domingo, 1 de novembro de 2020

Relaxamento do isolamento pode aumentar casos de COVID-19?


Liberação de algumas atividades pode gerar falsa sensação de segurança na pandemia

 

Desde a identificação do novo coronavírus na China, diversas cidades do mundo adotaram um regime de quarentena como forma de controle da transmissão do SARS-CoV-2 entre a população. No Brasil, a medida foi adotada por governos estaduais e municipais desde março, quando houve o diagnóstico do primeiro paciente com a doença em São Paulo.

 

Mais de seis meses depois que a pandemia de COVID-19 chegou ao país, várias cidades começaram a flexibilizar as regras de isolamento social. Consequentemente, houve a liberação de algumas atividades dentro das regras de distanciamento, como a reabertura de restaurantes, bares, academias e salões de beleza - que até então era proibida.

 

De acordo com Paula Massaroni Peçanha Pietrobom, infectologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, as medidas de flexibilização levam em conta diversos fatores, como a questão econômica do país, a necessidade da população de retomar sua vida social, mas, principalmente, as evidências que mostram mais segurança para iniciar essa retomada do isolamento rigoroso que estava sendo proposto.

 

"Hoje, temos uma taxa de transmissão do vírus menor no Brasil. Além disso, temos também uma queda no número de internações e óbitos - já conseguimos fechar hospitais de campanha sem ter um colapso ou desassistência no sistema de saúde", pontua a médica.

 

Atualmente, a taxa de transmissão do coronavírus (Rt) é de 0,93, segundo o Imperial College. O parâmetro utilizado para o índice é o número 1: quando a taxa fica acima de 1, a quantidade de pessoas doentes com potencial de transmissão aumenta exponencialmente; e quando a taxa fica abaixo de 1, ocorre o contrário. Na prática, isso significa que a cada 100 pessoas com COVID-19, outras 93 pessoas podem ser contaminadas com o vírus.

 

Em abril, o Brasil estava em situação pior. Com um Rt de 2,81, o país era o local com a maior taxa de transmissão de COVID-19 no mundo. Apesar da melhoria no cenário da doença no país, é importante que a população não se iluda com a falsa sensação de segurança.

 

Isso porque o coronavírus ainda é uma realidade e não deve ser negligenciado. "Estamos vivendo ainda em um momento de alerta, e isso deve perdurar até a garantia de uma imunização efetiva para grande parte da população ou, pelo menos, para grupos de maior risco. O problema ainda não está resolvido", alerta Paula.

 

Flexibilizar a quarentena aumenta a transmissão?

Com a flexibilização, uma das dúvidas que surgiram é sobre a possibilidade de haver um aumento de casos e da transmissão de COVID-19 entre a população. Segundo Paula, esta não é uma possibilidade a ser descartada.

 

"A flexibilização aumenta a possibilidade de transmissão, porque as pessoas estarão se encontrando mais. Porém, ao conviver, se a população respeitar o uso de máscara, o distanciamento social e a higiene correta das mãos, conseguiremos reduzir bastante este risco", afirma a médica.

Uma vez que a retomada das atividades é uma realidade, algumas práticas devem ser consideradas no dia a dia. De acordo com a infectologista, independente do ambiente que a pessoa for frequentar, a regra ainda é manter o distanciamento de, no mínimo, 1,5 metro entre as pessoas, usar máscaras durante todo o período de convivência, higienizar as mãos de forma adequada e evitar tocar a área do rosto, principalmente em ambientes públicos.

 

Veja a seguir como se adaptar ao momento de flexibilização e, ao mesmo tempo, manter-se seguro contra o coronavírus:

 

Momentos de lazer

Quando for aproveitar momentos de lazer durante a pandemia, a recomendação é priorizar atividades ao ar livre, principalmente em parques. "Isso porque há uma ventilação maior, o que diminui o risco de contaminação", explica Paula.

 

Restaurantes e bares

Quando a opção de lazer for em ambientes fechados, como restaurantes e bares, é importante seguir as medidas de segurança. Além disso, vale também observar se o estabelecimento mantém os espaços entre as mesas e capacidade reduzida.

"No momento da escolha da mesa, o ideal é optar por espaços abertos e ventilados. Por último, lembrar de tirar a máscara somente na hora de comer e higienizar as mãos sempre que possível", aconselha a médica.

 

Visitar amigos e parentes

Embora muitas pessoas tenham voltado a visitar parentes e amigos, essa atividade, assim como festas em casa, ainda não é indicada. "O cenário de ambiente fechado, com pessoas compartilhando o mesmo ar, é arriscado, pois é difícil o uso de máscara nestas situações", afirma a médica.

