Todas elas, porém, podem ser evitadas com cuidados
simples e não significam que você deve abandonar seus bichinhos
Companhia, diversão, aprendizado, amor… Não há como
negar: ter um bicho de estimação em casa – como um gato ou um cachorro, por
exemplo – oferece muitos pontos positivos!
Angélica Oliveira de Almeida, médica veterinária,
especialista em Acupuntura Veterinária, comenta que ter um animal em casa, de
fato, oferece diversos benefícios à pessoa e toda família. “Pessoas que têm
animais têm um risco menor de terem depressão. Nelas acontece maior liberação
de substâncias como endorfina e dopamina, que reduzem a ansiedade”,
diz.
Angélica acrescenta que pessoas que têm animais são
mais ativas pois precisam cuidar e passear com seus animais. “São também mais
sociáveis, e ainda, segundo algumas pesquisas, tomam menos remédios e ficam
menos tempo em hospitais”, diz.
Os benefícios para crianças são maiores, conforme
ressalta a médica veterinária. “Além dos benefícios já citados, elas
desenvolvem responsabilidade, aprendem a respeitar os animais e trabalham
sentimentos de respeito, autoestima, alegria, tolerância etc.”, destaca.
Porém, uma dúvida bastante comum é: quais são os
animais mais “apropriados” para serem criados em casa?
Angélica explica que cães, gatos, pássaros, roedores
e até animais silvestres (autorizados pelo IBAMA) podem ser criados em casa.
“Mas antes a pessoa precisa pensar se sua casa possui estrutura física e
familiar para receber esse animal”, destaca.
A veterinária destaca que não é recomendado ter como
animal de estimação aqueles que não são domesticados ou silvestres sem registro
e com origem duvidosa.
Giovana Mazzotti, médica veterinária diretora
científica da ANCLIVEPA-DF, destaca que a escolha do animal deve se basear no
estilo de vida do proprietário, seus gostos e no quanto ele poderá investir
financeiramente nos cuidados que esse animal irá distender por toda sua vida.
“Não recomendo, por exemplo, uma pessoa que reside
em apartamento e trabalha o dia inteiro comprar um cão Labrador Retriever. Esse
animal precisa de muito contato humano e atividade física, o que essa pessoa
não poderá proporcionar. Se realmente for um ‘sonho’ ter esse animal, a pessoa
deve ter condições financeiras de contratar o serviço de uma ‘escola/creche
para cães’, onde esse animal terá atividades e contato com outros animais e
pessoas no período de ausência do proprietário”, explica Giovana.
Todos os animais, do hamster ao cavalo, destaca
Giovana, requerem cuidados de médicos veterinários por toda a vida, gastos com
alimentação, saúde e higiene, além tempo do proprietários para cuidados e
convívio social. “A recomendação é que, antes de adquirir um animal, todos que
convivem na casa se reúnam para fazer a escolha. Então, consultem um médico
veterinário para orientação mais detalhada se esse animal seria o ideal ou não,
bem como os cuidados que serão necessários”, diz.
Giovana destaca que muitas pessoas não sabem que
devem procurar o médico veterinário ANTES de adquirir o animal (esse serviço é
a consulta prévia à adoção). “Essa consulta, talvez, seja a mais importante de
todas, pois vai orientar o proprietário quanto à escolha correta do animal,
evitando frustrações e abandono. Além disso, nessa consulta o proprietário
consegue se planejar para receber esse novo membro da família”, explica.
Além disso, vale ressaltar, são as consultas
regulares com o médico veterinário que evitarão que o animal de estimação possa
pegar alguma doença e transmitir aos seus donos. Pois, nem todo mundo sabe,
mas, infelizmente, existem diversas doenças com caráter zoonóticos (doenças que
passam dos animais para o homem). Abaixo você conhece algumas delas e confere,
sobretudo, como é simples evitá-las – protegendo seu bichinho de estimação e
também a saúde de toda a sua família.
10 doenças transmitidas por animais de estimação e
como evitá-las
1. Micoses
Alguns tipos de fungos são os causadores de micoses,
tanto nas pessoas como nos animais, destaca Angélica. Eles podem viver no solo,
nas plantas ou na pele. Mesmo sendo facilmente encontrados, só irão causar
micoses na presença de condições especiais, como baixa resistência do
organismo.
Alguns tipos de micoses que afetam os bichos são
transmissíveis ao homem, porém, da mesma maneira que nos animais, a pessoa só
será afetada provavelmente se estiver numa condição de baixa resistência.
Como evitar
De acordo com Angélica, a melhor maneira de evitar
esse tipo de problema é não deixar que o animal vá para a rua sozinho e assim
tenha contato com outros animais que podem estar doentes. “Os passeios devem
ser sempre com a supervisão dos proprietários”, destaca.
“Quando o animal apresentar qualquer sinal de doença
é fundamental levá-lo o quanto antes ao veterinário para iniciar o tratamento e
conferir as orientações para evitar o contágio”, acrescenta a médica veterinária.
