Não é apenas o câncer de próstata que pode impactar na
saúde masculina
Talvez seja razoável dizer que a doença masculina mais
popular é o câncer de próstata. E não é para menos, já que este é o câncer mais
comum em homens e o segundo em mortalidade. Para se ter uma ideia, ele afeta 1
a cada 6 homens acima de 50 anos e, só no Brasil, são mais de 65 mil casos
descobertos a cada ano.
Além disso, o câncer de próstata ganha visibilidade
todos os anos durante um mês inteiro: o Novembro Azul. A data foi criada
justamente para gerar conhecimento acerca do assunto e promover a
conscientização sobre a detecção precoce da doença, que pode aumentar em 90% as
chances de cura dos pacientes.
Entretanto, é importante lembrar que existem muitas
outras patologias e condições urológicas que afetam a parcela masculina - e que
são igualmente importantes para serem prevenidas, detectadas e tratadas
adequadamente. Saiba quais são elas:
Câncer de próstata
Como dito anteriormente, o câncer de próstata é uma
das doenças urológicas que mais afetam os homens. Por isso, recomendamos que
sejam feitos anualmente o exame de toque retal e o exame de sangue PSA - a partir
dos 50 anos de idade na população em geral e a partir dos 45 para quem é da
raça negra (que tem maior risco) ou tem histórico familiar da doença.
Quando o diagnóstico da doença é feito, existem
diferentes opções de tratamento, como cirurgia robótica, cirurgia convencional,
radioterapia e tratamento hormonal - cada caso requer uma análise
individualizada. Com as técnicas adequadas, além de maiores chances de cura,
também há possibilidades expressivas de manter a potência sexual e continência
urinária após o tratamento.
Hiperplasia da próstata
A partir dos 50 anos de idade, começa a ocorrer um
crescimento lento da próstata, chamado de hiperplasia prostática benigna. Ela
recebe esse nome para se diferenciar do câncer, que é maligno. Apesar de a
próstata crescer em quase todos os homens, apenas uma fração deles sente
sintomas decorrentes desse crescimento, como dificuldade para urinar, jato
fraco, acordar à noite para ir ao banheiro, urgência para urinar, entre outros
incômodos relacionados à compressão que a próstata acaba exercendo no canal da
urina.
Inicialmente controlada com medicações, a hiperplasia
prostática pode necessitar de um procedimento cirúrgico, habitualmente feito
por dentro do canal (a chamada ressecção endoscópica da próstata), que hoje em
dia pode ser feita a laser também.
Câncer de testículo
Apesar de menos comum que o câncer de próstata, o
câncer de testículo afeta 1 a cada 250 homens ao longo da vida. Diferente de
muitos tumores, este afeta principalmente homens jovens, entre 20 e 40 anos de
idade. Ele começa com um crescimento indolor do testículo, normalmente de
apenas um lado - por isso, um aumento de volume testicular deve ser sinal de
alarme para procurar um médico.
Um ultrassom confirma o diagnóstico, que é feito junto
com exames de sangue, como beta-HCG, alfa-feto proteína e DHL. Já o tratamento
consiste na retirada do testículo, podendo ser complementado com quimioterapia
nos casos de alto risco ou quando existe disseminação para gânglios do abdome
e/ou tórax, chamados de linfonodos.
Câncer de bexiga
Embora possa afetar tanto homens quanto mulheres, essa
doença atinge 4 vezes mais o público masculino. E uma das principais causas
está relacionada com o tabagismo, que é um dos maiores fatores de risco para o
câncer de bexiga.
O primeiro sintoma costuma ser sangue na urina, mas
também pode acontecer aumento da frequência urinária, dor ao urinar ou dores no
abdome. Especialmente os fumantes devem ter atenção redobrada quando notam
sangramento na urina.
Na presença desses sinais, é necessário fazer um exame
de urina, um exame de imagem (ultrassom ou tomografia) e a visualização direta
do interior da bexiga com uma microcâmera, a chamada cistoscopia.
O tratamento inicial consiste em realizar a retirada do
tumor por dentro da bexiga, com o auxílio de uma microcâmera. Mas, nos casos em
que o tumor está mais avançado, pode ser necessário retirar a bexiga e realizar
quimioterapia.
Câncer de rim
Aqui também estamos falando de um tumor que homens e
mulheres podem ter - e, nesse caso, também acontece um predomínio no sexo
masculino, mas essa diferença nao chega a ser de 2 vezes.