Outro ponto levantado pela infectologista é o risco de jovens disseminarem o vírus para pessoas mais velhas. "Atualmente, temos uma infecção maior entre jovens e, por mais que neste grupo as reações tendem a ser menos graves, permanece a possibilidade desta pessoa infectar outra com um quadro de saúde mais debilitado, que pode não reagir tão bem à doença", diz Paula.

 

Viagens

O conselho, no momento, é evitar viagens muito longas, especialmente aquelas feitas em ônibus e avião. "Esses meios de transporte não possuem circulação de ar adequada e há uma proximidade grande com outras pessoas - portanto, um cenário propício à infecção, ainda mais se for uma viagem longa. Caso seja uma necessidade, priorize locais mais próximos, em que o deslocamento possa ser feito de carro com as pessoas que já vivem na mesma casa - e, se possível, com as janelas abertas", orienta a médica.

Caso a viagem seja inadiável, é recomendado verificar se o destino obedece as medidas de segurança, como a redução de pessoas no mesmo ambiente e a restrição de atividades que podem gerar aglomeração. E, se for passear por lá, é importante deixar para visitar apenas os espaços abertos.

 

Volta ao trabalho

Ao longo da pandemia, algumas atividades foram remanejadas para o lar do trabalhador (enquanto os serviços essenciais não interromperam seu funcionamento). Porém, com a flexibilização, o movimento de retorno aos escritórios tende a ser cada vez maior. "Por vezes, essa retomada não é uma escolha do trabalhador. Se existe a opção de home office, ela ainda é a mais adequada e segura", afirma Paula.

Quando o home office não é uma realidade, a infectologista recomenda algumas ações que podem diminuir o risco de contaminação. "A empresa precisa oferecer um ambiente com distanciamento social ou em esquema de turnos para evitar aglomeração, assim como materiais necessários para a higiene correta e, sem dúvidas, fiscalizar o uso de máscaras", indica.

Além disso, de acordo com a especialista, um momento crucial que deve ser pensado é o da refeição. "Isso porque é preciso evitar o costume de comer todos juntos, por ser um período que todos estarão sem máscara", considera a médica.

Paula também avalia a importância de haver uma comunicação entre trabalhadores e empresa para que haja a notificação de qualquer sintoma de COVID-19. "Assim, conseguimos uma avaliação rápida e minimiza a chance de contaminação de outros funcionários", esclarece.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/36873-relaxamento-do-isolamento-pode-aumentar-casos-de-covid-19 - Escrito por Maria Beatriz Melero

sábado, 31 de outubro de 2020

Alimentos ultraprocessados ligados ao envelhecimento avançado no nível celular, conclui estudo


Um novo estudo lançou luz sobre a ligação entre o consumo de alimentos ultraprocessados ​​(UPF) e o encurtamento dos telômeros; seções de cromossomos que podem ser usadas como um marcador de idade biológica. O trabalho foi conduzido por Lucia Alonso-Pedrero e colegas com a supervisão da Professora Maira Bes-Rastrollo e da Professora Amelia Marti, da Universidade de Navarra, Pamplona, ​​Espanha.

 

A pesquisa, apresentada na Conferência Europeia e Internacional sobre Obesidade deste ano (ECOICO 2020), realizada online este ano (1-4 de setembro), indica que os telômeros têm duas vezes mais probabilidade de serem curtos em indivíduos que têm um alto consumo (mais de 3 porções por dia) de UPFs. Telômeros curtos são um marcador de envelhecimento biológico em nível celular, e o estudo sugere que a dieta pode estar fazendo com que as células envelheçam mais rápido.

 

Telômeros são estruturas formadas a partir de um filamento de DNA junto com proteínas especializadas e que estão localizadas nas extremidades dos cromossomos. Cada célula humana tem 23 pares de cromossomos que contêm nosso código genético e, embora os telômeros não contenham informações genéticas, eles são vitais para preservar a estabilidade e integridade dos cromossomos e, por extensão, o DNA de que cada célula do nosso corpo depende funcionar. À medida que envelhecemos, nossos telômeros ficam mais curtos, pois cada vez que uma célula se divide, parte do telômero é perdida, portanto o comprimento do telômero (TL) é considerado um marcador de idade biológica.

