Faz tempo que os cientistas associam horas
suficientes de sono com boa saúde. Agora, eles confirmaram isso.
Em 2009, Mellon Sheldon Cohen, da Universidade
Carnegie, nos EUA, descobriu pela primeira vez que o sono insuficiente está
associado a uma maior probabilidade de pegar um resfriado. Para fazer isso,
Cohen, que passou anos explorando os fatores psicológicos que contribuem para a
doença, avaliou os níveis de duração e eficiência do sono dos participantes e,
em seguida, os expôs a um vírus de resfriado comum.
Agora, Cohen, ao lado de pesquisadores da
Universidade da Califórnia de São Francisco e da Universidade de Pittsburgh
confirmaram que o sono insuficiente está ligado a uma chance maior de ficar
doente. Os pesquisadores utilizaram medidas objetivas do sono para mostrar que
as pessoas que dormem seis horas por noite ou menos têm mais de quatro vezes
mais chances de pegar um resfriado, em comparação com aqueles que dormem mais
de sete horas em uma noite.
Aric Prather, professor assistente de psiquiatria na
Universidade de São Francisco e principal autor do estudo, afirma que as
descobertas se somam à evidência crescente, enfatizando quão importante é o
sono para a saúde. “Ele vai além de nos deixar grogues ou irritáveis. Não
dormir o suficiente afeta sua saúde física”, aponta.
Menos sono = mais doenças
O laboratório de Cohen é conhecido pelo uso do vírus
do resfriado comum para testar com segurança como vários fatores afetam a
capacidade do organismo de combater a doença. Prather levou a Cohen a
possibilidade de investigar o sono e a suscetibilidade a resfriados usando dados
coletados em um estudo recente, em que os participantes usavam sensores para
obter medidas objetivas e precisas do sono.
“Nós já havíamos trabalhado com o Dr. Prather antes
e ficamos animados sobre a oportunidade de ter um especialista nos efeitos do sono
na saúde para assumir a liderança na abordagem desta importante questão”,
afirma Cohen.
Para o estudo, 164 adultos foram submetidos a dois
meses de exames de saúde, entrevistas e questionários para estabelecer linhas
de base para fatores como estresse, temperamento e uso de álcool e cigarro. Os
pesquisadores também acompanharam seus padrões de sono durante sete dias,
utilizando um sensor parecido com um relógio que mede a duração e a qualidade
do sono durante toda a noite. Em seguida, os participantes foram colocados em
um hotel, tiveram administrado o vírus do resfriado através de gotas nasais e
foram monitorados por uma semana. Os pesquisadores coletaram amostras de muco
todo dia para ver se o vírus havia tomado conta.
Eles descobriram o que já era esperado. Os
indivíduos que dormiam menos de seis horas por noite eram 4,2 vezes mais
propensos a pegar o resfriado em comparação com aqueles que tiveram mais de
sete horas de sono. Aqueles que dormiam menos de cinco horas tiveram resultados
ainda piores – eram 4,5 vezes mais propensos a pegar a doença.
“O sono vai além de todos os outros fatores que
foram medidos”, revela Prather. “Não importa quão velhas as pessoas eram, seus
níveis de estresse, sua raça, educação ou renda. Não importa se são fumantes.
Com todas essas coisas levadas em conta, estatisticamente o sono ainda é mais
importante e foi um fator esmagadoramente mais forte na predileção para a
suscetibilidade ao vírus do resfriado”.
Como dormir bem é um fator de bem-estar
Prather alega que o estudo mostra os riscos da perda
crônica do sono melhor do que experiências típicas em que os investigadores
privam artificialmente os sujeitos do sono porque se baseia no comportamento de
sono normal das pessoas.
A pesquisa acrescenta outro elemento que prova que o
sono deve ser tratado como um pilar fundamental da saúde pública, juntamente
com a dieta e os exercícios. Mas ainda é um desafio convencer as pessoas a
dormir mais. “Em nossa cultura sem tempo, ainda há uma boa quantidade de
orgulho sobre não ter que dormir e trabalhar muito”, sugere Prather.
“Precisamos de mais estudos como este para começar a mostrar que o sono é uma
peça fundamental para o nosso bem-estar”. [Medical Xpress]
Fonte: https://hypescience.com/pouco-sono-prejudica-a-saude/
- Por Jéssica Maes
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