Estamos envoltos em um mar de radiação
eletromagnética que não envolve apenas os telefones celulares. E a ciência
ainda não tem uma palavra final sobre os efeitos dessa radiação sobre a saúde
das pessoas.
Saúde e celulares
Em 2011, a OMS admitiu que o uso do celular pode
causar câncer.
Desde então, vários estudos foram realizados, com
resultados ambíguos.
Para levar em conta esses resultados, e orientar a
realização de estudos futuros, a Organização Mundial da Saúde decidiu reavaliar
o assunto.
"Nas últimas décadas foi realizado um grande
número de pesquisas para analisar se as ondas de radiofrequência (RF) colocam
em risco a nossa saúde," disse Emilie van Deventer, do Departamento de
Saúde Pública, Meio Ambiente e Determinantes da Saúde da OMS. "À medida
que mais ondas RF têm aparecido em nossas vidas, a questão a ser resolvida é se
existem efeitos adversos por parte de celulares, torres de telefonia ou
conexões wi-fi em níveis de exposição ambiental."
Riscos Potenciais
As ondas de RF dos celulares são "uma forma de
energia eletromagnética que está entre ondas de rádio FM e as micro-ondas. E é
uma forma de radiação não-ionizante", explica em seu site a Sociedade
Norte-Americana Contra o Câncer (ACS, na sigla em inglês).
De acordo com a organização, essas ondas "não
são fortes o suficiente para causar câncer" diretamente, porque, ao
contrário dos tipos mais potentes de radiação (ionizantes), não podem quebrar
ligações químicas no DNA. Isso só aconteceria, diz a entidade, em níveis
"muito altos", tais como em fornos de micro-ondas.
Para Emilie van Deventer, porém, que é autora de
cerca de 50 artigos científicos sobre radiações não-ionizantes, é certo que há
"potenciais riscos a longo prazo", especialmente relacionados a
tumores na cabeça e pescoço.
Isto é algo que a ACS também reconhece: "Quanto
mais próximo estiver a antena (do celular) da cabeça, espera-se que maior seja
a exposição da pessoa à energia de RF", adverte.
Quais os riscos da radiação dos celulares e como se
proteger?
Em uma análise das técnicas usadas para avaliação
dos aparelhos, cientistas afirmaram que os modelos usados para aprovar os
produtos eletrônicos ficam abaixo da crítica.
A capacidade dos tecidos do nosso corpo em absorver
uma radiação é medida em termos de uma "taxa de absorção específica"
(ou SAR, na sigla em inglês).
Cada celular tem seu nível SAR que, em geral, pode
ser encontrado no site do fabricante. Nos Estados Unidos, o nível máximo
permitido é de 1,6 watts por quilograma (W/kg).
No entanto, a Comissão Federal de Comunicações (FCC)
dos EUA, adverte que "comparar valores de SAR entre telefones pode causar
confusão", porque essa informação é baseada no funcionamento do aparelho
em sua potência mais elevada, e não no nível de exposição em uso normal.
Celular e câncer
Há estudos que associaram o uso do telefone celular
com o câncer de pele e com o câncer de testículo.
O problema, explica Van Deventer, é que "muitos
cânceres não são detectáveis até muitos anos após as interações que causaram o
tumor, e como o uso de celular não foi popularizado até os anos 1990, estudos
epidemiológicos só podem avaliar os cânceres que se fizeram evidentes em
períodos de tempo mais curtos".
Até agora, o maior estudo já realizado é o
Interphone, uma investigação em grande escala que foi coordenada pela OMS por
meio de sua Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla
em inglês), na qual foram analisados os dados de 13 países.
O estudo analisou o uso de celular em mais de 5.000
pessoas com tumores cerebrais e em um grupo similar de pessoas sem tumores.
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masculina
Quais os riscos da radiação dos celulares e como se
proteger?
Para o Ministério da Saúde da França, os celulares
causam "efeitos biológicos" e a exposição a eles deve ser controlada.
"Nenhuma ligação foi encontrada entre o
desenvolvimento de gliomas e meningiomas (tumores cerebrais) e o uso de
telefones celulares por mais de 10 anos", diz Van Deventer. "Mas há
indicações de um possível risco de gliomas entre os 10% das pessoas que
disseram ter usado seus telefones com mais frequência, embora os pesquisadores
concluíssem que erros retiraram força destes resultados."
No final, IARC classificou as radiofrequências
eletromagnéticas como "possíveis cancerígenos para os seres humanos",
uma categoria "utilizada quando a relação causal é considerada confiável,
mas as oportunidades, distorções ou confusões não podem ser razoavelmente
geridos", diz Van Deventer.
Mas a questão permanece sobre a mesa (e no
laboratório) de cientistas de todo o mundo.
A OMS espera publicar, até ao final de 2017, uma
"avaliação de risco formal" sobre esta questão, conta Van Deventer.
Também é preocupante a vulnerabilidade especial das crianças,
porque seus sistemas nervosos ainda estão em formação. Já se realizou um estudo
em grande escala sobre o assunto e há outro em curso na Austrália, cujos
resultados serão publicados em breve.
Prevenção no uso do celular
Enquanto isso, especialistas admitem que é melhor
prevenir do que remediar.
Nesse sentido, Van Deventer recomenda o seguinte:
Usar fones de ouvido ou deixar o celular no
viva-voz, para mantê-lo longe da cabeça.
Limitar o número e a duração das chamadas.
Usar o telefone em áreas de boa recepção, pois isso
faz com que o celular transmita com uma potência de saída reduzida.
A Sociedade Norte-Americana do Câncer recomenda
enviar mais mensagens do que ligar e limitar o uso do celular. Outra opção é
escolher um telefone com um valor de SAR reduzido (menos níveis de ondas de
RF).
Mas nem todas as prevenções são bem-vindas. "O
uso de protetores de celular para absorver a energia de radiofrequência não se
justifica e a eficácia de muitos dispositivos comercializados para reduzir a
exposição não foi comprovada," diz Van Deventer.
Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=quais-riscos-radiacao-celulares-como-se-proteger&id=11732&nl=nlds
- Com informações da BBC - Imagem: TACC
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