Há 26 anos que moro na Rua Coronel Sebrão, mais
conhecida pela maioria dos itabaianenses como Beco Novo, uma das mais antigas,
histórica e tradicional de Itabaiana. Ela tem mais de 1 km de extensão, no início
medindo aproximadamente 6 metros de largura e no seu final, 15 metros. A Rua
tem mais de 200 imóveis entre casas residenciais e estabelecimentos comerciais,
entre eles: mercearias, boutiques, lanchonetes, bares, panificação, salões de
cabeleireiros, academia, escola Rotary, lava-jato, frutal, esquadria de ferro e
alumínio, loja de informática, borracharia, oficina de moto, abatedouro de
aves.
Ao longo dos anos, várias ruas foram dispostas transversalmente
à Rua Coronel Sebrão por sua importância no crescimento e desenvolvimento de
Itabaiana, que são: Marechal Deodoro da Fonseca, Monsenhor Constantino, Padre
Felismino, Miguel Teixeira, Josefa Vieira Santos e Avenida Leandro Maciel.
A Rua Coronel Sebrão é uma das ruas mais movimentadas
e importantes de Itabaiana, já que através dela passam milhares de pessoas todos
os dias com destino aos conjuntos residenciais, Praça da Juventude, Bairro São
Cristovão, Igreja Nossa Senhora do Carmo, Asilo Lar Cidade de Deus, Povoados
Serra e Bom Jardim ou que passaram para ir ao Campo Etelvino Mendonça, Módulo
Esportivo, Campo do Cantagalo, além da Fazenda Grande. Em breve, estudantes,
professores e funcionários irão passar pela rua com destino ao Instituto
Federal de Sergipe – IFS.
Tenho boas lembranças e recordações desta rua a
partir do final da década de 60, quando aos Domingos, eu e minha mãe, Maria da
Graça Costa, visitávamos tia Alaíde, que possui uma casa no primeiro trecho e
foi justamente que por causa dele originou o nome Beco Novo.
Lembro-me também que eu e meu pai, Josias Costa,
fazíamos visitas aos Domingos à casa do amigo Santinho Moura, barbeiro, e hoje
a mesma pertence ao meu irmão Antonio Costa. Eles ficavam proseando durante toda a tarde e
quando tinha jogo de futebol do Itabaiana no Campo Etelvino Mendonça, que
ficava a uns 50 metros da casa de Santinho Moura, eu ficava perto da bilheteria
esperando Seu Floro do leite comprar o ingresso, pois ele sempre me colocava no
campo para assistir ao jogo. Tive a felicidade de assistir aos jogos do time do
Itabaiana e principalmente à final quando o time foi campeão em 1969.
Em frente
ao Estádio Etelvino Mendonça existia o sítio de Tancredo, pai do Professor
Nivaldo, que foi vendido e há 10 anos começou a ser loteado transformando-se no
Conjunto Eucaliptos com centenas de casas residenciais e alguns estabelecimentos
comerciais trazendo desenvolvimento à região.
Quando eu
era criança, por várias vezes dormi na casa dos meus avós maternos, Maria
Francisca e José Felipe, para logo cedo pela manhã irmos ao sítio do meu tio
Zequinha, que ficava próximo à Fazenda Grande, atualmente situado o Conjunto
residencial Maria do Carmo Alves. Ao
sairmos da Rua da Vitória, caminhávamos por toda a extensão do Beco Novo,
iniciando no fundo da Igreja Matriz de Santo Antônio e Almas até o Cruzeiro,
atualmente Bairro São Cristovão. Ao chegarmos ao sítio, tomávamos café e depois
eles iam trabalhar na roça enquanto eu tomava banho no tanque ou brincava no
terreiro. Ao final da tarde, voltávamos fazendo o mesmo percurso pelo Beco Novo.
Em 1977, substituindo o Estádio Etelvino Mendonça, foi
construído e inaugurado o Módulo Esportivo de Itabaiana, e no mês de maio,
algumas turmas de educação física do Colégio Estadual Murilo Braga foram
transferidas para lá, e entre elas, a minha do 1º ano cientifico, onde Ronaldo
Lima foi o professor e ensinou voleibol. Três vezes por semana me deslocava pelo
Beco Novo a pé ou de monareta para fazer as aulas. Em 1978 e 1979, pratiquei
basquete com o Professor José Antônio Macedo. Até meados da década de 90, milhares
de alunos do CEMB fizeram aulas no Módulo e precisavam passar pelo Beco Novo.
