Saiba quais cuidados devem ser tomados quando as
crianças se envolvem em acidentes
Ter noções de primeiros socorros pode fazer toda diferença
na hora de lidar com algum acidente envolvendo os filhos. No entanto, ainda
hoje, muitos mitos e crendices são difundidos, como passar pó de café em
queimadura ou não deixar a língua da criança enrolar quando ela estiver
convulsionando. Para auxiliar os pais a lidar com essas situações, o UOL
conversou com especialistas na área para derrubar dez mitos sobre o tema.
Quando a criança engasga, é preciso sacudi-la e
fazê-la olhar para cima
O engasgo certamente é o que mais preocupa os pais
de crianças pequenas. No entanto, eles devem ter em mente que, muitas vezes, a
criança engasga mamando ou comendo e desengasga sozinha. Caso ela tenha
engasgado por ter ingerido algum corpo estranho, deve-se pedir a ela que
levante a cabeça e olhe para cima. Sacudi-la pode piorar a situação, já que o
corpo estranho pode descer ainda mais causando obstrução das vias aéreas. Se a
criança tiver menos de um ano, a recomendação é virar o bebê de bruços em cima
do braço e, com uma mão, sustentar a cabeça e o corpo da criança. Dê tapinhas
nas costas até que o corpo estranho seja eliminado. Caso a criança seja mais
velha, os pais devem aplicar a manobra de Heimlich. Abraçar o filho pelas
costas, na altura do peito, e fazer compressão com a mão para dentro e para
cima ao mesmo tempo, até que o corpo estranho seja expelido.
É preciso jogar água para despertar a criança
desmaiada
O desmaio não é uma coisa comum em crianças
pequenas, portanto, é importante descobrir o que causou essa indisposição, se
foi porque ela não se alimentou e foi praticar esporte, por exemplo. Primeiro,
os pais devem ter certeza de que o batimento cardíaco e a respiração da criança
estão preservados. Se o peito estiver movimentando, mas a criança tiver caído
bruscamente quando perdeu a consciência, ela pode ficar com traumatismo na
coluna. Portanto, o ideal é não mexer nela, acionar um serviço de emergência e
ficar ao lado dela, esperando que ela desperte. Ainda que o desmaio assuste,
não há necessidade de jogar água no rosto ou qualquer outra coisa do tipo, pois
a criança vai se recuperar. No entanto, se a criança não estiver respirando,
ela pode ter tido uma parada cardiorrespiratória. Nesses casos, os pais devem
fazer manobras de ressuscitação. Nos bebês, é preciso comprimir o tórax, logo
abaixo da linha dos mamilos, usando dois ou três dedos para fazer as
compressões. Já nas crianças, a compressão é feita sobre o osso esterno, no
centro do peito. Ponha a parte mais dura da palma sobre esse osso e depois
coloque a outra mão em cima da primeira. Com os cotovelos esticados, pressione
firme para baixo, afundando o peito da criança, e deixe-o voltar à posição
inicial, para repetir o movimento.
Se a criança se cortar, jogue açúcar ou pó de café
no local do sangramento
A palavra-chave para conter os sangramentos é fazer
pressão no local do corte. A primeira recomendação é limpar a região com água
corrente, pegar uma gaze ou um pano limpo e comprimir com força até parar de
sangrar. Se mesmo com a compressão, o sangramento continuar intenso, pode haver
alguma lesão arterial, portanto, mantenha a pressão e vá ao hospital. Caso o
corte tenha sido provocado por um caco de vidro grande ou uma faca, por
exemplo, a recomendação é não retirar o corpo estranho e ir direto para o
pronto-socorro. Se o corte for muito profundo, ao tirar o objeto, pode-se
piorar a lesão. Os especialistas também não recomendam fazer torniquete (que é
amarrar uma faixa para interromper a circulação sanguínea até a área ferida).
Se a criança se intoxicar, basta forçar vômito ou
dar leite
A primeira coisa que os pais devem fazer é ligar
para o Centro de Controle de Intoxicações (cada cidade tem o seu) de sua região
para informar o que a criança ingeriu e qual foi a quantidade, pois eles passam,
por telefone, uma recomendação do que deve ser tomado. Caso os pais não saibam
o que a criança ingeriu, eles não devem induzir vômito ou dar leite, pois,
dependendo da substância, essa ação irá corroer o trato digestivo. Os pais que
preferirem levar a criança direto a um hospital devem sempre levar a substância
que foi ingerida pela criança para os profissionais.
