domingo, 11 de agosto de 2019

Brasil supera EUA e ganha o ouro no basquete feminino


Seleção nacional não faturava o ouro no Pan desde a edição de 1991, em Havana, em Cuba

A seleção brasileira feminina de basquete encerrou um jejum de 28 anos nos Jogos Pan-Americanos de Lima.

Na decisão, no fim da noite deste sábado (10/8), a equipe, que tem duas atletas da Uninassau, teve ótima atuação e derrotou a seleção dos Estados Unidos por 79 a 73, conquistando a medalha de ouro desse evento pela primeira vez desde a icônica vitória sobre Cuba em Havana-1991.

Sob o comando de José Neto, que dirige a equipe em seu primeiro torneio oficial na função, a seleção teve campanha perfeita no Pan, pois na fase de grupos triunfou diante de Canadá, Porto Rico e Paraguai, depois derrotando a Colômbia nas semifinais. E a conquista no começo de um projeto dá esperanças de que o basquete feminino brasileiro volte a ser competitivo internacionalmente.

O JOGO
Foi uma decisão bastante equilibrada. O Brasil teve um começo forte, abrindo 14 a 8. Mas passou a cometer muitos erros, permitindo que as norte-americanas fechassem o primeiro quarto em vantagem de 22 a 20. Mas conseguiu a virada antes da saída para o intervalo, em 39 a 38.

No terceiro quarto, o Brasil teve um começo forte, especialmente na defesa. E isso acabou sendo determinante para a seleção começar o último período da decisão ganhando por 55 a 53. O equilíbrio e a emoção se repetiram no último quarto, mas a seleção brilhou para assegurar a vitória com atuação brilhante de Tainá, que fechou o duelo com 24 pontos.

Pelo Brasil, Raphaella Monteiro fez 12 pontos, assim como Erika. Na seleção dos Estados Unidos, Beatrice Mompremier somou 16 pontos e 12 rebotes.


sábado, 10 de agosto de 2019

Alimentos que viciam, mito ou verdade? Saiba quais são e como evitar a compulsão


Sabe aquela vontade quase incontrolável que temos, muitas vezes, de comer um determinado alimento? Isso não acontece por acaso.

Quando o assunto é comida, a opinião é unânime: não tem quem não goste! E tudo bem gostar de comer, afinal, se considerarmos seis refeições diárias em um mês de 30 dias, são cerca de 180 refeições por mês. Bastante, né?

Mas além de gostar, é importante comer de forma saudável. Muitas vezes, alguns alimentos acabam tornando a jornada da alimentação saudável mais difícil. São aqueles que você simplesmente não consegue largar, ou então, quando começa a comer, só para quando não sobrar mais nada.

Compulsão alimentar no inverno: 5 dicas para controlar a vontade de "comer tudo"Compulsão alimentar no inverno: 5 dicas para controlar a vontade de "comer tudo"
Isso acontece porque alguns alimentos contêm substâncias viciantes. Alguns estudos concluíram que a ingestão de alimentos processados ou ultraprocessados libera substâncias que ativam no cérebro o mesmo sistema relacionado com o desenvolvimento de dependência química. Existem alguns alimentos conhecidos por esse poder – normalmente são aqueles que quanto mais você come, mais você quer comer. Conheça alguns:

Açúcar
Você já deve ter ouvido por aí que o açúcar vicia, né? Alguns cientistas comparam a capacidade de desenvolvimento de dependência química do açúcar com drogas ilícitas como a cocaína. Isso porque ao consumir açúcar, liberamos o neurotransmissor serotonina, que dá sensação de bem-estar, e dopamina, relacionado com a sensação de recompensa. Além dos alimentos mais conhecidamente por serem ricos em açúcar como chocolates, balas, biscoitos, bolos, sorvetes e refrigerantes, é preciso cuidado com alimentos que contém o açúcar escondido na sua composição. Alguns nomes que você pode encontrar no rótulos dos alimentos que indicam que ele contêm açúcar: açúcar invertido, açúcar turbinado, dextrose, dextrina, frutose, glicose, glucose, maltose, maltodextrina, oligossacarídeos, sacarose, xarope glucose-frutose e xarope de milho.

