Médico explica o impacto e as vantagens de um
remédio aprovado recentemente para evitar o colapso do coração
Ao longo dos anos, estamos avançando no entendimento
e no tratamento da insuficiência cardíaca, uma doença não tão conhecida da
população, mas que afeta aproximadamente 3 milhões de pessoas somente no
Brasil. Trata-se de um dos principais problemas que atingem o coração, muitas
vezes consequência de outras condições, como pressão alta e infarto. A
insuficiência cardíaca é responsável por duas a três vezes mais mortes que
cânceres como os de mama e intestino.
A enfermidade tem um peso importante e crescente do
ponto de vista econômico. Gera uma perda de 22 bilhões de reais para os cofres
do país se levarmos em conta os custos com internações no sistema de saúde e a
redução da produtividade dos pacientes. Pessoas com insuficiência cardíaca
enfrentam repetidas hospitalizações e sintomas que atrapalham a realização de
atividades cotidianas.
Por mais de uma década médicos e pacientes
conviveram com a falta de novos tratamentos para a doença. Felizmente, em 2017,
vivenciamos a chegada de uma classe diferente de remédios, que trouxe um novo
rumo para o controle da insuficiência cardíaca. A medicação, que combina os
princípios ativos sacubitril e valsartana, reduz o risco de morte, diminui as
hospitalizações e melhora a qualidade de vida.
Segundo o estudo batizado de PARADIGM, a nova droga
se mostrou capaz de baixar o risco de morte por uma causa cardiovascular em 20%
e reduziu a taxa de hospitalizações em 21% na comparação com o tratamento
padrão anterior (um medicamento chamado enalapril). Essa análise contempla mais
de 8 mil pacientes e é decisiva pois avalia a superioridade do novo remédio
comparando-o com a terapia já estabelecida — é diferente, portanto, de
pesquisas que testam a medicação contra um placebo, comprimido sem princípio
ativo.
Dois novos estudos, o TRANSITION e o PIONEER,
confirmam os benefícios e a segurança da medicação para uma ampla variedade de
pacientes internados com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida,
condição em que os ventrículos do coração não se contraem adequadamente.
Durante as investigações do TRANSITION, envolvendo 1
002 pacientes em 156 centros médicos ao redor do mundo, também foi observado
que o período de hospitalização oferece uma boa oportunidade para os médicos
otimizarem o tratamento da insuficiência, reduzindo, assim, a probabilidade de
readmissão do paciente no ambiente hospitalar e o risco de morte atrelado a
essa reinternação.
No estudo PIONEER, por sua vez, os pesquisadores
avaliaram a segurança, a tolerabilidade e a eficácia do medicamento à base de
sacubitril/ valsartana em comparação com o enalapril em 881 pacientes
hospitalizados, com uma média de idade de 61 anos. E concluíram que o primeiro
trouxe vantagens não só nos exames como na redução do risco de morte.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas),
as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. No ano
passado, 17 milhões de pessoas foram vítimas de problemas do coração. A chegada
de remédios inovadores para insuficiência cardíaca representa um impacto muito
positivo no futuro e no presente da medicina — especialmente para as pessoas
que sofrem ou poderão sofrer do problema.
Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/um-tratamento-inovador-contra-a-insuficiencia-cardiaca/
- Por Dr. Dirceu Rodrigues Almeida, cardiologista - Foto: Alex Silva/A2 Estúdio
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