Outra dica importante é sempre lavar bem as mãos
após brincar com seu animal de estimação.
2. Verminoses
Até mesmo os animais bem cuidados estão expostos à
contaminação de vermes. Especialmente os filhotes de cachorros e gatos. Eles
podem adquiri-los já na hora do parto ou no momento de mamar (caso a mãe possua
esses organismos em seu corpo e não tenha sido tratada adequadamente).
Além disso, os vermes podem ser transmitidos através
do ar, da água, dos alimentos e até mesmo dos passeios pelas ruas.
Angélica explica que alguns tipos de verminoses
podem contaminar as pessoas que têm contato com animais. Mas dicas simples
podem evitar este problema.
Como evitar
Angélica diz que a maioria das contaminações ocorre
devido à falta de higiene, contato com fezes, sem as devidas precauções,
ingestão de alimentos contaminados. “As principais medidas para evitar o
problema são: higiene e manter seus animais livre de parasitas, a vermifugação
periódica evita infestação”, destaca.
3. Doença da Arranhadura do Gato
Giovana explica que esta é uma doença causada por
uma bactéria que pode estar presente nas unhas e saliva de gatos. Tal bactéria
é transmitida para o gato pela pulga.
Ainda de acordo com Giovana, é uma doença difícil de
ser diagnosticada, pois os gatos não apresentam sinais e as pessoas não
associam a doença com essa exposição. “Ela causa, nos humanos, desde nenhum
sinal clínico, até casos graves que requerem internação e podem levar à morte
se não tratados”, diz.
É importante salientar, de acordo com a Mestre em
Biologia Animal, que somente animais contaminados são capazes de transmitir a
bactéria. “Assim, raramente uma arranhadura causará a doença”, destaca.
Como evitar
Giovana explica que, assim como as demais doenças
transmitidas por animais (zoonoses), a melhor forma de evitar é buscar
orientações do médico veterinário para saber como cuidar do animal que escolheu
como companhia. O que incluiu, por exemplo, tratar adequadamente do gato para
evitar que ele tenha pulgas.
4. Raiva
Giovana explica que a Raiva é uma zoonose causada
por um vírus, causador de uma doença extremamente letal, muito grave. “É
transmitida ao ser humano pelo contato com a saliva do animal contaminado por
mordedura, lambidas em feridas, mucosas ou qualquer pequeno arranhão”, diz.
A Mestre em Biologia Animal explica que no Brasil a
Raiva está bem controlada nos centros urbanos. “Mas isso só foi possível com a
vacinação em massa de cães e gatos (em campanhas do governo e por médicos
veterinários particulares)”, diz.
Como evitar
Giovana destaca que a vacina protege muito bem
contra a contaminação. “Assim, todos os cães e gatos, independentemente de onde
vivem, devem ser vacinados anualmente contra a raiva”, diz.
5. Leptospirose
Giovana diz que a Leptospirose é uma zoonose muito
grave transmitida por bactéria presente na água ou alimentos contaminados pela
urina de animais doentes. “Nas cidades, o principal disseminador dessa doença é
o rato, por isso é tão importante não entrar em contato com água de enchentes”,
diz.
A Mestre em Biologia Animal explica que cães
contaminados também podem transmitir a doença para outros animais e para os
seres humanos.
Como evitar
“Os cães que vivem em áreas de risco devem receber a
vacina contra Leptospirose a cada seis meses. Além de ser necessário manter o
ambiente limpo e desinfetado, eliminando a presença de ratos”, explica Giovana.
“Caso o animal seja diagnosticado com a doença, o
tratamento deve ser iniciado o quanto antes, de forma intensiva, com todos os
cuidados para se evitar o contagio dos humanos”, acrescenta a profissional.
6. Tuberculose aviária
Giovana explica que a tuberculose aviária é uma
doença infectocontagiosa provocada por uma bactéria que pode sobreviver por
longos períodos de tempo em condições adversas. “A ave se infecta quando entra
em contato com água, alimentos e fezes contaminadas. Além de aves, porcos e
bovinos e seres humanos podem se contaminar”, diz.
Como evitar
Como todas as zoonoses, destaca Giovana, a melhor
forma de prevenção é manter o animal que vive em casa saudável. “Para isso, é
fundamental que o proprietário de uma ave leve o animal a um médico veterinário
capacitado para o atendimento dessa espécie (Médico Veterinário de Animais
Silvestres e Selvagens). Na maioria das cidades existem serviços de especialistas,
sempre recomendados por terem mais preparo para o atendimento diferenciado de
cada espécie”, diz.
7. Coriomeningite linfocítica
Esta é uma doença viral, que acomete ratos e
hamsters, que transmitem o vírus pela urina. “Muitas vezes o animal encontra-se
bem, como se estivesse saudável, mas está eliminando o vírus pela urina”, diz
Giovana.
A profissional explica que esta também é uma zoonose
(doença que pode ser transmitida entre os animais e o homem), causando sinais
de gripe até meningite.
