Notícias falsas podem ser tipificadas como crime e
queimam seu filme tanto nas redes sociais quanto na vida real
Basta abrir o Facebook, o Twitter ou algum grupo com
muita gente no Whatsapp para ter altas chances de se deparar com uma notícia
falsa. Pior ainda é quando você mesma cai em uma delas e acaba sendo a
propagadora das mentiras, mais conhecidas como fake news.
O caso notório mais recente de fake news foi no mês
passado, logo após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista
Anderson Gomes. Por motivos políticos, começaram a brotar pelas redes sociais
informações mentirosas sobre Marielle, tanto para difamá-la quanto para
deslegitimar suas lutas. A bola de neve foi tão grande que um grupo de
advogadas se uniu para encaminhar os posts à Delegacia de Repressão a Crimes de
Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Elas não fizeram isso à toa: produzir fake news pode
ser classificado como crime contra a honra – isso já foi defendido pelo
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). E tramitam dois
projetos de lei para criminalizar e punir tanto quem produz quanto quem
dissemina notícias falsas para prejudicar pessoas, a saúde, a segurança, a
economia ou o processo eleitoral. Para que você fique por dentro, estes PLs são
o 6.812/2017, do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e o 473/2017, do
senador Ciro Nogueira (PP-PI).
Ou seja, o cerco está se fechando para quem
compartilha fake news, não importa se por maldade ou por inocência.
Queima filme
Uma forma muito eficaz de queimar seu filme
rapidinho nas redes sociais e na vida “ao vivo”, fora delas, é compartilhando
fake news. Sempre haverá alguém que sabe que aquilo não é verdade e que já
olhará torto para você. E isso pode ser prejudicial tanto para sua imagem
pessoal quando para a profissional. Empresas não gostam de funcionários
mentirosos, clientes evitam empreendedores que espalham boatos e mentiras, as
pessoas se afastam de quem tem esse mau hábito.
“A rede social é uma vitrine, e quando você
compartilha um conteúdo, está tomando para si o discurso nele escrito. Não à
toa, o número de compartilhamentos é uma das principais métricas de redes
sociais”, explica Laura Fraga, especialista em marketing digital.
Ela confirma que esse comportamento pode comprometer
a reputação de quem clicou no compartilhar sem pensar nas consequências: “Isso
é básico, não pega bem em nenhum tipo de relação. Não esqueça que você não está
em um ambiente privado. A rede social, por mais filtros de privacidade que você
use, é pública. Tudo dito ali será utilizado contra ou a favor de você.”
Na opinião de Armindo Ferreira, especialista em
novas tecnologias da comunicação, esperar que as próprias redes sociais criem
ferramentas de filtro ou de denúncia de fake news é perda de tempo. “É
necessário que cada pessoa entenda o impacto que uma notícia falsa pode trazer
para a sociedade”, afirma.
Guia prático para identificar e não espalhar fake
news
Laura e Armindo dão as dicas mais importantes para
que você não corra o risco de cometer um crime nem de queimar sua imagem com
colegas, clientes, familiares e amigos. Identificar fake news não é tão
difícil; só requer um pouco de atenção, discernimento e pesquisas na própria
internet.
– Verifique a reputação da fonte da notícia
“As pistas mais evidentes são sites estranhos, de
que você nunca ouviu falar, e estudos sem nomes que credibilizam alguma coisa.
Toda matéria precisa de uma fonte, jogar o nome da pessoa no Google e ver se
ela existe e realmente atua naquela área é fácil”, diz Laura.
Checar a
veracidade das informações pela internet é fácil e evita que você dissemine
fake news
Checar a veracidade das informações pela internet é
fácil e evita que você dissemine fake news (StockRocket/Thinkstock)
– É uma matéria ou uma opinião?
Armindo destaca que, muitas vezes, o conteúdo é um
artigo opinativo, não uma matéria jornalística que ouviu todos os lados e
oferece as fontes da informação com links para que você possa consultar. E,
muitas vezes, as pessoas compartilham opiniões como se fossem fatos, incorrendo
nas “notícias” falsas.
– Cheque se grandes veículos estão falando sobre o
assunto
A “notícia” é bombástica: “Político X será preso
hoje à noite”. Mas só um site está falando sobre ela. Ou, ainda, o texto –
exatamente igual – está replicado em diversos sites com o mesmo viés político,
e apenas neles. Os grandes portais, jornais e veículos de comunicação não têm
nada sobre o assunto. Tudo facilmente verificável em qualquer site de busca.
Fuja, miga, é fake news na certa.
– Atenção aos sites com nomes quase iguais aos de
grandes veículos
Laura observa que muitos sites de fake news têm
nomes e URLs muito parecidos com os de veículos de comunicação confiáveis,
colocando apenas um número no final, por exemplo.
– Questione-se sobre as fontes do texto
Para dar credibilidade ao texto, os sites de fake
news muitas vezes mencionam grandes jornalistas como fontes que teriam dito
algo controverso. Questione-se: essa pessoa realmente falaria isso? Por quê? Se
ela é do Grupo X ou do Jornal Y, por que falaria para um site desconhecido
sobre algo polêmico? E, mais uma vez: procure no Google se há alguma chance de
isso ser real.
– O texto político é muito contundente em relação ao
que você acredita?
Não importa se sua posição política é à esquerda ou
à direita: desconfie se um texto que se apresenta como notícia for muito
certeiro em relação às suas convicções. Matérias jornalísticas normalmente
ouvem os dois lados e mantêm a isenção. Tudo que for diferente disso é opinião
e, caso se encaixe em outros itens desta lista, tem grandes chances de ser fake
news.
– É um conteúdo de ataque direto contra um político
ou partido?
Isso já é controverso normalmente, e tende a piorar
muito daqui para a frente, já que estamos em ano de eleições. Se o texto que
você ler tiver como objetivo claro atacar um politico, candidato ou partido,
sem embasamento ou fontes confiáveis, pode saber que é fake news. “Vão tentar
destruir a reputação de todos os políticos, independentemente da orientação
política, e transformar os eleitores em propagadores de mentiras”, prevê Laura.
Não seja essa pessoa que se deixa ser usada como massa de manobra.
– Duvide de áudios de Whatsapp
Você está de boas no seu trabalho e de repente
recebe no Whatsapp um áudio creditado a um delegado de polícia falando algo
super polêmico e pedindo para que o áudio seja compartilhado. Isso tem as
palavras FAKE NEWS piscando ao redor. “É fácil uma pessoa se passar por outra.
Cuidado com as paixões”, alerta Laura.
– Só compartilhe o que você falaria ao vivo sem medo
de passar vergonha
“Reflita sobre a real importância daquilo e,
principalmente, sobre o impacto que aquilo pode trazer”, orienta Armindo. Laura
complementa, para finalizar: “Costumo brincar com meus alunos que em rede
social a gente só fala ou posta o que puder ser dito em uma roda com sua avó,
seu chefe e sua melhor amiga. Se algum deles não puder escutar, ou souber que
não é verdade, melhor não dizer”.
Fonte: https://mdemulher.abril.com.br/estilo-de-vida/fake-news-como-identificar-e-nao-espalhar-mentiras-na-internet/
- Por Raquel Drehmer - Ile Machado/MdeMulher
Nenhum comentário:
Postar um comentário