quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Comer pimenta pode reduzir o risco de morte por ataque cardíaco e derrame


A pimenta é um ingrediente amado em muitos pratos ao redor do mundo. Quer você goste ou não do sabor, novas pesquisas sugerem que pode haver alguns benefícios médicos sérios para que você considere adicioná-la à sua próxima refeição.

O estudo, publicado no Journal of American College of Cardiology, examinou os efeitos do consumo regular de pimenta na mortalidade geral, revelando que aqueles que a incorporam em suas dietas têm menor risco de morte.

Realizado na Itália, onde a pimenta é um ingrediente comum, o estudo comparou o risco de morte entre 23.000 pessoas, algumas das quais comiam pimenta e outras não.

O estado de saúde e os hábitos alimentares dos participantes foram monitorados por oito anos, e os pesquisadores descobriram que o risco de morrer de um ataque cardíaco era 40% menor entre os que comem pimenta pelo menos quatro vezes por semana.

A morte por acidente vascular cerebral foi mais da metade, de acordo com resultados publicados segunda-feira no Journal of the American College of Cardiology.

“Um fato interessante é que a proteção contra o risco de mortalidade era independente do tipo de dieta seguida pelas pessoas”, disse Marialaura Bonaccio, autora do estudo, epidemiologista do Instituto Neurológico do Mediterrâneo (Neuromed).

“Em outras palavras, alguém pode seguir a dieta saudável do Mediterrâneo, alguém pode comer menos de maneira saudável, mas para todos eles a pimenta tem um efeito protetor”, disse ela.

A pesquisa utiliza dados do estudo Moli-Sani, que tem cerca de 25.000 participantes na região de Molise, no sul da Itália.

Licia Iacoviello, diretora do departamento de epidemiologia e prevenção da Neuromed e professora da Universidade de Insubria em Varese, explicou que as propriedades benéficas da pimenta foram passadas pela cultura alimentar italiana.

“E agora, como já observado na China e nos Estados Unidos, sabemos que as várias plantas da espécie capsicum, embora consumidas de maneiras diferentes em todo o mundo, podem exercer uma ação protetora em relação à nossa saúde”, afirmou Iacoviello.

A equipe agora planeja investigar os mecanismos bioquímicos que tornam a pimenta bom para a nossa saúde.

Especialistas externos elogiaram o estudo, apontando algumas limitações.

Duane Mellor, nutricionista e professora sênior da Aston Medical School no Reino Unido, disse que o artigo é “interessante”, mas “não mostra um nexo de causalidade” entre o consumo de pimenta e os benefícios à saúde.

Mellor disse que o efeito positivo do consumo de pimenta observado no estudo pode ser atribuído à maneira como as pimentas são usadas em uma dieta geral.

“São pessoas plausíveis que usam pimenta, pois os dados sugerem que também usaram mais ervas e especiarias e, como tal, provavelmente estão comendo mais alimentos frescos, incluindo vegetais”, disse ele.

“Portanto, embora a pimenta possa ser uma adição saborosa às nossas receitas e refeições, é provável que qualquer efeito direto seja pequeno e é mais provável que torne mais agradável o consumo de outros alimentos saudáveis”.

Ian Johnson, pesquisador de nutrição do Quadram Institute Bioscience em Norwich, Inglaterra, elogiou o “estudo observacional de alta qualidade” por seus “métodos robustos”.

No entanto, ele também apontou que nenhum mecanismo para o efeito protetor foi identificado, nem os cientistas descobriram que comer mais pimenta proporcionava benefícios adicionais à saúde.

“Esse tipo de relação sugere que a pimenta pode ser apenas um marcador de algum outro fator alimentar ou de estilo de vida que não foi considerado, mas, para ser justo, esse tipo de incerteza geralmente está presente em estudos epidemiológicos, e os autores reconhecem isso “, disse Johnson.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Cientistas finalmente descobrem como o cérebro produz cognição


Um novo estudo do Laboratório Cold Spring Harbor (EUA) analisou como os neurônios do córtex orbitofrontal codificam variáveis mentais como motivação ou confiança, desvendando alguns dos maiores mistérios sobre a cognição humana.

