sábado, 22 de fevereiro de 2020

10 coisas muito perigosas que você ainda pode comer


Você poderia pensar que, a essa altura do campeonato, seres humanos já sabem o que podem e o que não devem colocar na boca. Mas não é o caso. Comidas muito perigosas continuam populares no mundo todo, e são até consideradas iguarias em alguns locais.

Sim, as pessoas a consomem de propósito. Também não sei o que dizer disto.

10 – Marisco sanguinário
Comer marisco sempre traz riscos de saúde, especialmente porque esses animais são filtradores, ou seja, se alimentam por filtragem. Mas os sanguinários – apelido que vem do inglês “blood clam” – são particularmente perigosos. Um dos mais consumidos é o Tegillarca granosa.
O nome tem origem no fato de que eles possuem grandes quantidades de hemoglobina no sangue, o que lhes dá uma tonalidade vermelho escura. Outras espécies de marisco possuem sangue claro, então a diferença é bastante visível.
O problema em comer mariscos com sangue vermelho jorrando é que você provavelmente pegará hepatite A, E, disenteria ou febre tifoide. Isso se deve à habilidade do animal em filtrar até 40 litros de água por dia – enquanto se alimenta de organismos nessa água, também absorve vírus, bactéria e sabe-se lá mais o quê. Ou seja, em águas particularmente poluídas, os mariscos podem vir com presentes nada generosos. 
Em Xangai, na China, em 1988, cerca de 300.000 pessoas ficaram gravemente doentes ao comer mariscos sanguinários. 31 morreram. Estima-se que 15% de todos aqueles que comem esses animais ganham alguma infecção. E ainda assim eles são uma iguaria em muitas partes da região indo-pacífica. Ok, né…

9 – Sabugueiros
Os frutos e bagas dos sabugueiros – árvores do gênero Sambucus – são em geral comestíveis. A baga de sabugueiro (Sambucus nigra), por exemplo, é frequentemente utilizada na preparação de doces e bebidas e comercialmente cultivada no centro e leste da Europa. Algumas espécies também são consideradas medicinais e cultivadas para o fabrico de remédios homeopáticos.
No entanto, encontrar esses frutos e comê-los na natureza pode ser perigoso. Isso porque as folhas, galhos, ramos, sementes e raízes dessas plantas contêm um glicosídeo cianogênico. Se as pessoas o ingerirem em quantidade suficiente, podem ter uma acumulação tóxica de cianeto no corpo. Claro, comer essas partes da planta não é proposital; o fruto em si não é venenoso, mas pode ser que algum pedaço indesejado seja consumido junto.
É por esse motivo que brinquedos feitos com madeira de sabugueiro são desencorajados, e chás feitos com folhas e outras partes da árvore devem ser tomados com cautela.

8 – Baiacu
Baiacus podem até parecer fofos, mas também são mortais. O que (aparentemente) não impede as pessoas de comê-los.
A arte japonesa de preparar o baiacu, chamado por lá de fugu, é perigosa e demorada. Qualquer chef que queira servi-lo precisa de uma licença que depende de um treinamento de pelo menos três anos.
Isso porque o baiacu contém tetrodotoxina, uma neurotoxina 200 vezes mais fatal que o cianeto. O veneno fica nos órgãos reprodutivos, fígado e intestino do peixe, partes que normalmente não são consumidas, mas é necessário confiar muito no fato de que o chef limpou o animal corretamente.
Se qualquer pingo de tetrodotoxina restou no baiacu, as chances de sobrevivência são mínimas. A morte pode ocorrer de 20 minutos até 24 horas depois da ingestão. Primeiro, você sentirá um formigamento na boca, seguido de paralisia e por fim morte – enquanto permanece consciente o tempo todo. Quer arriscar?

7 – Rã-touro-africana
Embora não sejam tão populares no Brasil, pernas de sapos e rãs são consumidas em diversas partes do mundo. Geralmente, comer esses anfíbios não é perigoso. Exceto no caso da rã-touro-africana, consumida inteira em algumas partes do continente africano, especialmente na Namíbia, onde a iguaria é chamada de “efuma”.
No leste do vale de Luangwa, o povo Nsenga chama a rã de “kanyama kaliye fupam”, o que significa “o animal sem ossos”. Ele pode até ser gostoso, mas a pele e outros órgãos desse anfíbio contêm toxinas prejudiciais que podem levar à insuficiência renal e até à morte. Ou seja, eu passaria.
Não que o povo Nsenga não tome nenhuma precaução – ao que tudo indica, rãs jovens que ainda não acasalaram são muito mais letais do que as mais velhas, de forma que é importante evitar comê-las antes do início da estação de acasalamento.

