigo recente (1) apontou os picos de febre e o estresse com a covid como as principais causas para essa queda de cabelo, ou seja, esses são os fatores que desencadeiam o eflúvio telógeno temporário.

 

Como tratar a queda de cabelo pós-covid e ter fios saudáveis

 

A dermatologista contou que “é possível recuperar o cabelo usando produtos tópicos, mas muitas vezes é preciso aliar algum remédio oral no tratamento”. Isso porque pode ser que algum outro fator esteja contribuindo com a queda dos fios.

 

Além disso, “a conduta mais comum para o tratamento da queda de cabelo pós covid é identificar o gatilho, realizar exames complementares e aliar o uso de soluções tópicas com uma alimentação adequada ou até mesmo realizar a suplementação de vitaminas e minerais”(1).

 

Dessa forma, Mairam destacou a importância de procurar um médico dermatologista ao notar a queda de cabelo pós-covid. Com isso, é possível acelerar a melhora da perda dos fios, pois logo dará início ao tratamento adequado.

 

A queda de cabelo é um sinal de que algo não está funcionando bem no organismo e claro, mexe com a autoestima de muitas pessoas, afetando diretamente na qualidade de vida. Então, não deixe de buscar ajuda médica ao notar um aumento na queda dos fios. E para cuidar bem das madeixas, saiba mais sobre o crescimento capilar.

 

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

 

Fonte: https://www.dicasdemulher.com.br/queda-de-cabelo-pos-covid/ - Escrito por Gabriela Naomi - ISTOCK

domingo, 18 de julho de 2021

Quanto tempo dura a imunidade covid-19?


Muitas questões permanecem sobre a imunidade natural e induzida por vacina ao SARS-CoV-2. Chris Baraniuk analisa o que sabemos até agora

 

Quanto tempo dura a imunidade covid-19?

É difícil dizer com certeza. Quando o sistema imunológico do corpo responde a uma infecção, nem sempre está claro por quanto tempo a imunidade que se desenvolve irá persistir. Covid-19 é uma doença muito nova, e os cientistas ainda estão descobrindo precisamente como o corpo se defende do vírus.

 

Há razões para pensar que a imunidade poderia durar vários meses ou alguns anos, pelo menos, dado o que sabemos sobre outros vírus e o que vimos até agora em termos de anticorpos em pacientes com covid-19 e em pessoas que têm foi vacinado. Mas chegar a um valor aproximado, ainda que por si só coloque um número exato, é difícil, e os resultados dos estudos imunológicos de covid-19 variam. Uma razão para isso são os fatores de confusão que os cientistas ainda não entendem completamente - em alguns estudos, por exemplo, a longevidade dos anticorpos direcionados ao pico de SARS-CoV-2 é menor do que se poderia esperar. 1 Não temos dados claros para entender se este é um problema para covid-19.

 

A imunidade também é determinada por outros fatores além dos anticorpos, como a memória das células T e B, que alguns estudos estimam poder durar anos. 2 E a imunidade é induzida de forma diferente por infecção natural versus vacinação, então não se pode simplesmente combinar estudos para chegar a um número definitivo.

 

Por quanto tempo os anticorpos contra covid-19 permanecem no corpo?

Os dados indicam que os anticorpos neutralizantes duram vários meses em pacientes com covid-19, mas diminuem suavemente em número com o tempo. Um estudo, publicado na revista Immunity , com 5.882 pessoas que se recuperaram da infecção por covid-19, descobriu que os anticorpos ainda estavam presentes em seu sangue cinco a sete meses após a doença. 3 Isso era verdadeiro para casos leves e graves, embora as pessoas com doença grave acabassem com mais anticorpos em geral.

 

Todas as vacinas aprovadas até agora produzem fortes respostas de anticorpos. O grupo de estudo da vacina Moderna relatou em abril que os participantes de um ensaio clínico em andamento tinham altos níveis de anticorpos seis meses após a segunda dose. 4 Um estudo no Lancet descobriu que a vacina Oxford-AstraZeneca induziu altos níveis de anticorpos com “diminuição mínima” por três meses após uma única dose. 5

 

Prevê-se que o número de anticorpos neutralizantes diminua com o tempo, diz Timothée Bruel, pesquisador do Instituto Pasteur, dado o que sabemos sobre a resposta imunológica a outras infecções. Em abril, Bruel e seus colegas publicaram um artigo na Cell Reports Medicine que analisou os níveis de anticorpos e funções em pessoas que tiveram covid-19 sintomático ou assintomático. 6 Ambos os tipos de participantes possuíam anticorpos polifuncionais, que podem neutralizar o vírus ou ajudar a matar células infectadas, entre outras coisas.

