Os cuidados com o que você come podem ser cruciais para você viver mais e melhor
Um corpo é diferente do outro e, por isso, cada pessoa
tem necessidades individuais. Sobre comer menos ou comer mais também: é preciso
encontrar um equilíbrio para se manter saudável. Mas, parece que existe uma
relação entre comer menos e prolongar a longevidade.
Ao menos, é assim que pensa a Dra. Julie Mattison, do
Instituto Nacional do Envelhecimento (NIA, na sigla em inglês), nos Estados
Unidos.
De acordo com a bióloga, que é Ph.D em fisiologia
animal, vai existir um tempo em que o envelhecimento cronológico pode até
continuar aumentando um ponto todos os anos, mas a idade biológica pode ser
definida por um cronômetro diferente, segundo o qual a palavra “idoso” não terá
o mesmo significado atual.
A prova disso já existe na forma de diversas
pesquisas. Por exemplo, em 2014, a Pesquisa Nacional de Saúde dos Estados
Unidos concluiu que 16% das pessoas com 50 a 64 anos de idade enfrentavam
dificuldades diárias, causadas por doenças crônicas. Três décadas antes, esse
número era de 23%.
Isso demonstra que as pessoas estão cada vez mais
preocupadas em manter um estilo de vida saudável, alimentando-se com mais
qualidade e procurando manter o corpo em movimento.
Mas, o que comer menos tem a ver com viver mais e
melhor?
Para a Dra. Mattison e sua equipe, as pessoas podem
ter mais tempo de vida – e aproveitar esse tempo com mais qualidade – se
fizerem uma simples alteração na alimentação: comer menos quantidade de comida.
Essa abordagem é chamada de “restrição de calorias” e
a ideia vai além de evitar alimentos com gorduras saturadas e trans. Trata-se
de promover uma redução gradual e cuidadosa do tamanho das porções que coloca
no prato, de forma permanente.
Ou seja, não é uma dieta de emagrecimento de curta
duração. Está mais para uma reeducação alimentar que vai se transformar em um
novo hábito de vida. Você conseguiria? Acha que vale a pena abandonar os
prazeres dos alimentos mais calóricos e de “enfiar o pé na jaca” de vez em
quando, em nome da possibilidade de ter uma vida mais longa e saudável?
Talvez, se fosse possível garantir o bom resultado
dessa mudança alimentar, as pessoas aderissem à ideia com mais confiança. Bem,
os resultados em animais já foram comprovados.
Desde o início dos anos 1930, verificou-se que uma
redução de 30% da quantidade de alimento consumido por dia proporcionou vida
mais longa e ativa a minhocas, moscas, ratos, camundongos e macacos.
Isso significa que a restrição de calorias é,
comprovadamente, o melhor remédio para os estragos causados pelo tempo em todo
o reino animal – e é possível que os seres humanos também só tenham a ganhar
com isso.
Estudo com macacos mostra resultados interessantes
No final dos anos 1980, dois testes de longo prazo
independentes – um no NIA e outro na Universidade de Wisconsin, nos Estados
Unidos – foram estabelecidos para estudar a restrição de calorias e o
envelhecimento em macacos Rhesus, que não apenas compartilham 93% do nosso DNA,
mas também envelhecem da mesma forma que nós.
Lentamente, após a meia-idade (cerca de 15 anos, nos
macacos Rhesus), as costas começam a curvar-se, a pele e os músculos começam a
cair e seus pelos, quando ainda crescem, mudam de coloração, de marrom para
cinza.
Assim como acontece com os humanos, nesses primatas a
ocorrência de câncer, diabete e doenças cardíacas aumenta com a idade, tanto em
frequência quanto em severidade. “Eles são um excelente modelo para estudar o
envelhecimento”, segundo Rozalyn Anderson, gerontologista da Universidade de
Wisconsin.
As dietas dos 76 macacos da Universidade de Wisconsin
e dos 121 animais do NIA, compostas de biscoitos especialmente preparados, são
específicas para cada idade, peso e apetite natural.
Todos os macacos receberam o complemento total de
nutrientes e sais minerais de que seus corpos necessitam – mas a metade dos
macacos (o grupo com restrição de calorias) comeu 30% menos.
Esse grupo sequer chegou perto de passar fome ou
sofrer subnutrição. Um exemplo é Sherman, um macaco com 43 anos de idade do
NIA. Mattison afirma que, desde que foi colocado em restrição de calorias em
1987, com 16 anos de idade, Sherman não manifestou nenhum sinal explícito de
fome, tão característico na sua espécie.
Sherman é o macaco Rhesus mais idoso já registrado,
cerca de 20 anos mais velho que a expectativa de vida média da sua espécie em
cativeiro. Enquanto macacos mais jovens desenvolviam doenças e morriam, ele
parecia ser imune ao envelhecimento. Mesmo na casa dos 30 anos de idade, quando
teria sido considerado um macaco idoso, ele não se parecia nem agia como um
animal de mais idade.
“Demonstramos que o envelhecimento pode ser manipulado
em primatas”, afirma Anderson. “Parece pouco significativo porque é óbvio, mas
conceitualmente a importância é enorme.
Isso significa que, se o envelhecimento puder ser
retardado, todas as doenças associadas à idade também serão. “Tratar de cada
doença, uma de cada vez, não ampliará significativamente a expectativa de vida
das pessoas, pois elas morrerão por outras causas”, afirma Anderson.
“Se você curar todos os cânceres não postergará a
morte por doenças cardiovasculares, demência ou distúrbios associados à
diabete. Mas, se combater o envelhecimento, você pode retardar todo o conjunto
de doenças de uma vez só.”
Fonte: https://www.dicasonline.com/comer-menos/
- por Priscilla Riscarolli
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