Se você já comprou bandeiras, pintou sua rua e
cravou no bolão da firma o Brasil campeão mundial, calma. Prudência e canja de
galinha não fazem mal a ninguém.
Apesar de haver um clima de euforia em torno dos 23
convocados por Luiz Felipe Scolari, é sempre bom lembrar que existem outras 31
seleções com o mesmo objetivo e todas vão jogar sem a pressão do time
brasileiro de ter de cumprir com as enormes expectativas.
Veja outros motivos para manter um pé atrás a partir
de quinta.
10 razões para acreditar que o Brasil NÃO vai ser
campeão
1 - Excesso de confiança
Scolari já decretou: o Brasil ganhará a Copa. Carlos
Alberto Parreira já falou que a seleção está com uma mão na taça. Os mais
supersticiosos diriam que isso dá azar; os mais prudentes sabem que o jogo é
jogado, assim como o lambari é pescado. O fato é que esse tipo de fala pode ser
encarado como arrogância pelos rivais e motivá-los ainda mais a vencer o Brasil.
2 - Poder de reação não foi colocado à prova
Desde a chegada de Felipão, a seleção ainda não
precisou enfrentar um grande desafio que requirisse aquela resiliência toda, a
capacidade de reagir diante de um resultado desfavorável. A única virada de
2013 aconteceu no amistoso com Portugal, em setembro, vencido por 3 a 1. A
dúvida é: se o time estiver perdendo para um rival forte, terá força suficiente
para virar?
3 - Neymardependência
Este é o grande risco, a grande armadilha na qual a
seleção pode cair. Neymar é a estrela do time, é verdade, mas sobrecarregá-lo
ou acreditar que ele, sozinho, pode tirar o Brasil de situações difíceis pode
colocar o time em risco. E se ele se machucar, for suspenso ou, simplesmente,
anulado pela marcação rival?
4 - Nuvem negra sobre Júlio César
Não há dúvida nem questionamento: Júlio César é o
titular do gol brasileiro. Mas o erro nas quartas de final da Copa de 2010, que
colaborou para a vitória da Holanda, ainda persegue o goleiro. Some-se o fato
de que ele joga no Toronto, um time da Canadá onde o futebol é incipiente. E
que atuou só sete vezes pelo clube nesta temporada. Se ele falhar de novo, sua
cabeça talvez não aguente a pressão.
5 - Sul-americanos também estão "em
casa"
Em quatro Copas realizadas na América do Sul, os
vencedores foram quatro times sul-americanos. Em duas ocasiões, ganhou o time
da casa (Uruguai em 1930 e Argentina em 1978); em outras duas, venceu um
vizinho (Uruguai no Brasil em 1950 e Brasil no Chile em 1962). Ou seja,
apoiar-se no "fator casa" é algo que o Brasil não fará sozinho nesta
Copa.
6 - Geração em formação
A média de idade da seleção, 27,7 anos, é baixa se
comparada aos grupos de 2010 (29,2) e 2006 (28,8). Dos 23 convocados, apenas
seis já estiveram em Copas do Mundo, um número baixo que costuma indicar
renovação no ciclo. Isso não é necessariamente ruim, mas inexperiência pode
pesar numa situação-limite.
7 - A torcida da Copa talvez esqueça que está lá
para... torcer.
Imagine a seleção em jogo difícil, e a torcida, ao
invés de incentivá-la, começa a vaiar, desconcentrando os jogadores! Os
torcedores que vão aos jogos da Copa, em geral, serão 'turistas' de estádio, a
versão moderna do que Nelson Rodrigues já chamou de a "grã-fina de narinas
de cadáver", aquela que não sabe quem é a bola. Dessas vaias para um
descontrole emocional da equipe é um passo.
8 - Banco de investimento aposta no Brasil... de
novo.
Segundo os cálculos do banco Goldman Sachs, o Brasil
tem 48,5% de chances de ganhar esta Copa. Considerando que o mesmo banco previu
o Brasil como favorito para o título na África do Sul, então é melhor a seleção
tomar cuidado. Segundo a simulação do banco, a equipe da casa vencerá a
Argentina na final por 3 a 1.
9 - Novo Maracanaço
Todos garantem que ele ficou no passado, que raio
não cai duas vezes no mesmo lugar. Será? Dizem que o medo de que algo aconteça
pode acabar atraindo aquilo para si. Não se sabe o quanto os jogadores estão
blindados deste sentimento de insegurança, estando o Brasil na final,
certamente o fantasma vai aparecer para checar se está tudo bem no vestiário.
10 - Messi no auge
E se o Brasil for à final, e essa final for contra a
Argentina, a seleção terá que lidar com Messi. O melhor jogador do mundo vem
para a Copa de 2014 com 26 anos, naquele que pode ser o ponto alto da sua
maturidade aliada à forma física, ponto que Neymar ainda não atingiu. Se os
hermanos encaixarem o jogo durante a competição e chegarem lá, o páreo será
duríssimo.