Gordura trans
Sabe aquele pacotinho de batata chips que é simplesmente impossível comer uma só? Esses alimentos são ricos em gordura hidrogenada, que fazem com que eles fiquem crocantes e irresistíveis. É ela que faz com que você coma o pacote inteiro sem nem se dar conta.
A gordura hidrogenada também pode ser chamada de gordura trans e está presente nos seguinte alimentos: sorvetes, batata congelada, salgadinhos, biscoitos recheados, margarinas, massas industrializadas para bolos e tortas, pipoca de microondas, macarrão instantâneo, comidas congeladas no geral. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou alguns nomes que podem estar nos rótulos dos alimentos que são consideradas gorduras trans: gordura vegetal, creme vegetal, gordura vegetal parcialmente hidrogenada, gordura parcialmente interesterificada, margarina, entre outros.

Glutamato monossódico (ou ressaltador de sabor)
Essa substância é capaz de ativar uma área do nosso paladar chamada "umami". Ela age realçando o sabor dos alimentos ao aumentar a salivação que dissolve os componentes solúveis do alimento. Mas qual o problema disso? Ao consumir esses alimentos, o glutamato monossódico impede o funcionamento de mecanismos de inibição de fome, ou seja, traz a sensação de vício. Alguns alimentos que contêm essa substância: molhos e temperos prontos, caldos prontos, conservas, salgadinhos, temperos industrializados, carnes e linguiças defumadas, comida congelada, entre outros.

Se você analisar os três tópicos acima, vai notar algo em comum: são todos produtos processados, ultraprocessados e industrializados. Para fugir desses "vícios", basta manter uma alimentação natural, com o mínimo de produtos processados. Fique sempre atenta aos rótulos e faça escolhas conscientes!


sexta-feira, 9 de agosto de 2019

5 táticas para voltar a emagrecer após as férias (e no inverno)


Se o frio e o período de descanso podem engordar, as próprias tentativas de reconquistar o peso pré-férias trazem suas armadilhas. Evite-as!

O mês de julho combina dois fatores perigosos para a forma física: as férias escolares e o inverno. Um amigo querido inclusive me perguntou: “Como eu faço para emagrecer depois de um momento em que comi mais, bebi mais e treinei menos?”

Pois é: as baixas temperaturas estimulam a ingestão de alimentos gordurosos e calóricos – além dos vinhos, claro! Já as férias são vistas como um período de descanso e de maior tolerância com comportamentos engordativos.

Por outro lado, a ânsia de reconquistar o corpo pré-férias representa uma armadilha em si. A busca pelo emagrecimento rápido estimula comportamentos rígidos e nada saudáveis. No longo prazo, eles só vão comprometer sua forma física.

Então seguem algumas dicas para retomar uma rotina mais balanceada sem pressa e sofrimento:

1) Comece por coisas simples e que caibam na sua agenda. Exemplo: vou caminhar sábado e quarta-feira. Iniciar uma rotina de atividades físicas, mesmo que distante do ideal, favorece o engajamento da prática saudável. Com o tempo, sentiremos prazer por termos cumprido a meta e vamos querer mais. Já quem pretende sair correndo todo dia na semana, além de um risco maior de lesões, pode ficar frustrado por não atingir o objetivo.

2) Na alimentação, pense no que você consegue maneirar, sem radicalismos e cortes totais de um nutriente ou alimento. Lembre-se de que não existe um único alimento culpado por engordarmos ou emagrecermos.

3) Adote pequenas tarefas que proporcionem maior gasto calórico, como andar até um restaurante mais distante para almoçar. Sempre que posso, eu almoço com a minha esposa, a Luciana Lancha, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, que fica dentro da USP, onde trabalho. Com isso, ando 1,2 quilometro para ir e mais a mesma distância para voltar, além de subir e descer escadas.

4) Programe as excessões – os momentos em que você se permite comer uma guloseima ou pular a sessão de exercício, por exemplo. Uma armadilha comum é ser muito rigoroso. É importante ter ilha nessa travessia do emagrecimento (falamos em detalhes sobre o assunto no livro O Fim das Dietas).

5) Foque suas metas em áreas realistas e relevantes para você. Se não quer parar de beber refrigerante agora, tudo bem. Concentre-se na maior ingestão de frutas e verduras, por exemplo. Essa é uma armadilha muito frequente. É difícil sustentar uma atitude à qual você mesmo resiste demais. Com o tempo, o seu novo cotidiano ajuda a rever hábitos antigos e mais enraizados.

Bom retorno ao seu melhor exemplar!