 

Em todo o mundo, o consumo de alimentos frescos está diminuindo enquanto a ingestão de UPF está aumentando. UPFs são formulações industriais de substâncias derivadas de alimentos (óleos, gorduras, açúcares, amido, proteínas isoladas) que contêm pouco ou nenhum alimento inteiro e geralmente incluem aromatizantes, corantes, emulsificantes e outros aditivos cosméticos. Os processos e ingredientes usados ​​na fabricação de UPFs os tornam altamente convenientes (prontos para o consumo, quase imperecíveis), altamente atraentes para os consumidores e altamente lucrativos (ingredientes de baixo custo, longa vida útil) para seus fabricantes. Essas propriedades também resultam em serem nutricionalmente pobres ou desequilibrados e sujeitos a um consumo excessivo, muitas vezes à custa de alternativas menos processadas e mais nutritivas.

 

A pesquisa associou UPFs a doenças graves, incluindo hipertensão, obesidade, síndrome metabólica, depressão, diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer. Essas condições geralmente estão relacionadas à idade e estão ligadas ao estresse oxidativo, inflamação e envelhecimento celular, que também podem influenciar a LT. Apesar disso, existem poucos estudos sobre os efeitos do consumo de UPF na LT, mas aqueles que foram realizados encontraram associações entre a ingestão de bebidas adoçadas com açúcar (SSBs), álcool, carnes processadas e outros alimentos ricos em gorduras saturadas e açúcar com telômeros mais curtos. No entanto, esses estudos estão longe de ser conclusivos, pois outras pesquisas não mostraram uma ligação entre UPF e TL.

 

O objetivo do autor foi avaliar a associação entre o consumo de UPF e o risco de LT em uma população idosa do estudo, utilizando o método do sistema NOVA para classificar o grau de processamento de diferentes alimentos.

 

Os dados foram obtidos junto aos participantes do Projeto SUN: uma coorte em perspectiva aberta de graduados da Universidade de Navarra e de outras universidades espanholas. O recrutamento começou em 1999 e está permanentemente aberto a qualquer graduado com 20 anos ou mais, com a coleta de dados sendo feita por meio de questionários de autorrelato enviados a cada 2 anos. Esta pesquisa é baseada na análise de um estudo genético realizado em maio de 2008, para o qual todos os participantes do Projeto SUN com idade superior a 55 anos foram convidados a participar. No total, 886 indivíduos forneceram amostras de saliva para análise de DNA, bem como registros precisos de sua ingestão alimentar diária.

 

No total, 645 homens e 241 mulheres com idade média de 67,7 anos foram incluídos na análise e agrupados em 4 grupos de tamanho igual (quartis) de ‘baixo’ a ‘alto’ com base no consumo de UPF: menos de 2 porções / dia, 2 a 2,5 porções / dia, mais de 2,5 a 3 porções / dia e mais de 3 porções / dia.

 

Aqueles no quartil “alto” eram mais propensos a ter histórico familiar de doenças cardiovasculares (DCV), diabetes e gorduras anormais no sangue e a comer mais entre as refeições. Eles também consumiram mais gorduras, gorduras saturadas, gorduras poliinsaturadas, sódio, colesterol, SSBs, fast food e carnes processadas, enquanto consumiam menos carboidratos, proteínas, fibras, azeite, frutas, vegetais e outros micronutrientes. Observou-se que os participantes que comeram mais UPFs têm menos probabilidade de aderir à ‘dieta mediterrânea’, que tem sido associada à melhoria da saúde geral e, em particular, a um risco reduzido de DCV.

 

A equipe descobriu que conforme o consumo de UPF aumentava, a probabilidade de ter telômeros encurtados aumentou dramaticamente com cada quartil acima do mais baixo, tendo um aumento de risco de 29%, 40% e 82% para o ‘médio-baixo’, ‘médio-alto’ e grupos de consumo UPF ‘alto’, respectivamente. Os autores também descobriram que a ingestão de UPF estava associada ao risco de depressão (especialmente em pacientes com baixos níveis de atividade física), hipertensão, sobrepeso / obesidade e mortalidade por todas as causas.

 

Os autores concluem: “Neste estudo transversal de idosos espanhóis, mostramos uma associação forte e robusta entre o consumo de alimentos ultraprocessados ​​e o comprimento dos telômeros. Mais pesquisas em estudos longitudinais maiores com medidas basais e repetidas de LT são necessárias para confirmar essas observações. . ”

 

Fonte: https://www.revistasaberesaude.com/alimentos-ultraprocessados-ligados-ao-envelhecimento-avancado-no-nivel-celular-conclui-estudo/ - American Journal of Clinical Nutrition / Créditos da imagem: Unsplash - Por Revista Saber é Saúde

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Usar óculos ajuda a evitar o contágio do novo coronavírus?