Os achados poderiam levar ao desenvolvimento de melhores tratamentos para condições como transtorno obsessivo-compulsivo, vícios e outras doenças psiquiátricas.

Até podemos pensar que temos uma mente consciente, mas não temos

Córtex orbitofrontal
O córtex orbitofrontal é bem conhecido como uma área crítica para a tomada de decisões no cérebro de humanos e animais.

Um estudo de caso famoso mostrou a importância dessa região: Phineas Gage, um trabalhador ferroviário, sobreviveu a um acidente no qual uma barra de ferro perfurou seu crânio, mas sua personalidade e habilidades de tomada de decisão foram afetadas.

Para expor o funcionamento do mecanismo por trás dessa região cerebral, a equipe da nova pesquisa monitorou a atividade neuronal no cérebro de ratos enquanto eles tomavam decisões complexas, identificando uma estrutura desconhecida na organização funcional do córtex orbitofrontal.

O inconsciente na tomadas de decisão: não subestime os olhos da sua mente
O experimento
Os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos do comportamento de escolhas para determinar o que chamaram de “confiança de decisão”.



Essa abordagem levou a previsões específicas sobre a representação da confiança em termos de variáveis observáveis, como a dificuldade de tomar uma decisão.

O que os cientistas concluíram foi que muitos neurônios orbitofrontais eram consistentes com essas previsões, ou seja, sua atividade aumentava ou diminuía com a confiança de decisão.

Como o cérebro escolhe uma opção quando precisa fazer uma decisão rápida
Dando sentido à bagunça
Estudos anteriores do córtex orbitofrontal já haviam identificado variáveis mentais semelhantes. No entanto, essa região parece muito mais complexa do que outras, como o córtex visual; não há ordem nas respostas, por exemplo.

Para desembaraçar toda essa complexidade, a equipe do novo estudo usou técnicas de aprendizado de máquina avançadas a fim de entender os padrões de atividade de grandes populações de neurônios da região.

Os pesquisadores descobriram que eles se enquadravam em grupos funcionais distintos. Cada um desses grupos codificava diferentes variáveis mentais, como “confiança de decisão” ou “valor de recompensa”, revelando uma organização altamente estruturada.

Anatomia
O próximo passo da pesquisa foi tentar compreender se esses grupos funcionais eram apoiados por alguma estrutura anatômica especializada.

Para isso, a equipe utilizou vírus projetados para visar grupos específicos de neurônios – os que enviam conexões para o corpo estriado, uma parte do cérebro que desempenha um papel na escolha.

Os cientistas monitoraram a atividade desses neurônios e descobriram que eles codificam outra variável mental, o valor de recompensa, aumentando sua atividade quando a recompensa esperada era baixa.

Aplicações
Segundo os pesquisadores, a compreensão da relação lógica entre os neurônios, as diferentes tarefas que eles desempenham e como eles estão fisicamente estruturados no cérebro pode levar ao desenvolvimento de tratamentos para diversos distúrbios psiquiátricos.

Podemos até descobrir como estimular com mais precisão o cérebro de pacientes com depressão grave, Parkinson e outros tipos de doenças.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Nature. [MedicalXpress]


terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Qual o momento certo para terminar um relacionamento? A ciência dá a resposta


Se você está ou já esteve em um relacionamento sério, sabe que existem momentos em que é inevitável ter o pensamento de acabar com tudo. O que nos leva a pensar assim? E quando saber se devemos mesmo terminar tudo, ou se ainda vale a pena investir na relação?

Ciência desmente mitos sobre relacionamentos
Pesquisadores da Universidade de Utah (EUA) e da Universidade de Toronto (Canadá) decidiram analisar os motivos pelos quais as pessoas escolhem terminar um relacionamento. As conclusões podem te ajudar a resolver o seu próprio dilema.

Prós e contras
Segundo o novo estudo, pode até parecer bobo, mas fazer uma simples lista de prós e contras pode te ajudar a decidir.

Baseados em informações concedidas por 447 participantes, os pesquisadores descobriram 27 razões pelas quais as pessoas ficam em ou abandonam relacionamentos.