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/o-fim-das-dietas/5-taticas-para-voltar-a-emagrecer-apos-as-ferias-e-no-inverno/ - Por Antonio Lancha Jr. - Foto: World Federation Obesity/Divulgação

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

5 dicas infalíveis para acelerar o metabolismo no inverno


Veja quais são as atitudes que você deve ter para não ganhar peso durante a estação mais fria do ano. Confira!

O inverno é um período do ano em que as pessoas tendem a comer mais e, com isso, ter um aumento de peso. Porém, as baixas temperaturas podem ser aliadas ao emagrecimento, pois é justamente quando o metabolismo está mais acelerado, já que gasta mais calorias para manter o corpo aquecido. 

O Master Trainer da modalidade fitness Strong By Zumba®, Giuliano Cangiani, explica “A pessoa pode chegar a perder 30% a mais de calorias no inverno, se comparada as outras estações do ano”. Para ativar o corpo e queimar calorias, o profissional destaca 5 hábitos que vão ajudar nesse processo:

1.       Aproveite o sono, mas não exagere!
Giuliano explica que uma boa noite de descanso é fundamental para o bom funcionamento do organismo, sem contar que é essencial para dar mais disposição ao treino. “Além disso, quanto mais o corpo praticar atividade física, melhor será a qualidade do sono. É um ciclo vicioso do bem, vale a pena investir nele”.

2.       Alongue, alongue muito.
Antes de qualquer prática esportiva, desde uma simples caminhada até um exercício mais pesado, o alongamento é essencial para evitar lesões e preparar o corpo para a atividade. “No frio, os vasos estão menos dilatados e a musculatura fica mais retraída, então é super importante reservar um tempo antes do treino para alongar”, explica o Master Trainer.

3.       Dê preferência aos treinos de alta intensidade.
Nos dias frios a transpiração é mais contida, ou seja, a pessoa se sente menos cansada durante o treino. Sendo assim, é um ótimo período para fazer atividades mais pesadas. “Aposte em uma sequência de movimentos de alta intensidade que provocam a exaustão, os chamados HIITs. A aula de Strong By Zumba® tem esse formato, sendo possível trabalhar o sistema cardiorrespiratório – exercícios responsáveis pela queima de calorias – além de toda a musculatura do corpo”. Giuliano ainda acrescenta: “o treino também é indicado para aqueles que não gostam da malhação tradicional, pois a música é sincronizada com os movimentos, então o aluno fica estimulado do começo ao fim”.

4.       Mais caminhadas e menos carro.
Simples mudanças de hábitos durante o dia farão toda a diferença e com certeza o metabolismo continuará ativo. “Se puder escolher fazer um trajeto a pé, faça. Muitas pessoas trabalham grande parte do dia sentadas, então é muito importante fazer essas mudanças na rotina”, explica Giuliano.

5.       Água nunca é demais!
Beber água é fundamental para a saúde do organismo. “Costumamos ouvir que todo mundo precisa beber 2 litros de água por dia, mas, na verdade, a quantidade de água ideal muda de pessoa para pessoa. Contar com acompanhamento nutricional ajuda a potencializar o efeito do treino”, finaliza o Master Trainer.


quarta-feira, 7 de agosto de 2019

A ameaça dos fungos: quais as doenças causadas por eles?


Esses seres microscópicos estão cada vez mais perigosos. Mas o que eles são e quais sintomas disparam no corpo?

Em dezembro de 2018, a professora Stephanie Spoor, de 64 anos, deu entrada no Northwestern Memorial Hospital, em Chicago, nos Estados Unidos, com falta de ar. Menos de dois meses depois, ela contraiu um fungo misterioso, não resistiu e morreu, vítima de insuficiência respiratória. Um exame de sangue detectou a presença do Candida auris, um superfungo que ataca pessoas com a imunidade debilitada, como portadores de HIV ou em tratamento contra o câncer, e submetidas a procedimentos invasivos (com sondas e cateteres, por exemplo). Indivíduos internados por longos períodos em UTIs e com histórico de uso prévio de antibióticos ou antifúngicos também fazem parte desse grupo de risco.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC) informa que o caso de Stephanie Spoor não é isolado. Até o momento, foram registrados 587 óbitos pelo fungo em hospitais de Nova York, Nova Jérsei e Illinois. Segundo Tom Chiller, chefe do Departamento de Doenças Micóticas do órgão, o C. auris foi identificado pela primeira vez em 2009 no canal auditivo de uma paciente no Japão – auris, em latim, é “ouvido”.

