A diversidade cultural do Brasil é enorme e isso
pode ser notado, com mais intensidade, nas festas populares, como é o caso do
carnaval. Mesmo sendo unanimidade nacional, o carnaval é comemorado de diversas
formas e é por esta razão que se pode afirmar que esta festa é multicultural,
pois agrega vários ritmos, danças e tradições. Entretanto, isto não foi sempre
assim pois, de acordo com historiadores, durante a época do império não havia
um tipo específico de música para o carnaval, ou seja, as músicas cantadas
durante este período eram trechos de operetas, polcas, lundus e valsas.
Já no começo do século XX predominavam nas ruas, as
cantigas de cordões e ranchos e durante os bailes, os chorinhos, polcas,
marchas, fados, toadas e canções. Alguns anos depois, com a ajuda dos teatros
de revista apareceram marchinhas, maxixes, marchas-chulas, cateretês e
batucadas. Apareceu também o samba que, entre 1930 e 1960, apesar de ser
absoluto nos salões e na rua, dividiu a fama com a marchinha.
Segundo os historiadores, o frevo e o samba surgiram
quase ao mesmo tempo, também no começo do século XX, sendo ambos uma produção
musical característica de um país mestiço, com influências europeias e
africanas e uma boa pitada de ritmos latino-americanos. Mas o carnaval não está
restrito a estes dois tipos de música. Vamos conhecer um pouco mais os ritmos
carnavalescos?
O afoxé: De origem iorubá, afoxé significa a fala
que faz , sendo ainda considerado uma forma diversa do maracatu. É um folguedo
típico baiano que acontece geralmente na época do carnaval.. Seus integrantes
se reúnem nos terreiros de candomblé e depois de evocarem os orixás nos rituais
religiosos, saem pelas ruas cantando músicas em línguas africanas tocando
vários instrumentos musicais para marcar o ritmo, sendo que três instrumentos
são básicos: o afoxé (ou agbê), uma cabaça coberta por uma rede formada de
sementes ou contas, os atabaques e o agogô, formado por duas campânulas de
metal. O grupo mais popular é o Filhos de Gandhi, cujos integrantes costumam
vestir roupas nas cores azul e branca e usar um turbante na cabeça.
O axé: É um ritmo genuinamente brasileiro, onde uma
mistura de frevo, forró, maracatu, reggae e outros gêneros tornou-se a marca
registrada do carnaval baiano. A palavra axé na língua iorubá, significa poder,
energia, força presentes em todo universo e dentro ou fora do contexto
religioso, é uma saudação utilizada para desejar votos de felicidade e boas
energias. Surgiu como ritmo musical em Salvador por volta dos anos 1980, sendo
que, junto com as músicas sempre há uma coreografia, em geral muito agitadae
que requer bastante pique de quem a pratica, o que garante mais ritmo,
agilidade, flexibilidade e coordenação motora. O axé conquistou o Brasil e
consagrou grandes nomes no panorama musical brasileiro como Daniela Mercury,
Ivete Sangalo, Margareth Menezes e outros.
O samba: O mais famoso dos ritmos brasileiros é
originário de diversos ritmos africanos, sendo que ao longo dos anos passou por
varias evoluções , ganhando várias formas e gêneros. É tão grande sua
importância que é considerado uma das principais manifestações culturais
populares brasileiras, e se transformou em símbolo de identidade nacional. Os
movimentos executados nessa dança bem rápida e ritmada, com passos bem marcados
e muito rebolado, trabalha todo corpo. Um dos gêneros do samba, o samba enredo
é com certeza a maior expressão do ritmo que ocorre durante o carnaval, com as
apresentações das escolas de samba paulistas e cariocas. Surgiu na cidade do
Rio de Janeiro no ano de 1930 como uma vertente do samba para dar mais vida ao
desfile das escolas de samba e na mesma década já se popularizou nas quadras
das agremiações . Como o próprio termo sugere, é aquele que narra a história
que a escola de samba vai apresentar na avenida, sendo que geralmente aborda
temas sociais, históricos e culturais. Hoje, esse estilo musical é uma peça
fundamental de qualquer desfile e caiu no gosto de todos.
O frevo: A palavra frevo vem de ferver, que passou a
designar efervescência, agitação, confusão ou rebuliço. O frevo surgiu em
Recife no final do século 19 e é um ritmo derivado da marcha, do maxixe e da
capoeira. Dizem que durante o carnaval, eram comuns os conflitos entre os
blocos de frevos, onde os capoeiristas saíam à frente dos seus blocos para por
medo nos blocos rivais e proteger seu estandarte. Da união da capoeira (espécie
de luta marcial brasileira) com o ritmo do frevo nasceu o passo, a dança do
frevo. Além do mais, as sombrinhas coloridas tão comuns nas mãos dos passistas
de frevo seriam uma estilização das armas utilizadas pelos capoeiristas de
antigamente. Os instrumentos mais usados no frevo são os típicos de orquestra
de metais (trombones, trompetes, tubas, flautas, entre outros) e de percussão,
mas outros instrumentos podem ser utilizados, principalmente nos grupos mais
atuais de frevo com guitarras, teclados, etc. Para saber mais sobre o frevo,
clique aqui!
O maracatu: É um ritmo com forte tradição africana,
caracterizado principalmente pela batida forte, que teve origem nas congadas
,cerimônias de coroação dos reis e rainhas da nação negra. Existem dois tipos
de maracatu, o de Baque Virado, também conhecido como Maracatu Nação, e o de
Baque Solto, também chamado de Maracatu Rural. O de Baque Virado tem o ritmo
marcado por instrumentos de percussão e a dança se desenvolve num cortejo que
conta com rei, rainha e toda uma corte simbólica; esta manifestação tem relação
com o candomblé (religião de matriz africana) e com a coroação de escravos
negros, antiga estratégia de dominação desse povo pelos colonizadores. O de
Baque Solto tem como personagens principais os caboclos de lança, representados
por trabalhadores rurais que com as mesmas mãos que cortam cana, lavram a terra
e carregam peso, bordam suas fantasias e tocam o ritmo acelerado da música. Ele
não tem vínculo religioso e se associa ao folclore pernambucano.
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