Após a criança bater com a cabeça, ela não pode
dormir
Em geral, o crânio é um capacete natural que protege
o cérebro. Quando a criança bate com a cabeça, os pais devem buscar um hospital
para checar se há algum sangramento interno, quando a criança está vomitando ou
tem dores de cabeça persistentes. Essa questão de não deixar dormir é
controversa. O importante é avaliar a criança nas primeiras oito horas após a
queda. Se o filho estiver esquisito, andando estranho, avoado, não falando
coisa com coisa e mais pálido do que o habitual, esses podem ser sinais de que
a criança está com algum problema. No entanto, caso ele não apresente nenhum
desses sintomas, ele pode dormir normalmente.
Se a criança sofrer uma fratura, tente colocar o
osso no lugar
Caso a criança sofra um acidente e tenha uma
fratura, os pais devem fazer o máximo para deixar a região imobilizada e jamais
tentar colocar o osso no lugar, pois essa ação pode lesar vasos e nervos da
região. Os especialistas recomendam dar um analgésico para alívio da dor e
levar a criança para o hospital. Para transportar a criança com segurança, é
preciso colocar o membro sobre uma superfície rígida, imobilizado, para que ele
mexa o menos possível durante o trajeto até o pronto-socorro.
Quando a criança está convulsionando, não pode
deixar a língua enrolar
A convulsão clássica --quando a criança perde o
sentido, cai no chão com tremores e olhar fixo, fica com o lábio arroxeado e
solta baba-- assusta muito os pais. No entanto, eles nada podem fazer até que a
convulsão acabe. Durante a crise, é importante proteger a criança, evitar que a
cabeça dela fique batendo. Caso ela morda a língua ou o lábio, não tente
impedi-la, pois isso deve ser cuidado posteriormente. Os pais não devem tentar
enfiar nada na boca da criança. Após o término da convulsão, leve-a para o
pronto-socorro mais próximo --de preferência, já ligue para o local avisando
que chegará com o filho. No hospital, o médico poderá fazer os exames
necessários para descobrir a causa da convulsão.
Se a criança tiver um membro amputado, não tem como
reimplantá-lo
Caso aconteça um acidente que ampute algum membro da
criança, é importante agir rapidamente para que os médicos possam
reimplantá-lo. Lave bem rápido a parte amputada em água corrente e enrole-a em
um pano limpo ou em uma gaze. Posteriormente, coloque-a em um saco com
identificação e depois acomode-a dentro de um segundo saco ou de um isopor com
gelo, para levar para o hospital. O membro nunca deve ser colocado diretamente
no gelo, pois este provoca queimadura na região, impedindo a reimplantação.
Se a criança teve uma queimadura, basta colocar café
ou pasta de dente
Se ela se queimou com água ou óleo fervendo, os pais
devem jogar água sobre a área imediatamente. Como a pele está muito aquecida, a
água interrompe esse processo, baixando a temperatura da pele e diminuindo a
extensão do ferimento. Essa ação também irá aliviar a dor que a criança está sentindo.
A recomendação é não passar nenhuma substância (pomada, café, pasta de dente ou
qualquer outro creme), pois ela pode contaminar a área. Se a queimadura for
oriunda de um produto químico em pó, tente varrer o produto e não jogue água,
pois, às vezes, ela pode reagir com a substância química. Por fim, se houver
bolhas, não rompa, pois é a proteção natural da área queimada. Esse
procedimento deve ser feito apenas dentro do hospital por um médico ou
enfermeiro para diminuir os riscos de contaminação.
Se o dente permanente caiu, não tem como
reimplantá-lo
Caso um dente permanente da criança caia por conta
de algum acidente, os pais podem preservá-lo para que o dentista reimplante
posteriormente. Para isso, é preciso lavar o dente com água limpa corrente o
mais rápido possível e conservá-lo em algum recipiente com soro fisiológico.
Caso os pais não estejam em casa, basta colocar o dente em um pote com leite e
ir o mais rápido possível para uma clínica de odontologia com plantão.