6 – Água-viva de Nomura
A água-viva de Nomura, conhecida também como Echizen Kurage, é uma espécie de água-viva que pode chegar a dois metros de comprimento e pesar até 200 kg. Não é um animal conhecido por dar uma bela refeição, mas é considerado uma iguaria no Japão.
Sei o que você está pensando: é uma água-viva, logo é tóxica. Sim e não. Tipicamente, carne de água-viva não é tóxica desde que você coma as partes certas. No caso da Echizen Kurage, no entanto, o problema é que ela precisa ser cozida apropriadamente. Jamais pode ser ingerida crua, e se não for corretamente preparada pode carregar níveis tóxicos de nematocistos, o veneno das águas-vivas.
Quando você é queimado por uma, pode sentir coceira, inchaço, dor e inflamação. Quando você ingere uma Echizen Kurage ainda venenosa, no entanto, pode morrer. Apesar disso, se bem cozida, ela é segura. Uma companhia japonesa até serve um sorvete de água-viva com baunilha feito da carne da Echizen Kurage.

5 – Castanha-de-caju
Eu sei, você come e não acontece nada. Mas isso é porque você só come castanhas-de-caju torradas, nunca cruas.
Se você quiser colher um caju e ingerir a castanha ali no mesmo, no pé, você pode. Mas não deveria. Isso porque essas sementes contêm urushiol, uma substância semelhante aos químicos encontrados em plantas como hera venenosa.
Fique tranquilo: uma castanha-de-caju crua não irá te matar. Mas, se você ingerir suficientes delas, isso pode acontecer. É difícil, uma vez que a irritação e a dor provavelmente lhe impediriam de continuar comendo.
Felizmente, o vapor retira a toxina das castanhas, e assim podemos comer um balde delas sem medo ou culpa. Até porque fazem muito bem para a saúde.

4 – Kæster Hákarl
Kæster Hákarl, ou simplesmente Hákarl, é um prato tradicional islandês feito da carne e da pele do tubarão-da-groenlândia.
Se você já não está achando muito apetitoso, espere até eu te contar que o tubarão não tem rim nem trato urinário. Logo, seus “resíduos”, que contêm níveis altos de ácido úrico e óxido de trimetilamina, são filtrados por sua pele.
Para tornar a coisa toda remotamente comestível e segura, ela precisa ser fermentada e pendurada para secar por seis meses. Menos que isso não impede o risco de transmissão de doenças derivadas da ingestão dos resíduos e da toxicidade natural do animal.
Hoje em dia, é muito difícil alguém ficar doente ou morrer por comer Hákarl, uma arte já dominada. Ainda assim, os estrangeiros que comem a iguaria costumam a descrever como a pior e mais nojenta refeição que já tiveram. Ou seja, o gosto de carne fermentada de tubarão coberto de xixi deve ser suficiente para te manter longe desse prato.

3 – Ackee
Ackee ou akee é a fruta nacional da Jamaica. É muito consumida, mas se você não a conhece bem, é melhor esperar por instruções antes de enfiá-la na boca.
Isso porque a fruta possui níveis altos de um veneno chamado hipoglicina. Para ingeri-la com segurança, é necessário esperar seu amadurecimento completo. Enquanto as sementes são sempre tóxicas, a carne da fruta pode ser apreciada quando ela se abre naturalmente.
Se você comer a polpa amarela antes do momento certo, contudo, será acometido pelo que é chamado de “doença jamaicana do vômito”. Sim, é tão ruim quanto parece. Além de vômitos severos, as pessoas podem sofrer de convulsões, delírio, hepatite tóxica, choque e coma.
Isso é raro, no entanto. Em 1988, a intoxicação por ackee resultou em morte 29 vezes, com mais de 50 ocorrendo em 2001.

2 – Polvo “vivo”
Esse prato, chamado de san-nakji e considerado uma iguaria na Coréia, consiste em um filhote de polvo recém-morto. Os tentáculos continuam a se contorcer após tal morte recente e, o que é pior, balançam violentamente quando entram em contato com óleo de gergelim.
Não sei qual é a graça de comer um animal bebê se contorcendo em sua garganta, mas tem gente (não posso atestar sobre sua saúde mental) que gosta.
Mesmo um polvo morto sabe se defender, no entanto. Aparentemente, muitas pessoas acabam morrendo quando suas vias aéreas são bloqueadas por um tentáculo sacolejante. Estima-se que até seis pessoas faleçam por ano ao tentar comer a “iguaria” (ou tortura, para o polvo e para o comedor).

1 – Mandioca
Mais um alimento muito consumido no Brasil, só que nunca cru. Isso porque contém níveis perigosos de uma toxina chamada linamarina, que por sua vez pode gerar cianeto no nosso organismo. É isso mesmo que você leu.
A preparação da mandioca exige várias etapas, incluindo descascamento, secagem ao sol e fervura, para livrá-la do veneno. Fique tranquilo – a maioria dos produtos à base de mandioca que você compra já vem processados e são seguros.
Dito isto, mandioca mal processada pode ocasionalmente levar à morte. Em 2005, 27 crianças de uma escola filipina faleceram devido à ingestão de mandioca tóxica. [Listverse]


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