Cabe esclarecer que não se trata do mesmo micro-organismo por trás da candidíase: esse é o Candida albicans. O primo mais letal já se espalhou por mais de 30 países, como Espanha, Índia e África do Sul. “Não temos conhecimento de nenhuma infecção por C. auris no Brasil, mas é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à população”, afirma Chiller.

O inimigo ainda não chegou por aqui, mas passou perto duas vezes. A primeira aparição na América do Sul foi notificada entre março de 2012 e julho de 2013 na Venezuela. Dos 18 pacientes infectados na UTI de um hospital neonatal, cinco morreram – três eram bebês.

Outro surto, desta vez na Colômbia, ocorreu em agosto de 2016. Não houve mortos. Um ano depois, em março de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um comunicado, alertando os serviços de saúde para o risco da chegada do fungo assassino ao Brasil. “Já foram registrados sete casos suspeitos: quatro em São Paulo, dois em Minas Gerais e um no Espírito Santo. Todos foram analisados e, até a presente data, nenhum caso foi confirmado”, conta Magda Costa, gerente de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde da Anvisa.

Os fungos mais temidos do mundo
Com exceção do Candida auris, os outros quatro já fizeram vítimas no Brasil

Candida auris: ataca pessoas internadas ou com o sistema imune comprometido. É resistente a remédios e pode matar em menos de três meses.

Aspergillus fumigatus: a aspergilose pode devastar os pulmões. Seu índice de mortalidade em pessoas com HIV ou câncer chega a 85%.

Lomentospora prolificans: apenas 20% dos acometidos sobrevivem a ele. Em 2018, o Brasil registrou a primeira morte na América do Sul.

Histoplasma capsulatum: parte para cima de vários órgãos e causa a chamada “doença das cavernas”. Pode ser transmitida por animais e o contágio se dá por via respiratória.

Penicillium Marneffei: a peniciliose pode atingir áreas vitais do corpo humano, como pulmões, fígado e rins, e, no caso de pessoas soropositivas e com baixa imunidade, até levar à morte.

Superfungos versus superbactérias?
A ameaça do C. auris nos faz pensar que já vimos esse filme antes. Mas, no lugar dos fungos, os vilões eram as superbactérias. Quase 90 anos depois da descoberta do primeiro antibiótico, esses micróbios resistem a boa parte dos medicamentos e são um dos maiores desafios de saúde pública.

Suspeita-se que os fungos estejam evoluindo para um caminho parecido, repelindo os remédios feitos para contê-los. No caso do C. auris, 90% dos casos são resistentes a pelo menos uma droga. E de quem é a culpa?

Em parte, dizem os investigadores, do uso indiscriminado de antifúngicos na medicina e na agricultura. “Novas medicações mais potentes e efetivas são necessárias e algumas delas já estão em desenvolvimento”, ressalta o médico David Denning, chefe-executivo do Fundo de Ação Global para Infecções Fúngicas.

O gênero Candida, do qual fazem parte o já citado albicans, o auris e outros tantos, é famoso por se aproveitar de brechas em nossas defesas para tentar tomar conta do pedaço. Nesse contexto, há os que causam uma candidíase tratada com pomadas e espécies mais temerosas – metade dos pacientes infectados pelo auris morre em até 90 dias.

De acordo com o biólogo Lucas Bonfietti, diretor do Núcleo de Micologia do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, os integrantes do gênero Candida tanto podem colonizar o corpo humano de forma inofensiva como causar ataques sistêmicos graves. “Tudo vai depender de fatores como imunidade do hospedeiro e virulência do fungo”, explica.

A gente fala muito de vírus e bactérias, mas tem um universo fúngico ao nosso redor: no solo, no ar, dentro do organismo. Segundo as estimativas mais conservadoras, existem de 1,5 milhão a 5 milhões de espécies. Dessas, apenas 5% teriam sido classificadas.

Nem todas são perversas. “Várias desempenham um papel importante ao não permitir que outros elementos, como vírus e bactérias, se multipliquem excessivamente”, ilustra Bonfietti.

Fungos que habitam nosso corpo
Boca: ambientes quentes e úmidos são o habitat ideal dos fungos. Alguns vivem em paz ali, mas outros aprontam – caso do Candida albicans, que pode causar o popular “sapinho”.

Intestino: a microbiota não é composta só de bactérias. Há muitos fungos por lá. Existem aqueles, porém, que, ao se proliferar em excesso, provocam desconfortos e prisão de ventre.

