Inflamações e estresse deixam seu corpo suscetível
aos sinais da idade
Inúmeros fatores influenciam o aspecto visual de uma
pessoa, desde a dieta até os vícios e a maneira como ela lida com as suas obrigações
diárias. Há ainda influências externas, como poluição, trânsito e pressão no
ambiente de trabalho ou estudo. O resultado de tudo isso pode não só afetar a
saúde como ainda causar o chamado envelhecimento
precoce. Veja quais são os hábitos inimigos da
boa aparência e como contornar os sinais da idade:
A exposição inadequada ao sol é o principal agente
causador do envelhecimento
precoce, pois causa degeneração precoce e cumulativa da
pele, promovendo o aparecimento de rugas e manchas.
Em alguns casos, pode até levar ao desenvolvimento de um câncer.
É importante lembrar que o sol é extremamente saudável para a saúde, mas em
excesso ou sem proteção é muito perigoso.
Por isso, é fundamental usar filtro solar com FPS 15
(no mínimo) todos os dias e evitar a exposição ao sol entre as dez horas da
manhã e as quatro horas da tarde. Lembre-se também de que o protetor solar só
funciona meia hora depois de entrar em contato com a pele e que ele não dura um
dia inteiro. "Repasse o produto a cada duas ou três horas", recomenda
a dermatologista Patrícia Fagundes, do Hospital 9 de julho.
Poluição
Quanto mais poluído o ar também, menor a quantidade
de oxigênio o que, consequentemente, reduz a oxigenação dos nossos órgãos e
tecidos. Os gases nocivos encontrados no ar poluído formam uma película de
toxinas que é absorvida por meio da pele, aumentando as reações de oxidação e
formação de radicais livres que agridem o órgão. O excesso de poluição oxida as
células tanto da pele como do organismo todo. Por isso, para evitar essa
reação, é importante proteger a pele diariamente, aplicando protetor solar,
hidratante e fazendo a higienização para eliminar as impurezas.
Estresse
O estresse prolongado
aumenta a produção de radicais livres, intensificando o processo de oxidação
das células. É o chamado estresse oxidativo, que desempenha papel central
na condução de eventos que causam o envelhecimento. Ele altera os ciclos de
renovação celular e provoca danos ao DNA que promovem a liberação de agentes
inflamatórios. O primeiro impacto é o envelhecimento precoce da pele, afirma a
dermatologista Cristiane Dal Magro, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
"O estresse oxidativo celular causará a degradação do colágeno (substância
que dá sustentação à pele) e a acumulação de elastina, que é uma característica
da pele fotoenvelhecida", explica.
A oxidação das células levará a produção de
substâncias inflamatórias que geram uma cadeia de desequilíbrio no nosso corpo.
"Isso causa o aumento dos níveis de colesterol ruim e, aumento de gordura
no fígado, diabetes
tipo 2, elevação da pressão arterial, do
risco de aterosclerose e
consequentemente de doenças cardíacas e cerebrovasculares", explica a
endocrinologista Andressa Heimbecher, da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia. Pessoas estressadas também costumam ter hábitos de vida poucos
saudáveis - alimentação desregrada e rotina sedentária. Saber conciliar tarefas
é um desafio atualmente, mas é essencial para a saúde e para impedir o
envelhecimento precoce.
Má
alimentação
Uma dieta inadequada pode favorecer o envelhecimento
precoce de diversas maneiras, a começar pelo aumento de peso. "O excesso
de peso está associado com mudanças na estrutura do colágeno, que é responsável
pela sustentação e firmeza da pele, além de participar do processo de
cicatrização - como resultado, o corpo forma mais rugas e flacidez",
afirma a dermatologista Cristiane.
A alimentação rica em gorduras e alimentos
industrializados aumenta a produção de radicais livres. Da mesma forma, uma
dieta pobre em verduras, frutas e legumes não fornece os antioxidantes que o
organismo precisa para combater esses radicais. Quando há um desequilíbrio
entre os radicais livres e nossa defesa antioxidante as células e DNA ficam
danificados, aumentando o risco para diversas doenças e contribuindo para o
envelhecimento precoce.
O excesso de açúcar consequente da má alimentação
também favorece o envelhecimento precoce por meio da glicação, um processo
inflamatório nas células que faz com que elas produzam radicais livres. "A
ingestão excessiva de açúcar causa alterações profundas na integridade das
células e nas suas funções - entre elas o estresse oxidativo celular e o
envelhecimento precoce."