Os sintomas clássicos de câncer de rim são dor nas
costas, sangue na urina e uma massa palpável no abdome. Porém, hoje em dia, com
exames abdominais de rotina ou realizados por diversos outros motivos, é comum
identificar esses tumores em estágio precoce, que não causam sintomas.
Via de regra, o tratamento é cirúrgico, podendo ser removido
apenas o tumor ou o rim inteiro (no caso de um tumor maior). A cirurgia pode
ser feita por via robótica, laparoscópica ou convencional, e apresenta chances
de cura acima de 90% nos casos de diagnóstico precoce.
Pedras nos rins
Aproximadamente 10% de todas as pessoas terão cálculo
renal ao longo da vida. Quando estão no interior dos rins e ainda de tamanho
pequeno, essas pedras não causam sintomas. Mas, quando vão parar no estreito
canal entre o rim e a bexiga (chamado ureter), elas provocam a obstrução de seu
trajeto e, consequentemente, uma dor nas costas muito forte.
Em alguns casos, pode ser necessário remover essas
pedras, seja através de uma implosão por ondas de choque ou por uma microcâmera
que navega por dentro do canal urinário, fragmentando as pedras com laser.
No geral, uma boa forma de evitar a formação de novas
pedras é ingerir bastante água e reduzir a ingestão de sódio. Mas pessoas que
têm múltiplas ou recorrentes crises com pedras nos rins devem fazer um exame de
urina de 24 horas para descobrir uma estratégia individualizada para cessar a
formação dos cálculos.
Varicocele
Assim são chamadas as varizes do testículo, que
ocorrem em até 15% dos homens. Elas nem sempre indicam um problema que precise
de correção, dependendo do grau da varicocele e da repercussão. Por aumentar a
temperatura basal dos testículos, essa condição pode prejudicar a fertilidade
e, a longo prazo, pode também impactar na produção de testosterona.
O diagnóstico é feito por meio de exame físico e
ultrassom, e a correção - realizada com pinças microcirúrgicas - deve ser
indicada apenas nos casos em que pode existir alguma repercussão (e não em
todos os pacientes com varicocele).
Doença de Peyronie
Essa doença consiste numa curvatura do pênis que tende
a acontecer depois dos 50 anos de idade - podendo atingir até 9% dos homens
nessa faixa etária. Também é característica a formação de uma placa endurecida
e, nos estágios iniciais, pode ocorrer dor, principalmente durante a ereção.
Nos primeiros meses (fase aguda), a doença pode regredir,
se acentuar ou ficar estável. Já após um período de estabilidade por vários
meses seguidos, a tendência é a curvatura estacionar da forma como ficou. Em
casos em que essa curvatura é muito acentuada e prejudica a atividade sexual,
pode ser indicada uma correção cirúrgica visando retificar o pênis (novamente,
com várias possibilidades de técnicas: desde uma retificação com incisões e
suturas até o uso de um enxerto biológico ou uma prótese peniana, a depender do
caso).
Disfunção erétil
A disfunção erétil é a situação em que a ereção do
pênis é insuficiente para a satisfação sexual do homem e de sua/seu parceira/o.
Apesar de muita gente achar que ela só acontece entre os mais velhos, em anos
recentes, não é isso que tem se observado.
Mais de 30% dos jovens têm sofrido com problemas de
ereção, segundo pesquisa do DataFolha e da Omens. O que muda é que, enquanto
nos homens abaixo de 40 anos as causas são predominantemente psicológicas, após
os 40 (e sobretudo após os 50), começam a entrar em cena fatores físicos e
hormonais com mais frequência.
É curioso notar que a maioria dos homens com problemas
de ereção não procuram ajuda e não falam com ninguém sobre o assunto. Porém,
quando procuram a ajuda de um urologista, a grande maioria dos casos têm
solução. Nestes casos, a estratégia pode envolver remédios por via oral,
injetáveis, psicoterapia ou até a colocação de uma prótese peniana.
Ejaculação precoce
Outra disfunção sexual muito comum, a ejaculação
precoce atinge de 30 a 50% dos homens em algum momento da vida. Muito
relacionada com fatores emocionais e ansiedade, ela pode ser controlada através
de medicações, como dapoxetina, mas também requer estratégias de longo prazo
para o desenvolvimento do controle duradouro e sem o uso de medicações. Nesse
contexto, estratégias como psicoterapia, exercícios e até meditação podem
ajudar.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/38398-10-problemas-urologicos-que-afetam-os-homens
- Escrito por Redação Minha Vida - * Por João Brunhara (CRM 161642/SP),
urologista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e
diretor científico da Omens, plataforma que trata problemas de saúde sexual
masculina.
Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por
humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.
Filipenses 2:3