 

Essa ampla resposta, diz Bruel, pode contribuir para uma proteção mais duradoura em geral, mesmo se as capacidades de neutralização diminuírem. Um estudo de modelagem publicado na Nature Medicine examinou a decadência de anticorpos neutralizantes para sete vacinas covid-19. Os autores argumentaram que “mesmo sem reforço imunológico, uma proporção significativa de indivíduos pode manter proteção de longo prazo contra infecções graves por uma cepa antigenicamente semelhante, mesmo que eles possam se tornar suscetíveis a infecções leves”.

 

Mais pesquisas são necessárias, no entanto, para determinar exatamente como o corpo luta contra a SARS-CoV-2 e por quanto tempo os anticorpos polifuncionais podem desempenhar um papel defensivo após a infecção ou vacinação.

 

E quanto às respostas das células T e B?

As células T e B têm um papel central no combate às infecções e, principalmente, no estabelecimento da imunidade de longo prazo. Algumas células T e B atuam como células de memória, persistindo por anos ou décadas, preparadas e prontas para reacender uma resposta imunológica mais ampla caso seu patógeno alvo chegue ao corpo novamente. São essas células que tornam possível a imunidade verdadeiramente de longo prazo.

 

Um estudo publicado em fevereiro na Science avaliou a proliferação de anticorpos, bem como de células T e B em 188 pessoas que tiveram covid-19. 7 Embora os títulos de anticorpos tenham caído, as células T e B de memória estavam presentes até oito meses após a infecção. Outro estudo em uma coorte de tamanho comparável relatou resultados semelhantes em um pré-impressão publicado no MedRxiv em 27 de abril. 8

 

Monica Gandhi, médica infecciosa e professora de medicina da Universidade da Califórnia em San Francisco, diz que temos evidências de que as células T e B podem conferir proteção vitalícia contra certas doenças semelhantes a covid-19. Um conhecido artigo da Nature de 2008 descobriu que 32 pessoas nascidas em 1915 ou antes ainda mantinham algum nível de imunidade contra a cepa da gripe de 1918, daqui a 90 anos. 9 “Isso é realmente profundo”, diz ela.

 

Um artigo publicado em julho de 2020 na Nature descobriu que 23 pacientes que haviam se recuperado de síndrome respiratória aguda grave ainda possuíam células T CD4 e CD8, 17 anos após a infecção com SARS-CoV-1 na epidemia de 2003. 10 Além do mais, algumas dessas células mostraram reatividade cruzada contra SARS-CoV-2, apesar dos participantes não relatarem história de covid-19.

 

Mas, novamente, esses são estudos iniciais e ainda não temos conclusões definitivas sobre o papel das células T e B na imunidade a covid-19. Há um enigma, por exemplo, em saber que as células T ajudam as células B a produzir rapidamente anticorpos de alta afinidade na reexposição. Quanto importa que os anticorpos séricos tenham uma vida curta e diminuam rapidamente, se as células que os produzem estão estabelecidas e prontas para funcionar?

 

Como a imunidade natural se compara à imunidade induzida pela vacina?

Vários estudos mostraram que uma resposta imune envolvendo células T e B de memória surge após a infecção por covid-19. 11 Mas o sistema imunológico das pessoas tende a responder de maneiras muito diferentes à infecção natural, 12 observa Eleanor Riley, professora de imunologia e doenças infecciosas da Universidade de Edimburgo. “A resposta imunológica após a vacinação é muito mais homogênea”, diz ela, acrescentando que a maioria das pessoas geralmente tem uma resposta muito boa após a vacinação. Os dados dos ensaios clínicos das principais vacinas candidatas encontraram reatividade das células T e B. 13

 

A vacinação faz diferença para aqueles que já tomaram covid-19?

