Fla bate Pinheiros e, 100%, conquista o título da
'Libertadores do basquete'
No embalo da torcida que lotou o Maracanãzinho,
Rubro-Negro derrota o último campeão do torneio e levanta taça inédita para o
basquete
Uma campanha impecável. Foi assim que o Flamengo
terminou com o título inédito e invicto da Liga das Américas 2014 - a
"Libertadores do basquete". No embalo de uma torcida barulhenta, que
encheu o Maracanãzinho na noite deste sábado (8.701 presentes e 7.404
pagantes), e com o apoio do ídolo Oscar Schmidt, o Rubro-Negro derrotou o
Pinheiros, último vencedor do torneio, por 85 a 78. O time da Gávea superou o
retrospecto ruim diante dos paulistas e podem se orgulhar de serem os reis das
Américas. O resultado, além de ser inédito na história do esporte do clube,
ainda garante vaga no Mundial, que será disputado no Brasil, na primeira semana
de outubro, contra o campeão da Euroliga.
A competição da Europa está na segunda fase, com
Barcelona (do brasileiro Marcelinho Huertas), Real Madrid, CSKA Moscou e o
italiano Milano já garantidos nas quartas de final. A decisão será realizada no
dia 12 de maio, em Milão, na Itália.
O Aguada, do Uruguai, ficou com a terceira colocação ao
bater o Halcones Xalapa, do México, na prévia. É a terceira vez que um time do
Brasil conquista a Liga das Américas de basquete. O Brasília foi campeão na
temporada 2008/2009. No ano passado, a taça ficou com o Pinheiros. E esse ano,
com o Flamengo.
- Era o título que faltava ao Flamengo. Todos estão de
parabéns. Foi um jogo nervoso, de dois times que são ofensivos, mas erraram
bastante, algo comum em um jogo único e em uma final como essa. Mas conseguimos
buscar os pontos nos momentos decisivos do jogo e entramos para a história do
Flamengo. É o título mais importante da minha vida, claro, e também de todos os
jogadores desse time - disse José Neto, técnico do Flamengo.
Shamell, do Pinheiros, terminou como o cestinha da
decisão, com 25 pontos anotados. Logo atrás apareceu Marcelinho, do Flamengo,
com 24.
O JOGO
Um jogo estudado. Não poderia ser diferente.
Aplicados na defesa, Flamengo e Pinheiros não se arriscavam muito. Enquanto os
rubro-negros trabalhavam a bola à procura de uma brecha no garrafão adversário,
os visitantes usavam e abusavam dos tiros de três, principalmente com Joe Smith
e Jonathan Tavernari. Se o aproveitamento nos chutes não era bom, nos rebotes
ofensivos a história era outra. Foram quatro na primeira metade do quarto,
enlouquecendo a torcida na arquibancada. Em contrapartida, o Flamengo também
dominava a área pintada dos paulistas. Olivinha e Meyinsse iam pontuando e
dando vantagem ao Rubro-Negro. O americano era forte sob a tabela contra os
valentes Morro e Mineiro.
Até então zerado na partida, Marcelinho acertou uma
bola de fora, restando 2min28s para o fim do primeiro quarto, e deixou a
vantagem em sete pontos. Muito irritado, o técnico Cláudio Mortari pediu tempo.
Mas a conversa pareceu não ter surtido efeito. Na última posse de bola do
período, Shamell, que fazia partida discreta por estar bem marcado, bobeou. O
descuido foi aproveitado por Marcelinho, que partiu para o contra-ataque,
assistindo Marquinhos, que fechou a parcial em 25 a 15.
Para mudar o panorama no seu garrafão, Mortari
colocou Babby. A mudança deu certo, e o pivô se destacou com oito pontos e um
rebote ofensivo. O Flamengo também veio modificado com Washam no lugar de
Marquinhos. O americano, ao lado de Meyinsse e Olivinha, manteve a
produtividade no garrafão ofensivo na primeira metade do quarto.
Com o intuito de descansar Laprovittola e Meyinsse,
José Neto mexeu na equipe, que sentiu. Babby passou a reinar absoluto debaixo
da tabela. Shamell e Joe Smith, com duas bolas de três, fizeram com que a
diferença, que chegou a ser de 11 pontos, se diluísse para apenas um. Humberto,
que também veio do banco, com uma bola de fora, colocou os visitantes na frente
por dois (35 a 33).
Porém, a resposta rubro-negra veio de maneira
imediata. Com cinco pontos seguidos, Marcelinho chegou a 12 e devolveu o líder
do NBB ao comando das ações. No fim, o placar de 46 a 40 para o Flamengo
retratou o que foi o primeiro tempo da partida, que teve Shamell como cestinha,
com 13 pontos, e o capitão rubro-negro logo atrás, com 12.
O cenário da volta do intervalo foi o mesmo dos
quartos anteriores. Babby continuava sendo um tormento no garrafão
flamenguista, onde anotou cinco pontos seguidos, empatando a partida em 50 a
50. Marquinhos continuava no banco desde a metade do segundo período, e o
Pinheiros aparentava estar mais ajustado em quadra.
Só que uma falta de Babby em Marcelinho pendurou o
jogador, que foi poupado, sentando no banco de reservas. A ausência de força no
garrafão forçou o último campeão da Liga das Américas a jogar com Shamell.
Mesmo bem marcado, o americano criou problemas para o Flamengo. Quando não era
o ala a definir as jogadas, o garoto Humberto assumia essa função. Sem se
intimidar, o ala foi matando as bolas. O jogo ficou lá e cá. No fim do terceiro
quarto, vantagem dos cariocas por um ponto: 61 a 60.
No período final, o espírito de decisão ficou
latente nas equipes. Nervosas, não conseguiam colocar a bola para dentro da
cesta, o que se refletiu no baixo placar nos primeiros minutos (5 a 4 para o
Pinheiros). Aproximando do fim do duelo, a torcida estava tensa e calada.
Precisou uma sequência dos cariocas para que o Maracanãzinho se transformasse
em um verdadeiro caldeirão. E ela veio através de uma bola de três de
Marcelinho, uma cravada de Marquinhos e uma cesta de Meyinsse, que colocaram a
diferença em seis pontos (76 a 70), restando 2min16s.
Acuado, Mortari pediu tempo. O Pinheiros acelerava
seu jogo, o Flamengo cadenciava. A torcida, de pé, "entrou" em quadra
e não saiu mais. A cada ataque, incentivos; a cada defesa, vaias ao rival. O
jogo ficou truncado, com disputas intensas no garrafão e faltas. Os times
aproveitavam seus lances, o que beneficiava os donos da casa.
Faltando 38 segundos, o Flamengo vencia por cinco
pontos. A posse de bola era do Pinheiros. Rapidamente, Shamell anotou mais
dois. No ataque seguinte, Laprovittola, que fez partida muito apagada,
escorregou e perdeu a bola. Só que o craque da equipe paulista também vacilou
na tentativa para empatar a decisão. Com um erro de passe, o ala mandou a bola
nas mãos de Tony Washam. Marcelinho sofreu a falta, acertando dois lances
livres (85 a 78). Shamell teve mais uma chance, mas desperdiçou.
Explosão no Maracanãzinho. O Flamengo chegou ao seu
primeiro título da "Libertadores do basquete". O time da Gávea iguala
o feito do futebol, que, em 1981, com Zico e cia., conquistava as Américas.