A contaminação através dos olhos é uma possibilidade e exige cuidados preventivos contra a COVID-19

 

Durante uma pesquisa realizada em hospitais por cientistas chineses, foi relatado que poucos pacientes internados com o novo coronavírus usavam óculos. Esse dado levantou uma curiosidade entre os estudiosos, fazendo com que se criasse uma relação do uso do objeto como um possível fator de proteção contra a COVID-19.

 

Apesar dos efeitos do vírus nos seres humanos ainda estarem sendo estudados e compreendidos pela ciência, já é possível afirmar que o principal meio de transmissão da doença é através de gotículas respiratórias emitidas pela boca e nariz, que podem ser passadas por meio do contato direto entre pessoas.

 

Alguns especialistas acreditam que a contaminação pelos olhos pode ocorrer quando o local é tocado sem a higienização correta das mãos, fazendo com o que vírus entre em contato com as secreções do globo ocular. Além disso, alguns estudos estão analisando a possibilidade do vírus ser transmitido pelo ar e, portanto, adentrar a cavidade dos olhos.

 

Usar óculos evita o contágio?

Para Melissa Valentini, infectologista e assessora médica do Grupo Pardini, o uso de equipamentos de proteção facial por profissionais de saúde, principalmente quando há contato direto com pacientes que possuem quadros de doenças infecciosas que são transmitidas por gotículas, é efetivo e deve ser recomendado.

 

Porém, quando falamos da população num modo geral, a necessidade de cobrir os olhos ainda não está definida. A especialista explica que o estudo chinês foi realizado apenas em um local e em pequena escala, sem relacionar a proteção ocular com outras medidas de proteção contra o coronavírus, como é o caso do distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos.

 

"O uso de óculos poderá proteger da COVID-19, mas deve ser associado às demais medidas. É fundamental não tocar os óculos e face com as mãos sem higienização, porque, assim, poderá levar o vírus para a mucosa ocular e possibilitar a infecção", conta a infectologista.

 

Lentes de contato x óculos

As recomendações sobre a frequência de higienização dos óculos não tiveram grandes mudanças desde o início da pandemia. Especialistas afirmam que a ação que deve ser priorizada é a lavagem correta das mãos com água e sabão ou o uso de álcool 70%, evitando tocar o rosto ou ajeitar os óculos - principalmente se não foi feita a limpeza das mãos anteriormente.

 

De acordo com Melissa, caso essa regra for seguida, os óculos podem ser higienizados de maneira habitual. Em relação ao uso das lentes de contato, a situação deve ser encarada com mais cuidado, já que, para utilizá-las, é feito o toque direto na cavidade ocular.

 

"As lentes de contato podem ser usadas, mas deve-se ter atenção especial às irritações que elas podem causar. Se a pessoa tiver que tocar os olhos muitas vezes, o que pode ser involuntário, e não tiver a certeza de que as mãos estão higienizadas, os óculos seriam a melhor opção", finaliza a infectologista.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/36951-usar-oculos-ajuda-a-evitar-o-contagio-do-novo-coronavirus - Escrito por Paula Santos

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

12 doenças que se manifestam pela boca: como identificar?


Lesões, sangramento e desconforto na boca podem sinalizar ISTs, câncer e outras patologias

 

Além de ser fundamental para a alimentação e ostentar um belo sorriso, a boca também é um ótimo sinalizador que indica quando estamos com algum problema de saúde. De acordo com o cirurgião-dentista Celso Lemos, membro da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), é comum que doenças sistêmicas, como as autoimunes, infecciosas ou neoplásicas (tumores), apresentem sintomas na via oral.

 

Como recorda Lemos, a boca faz parte do nosso organismo como um todo e deve ser considerada sempre como uma região importante na manutenção da saúde, podendo ser o local primário para o início do diagnóstico de uma doença. Segundo o especialista, os sinais mais frequentes são sangramento, aumento de volume e feridas variadas, que afetam principalmente as gengivas e mucosas bucais.

 

Entre as principais doenças que se manifestam pela boca, o cirurgião-dentista destaca doze. Confira quais são essas patologias e entenda como elas costumam afetar toda a via oral - lembrando que é muito importante estar sempre atento às condições de sua saúde oral para evitar problemas mais sérios:

 

Doenças que se manifestam pela boca

Anemia

A anemia é uma doença causada pela deficiência de ferro, que leva à queda da hemoglobina no sangue. Ela pode ser detectada pela palidez das mucosas da boca, assim como pela atrofia das papilas linguais que revestem a língua, apresentando uma condição conhecida como língua careca ou despapilada.