Os principais “prós” eram:

Satisfação da intimidade emocional e física;
Deveres familiares;
Benefícios financeiros de permanecer juntos.

Os principais “contras” eram:

Falta de confiança;
Vida sexual insatisfatória;
Muitas brigas;
Incompatibilidade;
Não gostar da personalidade do parceiro;
Encontrar alguém novo.

Mas o que decide a balança para um lado ou outro?

Lembrar desta atitude simples todos os dias pode salvar seu relacionamento

O modelo do investimento
Uma das teorias que os cientistas usaram para tentar entender o processo de decisão dos participantes se chama “modelo do investimento”. Nele, três fatores contribuem igualmente para a decisão de permanecer junto: satisfação no relacionamento, investimentos conjuntos e qualidade das alternativas.

A satisfação no relacionamento depende das experiências positivas (se são mais numerosas do que as negativas) que os parceiros têm juntos. Quando a satisfação é alta, as pessoas sentem que suas necessidades estão sendo atendidas.

Os investimentos conjuntos podem ser financeiros, como casa e conta bancária, ou emocionais, como filhos, amigos e parentes. Já a qualidade das alternativas inclui novos parceiros românticos, mas também amigos, família e até mesmo hobbies, ou seja, fontes de satisfação que provêm de fora do relacionamento.

Os dois primeiros fatores trabalham a favor do relacionamento, enquanto o terceiro trabalha contra. Em um cenário ideal, as pessoas estariam satisfeitas em seu relacionamento, teriam investido muito nele e acreditariam que as alternativas não são melhores do que ele.

Os problemas
Aqui entram os problemas: enquanto esse modelo é interessante para fazer um balanço do seu relacionamento, nossa vida pessoal não é nada como a matemática e as chances de errarmos nos cálculos são grandes.



Por exemplo, as pessoas podem pensar que terão muito tempo para se dedicar aos seus hobbies e que será fácil encontrar um novo parceiro romântico, mas depois se decepcionar com a realidade.

Outro grande problema é um dos principais motivos pelos quais os indivíduos permanecem em relacionamentos: medo de machucar ao outro ou a si mesmo. De fato, a ciência já mostrou que terminar uma relação de longo prazo vem acompanhado de certo estresse e até mesmo doenças, bem como uma sensação de perda de identidade.

15 perguntas que podem determinar se o seu relacionamento durará
E não podemos deixar de mencionar o estigma social de ser solteiro – mesmo que você goste de ficar sozinho, a sociedade pode te ver como solitário ou menos “adequado” do que as pessoas que estão em relacionamentos.

Por fim, há o medo do arrependimento, que cria nas pessoas um viés em direção ao status quo – isso significa que preferimos deixar as coisas como estão, mesmo que não estejamos felizes, do que descobrir como seria a alternativa.

Por que você não termina um relacionamento ruim? A resposta vai te surpreender
O que fazer, então?
Caso você esteja seriamente pensando em terminar um relacionamento, esforce-se para refletir objetivamente sobre o que é bom ou ruim nele, o que você tem investido nele e quais alternativas realistas você tem.

Também considere se o medo é um fator – não é justo permanecer em um relacionamento só por medo de magoar a outra pessoa ou de ficar sozinho.

Se sua decisão for de fato colocar um fim na relação, procure suporte e consolo junto à família e aos amigos. Também pense sobre tudo que você aprendeu enquanto esteve com a outra pessoa, porque esse tempo não foi perdido.

Finalmente, foque em você mesmo, sem a preocupação de começar um novo relacionamento. Como o próximo ano que está chegando, esse pode ser o momento de você se tornar uma pessoa nova.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Social Psychological and Personality Science. [ScienceAlert]


Mensagem de Natal aos leitores do Blog Professor José Costa


Vocês foram importantes para o sucesso do Blog em 2019 e como agradecimento quero desejar um Feliz Natal e que 2020 seja o melhor ano de suas vidas e de seus familiares, realizando os seus projetos e sonhos, transformando-os em alicerce na busca do Supremo Criador. Que haja em suas vidas novas oportunidades, muitos recomeços e principalmente: crescimento, paz, sucesso e amor!