Como evitar
Giovana ressalta a importância de consultar um
médico veterinário antes de adquirir um animal (para maiores informações sobre
escolha e cuidados). “E assim que a pessoa adquirir o animal, deve levá-lo para
consulta. Muitas vezes serão solicitados exames que podem identificar como está
o estado de saúde geral do animal”, diz.
8. Salmonelose
Esta é uma enfermidade causada por bactérias do
gênero Salmonella, que acometem diversas espécies de animais e o homem.
Angélica explica que os répteis são os maiores reservatórios
da salmonela e podem ocasionalmente transmiti-la aos seres humanos.
Como evitar
Para evitar a contaminação, de acordo com a médica
veterinária, alguns cuidados devem ser tomados como lavar as mãos depois de
manipular esses animais, não manipular esses animais em ambientes de uso
comunitário como banheiro, cozinha. “Além disso, é fundamental que o animal
conte com acompanhamento de um veterinário”, diz.
9. Psitacose
Esta é uma doença infecciosa causada por bactérias
que infectam geralmente os psitacídeos (papagaios, araras, periquitos etc.),
podendo eventualmente infectar o homem quando ele entra em contato com animais
portadores ou ainda com secreções dos mesmos.
“A Psitacose pode ser transmitida aos humanos, pois
a bactéria que causa essa doença pode ser eliminada pelos animais doentes nas
fezes e penas contaminadas pelas secreções”, destaca Angélica.
Como evitar
De acordo com a veterinária, o ambiente em que o
animal vive deve ser mantido limpo. “Animais novos ou suspeitos devem ficar de
quarentena, devem ser bem alimentados e os cuidados devem ser redobrados
durante o tratamento. Mas a cura é discutível, os animais afetados permanecem
como reservatórios”, diz.
10. Toxoplasmose
Esta é uma doença infecciosa também conhecida como
“doença do gato”. Isso porque, segundo explica Angélica, a Toxoplasmose é
causada pelo protozoário toxoplasma gondii que é encontrado principalmente nas
fezes do gato.
A médica veterinária explica que a Toxoplasmose raramente
causa problemas no indivíduo adulto. “O grande risco está nas mulheres grávidas
e pessoas imunossuprimidas. A contaminação é feita de forma fecal-oral, ou
seja, deve haver a ingestão do parasita que está nas fezes, então alguns
cuidados são necessários”, diz.
Como evitar
Angélica destaca que é preciso evitar contato com as
fezes de gato e, se for necessária a manipulação dessas fezes, a higiene é
fator imprescindível.
“É fundamental higiene também no preparo dos
alimentos e com os utensílios de cozinha, além evitar comer carne mal passada”,
destaca.
Cães e gatos podem causar alergias nos humanos?
Muitas pessoas acreditam que cães e gatos podem
causar alergias nos humanos. Giovana destaca, porém, que eles não causam
alergia, pois essa é uma condição imunomediada (uma situação na qual o sistema
imune ataca o corpo) do próprio paciente. “O que ocorre é que algumas pessoas
alérgicas manifestam os sinais clínicos quando em contato com os animais
(pelos, ácaros nos pelos, proteínas
da saliva do animal)”, diz.
A Mestre em Biologia Animal destaca que as pessoas
alérgicas devem buscar tratamento com Médicos Alergologistas. “O tratamento
para alergia em humanos costuma ser longo, mas, se feito corretamente, é
bastante eficaz (curando ou estabelecendo melhora das crises)”, diz.
Prevenir sim, abandonar jamais!
De fato existem algumas doenças que podem ser
transmitidas dos animais de estimação para os homens. Porém, isto nunca deverá
ser usado como justificativa para abandonar um bicho.
Infelizmente esta já é uma realidade: diariamente
inúmeros animais como cachorros e gatos são abandonados à própria sorte,
geralmente devido à irresponsabilidade de pessoas que os compraram/adotaram sem
pensar nos cuidados que eles exigiriam (custos com alimentação e veterinário,
atenção, espaço etc.).
Abandonar um animal, além de ser uma atitude
desumana, é crime. Assim como casos de maus tratos. A denúncia é legitimada
pelo Art. 32, da Lei Federal nº. 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). A
pena prevista é de detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
Giovana Mazzotti lembra que existem doenças com
caráter zoonóticos, entretanto, se o animal é saudável, ele não transmite
doenças. “Por isso reforça-se a importância do constante acompanhamento pelo
médico veterinário, bem como manutenção da higiene, alimentação e bem-estar
desses animais”, diz.
Angélica Oliveira de Almeida ressalta que os animais
de estimação devem ser acompanhados periodicamente por veterinários, e esses
vão orientar quais são os cuidados para a saúde do animal, “desde vacinas,
vermífugos, até qual a melhor alimentação, manejo e higiene. Isso mantém a
saúde do animal de estimação em dia, bem como a do proprietário”, finaliza.
Dessa forma, cuidando da saúde do animal, não há
motivo de preocupação por tê-lo em casa! Você, o bicho de estimação e toda a
família estarão protegidos.
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