 

Diabetes

O diabetes, quando não controlado, pode levar à maior gravidade periodontite. Além disso, uma das características do diabetes é a dificuldade de cicatrização de lesões, o que pode acontecer após uma extração dentária, por exemplo.

 

A doença também abre espaço para uma maior propensão a infecções locais, devido à dificuldade na formação de pequenos vasos, passo importantíssimo na cicatrização.

 

Câncer de boca

O câncer de boca costuma ser diagnosticado apenas em seu estágio mais avançado e os sinais aparecem, principalmente, nas mucosas bucais.

Entre os sintomas, estão as feridas na boca ou no lábio que não cicatrizam, caroços, inchaços, áreas de dormência, sangramentos sem causa conhecida, dor na garganta que não melhora e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na parte interna da boca ou do lábio.

Nas fases mais evoluídas, o câncer de boca provoca ainda mau hálito, dificuldade em falar e engolir, caroço no pescoço e perda de peso.

 

Leucemia

A leucemia, ou câncer no sangue, é uma neoplasia que apresenta sintomas na boca. De acordo com Lemos, os sinais da doença se apresentam em forma de inchaço e até mesmo sangramento gengival, antes de qualquer outra manifestação pelo corpo.

 

Bulimia

Especialmente em pacientes com bulimia purgativa, isto é, pessoas que têm o hábito de provocar vômito várias vezes ao dia, o contato do ácido clorídrico do estômago com os dentes pode causar uma doença chamada perimólise.

 

Bulimia

Especialmente em pacientes com bulimia purgativa, isto é, pessoas que têm o hábito de provocar vômito várias vezes ao dia, o contato do ácido clorídrico do estômago com os dentes pode causar uma doença chamada perimólise.

"A perimólise consiste na destruição do esmalte e dentina, que formam a estrutura dura dos dentes. Isso ocorre na parte voltada para a garganta e pode provocar ainda feridas na mucosa e inchaço das glândulas salivares", explica o cirurgião-dentista.

 

Doenças autoimunes

Mucosas da boca também podem sinalizar sintomas de doenças autoimunes. É o caso, por exemplo, do pênfigo vulgar e do penfigóide das membranas mucosas, que se apresentam em forma de bolhas e feridas sangrantes.

"Elas são causadas pela produção de auto anticorpos que atacam as mucosas da boca. Vale a pena lembrar que essa classe de doenças pode acontecer também em pele ou em outras mucosas, como a ocular e a genital", aponta Lemos.

 

Cirrose hepática

Casos avançados de cirrose hepática podem provocar náusea, vômito, perda de peso, dor abdominal, constipação, fadiga, fígado aumentado, olhos e pele amarelados (icterícia), urina escura, perda de cabelo e inchaço do corpo. Porém, segundo Lemos, outro sintoma da doença que desponta na boca é a alteração da cor das mucosas, tornando-as amareladas ou esverdeadas.

 

Sífilis

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que leva ao aparecimento de diferentes sintomas. Entre eles, está a manifestação de lesões nas mucosas da boca. "A aparência clínica é variada. As lesões orais podem aparecer também na forma de uma úlcera ou, mais tardiamente, como uma placa na mucosa", comenta Lemos.

 

AIDS

Outra IST que se manifesta pela boca é a AIDS, que provoca manchas brancas e incomuns na língua e mucosas. "Pode ter variadas manifestações orais. Na década de 1990, era bastante comum ter o primeiro diagnóstico de AIDS no cirurgião-dentista, devido a infecções oportunistas", afirma o especialista.

 

Candidíase

A candidíase é uma infecção genital que acomete principalmente as mulheres e é causada pelo fungo Candida. Ocorre que este fungo é comumente encontrado na boca. "Em assintomáticos, fatores locais, como uma prótese total mal adaptada, alteram o equilíbrio natural e podem causar uma infecção", cita Lemos.

Para os sintomáticos, entretanto, a candidíase oral manifesta sintomas como vermelhidão, ardência e desconforto na boca, dor e dificuldade para engolir, manchas brancas dentro da boca e na língua, e rachaduras no canto da boca.