São os meus sinceros votos

Professor José Costa

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Nós comemos microplásticos o tempo todo. O que isso faz com nossa saúde?


Você provavelmente tem noção do enorme problema ambiental que é o lixo plástico. O plástico que produzimos é em sua maior parte não biodegradável, mas isso não significa necessariamente que não se quebra.

Na verdade, seus fragmentos são carregados pelo vento, água e luz solar e espalhados por aí em pedaços cada vez menores, que sequer podemos enxergar. Mas podemos engolir.

Que impacto isso tem na nossa saúde?

Microplásticos
Algumas estimativas sugerem que uma casa gera em média seis quilos de pó plástico por ano, ou cerca de 700 bilhões de fragmentos conhecidos como microplásticos (qualquer coisa menor do que cinco milímetros).

Mais e mais deles são criados todos os dias e ficarão com a gente por séculos.

“Eles não estão apenas dentro de casa. Estão por toda parte. Na água, na comida, no ar – você está cercado por uma nuvem deles. Tudo está contaminado”, explica Dick Vethaak, toxicologista ambiental do centro de pesquisa Deltares em Delft, na Holanda.

Tá, mas quanto desses fragmentos nós ingerimos?
Um estudo publicado na revista científica Environmental Science and Technology concluiu que seres humanos podem consumir entre 39.000 e 52.000 partículas microplásticas por ano.

Nós comemos 50 mil partículas de plástico por ano
Se levarmos em conta quantas dessas partículas também podem ser inaladas, esse número é superior a 74.000.

A pesquisa chegou a esses números revisando dados existentes sobre microplásticos encontrados em cerveja, sal, frutos do mar, açúcar, álcool e mel. Para calcular com que frequência uma pessoa pode comer cada um desses itens em um ano, os cientistas levaram em conta as recomendações feitas pelo Departamento de Agricultura dos EUA.

A equipe ainda revisou estudos sobre a quantidade de microplásticos na água potável e no ar. Quem bebe água da torneira ingere 4.000 partículas adicionais de plástico por ano, enquanto os que bebem água engarrafada ingerem 90.000 partículas a mais.

Estamos bebendo água contaminada com microplástico
“E nem chegamos às camadas e camadas de embalagens plásticas. Provavelmente, estamos falando de mais plástico adicional do que imaginamos”, disse o principal autor do estudo, Kieran Cox.

Isso faz mal, certo?
Microplásticos não são uma coisa só; eles podem vir na forma de fragmentos, fibras e filme, entre outras, além de serem compostos de diferentes materiais com aditivos químicos diversos. Alguns podem ser tóxicos, enquanto outros podem fornecer o ambiente propício para a propagação de bactérias e parasitas.

No geral, os pesquisadores ainda estão tentando entender como o microplástico pode afetar nossa saúde. Da mesma maneira que a poluição e outros fatores ambientais, pessoas com maior exposição ou condições pré-existentes podem tolerar menos fragmentos.

Em outras palavras, não sabemos ainda qual a quantidade de microplástico que o corpo humano é capaz de tolerar sem gerar danos, mas estamos começando a ter uma ideia.

Um estudo britânico de 2017 sugeriu que a ingestão acumulada de fragmentos plásticos pode ser tóxica para o ser humano, já que alguns são feitos de substâncias como cloro, enquanto outros coletam produtos químicos do ambiente, como chumbo.

Outra pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA), que analisou a quantidade de microplástico nos frutos do mar, descobriu que um acúmulo dessas partículas poderia causar danos ao sistema imune e desiquilibrar o intestino.

Ocean Cleanup faz história ao coletar sua primeira leva de plástico da ilha gigante de lixo do Pacífico
Infelizmente, não há como evitar totalmente a ingestão de microplásticos no mundo de hoje. Mas todos podemos fazer nossa parte – evitando água engarrafa, diminuindo o lixo plástico e comprando menos têxteis feitos de nylon e poliéster, que geram muitos fragmentos. [NatGeo, NewScientist]