Remédios para insônia podem ter vários efeitos
colaterais, principalmente quando não utilizadas conforme a recomendação médica.
A definição de insônia é
bastante complexa, mas envolve, em geral, um período prolongado em que a pessoa
não consegue dormir - geralmente acima de 30 minutos ou vários despertares
durante a noite - por pelo menos um mês seguido. A insatisfação com o sono e
dificuldades de desempenhar atividades no dia seguinte também fazem parte dos
critérios
Num estudo feito na cidade de São Paulo e publicado
em 2013, consta que cerca de 15% de 1042 pessoas pesquisadas apresentava um
quadro de insônia. Por outro lado, cerca de quatro em cada cem paulistanos,
segundo outro estudo, usam sedativos ou medicações para dormir. Considerando a
Grande São Paulo, isto equivale a cerca de um milhão e duzentas mil pessoas.
As principais medicações para dormir são os
benzodiazepínicos (aquelas vendidas em embalagens com uma faixa preta) e as
drogas Z, das quais, no Brasil, são comercializados o zolpidem e
o zopiclone -
lembra-se que, numa farmácia, estas drogas podem ter várias marcas
mas, embaixo do nome comercial, em letras menores, sempre pode ser visto o nome
químico. Os benzodiazepínicos foram desenvolvidos a partir de meados da década
de 50, no século passado, enquanto as drogas Z têm origem mais recente, a
partir da década de 80.
Antes da existência destas medicações, eram muito
usados os remédios do
grupo dos barbitúricos, que apresentavam riscos elevados quando usados em
quantidades maiores. Assim, uma grande vantagem dos benzodiazepínicos e das
drogas Z é que são muito seguros e, caso ingeridas em grandes quantidades,
geralmente não trazem riscos de morte. Assim, a partir da década de 60, os
benzodiazepínicos passaram a ser as drogas preferidas como tranquilizantes e
indutores do sono.
Os efeitos colaterais
Porém, apesar da segurança destes remédios
(benzodiazepínicos) em relação a riscos de vida, em curto prazo, eles possuem
vários efeitos colaterais, potencialmente perigosos. Assim, logo no início do
tratamento, eles aumentam os riscos de quedas e prejudicam a coordenação motora
e a memória. Os acidentes indiretamente relacionados ao seu uso envolvem lesões
por causa das quedas, prejuízos em atividades que exigem coordenação (como, por
exemplo, dirigir veículos) e esquecimento (alguns chegam a cometer atos
ilícitos e apagá-los da memória). Além disto, elas são abusadas por algumas
pessoas, principalmente por indivíduos que já fazem uso de outras drogas, como
a heroína.
Em longo prazo, pode haver uma diminuição dos
efeitos sobre a coordenação motora, porém os efeitos negativos sobre a memória
tendem a permanecer. Inclusive, existe um estudo que sugere que o uso
prolongado pode estar relacionado ao desenvolvimento de quadros de demência
- parecidos com a Doença
de Alzheimer, com alterações comportamentais e
redução progressiva da capacidade de se lembrar, principalmente de fatos
recentes - ou da própria Doença de Alzheimer.
As drogas Z parecem ser um pouco mais seguras, porém
há evidências de que mesmo elas podem causar problemas de equilíbrio e
coordenação motora, principalmente se seus efeitos forem medidos no decorrer da
noite em que as pessoas tomaram estes remédios.
Apesar de não haver conclusões definitivas,
pesquisadores que estudam as consequências do uso de benzodiazepínicos
recomendam que sejam utilizados por um máximo de duas semanas seguidas. Também
se recomenda que se não sejam usados em pessoas acima dos sessenta ou sessenta
e cinco anos.
O que fazer em caso de insônia?
Quando alguém tem insônia, deve consultar um(a)
especialista (geralmente psiquiatra ou neurologista). O(a) profissional fará
uma investigação da insônia, que pode aparecer sozinha ou ser causada por
quadros como depressão,ansiedade ou
vários tipos de doenças clínicas.
Naqueles casos em que a insônia tiver
uma causa determinada, deve-se tratar esta causa e, como consequência provável,
a insônia será curada ou melhorada.
Em outros casos, quando não houver nenhuma doença
que explique a insônia, além do uso de medicações em curto prazo, podem-se usar
técnicas de higiene do sono, que também são eficazes e não têm efeitos
colaterais. São elas:
1. Ir para a cama apenas quando estiver muito
sonolento, sem conseguir manter-se acordado. Não basta estar cansado. Enquanto
isto, ficar assistindo à TV, lendo um livro, folheando uma revista ou escutando
música. Sempre atividades tranquilas, que relaxem. Filmes de suspense, músicas
muito agitadas, atividades como lavar louças ou varrer a casa podem deixar a
pessoa ainda mais acordada.
2. Se acordar no meio da noite e não adormecer em 15
a 20 minutos, fazem como em 1.
3. Exercícios físicos aeróbicos várias vezes por
semana.
4. Tomar um lanche leve antes de ir dormir.
5. Não fumar e não beber café na parte da
tarde.
6. Jamais tentar "forçar" o sono: quanto
mais a pessoa tenta, mais acordada fica.
7. Para algumas pessoas, ajuda tomar um banho morno
antes de dormir.
8. Acordar cedo, mesmo nos feriados e fins de
semana.
9. Não dormir a mais, mesmo se tiver dormido mal
durante a noite.
10. Não tirar cochilos durante o dia.
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