 

Paracoccidioidomicose

A paracoccidioidomicose é um tipo de micose progressiva de pele, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, e que afeta também mucosas, linfonodos e órgãos internos. Trata-se de uma doença que ocorre na América do Sul e Central, especialmente em plantadores de café da Colômbia, Venezuela e Brasil. Quando doentes, os pacientes manifestam sintomas como lesões no nariz e na cavidade oral.

 

Sarampo

Quando um paciente é acometido pelo vírus do sarampo, um dos sintomas da doença é o surgimento de manchas vermelhas pelo corpo, inclusive dentro da boca, conhecidas como Manchas de Koplik.

 

Síndrome de Sjögren

A Síndrome de Sjögren é uma doença reumática autoimune cuja causa ainda não é conhecida. O que se sabe, entretanto, são suas manifestações no corpo, que incluem sintomas na boca. "Ela causa uma xerostomia intensa, isto é, sensação de boca seca com ou sem hipossalivação", diz Lemos.

Outros sintomas deste quadro são olhos secos, falta de lágrimas e paladar, mau hálito, dor ao comer ou engolir, cáries dentárias e cálculos de glândulas salivares.

 

Higiene bucal como prevenção

Manter a higiene bucal em dia é um fator importante para a prevenção das doenças periodontais, assim como de outras condições que afetam o corpo. "A condição bucal acaba sendo determinante para o início e o sucesso do tratamento", afirma Lemos.

Além disso, o tratamento de doenças que se manifestam pela boca varia de acordo com a patologia que acomete o paciente. De acordo com o especialista, esse processo, geralmente, envolve o atendimento multidisciplinar em equipe, com cirurgiões dentistas (especialmente o estomatologista) e médicos trabalhando juntos.

Outro ponto fundamental é o diagnóstico precoce, que tende a ser relevante para a melhora. "É muito comum o paciente demorar a procurar e obter o diagnóstico da doença que acontece na boca. Quando o tratamento é instituído rapidamente, em geral, se obtém resultados melhores", conclui Lemos.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/36902-12-doencas-que-se-manifestam-pela-boca-como-identificar - Escrito por Maria Beatriz Melero

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Sistema imunológico pode ter outra função: combater à depressão


Uma resposta inflamatória autoimune dentro do sistema nervoso central semelhante a uma ligada a doenças neurodegenerativas como a esclerose múltipla (EM) também foi encontrada no fluido espinhal de pessoas saudáveis, de acordo com um novo estudo liderado por Yale comparando células do sistema imunológico na coluna vertebral fluido de pacientes com esclerose múltipla e indivíduos saudáveis. A pesquisa, publicada em 18 de setembro na revista Science Immunology , sugere que essas células imunológicas podem desempenhar um papel diferente da proteção contra invasores microbianos – protegendo nossa saúde mental.

 

Os resultados reforçam uma teoria emergente de que os interferons gama, um tipo de célula imunológica que ajuda a induzir e modular uma variedade de respostas do sistema imunológico, também podem desempenhar um papel na prevenção da depressão em pessoas saudáveis.

 

“Ficamos surpresos que o fluido espinhal normal fosse tão interessante”, disse David Hafler, o William S. e Lois Stiles Edgerly Professor de Neurologia, professor de imunobiologia e autor sênior do estudo.

 

Pesquisas anteriores mostraram que o bloqueio dos interferons gama e das células T que eles ajudam a produzir pode causar sintomas semelhantes aos da depressão em camundongos. Hafler observa que a depressão também é um efeito colateral comum em pacientes com esclerose múltipla tratados com um tipo diferente de interferon.

 

Usando uma nova tecnologia poderosa que permite um exame detalhado de células individuais, os pesquisadores mostram que, embora as características das células T no fluido espinhal de pessoas saudáveis ​​compartilhem semelhanças com as de pacientes com esclerose múltipla, elas não têm a capacidade de se replicar e causar o processo inflamatório prejudicial resposta observada em doenças auto-imunes como a EM.

 

Em essência, o sistema imunológico no cérebro de todas as pessoas está pronto para fazer uma resposta inflamatória do sistema imunológico e pode ter outra função além de defesa contra patógenos, disse Hafler.

 

“Essas células T têm outra finalidade e especulamos que podem ajudar a preservar nossa saúde mental”, disse ele.

 

Hafler disse que seu laboratório e colegas de Yale planejam explorar como as respostas do sistema imunológico no sistema nervoso central podem afetar distúrbios psiquiátricos como a depressão.

 

Fonte: https://www.revistasaberesaude.com/sistema-imunologico-pode-ter-outra-funcao-combater-a-depressao/ - Por Revista Saber é Saúde