Qual a distância física ideal? Usar óculos ajuda?
Quão eficazes são as máscaras faciais? Uma revisão de estudos traz respostas
para essas perguntas
Cientistas da Universidade McMaster e do hospital St.
Joseph’s Healthcare Hamilton, no Canadá, fizeram uma revisão de estudos para
determinar detalhes práticos que aumentam a eficácia do uso de máscaras e do
distanciamento social na prevenção do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
A análise, publicada no periódico científico The
Lancet, foi realizada para atualizar diretrizes da Organização Mundial da Saúde
(OMS). Esse é o primeiro trabalho a reunir evidências mais detalhadas sobre
essas ações no controle da pandemia de Covid-19.
Os especialistas envolvidos selecionaram 172 estudos
observacionais de 16 países diferentes que mensuraram medidas para evitar a
transmissão de pacientes com suspeita ou confirmação da Covid-19 a indivíduos
próximos a eles (familiares, cuidadores, profissionais de saúde etc).
Além disso, foram incluídas mais 44 pesquisas
comparativas envolvendo 25 697 pessoas e trabalhos que checaram a disseminação
nos surtos de Sars e Mers, males provocados por outros tipos de coronavírus.
Então vamos aos resultados. Os experts constataram
que o risco de se infectar com o vírus estando a menos de um metro de alguém
com confirmação ou suspeita da doença é de 12,8%. O número diminui para 2,6%
quando se permanece a mais de um metro. E cai pela metade se a distância ficar
em dois metros.
Já se você cruza com alguém infectado e ninguém está
de máscara, a probabilidade de pegar o coronavírus é de 17,4%, de acordo com o
trabalho. Com o uso desse equipamento, a taxa para 3,1%.
E protetores oculares? Não utilizá-los traria um
risco de infecção de 16%. Apostar nesse item faria o índice diminuir para 5,5%.
Mas atenção: os cientistas apontam que as evidências são especialmente frágeis
nesse ponto específico.
No mais, os autores frisam que as máscaras N95 e
respiradoras devem ser priorizadas para profissionais da saúde. “É necessário
aumentar e redirecionar a capacidade de fabricação para superar a escassez
global”, alerta, em comunicado à imprensa, o pesquisador Derek Chu, professor
da Universidade McMaster.
A epidemiologista Raina MacIntyre, professora da
Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, que não participou da
investigação, acrescenta que a revisão é importante por estabelecer que
máscaras multicamadas resguardam melhor que as de camada única.
“Esse achado é vital em meio à proliferação das
máscaras caseiras, feitas de pano. Elas devem ter várias camadas de tecido e um
bom ajuste facial”, pontua Raina.
Apesar da relevância dos achados, o artigo tem suas
limitações. Dentre os estudos contemplados nele, poucos testaram o efeito
dessas intervenções fora de hospitais ou ambientes ligados ao atendimento à
saúde, como mercados e casas. Fora que, como dissemos, parte das pesquisas
incluídas são focadas nos surtos de Sars e Mers, que ocorreram no passado.
Os especialistas concluem que, mesmo ajudando a
evitar a Covid-19, nem o uso combinado dessas estratégias oferece proteção
completa. Portanto, as melhores formas de prevenir o novo coronavírus ainda são
ficar em casa e seguir as normas de higiene.
“As pessoas precisam entender que a máscara não é
uma alternativa ao espaçamento físico ou à lavagem das mãos. Mas elas podem
adicionar uma defesa extra”, finaliza Chu.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/novos-dados-sobre-como-se-prevenir-do-novo-coronavirus/
- Por Maria Tereza Santos - Ilustração: Thiago Almeida/SAÚDE é Vital
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