Descansar a máscara no queixo, ajeitá-la sem lavar
as mãos e outros deslizes chegam a aumentar o risco de contrair o coronavírus
As máscaras faciais podem ajudam a evitar a
disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2), como reconhece o Ministério da
Saúde. Só que elas precisam ser bem utilizadas para que a proteção realmente
aconteça.
Em carta recentemente publicada pelo periódico
British Medical Journal (BMJ), epidemiologistas do University College London,
no Reino Unido, alertam para possíveis efeitos colaterais do uso inadequado do
acessório.
Entre as principais “reações adversas” está a
sensação de falsa segurança. É aquele sujeito que, ao vestir o item, acha que
está completamente protegido e se descuida de outras medidas importantes de
prevenção, como a lavagem constante das mãos.
Toques frequentes no rosto e nas máscaras e a
proximidade com outras pessoas para escutar melhor uma conversa também foram
ciladas destacadas pelos autores.
Esses problemas, como o texto explica, podem
comprometer uma das principais estratégias empregadas na contenção da pandemia
de Covid-19.
1) Tocar ou coçar o rosto enquanto está com a
máscara
Está aí um dos deslizes mais comuns. “Naturalmente,
já temos o impulso de tocar no rosto muitas vezes ao dia”, explica Raquel
Muarrek, infectologista do Hospital São Luiz, em São Paulo.
O uso da máscara deveria ajudar a mudar esse hábito,
mas não é tão simples assim. Quem nunca se pegou encostando na testa ou na
sobrancelha enquanto estava de máscara? O problema é que o vírus pode estar na
mão e ganhar, com a cutucadinha inocente, uma carona até o rosto.
Além disso, toques na máscara em si podem contaminar
as mãos. Assunto para o próximo item.
2) Ajeitar a posição da máscara tocando no tecido
sem lavar as mãos antes
Convenhamos que usar esse apetrecho não é coisa mais
confortável do mundo. O ideal é evitar qualquer contato, porém, se precisar
ajeitá-lo, não esqueça de lavar as mãos antes com água e sabão ou álcool em gel
70%. E busque encostar sempre na parte interna, porque o risco de contaminação
ali é menor.
Se a higiene for impossível no momento, procure
acertar o posicionamento da máscara tocando apenas nos elásticos. O mesmo vale
para tirá-la.
3) Colocar a máscara no queixo
“Parece que
há um efeito psicológico nas pessoas, que acham que estão protegidas quando
usam a máscara nessa posição. Mas isso está errado”, alerta Raquel. Ora, o
pescoço ou as roupas podem estar contaminados. Se ela depois for voltar para o
rosto, já viu…
Caso precise tirá-la por poucos instantes para tomar
água, por exemplo, é mais seguro deixá-la pendurada em uma das orelhas, na
lateral do rosto.
Atenção: e não é para remover a máscara na hora de
conversar! Quando conversamos, expelimos gotículas de saliva que podem estar
infectadas. Se estiver difícil de se fazer entender, fale mais alto — sem se
aproximar muito do interlocutor.
4) Deixar os óculos embaçados
É um sinal clássico de que ela não está bem
acomodada ou tem um tamanho inadequado. Se os óculos estão embaçando, é porque
muito ar está escapando pela parte de cima da máscara — o que favoreceria contaminações.
Outro ponto a respeito do escape de ar, mencionado
no artigo do BMJ, é que ele gera um impulso de tocar nos olhos. Fique atento.
Algumas máscaras caseiras possuem uma espécie de
arame ou estrutura que facilita o encaixe no nariz.
5) Adquirir máscaras grandes ou pequenas demais
Para que seja eficaz, ela precisa ficar bem presa ao
rosto, sem escapes nas laterais. O Ministério da Saúde recomenda um tamanho
padrão de 21x34cm para os adultos.
E para crianças, que tendem a mexer mais na máscara?
“É necessário medir o rosto na altura do nariz e no queixo”, orienta Raquel.
6) Ficar muito tempo com a mesma máscara
Elas devem ser trocadas a cada duas horas ou sempre
que estiverem úmidas. Pessoas com nariz entupido ou que falaram bastante tendem
a deixar o equipamento molhado rapidamente.
O texto publicado pelos britânicos destaca que, no
ambiente umedecido, o Sars-CoV-2 poderia permanecer ativo por mais tempo. Logo,
se a pessoa estiver carregando o novo coronavírus no organismo, entra em um
ciclo de expelir e inalar o vírus, o que levaria a um aumento de sua carga
viral — fator que influenciaria na progressão da doença.
Mais importante do que isso, um tecido umedecido
perde parte de sua capacidade de bloquear agentes infecciosos. Para se livrar
de riscos desnecessários, faça as contas de quantas máscaras precisa levar ao
sair de casa.
7) Guardar a máscara suja na bolsa ou no bolso
Ora, caso o Sars-CoV-2 esteja de fato ali, irá se
espalhar para outras superfícies e objetos. “O certo é sair de casa com dois
saquinhos, um para as limpas e outro para as sujas”, recomenda Raquel.
8) Fazer um X com os elásticos
É comum encontrar máscaras presas com os elásticos
cruzados, formando um X na cabeça. Nessa posição, o tecido dobra, o que gera
uma abertura na lateral do rosto por onde o coronavírus pode escapar.
Se o elástico estiver largo, melhor dar um nozinho.
Ou buscar uma nova máscara.
9) Usar bandanas ou cachecol como máscara
Não há comprovação de que os acessórios ofereçam
alguma proteção contra o novo coronavírus. O cachecol tende a ficar largo,
abrindo espaço para a entrada de ar, assim como a bandana, com as pontas
penduradas embaixo do queixo.
10) Deixar o nariz fora da máscara
Se o nariz é uma das principais portas de entrada do
Sars-CoV-2 no organismo, para quê deixá-lo de fora? O tecido deve estar bem
ajustado no início da cavidade nasal, mais próximo dos olhos — na pontinha do
nariz, a proteção também fica prejudicada.
11) Compartilhar máscaras
O Ministério da Saúde reforça que elas são de uso
individual. Mesmo sem sintomas, alguém pode estar com o coronavírus no corpo.
Se ele dividir uma máscara com você, o risco de infecção cresce enormemente.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/mascaras-caseiras-11-erros-comuns-que-favorecem-o-coronavirus/-
Por Chloé Pinheiro - Ilustração: Laura Luduvig/SAÚDE é Vital
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