Muitas pessoas que querem perder peso adotam a
clássica estratégia “fechar a boca e ir pra academia”, mas têm grande
dificuldade com a primeira parte e acabam recorrendo a “medicamentos” para
regular o apetite. Será que é uma boa ideia? Depende.
Remédios para emagrecer
Embora haja uma grande variedade de produtos que
prometem fazer com que a pessoa sinta menos fome (como a planta Hoodia
gordoni ou extrato de grão de café verde), “há pouca ou nenhuma informação
rigorosa em relação à eficácia desse tipo de composto”, alerta o médico Timothy
Garvey, professor do Departamento de Ciências da Nutrição da Universidade
do Alabama em Birmingham (EUA). “Pessoas que compram esses produtos têm grandes
chances de estar jogando dinheiro fora”. Garvey recomenda que procurem
orientação médica ao invés de recorrer diretamente e sem orientação a produtos para
emagrecer. “Há programas de mudanças de estilo de vida e medicamentos que
comprovadamente podem ajudar”.
Entre os métodos de “estilo de vida”, a pesquisadora
Lauren Whitt, também da Universidade, recomenda três: proteínas de manhã,
gordura insaturada e frutas cítricas ao longo do dia.
“Há muito
tempo se diz que o café da manhã ajuda as pessoas com a fome ao longo do dia,
mas ele precisa ter proteína. Ovos brancos ou iogurte com pouca gordura são
excelentes fontes de proteína que vão ajudar você a se sentir satisfeito por
mais tempo, pois o corpo demora mais para digerir e absorver proteínas”,
recomenda Whitt.
Quando sentir fome mais tarde, uma porção de gordura
insaturada pode ajudar. “Pode soar estranho, mas essa é uma gordura saudável,
portanto coma algumas colheradas de manteiga de amendoim ou uma porção de
nozes”.
Por fim, Whitt sugere que você coma frutas cítricas
(como laranja, lima e abacaxi) entre ou mesmo durante as refeições, pois isso
ajuda a diminuir os níveis de insulina no organismo (evidentemente, essa
sugestão não deve ser seguida por diabéticos, que sofrem justamente com baixa
quantidade de insulina). “A insulina regula a quantidade de açúcar no sangue e
a metabolização de gorduras, então manter os níveis de insulina sob controle
ajuda a lutar com a vontade de comer um doce”.
O perigo das anfetaminas
É preciso ter cuidado ao procurar soluções
milagrosas para emagrecer. Um caso recente de proibição de produção e comercialização
de uma substância usada anteriormente como droga para emagrecimento demonstra a
fragilidade de certos medicamentos.
Anfetaminas são drogas sintéticas que estimulam a
atividade do sistema nervoso central. Edellano, em 1887, foi quem primeiro
obteve essa substância em laboratório, que foi utilizada em larga escala
durante a Segunda Guerra Mundial para manter soldados acordados e mais ativos
no esforço de guerra. Com sua ampla utilização, ficou evidente que as
anfetaminas, que se mostraram eficazes para deixá-los mais atentos e
confiantes, também diminuíam a sensação de fome e fadiga.
Passado algum tempo, porém, as autoridades médicas
da Inglaterra verificaram que, sob o efeito dessas drogas, o desempenho dos
pilotos ficava seriamente comprometido e proibiram seu uso. Mais tarde, quando
a ação das anfetaminas como inibidoras do apetite foi comprovada, elas passaram
a ser tomadas por pessoas que queriam perder peso.
Uma pesquisa revelou que o Brasil era o maior
consumidor mundial de anfetaminas – para cada mil habitantes, nove comprimidos
de anfetamina eram consumidos por dia. Essa droga que produz tolerância e traz
prejuízos indiscutíveis à saúde agora foi proibida no país.
Segundo o Dr. Táki Cordás, dependendo da droga, sua
ação pode durar oito, dez ou até doze horas. Passado o efeito, porém, o
indivíduo se sente deprimido, angustiado, como se estivesse descarregado, o que
provoca a necessidade de consumir de novo um ou mais comprimidos.
O ecstasy ou MDMA, sigla dessa droga, é um derivado
da anfetamina. As anfetaminas agem não só sobre o cérebro, mas sobre outros
órgãos e provocam aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial,
arritmias, diarreias, gastrite, tremor fino de mãos, boca seca, irritabilidade
intensa, etc. Podem, ainda, ser responsáveis por episódios de intestino preso
que, muitas vezes, se alternam com crises de diarreia. Certos tipos de
anfetaminas podem até provocar mais acidentes vasculares cerebrais, ou
derrames, em virtude do grande aumento da pressão arterial que provocam.
Por conta de tudo isso, ano passado, a diretoria
colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu proibir a venda de parte dos medicamentos
inibidores de apetite no país. Foram retirados do mercado os derivados da
anfetamina (femproporex, anfepramona e mazindol), geralmente usados no
tratamento da obesidade.
O órgão manteve a permissão da venda da sibutramina
com um maior controle (a apresentação, por exemplo, de um termo de informação
sobre eficácia e segurança do medicamento, assinado pelo médico e paciente). A
droga também não pode ser prescrita por mais de 30 dias e recomenda-se que o
paciente tenha IMC (índice de massa corporal) maior do que 30. Existem estudos
que indicam que a sibutramina pode aumentar o risco de problemas cardíacos em
pacientes com fatores de risco. [Medical Xpress, EmaxHealth, DrauzioVarella, Veja]
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