Desidratação
A água é essencial para o funcionamento do corpo
como um todo. Ela é utilizada em processos metabólicos, na transpiração e até
na respiração. Sua falta acarreta problemas em todo o organismo e isso fica
mais do que evidente no maior órgão do corpo humano: a pele. "Ela precisa
ser hidratada por dentro e por fora. É por meio da água que as camadas internas
receberão nutrientes e eliminarão as toxinas acumuladas", explica a
dermatologista Cristiane.
Os resultados são ainda melhores se o consumo de
água estiver aliado a um bom hidratante. "Pessoas com pele oleosa ou que
apresentaram reações alérgicas a algum produto, entretanto, devem procurar um
dermatologista para realizar tratamentos específicos", lembra a
profissional.
Baixa
imunidade
A baixa
imunidade é um sinal de que o corpo não está conseguindo
se defender completamente dos agentes externos, aumentando o risco
de contrair doenças.A falta de resistência imunológica favorece uma série
de infecções e inflamações no corpo que não aconteceriam se as defesas
estivessem funcionamento corretamente. "O resultado são sintomas
como unhas fracas, queda de
cabelo, cansaço,
problemas de pele e uma infinidade de complicações", explica a imunologista
Elisabete Blanc, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Sedentarismo
e overtraining
Extremos são sempre perigosos e isso acontece até em
relação à prática de exercícios físicos. "Tanto a falta de exercício (sedentarismo)
quando o excesso (overtraining) levam a uma produção exagerada de radicais
livres pelo corpo, que causam o envelhecimento precoce", explica Raul
Santo, fisiologista e pesquisador do Centro de Estudos da Medicina da Atividade
Física e do Esporte (CEMAFE). Segundo ele, produzimos esses radicais até na
respiração, mas o corpo consegue dar conta de equilibrá-los no organismo.
Entretanto, quando nos submetemos a treinos muito pesados ou à ausência de
atividades, perde-se o controle sobre essa produção. "O ideal é praticar
um treino leve ou moderado cinco vezes por semana durante 30 minutos",
complementa.
Má
postura
Hérnia
de disco, escoliose e lombalgia são
apenas alguns dos problemas decorrentes da postura inadequada. As alterações
posturais também interferem na aparência do indivíduo, que pode parecer mais
velho do que realmente é. ?Diversas situações da rotina podem prejudicar a
nossa postura, por isso é essencial saber se posicionar corretamente?, explica
o ortopedista Luciano Pellegrino, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e
Traumatologia.
Dormir
pouco
Durante o sono, produzimos hormônios
"rejuvenescedores", como a melatonina e o hormônio do crescimento.
"Esses hormônios exercem funções reparadoras e calmantes para a pele, e a
falta de sono impede que o corpo descanse adequadamente", afirma a
endocrinologista Alessandra. Os maiores resultados disso são uma pele sem viço
e com olheiras. O estresse provocado pela falta de sono também favorece o
aparecimento de rugas.
Tabagismo
Pessoas que fumam cronicamente costumam ter a pele
mais grossa e amarelada, devido à impregnação das substâncias da fumaça. Linhas
de expressão em volta da boca, dentes escurecidos, ponta dos dedos amareladas
e olheiras profundas são
algumas das consequências do tabagismo.
Além disso, a exposição à fumaça de cigarro
compromete a função dos genes e altera a formação das células. Essas mudanças
têm influência negativa no sistema imunológico e um forte envolvimento no
processo de morte das células e produção de radicais livres. O fumo também
reduz o fluxo sanguíneo da pele, dificultando a oxigenação dos tecidos. A
redução deste fluxo parece contribuir para o envelhecimento precoce e para a
formação de rugas.
Alcoolismo
Para entender como a ingestão de bebidas alcoólicas
causa um dano generalizado ao organismo, é preciso explicar o como o nosso
corpo absorve essa substância. O órgão responsável por metabolizar o álcool é o
fígado, e ele só trabalha com uma dose de bebida alcoólica por hora em média,
sendo que uma dose equivale a uma lata de cerveja (360ml), uma taça de vinho
(100ml) ou uma dose de destilado (40ml). Isso quer dizer que duas latas de
cerveja demoram duas horas para serem metabolizadas pelo fígado, três latas
levam três horas e assim por diante. Enquanto o fígado metaboliza a primeira
dose, o resto do álcool fica circulando no sangue e causando alterações em
diferentes órgãos. Uma das consequências é a produção aumentada de radicais
livres, que causam o envelhecimento. A exceção à regra é o vinho tinto, que, se
consumido moderadamente, tem ação antioxidante e combate os radicais livres. A
quantidade recomendada é de uma taça de vinho para mulheres e até duas para
homens. Essas quantidades, porém, pressupõem que a pessoa tem outros hábitos
saudáveis, como uma dieta adequada e a prática de exercícios físicos.