Pele: um estudo americano identificou mais de 500 mil espécies na pele humana. A parte que abriga o maior número delas é o pé, onde os micro-organismos se alojam nas unhas, entre os dedos…

Genitais: em condições normais, fungos da espécie Candida albicans habitam as partes íntimas sem causar danos. Mas, fora de controle, despertam coceira e vermelhidão – marcas da candidíase.

Temos inclusive muito o que agradecer aos fungos. Graças ao Penicillium notatum, o cientista Alexander Fleming (1881-1955) descobriu o primeiro antibiótico da história, a penicilina. Na gastronomia, eles são essenciais para fabricar queijos, pães e vinhos. Na agricultura, usados no controle de pragas.

A maioria é invisível a olho nu. Mas tem os cogumelos, outros membros do reino Funghi, que até podem ser comestíveis. E, no outro extremo da escala, o Armillaria ostoyae, ou cogumelo-do-mel, que vive sob o solo de uma floresta americana e ocupa uma área equivalente a 1,2 mil campos de futebol – é o maior ser vivo do planeta!

Das espécies microscópicas conhecidas, apenas umas 50, pelos cálculos do infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, provocam doenças. “Os fungos são oportunistas por natureza”, define.

Para Carlos Taborda, presidente da Sociedade Brasileira de Micologia, as enfermidades fúngicas, embora tão sérias quanto as bacterianas, ainda são negligenciadas. “O Brasil não dispõe de um sistema de vigilância de fungos capaz de identificar precocemente o C. auris em todo o território”, exemplifica.

Apesar dos pesares, não há motivo para pânico geral, na visão do infectologista Arnaldo Colombo, diretor do Laboratório de Micologia da Universidade Federal de São Paulo. “A disseminação do C. auris não é um problema para pessoas saudáveis ou para a maioria dos atendidos em consultórios ou ambulatórios do SUS.” O cuidado, sim, deve ser redobrado com pacientes internados em UTIs ou submetidos a procedimentos invasivos.

Entre as regras de prevenção contra o ataque dos fungos em geral, ensina a microbiologista Francis Borges, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), estão lavar as mãos, não compartilhar objetos de uso pessoal, enxugar bem partes do corpo pouco ventiladas e não ficar com calçados fechados por muito tempo. “O arsenal terapêutico para doenças fúngicas é menor do que o disponível para as bacterianas”, avisa. Convém se precaver.

Doenças que os fungos podem causar
Conjuntivite: na maioria dos casos, a inflamação e a irritação dessa estrutura do olho são provocadas por bactérias. Mas fungos podem se instalar ali e demorar para ir embora.

Micose: causada por mais de 100 espécies, aflige pele, unha e couro cabeludo. Áreas pouco ventiladas são as mais vulneráveis. O tratamento inclui pomadas e comprimidos.

Candidíase: pode atormentar homens e mulheres, e em vários locais do corpo. Os casos mais corriqueiros têm a ver com os genitais, onde causa coceira, ardência e inchaço.

Meningite: a inflamação da meninge, membrana que envolve a medula espinhal e o cérebro, é bem séria e pode ser causada pelo fungo Cryptococcus.

Pneumonia: pacientes soropositivos, oncológicos ou imunodeprimidos são os mais propensos a contrair o tipo mais raro e agressivo de infecção nos pulmões.

Infecção intestinal: embora seja menos comum, fungos também podem se alastrar no aparelho digestivo e complicar a situação ali. O tratamento é emergencial.

Pé de atleta: é transmitido por contato direto com a pessoa infectada pelo fungo Tricophyton ou com superfícies contaminadas em praias, piscinas e banheiros. Dá uma coceira…

A biografia dos fungos
Século 4 a.c.: Aristóteles divide os seres vivos em dois reinos: o dos animais e o das plantas. Os fungos estão no segundo grupo.

1729: o botânico italiano Pier Antonio Micheli cataloga 1 900 plantas em um compêndio – 900 delas eram fungos.

1836: o inglês M.J. Berkeley cria o termo micologia. Em grego, mykes significa “fungo”, e logos, “estudo”.

1866: o naturalista alemão Ernst Haeckel estabelece um terceiro reino, o Protista. Entram aí bactérias e protozoários.

1969: o biólogo americano Robert Whitaker cria o reino dos fungos e outro para micro-organismos multicelulares.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/a-ameaca-dos-fungos-quais-as-doencas-causadas-por-eles/ - Por André Bernardo - Ilustração: Ana Matsusaki/SAÚDE é Vital