quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Água de enchente pode causar doenças: veja como se proteger


Leptospirose e hepatite A estão entre as doenças mais comuns no período de chuvas

Durante a estação das chuvas, não dá nem para seguir à risca o ditado popular "quem está na chuva é para se molhar", que o organismo já levanta a bandeira vermelha. Isso porque, fora todos os contratempos, as chuvas e enchentes podem ser extremamente perigosas para a saúde.

Embora muitas vezes seja inevitável, o contato com a água de alagamentos deve ser evitado ao máximo - já que ela pode estar contaminada com uma série de vírus, bactérias e outros agentes de doenças. Confira a seguir a lista com os problemas de saúde mais comuns relacionados às enchentes e saiba quais cuidados devem ser tomados para se proteger.

Virose
A gastroenterite aguda é uma infecção do sistema digestivo (estômago, intestino delgado e grosso), geralmente causada por um vírus - é o que costumamos chamar popularmente de "virose". De acordo com o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Unesp, a principal via de transmissão é o consumo de água contaminada ou de alimentos mal lavados ou mal cozidos, que estiveram em contato água contaminada com fezes. "A via mais comum, portanto, é oral-fecal", afirma o especialista.
A doença tem sintomas como vômito, diarreia e, às vezes, pode ocorrer febre. O próprio vômito e a diarreia ajudam a "limpar" o organismo. Nesses casos, o melhor tratamento é se hidratar e comer alimentos que não vão estimular o intestino ainda mais. A dieta recomendada deve incluir itens como arroz bem cozido, purê de batata, bolacha água e sal, peito de frango desfiado e um pouco de carne moída.

Leptospirose
A leptospirose é causada por uma bactéria, a Leptospira interrogans, que penetra ativamente na pele. "O rato é o agente transmissor da doença, cujo contágio é feito pelo contato com a urina desse animal. Por isso, a doença se torna bastante comum em temporadas de chuvas e enchentes", explica Alexandre Barbosa.
Ela é grave e tem alto índice de mortalidade. "A cada dez pessoas que contraem a doença, duas morrem", segundo o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp. Ele cita como sintomas da doença a febre alta, as dores pelo corpo, infecções na panturrilha e, depois de três dias, os olhos costumam ficar amarelados (icterícia). Por isso, é importante procurar um médico assim que os primeiros sintomas se manifestarem.

Hepatite A
Segundo Alexandre Barbosa, a hepatite A é causada por um vírus e também tem transmissão oral-fecal por causa do consumo de água ou alimentos contaminados, situação frequente no período chuvoso. Os principais sintomas são cansaço, olhos amarelados e perda de apetite. A doença é curável, mas precisa de acompanhamento médico.

Infecções virais (enterovírus)
No período de chuvas, é comum que as pessoas tenham mais contato com as águas dos rios, córregos, piscinas e também das enchentes. Essas águas podem conter dejetos de esgotos, contaminados com fezes, ou outras substâncias, como a urina de animais.
Esses agentes estão muito relacionados ao surgimento de infecções virais, que provocam sintomas como diarreia e vômito. "Como no caso da gastroenterite, o melhor tratamento é a hidratação e a alimentação apropriada para quem está com diarreia", explica Paulo Olzon. A recomendação é que só se faça o consumo de água tratada (filtrada, fervida ou mineral engarrafada) e produtos devidamente higienizados.

Dengue
A dengue é outra doença que ganha mais força nessa época do ano. A estação traz consigo chuva, umidade e calor, promovendo um ambiente perfeito para a procriação do mosquito Aedes aegypti, que é o agente transmissor da doença.
Como medida preventiva, deve-se evitar manter água parada em qualquer recipiente. Com as chuvas constantes, é preciso atenção para descobrir os locais que estão acumulando água, como garrafas, vasos de plantas e pneus. Também é importante o uso de repelentes e mosquiteiros para evitar o contato com o mosquito.
É importante ainda ficar atento aos sintomas da dengue, muito semelhantes aos de uma simples gripe. A pessoa infectada tem febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjoos, vômitos, manchas vermelhas na pele e dor abdominal (principalmente as crianças).
No caso da dengue hemorrágica, após o terceiro ou quarto dia, começam hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte.

Micoses
De acordo com o infectologista Alexandre Barbosa, as micoses de pele são muito comuns nos meses chuvosos de verão por dois motivos: pode ser transmitida pelo contato com água contaminada e também porque o calor e a umidade excessiva da pele favorecem o crescimento dos fungos - principalmente em regiões de dobras, como virilha ou entre os dedos do pé.
Os sintomas mais comuns da doença são manchas mais claras ou avermelhadas na pele, com coceira e descamação. "Assim como em outras doenças, a pessoa deve evitar a todo custo a automedicação e procurar atendimento médico, pois há várias espécies de fungos causadoras de micoses de pele, e é necessário um diagnóstico correto para o tratamento adequado", adverte o especialista.
Medidas gerais como manter a pele e regiões das dobras bem secas e evitar o uso de roupas apertadas, molhadas e de tecidos sintéticos, que impedem a circulação do ar, ajudam a evitar o surgimento dessas infecções. Portanto, se for pego por uma chuva e ficar com os pés encharcados, nada de ficar com o calçado e meias molhados o dia inteiro. O melhor é retirar o calçado e secar os pés para evitar as micoses.

Febre tifoide
O infectologista Alexandre Barbosa explica que a febre tifoide é causada por uma bactéria, a Salmonella typhi. A transmissão também é oral-fecal pelo consumo de líquidos e alimentos contaminados. Entretanto, ela pode, em alguns casos, ser adquirida pelo contato com a pessoa infectada, através de um beijo, por exemplo.
De acordo com Paulo Olzon, a febre tifoide provoca em algumas pessoas inflamações em forma de úlceras no aparelho digestivo e pode ser tratada com antibióticos. "A doença tem tratamento e cura, portanto o paciente com algum desses sintomas deve procurar ajuda de um especialista o mais rápido possível", reforça.

Como se proteger
Para se prevenir de todas essas doenças, a orientação é simples:

Ande sempre com sapatos fechados e munido de guarda-chuva
Evite pisar em poças de água, especialmente aquelas que estão próximas aos bueiros que contém sujeira, urina de rato e lixo
Redobre os cuidados com a água que você bebe e faça o consumo apenas de água tratada
Alimentos frescos, como frutas,verduras e legumes, também precisam ser muito bem lavados com água de boa qualidade


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