Na década de 80, participei de muitas festas na Sede
dos Trabalhadores, o point dos jovens na época, situada na Rua Coronel
Sebrão. Atualmente chama-se de Sociedade
Beneficente dos Trabalhadores de Itabaiana, onde acontecem os ensaios da
Quadrilha Junina Balança Mas Não Cai, dirigida por Salomão e Nide. De lá para cá, todos os anos é armado um
arraial na rua durante os festejos juninos onde a quadrilha se apresenta para
os moradores. Este evento já se tornou tradição cultural na cidade. A Sede dos
Trabalhadores também já foi palco de
ensaios do Bloco Margem da Serra que desfilava nas micaretas pelas principais
ruas de Itabaiana.
Em 1980,
fiz o vestibular para o curso de Educação Física e fui aprovado. Em Março do
mesmo ano ingressei no serviço público e comecei a dar aulas de basquete no
Módulo Esportivo e continuei a usar a Rua do Beco Novo como caminho para chegar
e voltar do trabalho. Trabalhei no Módulo durante 14 anos e ao longo deste
tempo fiz muitas amizades com os moradores da Rua, especialmente os que
moravam próximo a mim, como: Seu Rufino marceneiro, Chico do DNOCS e Lerino que
possuíam bares, Turinha pedreiro, Dona Miúda e outros mais.
Em Junho
de 1980, comecei o namoro com Madileide, que conheci nas aulas de educação
física no Módulo, filha de Bernadete e neta de Maria de Gustavo, que moravam
nas esquinas da Rua Coronel Sebrão com a Rua Padre Felismino. Foram 6 anos de
namoro, e quase todas as noites me deslocava pela Rua do Beco Novo para
namorar. Em 1986, casamos e fomos morar na Rua General José Calazans.
Em 1988,
por indicação do meu primo Zé Carlos do Batula, comprei o terreno vizinho a sua
casa, na esquina da Rua Coronel Sebrão com a Avenida Leandro Maciel, e construir
minha casa, até que em 1º de Maio de 1990, fizemos a mudança e já são quase 26
anos morando no mesmo local. Ao longo dos anos formei minha família nesta rua e
atualmente, meu filho Júnior, o mais velho, mora na casa construída por Tonho
de Veríssimo próximo a minha.
Desde o
surgimento do Beco Novo até os dias atuais, já moraram ou moram centenas de
famílias, algumas destas conheci e tenho amizades, outras ouvi falar e as
demais tenho lembranças que citarei:
Olga, Selma, Beatriz, Djanira, Diva, Luiz de titia, Tota, Sanches, Zé Antônio
funileiro, Zé Meu Mano, Maria Branquinha, Helena, Luiz soldado, Nilo base,
Toinho macaco, Nancy, Floro do leite, Teteu, Euclides Barraca, Armilino carpinteiro, Peu, Evilásio, Lulu, Euclides alfaiate, Arinda,
Eulina, Esperidião, Chico marchante, Zequinha do bicho, Lourdes e Raul, Dulce
de Bonito, Lia, Aurélio dos peixes, Marluce de Miguel Fagundes, Salomão,
Rosilda, Laura, Malhador da maça, Sebastião,
Fina, Valdez, Augusto do bar, Durval do açúcar, Oviêdo do carvão, Zé do
vinagre, Lenaldo, Belmiro,Gilza, Manoel
de Neo, Tonho de Izelt, Pirrô, Ageninho, Marcos de Fefi, Ofélia, Santo
Marceneiro, Berna, Márcia e Mércia, Zé pedreiro, Bernardo, Zé gordo, Branco da verdura e outros. Peço
desculpas por não saber ou não citar o nome de todos os moradores que já residiram
ou residem no Beco Novo.
Ao longo
de quase 50 anos como transeunte e morador do Beco Novo, acompanhei e sou
testemunha de como ela foi transformada
e melhorada por seus habitantes e pelo poder publico com calçamento a
paralelepípedo, rede de esgoto, asfalto e por construções ou reformas de casas
que deram novos ares a mesma. Tenho orgulho de morar na Rua Coronel Sebrão,
pois ela mora no meu coração, faz parte das minhas lembranças desde criança e
onde continuo fazendo inúmeras amizades com seus moradores.
Foto principal extraída do Álbum de Fotografias
de Vladimir Souza e Róberio Santos
Por Professor José Costa