terça-feira, 1 de novembro de 2016

Dormir pode te ajudar a ganhar músculos

Sim, você leu certo. Se anda sentindo que, por mais que se esforce, os resultados do treino nunca chegam, fazer as pazes com o travesseiro pode ser a solução. Aprenda a transformar sua cama em uma segunda academia e ganhe as curvas que tanto deseja

Você rala na academia, adota treinos cada vez mais complexos, pede ajuda para o professor e para as amigas, mas, no fim do mês, sempre se pergunta “Onde foi que errei?”. Talvez esteja negligenciando um detalhe fundamental: o sono. “Ele é tão importante quanto a alimentação. Dormir mal é como comer menos do que o necessário, o que resulta em falta de energia e, claro, muito menos vontade de treinar”, explica o médico Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas), em São Paulo. E não estamos falando apenas de dormir pouco ou nada – o que os especialistas chamam de privação –, mas também da restrição, que ocorre quando o sono não tem qualidade suficiente para reparar o corpo.“Se você dorme menos de sete horas por dia ou deixa a televisão ligada durante a noite, por exemplo, está impedindo o corpo de descansar de verdade”, afirma a médica especialista em sono Luciane Mello, do Rio de Janeiro.

Em um dia, pode ser que você não sinta os efeitos negativos, mas eles vão se acumulando até causar uma queda drástica no desempenho. Não é à toa que os jogadores do time espanhol Real Madrid contam com instalações especiais para repousar entre treinos e partidas e uma equipe que os monitora durante esse período. Ou que o tenista Roger Federer já tenha declarado que precisa de 11 a 12 horas de soneca para se sentir bem, enquanto a musa do tênis Serena Williams vai para a cama por volta das 19 horas. E vamos combinar que de boa performance eles entendem, não é mesmo?

Como o organismo funciona durante o sono

Assim que você adormece, o corpo começa a trabalhar intensamente a fim de produzir substâncias fundamentais para deixá-lo novinho em folha para o dia seguinte. Uma delas é o GH, o hormônio do crescimento, fundamental para o processo de síntese de proteínas e, consequentemente, para a construção e reparação dos músculos. Também é nesse período que a melatonina entra em cena. Basicamente, ela avisa o organismo que chegou a hora de ir para a cama e o prepara para esse momento.

Como bônus, melhora a eficiência do metabolismo e ajuda a diminuir o apetite, controlando a compulsão por comer à noite. “Um estudo recente do Instituto de Ciências da Atividade Física do Esporte da Universidade Cruzeiro do Sul, de São Paulo, descobriu que a inflamação muscular decorrente do exercício físico intenso diminui com níveis adequados de melatonina”, ressalta Ricardo Zanuto, especialista em fisiologia do exercício, de São Paulo.

Nos Estados Unidos, é comum a ingestão de suplementos com esse hormônio, porém, boa parte da comunidade médica é contra seu uso. “Não existem evidências científicas de que funcionem. Além disso, seu consumo não faz muito sentido, uma vez que a melatonina é produzida naturalmente pelo organismo”, alerta Lorenzi. A redução do cortisol, conhecido como hormônio do estresse, também está sob a responsabilidade do sono.

“Em excesso, ele quebra o tecido muscular, causando perda de massa e prejudicando todo o esforço para construí-la. Daí a importância de ter um sono reparador, que equilibra a liberação”, aponta o médico do esporte e do exercício Guilherme Corradi, de São Paulo. Outro hormônio que entra em jogo na madrugada é a leptina, responsável pela sensação de saciedade e que ajuda a controlar a gula ao longo do dia seguinte. Em suma: quanto pior for sua relação com a cama, menos músculos e mais pneuzinhos.


Fonte: http://corpoacorpo.uol.com.br/blogs/mulher-de-corpo/dormir-pode-te-ajudar-a-ganhar-musculos/10827 - Texto Ana Araujo | Adaptação Ana Paula Ferreira - Foto Shutterstock

Nenhum comentário:

Postar um comentário