“Conta uma estória que um correligionário procura um amigo deputado federal para pedir um emprego para o seu filho que tinha acabado de completar o supletivo do 1º grau. O deputado oferece uma vaga de assessor para ganhar 15 mil reais. Ele diz ao deputado que é muito. O deputado oferece outro cargo ganhando 10 mil reais. Ele pergunta se não tem um empreguinho que pagasse 3 mil até 5 mil reais. O deputado responde que tem, mas aí é só por concurso e é para quem tem curso superior, pós-graduação ou mestrado, além do mais ele terá que comparecer ao trabalho todos os dias.”
No Brasil é
assim, os amigos e apadrinhados dos políticos ganham cargos com altos salários
e não precisam trabalhar, enquanto os professores têm que trabalhar bastante
planejando aulas, estudando, atualizando-se, ensinando, realizando avaliações,
investindo na profissão, mas ganhando pouco e não têm direito a fazer greve
para reivindicar melhoria salarial e condições de trabalho em prol da educação.
Para os políticos e algumas pessoas da sociedade, os professores devem ser
abnegados à profissão, porque já sabem de antemão que vão ganhar mal e por isso
não podem reclamar da baixa remuneração e esta cruz terá que ser carregada pelo
resto da vida.
Já virou rotina
todos os anos, alguns governadores e prefeitos não quererem pagar o piso
salarial e os professores entrarem em greve para ter seus direitos assegurados
por lei. Os que querem pagar o piso, retiram direitos adquiridos dos educadores
conquistados anos atrás e outros só querem pagar o piso aos professores de
nível médio, não valorizando os professores graduados.
A Lei do piso
salarial profissional nacional do magistério público da educação básica foi
sancionada em 2008, pelo Presidente Lula, e já em 2012 o governo do estado não
pagou o reajuste de 22,22% anunciado pelo MEC. Em 2021, a assembleia
legislativa aprovou uma lei enviada pelo executivo destruindo o plano de
carreira e remuneração do magistério público na qual um professor com nível de
doutorado, mestrado ou pós-graduado iniciava o vencimento básico igual ao
professor com nível do ensino médio. Também incorporou a gratificação de
regência de classe ao vencimento básico fazendo com que o professor ganhasse
acima do piso, o que era uma mentira, pois o vencimento básico estava abaixo do
piso. Em 2022, o governo do estado não pagou o reajuste de 33,24% e ofereceu um
abono aos professores, mas os aposentados não tiveram o mesmo direito. Em 2023,
mais uma vez, o governo do estado não quer pagar o reajuste do piso, que é de
14,95%, e ofereceu aos professores um percentual de 2,5%, a metade do reajuste
oferecido ao funcionalismo estadual. Por estes motivos, o sindicato dos
professores convocou uma paralização de 4 dias a fim de pressionar o governo a
pagar o piso que é um direito constitucional da classe.
Os professores
não desejam fazer greve todos os anos, apenas querem que a lei do piso do
magistério seja cumprida como determinou o STF em 2013, quando foi questionado
por alguns governadores sobre a inconstitucionalidade do piso. Quando a greve
ocorre, é por necessidade de pressionar os governantes a pagar o piso, até
porque a luta dos educadores não é só por aumento salarial, mas a favor da
educação pública de qualidade.
Não tem nada pior
que um empregado mal remunerado, desiludido e desmotivado, e isto vêm
acontecendo com os professores há décadas. Com a criação e aprovação do piso
salarial do magistério pelo congresso e sancionado pelo Presidente da
República, os professores sentiram-se valorizados e ficaram entusiasmados com a
possibilidade de melhorar os salários. No entanto, alguns governadores e
prefeitos acreditam que os educadores não merecem ganhar um piso de R$
4.420,55, pouco mais de três salários mínimos, porque deve ser muito dinheiro
para quem tem a responsabilidade de formar integralmente crianças e jovens
através da educação.
De quatro em
quatro anos, os políticos disputam as eleições, sobem aos palanques e prometem
que em seu governo a Educação será prioridade e os professores serão valorizados.
Depois que assumem, eles esquecem as promessas e tentam iludir a sociedade,
principalmente os mais pobres, dizendo que a educação pública tem qualidade.
Então, por que eles só colocam seus filhos para estudarem nas melhores escolas
particulares? O ex-Senador Cristovam Buarque encaminhou um projeto ao senado
obrigando os filhos de políticos a estudarem em escola pública, eles
engavetaram o projeto, por que será?
Os políticos não
valorizam os professores das escolas públicas porque a maioria deles estudou em
escolas particulares e, como alunos, eles não conheceram o descaso dos
governantes pela educação pública, pela falta de condições de trabalho, falta
de professores nas escolas, prédios deteriorados, falta de quadras esportivas,
falta de carteiras, giz e papel e a baixa remuneração dos professores, esta
sempre foi a realidade da escola pública. É importante lembrar que todos os
profissionais aprenderam e foram formados através dos professores, da Educação
Infantil à Universidade e os políticos estão inclusos neste contexto.
O professor é de
extrema importância para o presente e o futuro da sociedade, pois tem a
capacidade de construir um mundo melhor através da formação integral de seus
alunos. Sendo o professor um formador de opinião, é por meio da educação que
poderemos formar cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres para a
construção de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.
Professor, vença
todos os percalços que surgirem na sua profissão, defenda seus direitos,
valorize-se, lute, seja um guerreiro, porque seus alunos precisam que você seja
um exemplo, um espelho para toda a vida. Esperamos que nossos alunos atuais
sejam os futuros governantes, menos técnicos e mais humanos, e que valorizem
quem os ajudam a se tornarem mulheres e homens sábios, dignos, honestos e
cristãos: os PROFESSORES.
Por Professor José Costa
"Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês
vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.” (Mateus
7:15)