Há algumas evidências de que a vacinação pode aumentar a imunidade em pessoas que foram previamente infectadas com SARS-CoV-2 e se recuperaram. Uma carta publicada no Lancet em março discutiu um experimento no qual 51 profissionais de saúde em Londres receberam uma dose única da vacina Pfizer. Metade dos profissionais de saúde já havia se recuperado do covid-19 e foram eles que experimentaram o maior aumento nos anticorpos - mais de 140 vezes dos níveis máximos pré-vacina - contra a proteína spike do vírus. 14

 

Existe alguma diferença na imunidade induzida pela vacina entre a primeira e a segunda doses?

É difícil ter uma noção de toda a resposta imunológica após uma dose da vacina versus duas, mas vários estudos investigaram os níveis de anticorpos em diferentes estágios de dosagem. Um estudo de pré-impressão de pesquisadores da University College London envolvendo mais de 50.000 participantes descobriu que 96,4% eram anticorpos positivos um mês após a primeira dose das vacinas Pfizer ou AstraZeneca, e 99,1% eram anticorpos positivos entre sete e 14 dias após a segunda dose. 15 Os níveis médios de anticorpos mudaram ligeiramente até duas semanas após a segunda dose, altura em que dispararam.

 

Outro estudo, também pré-impresso por pesquisadores do Reino Unido, avaliou a diferença nos níveis de pico de anticorpos entre 172 pessoas com mais de 80 anos que receberam a vacina Pfizer. 16 Aqueles que não tinham registro anterior de infecção por covid-19 tinham 3,5 vezes mais anticorpos em seu pico se recebessem a segunda dose 12 semanas depois, em vez de três semanas depois. No entanto, os níveis médios de células T foram 3,6 vezes mais baixos naqueles que tinham o intervalo de dosagem mais longo (os autores observam que as respostas de células T relativamente baixas em ambas as coortes do estudo podem ser devido à idade). Isso mostra novamente o quão cedo estamos em nossa compreensão do vírus e imunidade a ele.

 

Como a imunidade afeta a reinfecção?

Os casos detectados de reinfecção são raros. 17 Riley acha que, mesmo se as pessoas forem infectadas após a vacinação ou uma infecção natural inicial, provavelmente terão apenas uma doença leve, na pior das hipóteses. (Observe, no entanto, que isso não significa necessariamente que eles não possam transmitir o vírus, mesmo que tenham sintomas leves ou nenhum sintoma.)

 

Os reforços da vacina covid-19 serão necessários?

Albert Bourla, o presidente-executivo da Pfizer, disse que uma dose de reforço "provavelmente" será necessária 12 meses após a segunda dose. 18 Existem razões compreensíveis para isso. Riley aponta que pessoas mais velhas, por exemplo, podem ter respostas imunológicas mais fracas, então podem ser ameaçadas por um aumento na transmissão do vírus durante o inverno. Os reforços também podem ser necessários para aumentar a imunidade contra as variantes emergentes do SARS-CoV-2, acrescenta ela.

 

Gandhi argumenta que o SARS-CoV-2 é conhecido por sofrer mutações relativamente lentas, e os primeiros estudos descobriram que ainda há uma boa reatividade cruzada contra novas versões do vírus. 19 Ela acha improvável que a imunidade induzida pelas vacinas originais não seja suficiente para lidar com novas variantes.

 

Um artigo publicado na Science em março de 2021 revisou as evidências até agora e concluiu que as vacinas atualmente disponíveis oferecem proteção suficiente contra variantes existentes e previsíveis. 20 “Em última análise, a melhor defesa contra o surgimento de outras variantes preocupantes é uma campanha de vacinação rápida e global - em conjunto com outras medidas de saúde pública para bloquear a transmissão”, concluíram os autores. “Um vírus que não pode transmitir e infectar outras pessoas não tem chance de sofrer mutação”.

 

Gandhi concorda: “Combater esta pandemia quando sabemos que temos as ferramentas para fazê-lo em todo o mundo é nossa prioridade, em vez de pensar em reforços que podem não ser necessários para os países ricos.”

 

Fonte: https://www.bmj.com/content/373/bmj.n1605 - Chris Baraniuk , jornalista freelance